O recorde de Guido Mantega, por João Villaverde

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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do Estadão

O recorde de Guido Mantega

João Villaverde

Os brasileiros de 200 anos atrás passaram por algo parecido com o que vivemos hoje. Mas isso é bom ou ruim?

Mantega: perto do recorde de permanência no cargo (Foto:Estadão)

Mantega: perto do recorde de permanência no cargo (Foto:Estadão)

São poucas, bem poucas, coisas que podem nos fazer imaginar, hoje, novembro de 2014, como era viver no Brasil em, digamos, novembro de 1814. Duzentos anos atrás, o Brasil era parte do Reino Unido de Portugal e Algarve, comandado por Dom João IV, que fugira para cá – mais especificamente o Rio de Janeiro – depois da invasão de seu país pelas tropas francesas de Napoleão.

Mas há sim um paralelo, neste exato momento, com o Brasil de 200 anos atrás. Essa relação de similaridade se estabelece quando olhamos a estrutura de poder da Corte de então, montada por Dom João no Rio. Quando aqui chegou, Dom João não encontrou um país, mas um amontoado de estruturas e subestruturas que respondiam à Portugal. Sua primeira iniciativa, então, foi a de montar então nossa primeira burocracia real.

Definiu, então, que o novo governo brasileiro deveria ter um Ministério da Fazenda. Como o Brasil ainda não era propriamente Brasil, mas sim uma colônia de Portugal, Dom João denominou sua criação de Ministério da Fazenda do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarve.

Nosso primeiro ministro da Fazenda foi Fernando José de Portugal e Castro, que nascera em Lisboa e chegara ao Brasil junto com a comitiva real, em 1808. Naquele mesmo ano, com a criação da Fazenda, Fernando Castro virou ministro.

Fernando Castro foi ministro da Fazenda por 8 anos, 9 meses e 19 dias, entre 11 de março de 1808 a 30 de dezembro de 1816. Ele deixou a Fazenda apenas porque estava muito doente – morreria menos de um mês depois, em 24 de janeiro de 1817, no Rio de Janeiro.

Até hoje, Fernando Castro é o ministro da Fazenda mais longevo da história política do Brasil.

Mas seu recorde está perto de ser quebrado, pela primeira vez em 118 anos. Vivemos hoje, portanto, um certo paralelo com aquele País do início do século XIX, na medida em que o mandatário de nossa economia está, também, há muitos anos consecutivos no comando.

O atual ministro da Fazenda, Guido Mantega, completa hoje 8 anos, 7 meses e 8 dias no cargo. Isso quer dizer que, se permanecer na Pasta até o dia 31 de dezembro, estará a apenas 15 dias de superar a marca de Fernando Castro.

Tal como nosso primeiro ministro da Fazenda, Mantega também não nasceu no Brasil. O chefe da política econômica do segundo governo Luiz Inácio Lula da Silva e deste primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff nasceu em Gênova, na Itália, e veio ainda bebê com os pais para o Brasil.

Virou ministro da Fazenda quase que por acidente, no fim de março de 2006. Depois de participar do núcleo duro da economia nas campanhas presidências petistas, lideradas e perdidas por Lula em 1989 (para Collor), 1994 e 1998 (para FHC), Mantega entrou na campanha de 2002 tendo que dividir o foco econômico com Antônio Palocci, um dos principais artificies da famigerada “Carta ao Povo Brasileiro”, com a qual Lula domou o mercado financeiro e criou condições para governar.

Mantega foi escolhido para assumir o Ministério do Planejamento, em janeiro de 2003, enquanto Palocci ficou com a desejada Fazenda. Palocci herdou a Pasta também de outro “quase recordista” – o engenheiro Pedro Malan chefiou a Fazenda por exatos 8 anos, entre janeiro de 1995 e janeiro de 2003.

Depois de quase dois anos no Planejamento, Mantega assumiu a presidência do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Assumiu por uma emergência: seu primeiro presidente na era Lula, Carlos Lessa, havia iniciado uma crise interna no governo ao criticar pesadamente o presidente do BC, Henrique Meireles, que iniciara um ciclo de aumento de juros (que terminaria por derrubar o PIB de 2005). A demissão de Lessa, ruidosa, precisava ser estancada rapidamente e, assim, Mantega pulou o barco do Planejamento.

Depois de pouco mais de um ano no BNDES, no início de 2006, uma reportagem do Estadão revelou uma das crises mais dramáticas do governo Lula, que sofria, então, o auge do escândalo do mensalão. A crise agora pegava Palocci em cheio e envolvia o caseiro de uma casa de sua propriedade. Mesmo humilhado, Palocci deixou o governo em alta e sua demissão foi decidida quase que de surpresa, no fim da tarde do dia 26 de março daquele ano. Mantega foi chamado às pressas para assumir a Fazenda e precisou comprar uma gravata (viajara do Rio, onde fica a sede do BNDES, para Brasília sem se preparar adequadamente) para participar da cerimônia de posse, no dia 27.

Era um ministro tampão. Mas passou 2006, 2007, 2008, 2009, 2010, 2011, 2012, 2013 e, agora, está para terminar 2014 no mesmo gabinete do quinto andar do Ministério da Fazenda em Brasília.

Sobreviveu a seus maiores desafetos no poder federal petista – Palocci e Henrique Meirelles, que presidiu o Banco Central por oito anos, entre 2003 e 2010. Depois que Palocci caiu pela segunda vez, em 2011, Mantega virou o “homem forte” do governo, segundo palavras de Antônio Delfim Netto, este sim, o mais poderoso ministro da Fazenda história brasileira. Sob Mantega cresceram na máquina federal os economistas Nelson Barbosa, que pode voltar ao governo federal como ministro, e Antônio Henrique da Silveira, que neste mês substituirá Rogério Studart como o representante do Brasil no Banco Mundial, em Washington.

Amigos de Mantega, como os economistas Luiz Gonzaga Belluzzo e Júlio Sérgio Gomes de Almeida, avaliam que Guido, como ele é chamado por todos, deveria ter deixado o governo Dilma no início de 2012. “O Guido estava decidido a sair em 2010, com o fim do governo Lula, mas decidiu ficar, porque a política que ele comandou de combate à crise mundial tinha dado certo e ele ficou estimulado. Ele ajudou na transição e a dar uma cara ao governo Dilma, mas deveria ter feito aquele primeiro ano, 2011, e saído no começo do segundo”, afirmou a este blog um de seus mais próximos amigos. A data tem uma razão: “é porque a partir de 2012 a coisa realmente começou a desandar e a política econômica foi ficando perdida”.

Se tivesse saído no início de 2012, Mantega teria um currículo praticamente imbatível no reino do poder. De 2006, quando começou, até o fim de 2011, o Brasil registrou as mais altas taxas de crescimento econômico dos últimos 30 anos. A média desses seis anos, mesmo contando 2009, quando a economia caiu por conta da crise, foi alta: 4,2% ao ano. A inflação mais baixa em todos os 12 anos de PT foi obtida sob Mantega, em 2006, quando o IPCA registrou alta de apenas 3,14%. O superávit primário foi forte nos três primeiros anos e depois da queda em 2009 e 2010, voltou a ser forte em 2011. O saldo comercial chegou aos patamares recordes, superiores a US$ 40 bilhões, em 2006 e 2007, e continuou alto até 2011.

Mas, então, as coisas mudaram muito. O ciclo econômico mundial, que tivera seu auge interrompido em 2008, acabou definitivamente entre 2011 e 2012. Com isso, os preços das commodities que exportamos despencaram, reduzindo drasticamente nosso saldo comercial e deixando bem claro que a indústria de transformação foi o setor que mais sofreu durante os anos de excesso, quando o País crescia sob uma taxa de câmbio em constante valorização.

A política fiscal, que foi efetivamente sólida até 2011 (apesar de dois anos problemáticos em 2009 e 2010), virou o ponto mais fraco da economia brasileira nos últimos três anos, ao ponto de ser investigada, neste exato momento, pelo Ministério Público Federal e pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Mantega passou a prometer e a não cumprir e isso arranhou a credibilidade do País não apenas perante o mercado, mas principalmente (e aí está o mal), aos olhos do empresariado, que tirou o pé do acelerador nos investimentos. A economia foi parando… até cair. No primeiro semestre deste ano, ao registrar dois PIBs consecutivos com sinal vermelho, a economia brasileira passou por uma recessão técnica.

A dívida do País está aumentando. A dívida bruta do setor público, que fora de 56,5% do PIB em dezembro do ano passado, bateu em 60,1% do PIB em agosto. Esse aumento de endividamento não teve como contrapartida um incremento do crescimento, como sabemos. Mas mesmo com PIB zero e dívida em alta, a inflação nunca cedeu, apesar das repetidas promessas do ministro Guido Mantega.

Se Mantega entregou o menor IPCA do PT, em 2006, ele também está para entregar o maior: neste ano, até o mês passado, o IPCA acumula alta de nada menos de 6,75%, acima do teto da meta perseguida pelo Banco Central, que é de 4,5%. A inflação deve diminuir até dezembro, mas fechar em algo entre 6,3% e 6,5%. De qualquer maneira, os 6,5% de 2011 já colocam nas costas de Mantega o maior IPCA da era petista em Brasília.

Por que a inflação não diminui apesar de todas as diversas desonerações tributárias concedidas pelo governo? Por que a economia não cresce mesmo depois de 35 pacotes (!!) com medidas para estimular o PIB?

Mantega deve deixar a Fazenda sem que essas perguntas, simples, tenham uma resposta clara.

Fora da Fazenda, Mantega já sinalizou a amigos, como Yoshiaki Nakano, que deseja voltar a dar aulas de economia na FGV de São Paulo. O atual ministro também deve retomar seu projeto de escrever um livro, em primeira pessoa, sobre como foi estar na cadeira mais importante da economia brasileira em 2008, quando o banco de investimentos americano Lehman Brothers faliu e, com ele, levou toda a economia mundial abaixo, deixando os Estados Unidos, a Europa e o Japão de joelhos.

A presidente Dilma Rousseff está para decidir, nesta semana, quem vai substituir Guido Mantega na Fazenda. Será uma missão complexa, tal qual foi a de substituir Fernando Castro em 1816. O primeiro substituto, Antônio de Araújo e Azevedo, caiu depois de apenas seis meses. Em seu lugar entrou João Paulo Bezerra de Seixas, que ficou menos tempo ainda, meros cinco meses. No lugar de Seixas entrou Tomás Antônio de Vila Nova Portugal, que segurou a Fazenda por três anos e quatro meses, quando caiu também, para ser substituído por Diogo de Meneses, que então fez a transição econômica de Dom João IV para Dom Pedro I, nosso primeiro imperador.

Dilma precisa escolher bem para evitar que um troca-troca se suceda na Pasta que vai passar por uma reformulação histórica.

***
P.S. Em tempo: Fernando Castro é o ministro mais longevo de forma consecutiva, na Fazenda, mas o segundo em toda a história quando se considera períodos não lineares. Isso porque Artur de Sousa e Costa foi ministro da Fazenda por 8 anos 10 meses e 26 dias, mas de forma não consecutiva, entre 24 de julho de 1934 e 29 de outubro de 1945, no governo Getúlio Vargas.

Guido Mantega pode bater o recorde geral se permanecer no cargo até o dia 22 de fevereiro de 2015. Para superar Fernando Castro e passar a ser o ministro da Fazenda que mais tempo permaneceu de forma seguida na história, basta ficar no cargo até o dia 16 de janeiro.

Hoje, as três maiores permanências na Pasta mais importante do governo brasileira são essas:

1) Artur de Sousa Costa – 8 anos, 10 meses, 26 dias – de forma não consecutiva.

2) Fernando Castro – 8 anos, 9 meses, 10 dias – de forma consecutiva.

3) Guido Mantega – 8 anos, 7 meses, 8 dias – de forma consecutiva.

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

8 Comentários

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  1. Pobre de nós Brasileiros, que

    Pobre de nós Brasileiros, que tivemos por 8 anos, e provavelmente em qurto nessa lista, Pedro Malan, o homem dos juros altos e da economia paralisada.

     

     

  2. João Villaverde neste texto só fala abrobrinha

     

    Luis Nassif,

    Um texto bobo que não honra o grande jornalista que João Villaverde é. Não é a primeira vez que ele faz um texto bobo. Bobo também foi o texto dele publicado domingo, 23/03/2014, também no jornal O Estado de S. Paulo intitulado “Coutinho perde espaço no governo” e que aqui no seu blog foi transcrito no post “Luciano Coutinho, os campeões nacionais e a LCA” de domingo, 23/03/2014 às 12:57, e que pode ser visto no seguinte endereço:

    https://jornalggn.com.br/noticia/luciano-coutinho-os-campeoes-nacionais-e-a-lca

    E não é só João Villaverde que faz textos bobos na nossa grande imprensa. Um grande jornalista como o Cristiano Romero fez também um artigo bobo intitulado “Eduardo Campos” e publicado no jornal Valor Econômico de sexta, sábado e domingo, 18, 19 e 20/08/2014, e que pode ser visto no seguinte endereço (Infelizmente na íntegra apenas para assinantes do jornal Valor Econômico):

    http://www.valor.com.br/brasil/3660458/eduardo-campos

    Considero estes textos bobos porque se apresentando para dizer uma coisa eles tratam de outros assuntos e o fazem de modo ruim. Cristiano Romero, em vez de tratar de Eduardo Campos fala do governo da presidenta Dilma Rousseff, sem um momento para contemporização. Aliás o texto de Cristiano Romero acabou parecido, embora fosse feito antes, com um editorial do jornal O Estado de S. Paulo “As coisas podem não ser o que parecem” de domingo, 07/09/2014, e que foi reproduzido aqui no seu blog no post “A nova Marina Silva é uma criatura de Lula, segundo o Estadão” de segunda-feira, 08/09/2014 às 10:53, e que pode ser visto no seguinte endereço:

    https://jornalggn.com.br/noticia/a-nova-marina-silva-e-uma-criatura-de-lula-segundo-o-estadao

    Só que um editorial do jornal O Estado de S. Paulo por mais bobo que seja tem um objetivo que se expressa no fato do jornal pelo menos tem lado e se sabe qual é o lado dele. Um texto assim vindo de um jornalista que não quer dizer qual o lado dele, fica apenas com a impressão de que ali só há baboseira.

    Não é entretanto o fato de não ter lado que dá o caráter bobo ao texto. Você também tem lado e, no entanto, é bobo um texto como o seu que redundou no post “A dura transição do consumo para os investimentos” de domingo, 02/11/2014 às 06:00, e que pode ser visto no seguinte endereço:

    https://jornalggn.com.br/noticia/a-dura-transicao-do-consumo-para-os-investimentos

    O seu objetivo era falar sobre a dificuldade de se passar da fase de consumo para os investimentos, mas se inicia com a seguinte pérola:

    “O maior fator de desconfiança é o estilo autocrático da presidente, de tomar medidas no impulso sem consultar ninguém e sem pesar as consequências”.

    Ora, fora em uma monarquia onde herdeiros dementes assumem a condução do país em que país do mundo há exemplo de presidente que tome medidas no impulso sem consultar ninguém e sem pesar as consequências?

    Ainda bem que pelo menos o Diogo Costa no comentário enviado segunda-feira, 03/11/2014 às 12:38 e que ele denominou “Quem é que estimulou o consumismo em detrimento do investimento?” mostrou que você não busca amparo nos dados para lançar suas acusações retóricas.

    E o João Villaverde não fica para trás. Fornece números sem importância sobre o período de Guido Mantega, menciona uma consideração absurda emitida tanto pelo Luiz Gonzaga Belluzzo e pelo Júlio Sérgio Gomes de Almeida e depois passa a desancar o período de Guido Mantega sem nenhuma consideração sobre as circunstâncias.

    E o absurdo da declaração de Luiz Gonzaga Belluzzo e pelo Júlio Sérgio Gomes de Almeida de que Guido Mantega “deveria ter deixado o governo Dilma no início de 2012” é que muito do que Guido Mantega fez no governo de Dilma Rousseff foi para consertar o que ele fizera de errado no governo de Lula (Foi o esforço tremendo para eleger Dilma presidenta que deixou o Brasil com dificuldade no período de 2011 a 2014). É claro que permanece pesando na condução da economia brasileira, a herança maldita do governo de Fernando Henrique Cardoso (Regime de Metas de Inflação, livre fluxo de moedas, câmbio flutuante, liberalização do comércio exterior, etc) e o fato de se ter acabado com a inflação de uma vez para eleger FHC, ter aprovado a emenda da reeleição e ter reeleito FHC em 1998 (Embora a ida ao FMI em 1998 com o aumento dos impostos e a desvalorização de 1999, aumento e desvalorização que só poderiam ter sido feitos por FHC, tenha minorado um pouco a herança maldita que FHC deixou).

    A declaração de Luiz Gonzaga Belluzzo e Júlio Sérgio Gomes de Almeida dar a entender que eles apenas queriam que Guido Mantega saísse bem na fita. Não se trata evidentemente de amigos de Guido Mantega, pois acham o Guido Mantega um incapaz e acham que ele se preocupa mais com a imagem dele do que com o bem do Brasil.

    E se fosse para expor algo de útil sobre o período de Guido Mantega no Ministério da Fazenda no governo da presidenta Dilma Rousseff, o João Villaverde deveria explicar o que aconteceu com o PIB no terceiro trimestre de 2013 quebrando uma retomada de crescimento que se fazia exatamente pelos investimentos.

    Clever Mendes de Oliveira

    BH, 04/10/2014

    1. Terceiro trimestre de 2013 – Confaz

      A guerra fiscal deve partir para um desenlace. A matéria do Valor fala em julgamento logo da súmula vinculante pelo STF. Será que o medo das devoluções dos incentivo liquidou com os investimentos? 

      O que aconteceu no Ministério da Fazenda que desistiram da reforma?

      Goiânia, 19 de Agosto de 2014.
      Valor Econômico > Brasil>

      Confaz pede adiamento da reforma do ICMS

       Lucas Marchesini, Beatriz Olivon e Laura Ignacio | Valor Econômico – 19/08/2014 

      O Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) decidiu na sexta-feira, em sua mais recente reunião, sugerir ao Senado adiar as discussões sobre a reforma tributária do ICMS para depois das eleições. O Projeto de Lei (PL) nº 130, que tramita na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), tenta acabar com a exigência de unanimidade para a aprovação de incentivos fiscais no Confaz.

      O relator do PL, senador Luiz Henrique (PMDB-SC), ainda não foi comunicado oficialmente do pedido do Confaz, segundo José Clovis Cabrera, coordenador da Administração Tributária da Secretaria da Fazenda de São Paulo. A próxima reunião da CAE está prevista para 2 de setembro e é provável que o senador se manifeste nesta data sobre o adiamento da votação. “Não é hora de votar o projeto. As atenções estão voltadas para as eleições”, diz Cabrera.

      Apesar do pedido de adiamento, os Estados buscam uma aprovação rápida do texto. Uma das formas para pressionar os parlamentares foi a aprovação em julho, por um grupo de 20 Estados e o Distrito Federal, de uma proposta para acabar com a chamada guerra fiscal. Por meio do Convênio ICMS nº 70, comprometem-se em retirar os benefícios fiscais concedidos sem aprovação do órgão, assim como conceder uma anistia fiscal a todos os contribuintes que foram autuados por terem utilizado esses incentivos.
      Mesmo com as eleições e uma possível renovação nos governos, Cabrera aposta em uma manutenção do posicionamento firmado pelos Estados perante o Confaz.

      “O convênio traz as etapas para se chegar a uma reforma tributária, que precisa sair com urgência para atrair e manter investidores”, afirma Hélcio Honda, diretor jurídico da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Para ele, a mudança na presidência do Supremo Tribunal Federal e em suas comissões pode fazer com que a súmula da guerra fiscal seja editada antes do previsto. “Por isso, uma solução, com pulso forte da União, não pode demorar a sair.”

      De acordo com Honda, uma súmula precipitaria o julgamento das ações contra incentivos concedidos sem autorização do Confaz nas instâncias inferiores. “O desastre seria o efeito retroativo. Tudo o que as empresas ganharam com incentivos fiscais, teriam que devolver”, diz Honda.

      Para Ana Carolina Monguilod, do Levy & Salomão Advogados, é improvável haver alguma novidade concreta sobre a guerra fiscal até o fim do ano. “O mundo político deve ficar mais voltado para as eleições. E o término da guerra fiscal depende de uma negociação muito intensa.”

      Veja mais em:
      http://www.valor.com.br/legislacao/3658590/confaz-pede-adiamento-da-reforma-do-icms

       

       

      1. É preciso dar uniformidade e generalidade ao ICMS e algo mais

         

        Alexandre Weber – Santos – SP (quarta-feira, 05/11/2014 às 00:02),

        Avalio como bastante relevante a questão da guerra fiscal, embora eu seja refratário ao termo guerra fiscal uma vez que se trata de concessão de benefícios fiscais, pratica que existe desde os tempos imemoriais.

        Relativamente ao ICMS, a solução é política precisa de muita disposição e luta, pois muitas medidas são de natureza constitucional, mas existe uma alternativa que talvez seja uma grande solução de interesse geral.

        Para entender a minha proposta é necessário primeiro compreender alguns princípios norteadores do ICMS. Trata-se de um imposto de caráter geral, isto é, imposto em toda cadeia produtiva. Na verdade o imposto com esta característica é o IVA. O ICMS não tem plenamente esta característica uma vez que quase todas as atividades de serviço são tributadas pelo Imposto sobre Serviços de competência dos municípios. De todo modo trata-se de tributo bastante generalístico.

        O segundo princípio é o da neutralidade que é expresso pelo caráter de ser um imposto não cumulativo, ou seja, imposto de valor agregado. Uma terceira característica é a uniformidade no sentido de que se deve utilizar de poucas alíquotas. Uma quarta características seria ser um imposto de preços de mercado. Por esta característica não é o contribuinte que impõe o valor a ser cobrado ou uma burocracia estatal que faz este cálculo. O cálculo do tributo é feito automaticamente com base no preço de mercado ou de comercialização do produto.

        Para que o ICMS adquira as características que lhe deveriam ser próprias é preciso:

        1) Acabar com a ST. (Os Estados vão reclamar porque dado a capacidade de controle, haverá perda de receita, mas isso poderia ser compensado impondo uma alíquota mais alta em alguns produtos de consumo inelástico). O fim da ST vai reduzir o trabalho de todos e haverá ganhos com a redução de custo tributário. A ST também tira a neutralidade do imposto de valor agregado que é o ICMS porque cria um custo financeiro antecipado para o adquirente que tem que pagar antecipadamente a ST na entrada da mercadoria antes, portanto, de realizado a venda. E o fim da ST vai permitir que o ICMS volte a ser um imposto de mercado, desaparecendo o mecanismo da MVA (Margem de Valor Agregado).

        2) Acabar com a alíquota interestadual. A alíquota seria a normal do produto. É medida que conta com forte rejeição dos Estados de baixa produção industrial e que cobram o tributo diretamente na indústria de outros estados. Esses estados são os mais pobres e talvez eles pudessem abraçar esta alteração se fosse criado um fundo que distribuísse uma parcela do ICMS arrecadado de acordo com um modelo que ajudasse os estados mais pobres. Esta é uma medida que ajudaria dar maior uniformidade ao ICMS, reduzindo o número de alíquotas diferenciadas.

        2.1) Criar um mecanismo que proteja também os estados de residência da pessoa física de aquisição de mercadoria via Internet. Poderia ser algo feito dentro do critério do item 2.

        3) Permitir que a tributação na importação seja cobrada pelo fisco federal sendo todo o recurso repassado para os estados observando que o repasse deveria ser feito de acordo com o PIB de cada Estado no sentido de que se supõe que os Estados membros vão adquirir produtos impostados na proporção do PIB do estado. É preciso deixar claro na Constituição que se pode cobrar o ICMS na importação da pessoa física. Trata-se de medida que protege o produtor nacional, pois atualmente o importador, pessoa física, importa sem pagamento de ICMS. Além disso, não haveria o problema com a questão de alíquota estadual diferenciada e que reduz a uniformidade do imposto. E problema que foi aumentado com a invenção da alíquota interestadual de 4% que para combater a guerra fiscal criou mais uma alíquota.

        Agora só falta divulgar mais este modelo.

        Clever Mendes de Oliveira

        BH, 05/11/2014

  3. o importante  não é bater

    o importante  não é bater recorde de tempo no cargo..

    é sair de cabeça erguida porque manteve uma

    política inclusiva que dá certo há doze anos.

     a manutenção do pleno emprego me

    parece ser uma vitóra indiscutível.

  4. A Estranha Lógica dos Especuladores Brasileiros

    Em dia que anunciam a possibilidade da Petrobrás aumentar o preço da gasolina (e portanto seus lucros, pois o custo mundial baixou) e o recorde de produção (> 2,3 milhões de bd), o preço de suas ações …

    Cai!!!

    Hehe, não é fantástico?

    (calma, eu sei que os especialistas tem espilicassões comvimsentes! é futuro pra lá, pretérito pra cá, derivada aqui, integral ali, posição vendida acolá e comprada alhures, etc.).

    Enquanto isso, a Petrobrás vai cumprindo seu papel: descobrindo óleo, dando lucros e produção recordes.

    1. Investidores também levam em

      Investidores também levam em consideração a corrupção na empresa. Ou você colocaria seu dineiro onde suspeita que vão surrupiá-lo?

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