O Terceiro Reich e o Banco da Basileia

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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O TERCEIRO REICH E O BANCO DA BASILEIA 

O Banco de Liquidações Internacionais com sede na Basileia, Suíça, foi fundado em 1930 por recomendação da Comissão Young, comandada pelo governo dos EUA, visando  operar o pagamento das reparações da Primeira Guerra devidas pela Alemanha aos Aliados. Os Estatutos do Banco foram redigidos pela comissão formativa em Baden-Baden, na Alemanha e o BIS (acrônimo de seu nome em inglês, Bank for International Settlements) nasceu sob forte influência alemã desde seu início.

Durante o período da Segunda Guerra , sendo a Suíça neutra e o Banco, por consequência também de caráter neutro, o Terceiro Reich continuou a manter  seus diretores no Board do banco de 1939 a 1945, ininterruptamente, lado a lado com os diretores ingleses e americanos. Eram eles Walther Funk, Emil Puhl, Heinrich Schmitz e o Barão von Schoeder, os três primeiros julgados em Nuremberg. A forte presença nazista no Board do BIS durante a Guerra levou o Governo da Noruega , país invadido e ocupado pelo Terceiro Reich, a propor na Conferência de Bretton Woods a extinção do BIS, proposta que foi apoiada pelo Governo dos EUA na pessoa de Henry Dexter White, Secretário do Tesouro mas a proposta norueguesa foi descartada por Lord Keynes, o grande poderoso em Bretton Woods.

Mantido, o Banco da Basileia tornou-se peça chave da coordenação dos 60 Bancos Centrais, que são seus acionistas. O BIS tem hoje um papel fundamental na regulação bancária global, emitindo regras para capitalização e reservas de bancos privados, que são respeitadas pelo sistema bancário internacional.

Uma curiosidade é que o BIS na sua criação, em 1930, tinha acionistas privados. Só muito mais tarde o banco recomprou as ações cotadas em bolsa e manteve seu capital exclusivo para os Bancos Centrais.

A mente por trás da estrutura básica do BIS veio da Alemanha na pessoa do grande economista e financista Hjalmar Schacht, que liquidou com a hiperinflação alemã de 1924 com um plano que foi o modelo quase idêntico seguido pelo Plano Real brasileiro, 70 anos depois, inclusive com a moeda de transição (a URV).

A influência do BIS sobre a organização bancaria mundial é maior do que a do FMI, por ser um banco mais antigo e de autoridade consolidada, os chamados Acordos de Basileia são hoje os princípios fundamentais da atividade bancária, seguidos por todos os bancos do planeta. Esses acordos são organizados dentro do BIS por um Comitê especial, sendo a Secretaria Geral fornecida pelo BIS.

Os bastidores da criação do BIS e de seu funcionamento durante a Guerra, com a curiosa situação de diretores nazistas e americanos e ingleses sentando lado a lado nas reuniões do Board, estão detalhadamente descritos nas últimas duas biografias de Hjalmar Schacht, editadas recentemente.

Como se sabe, Schacht, cuja mãe era americana, foi um dos 20 grandes réus no Tribunal Internacional de Nuremberg, mas foi absolvido, apesar de ser ele, como presidente do Reichsbank e depois Ministro da Economia do Terceiro Reich, o principal responsável pelo financiamento do rearmamento alemão, com a criação de dois mecanismos  heterodoxos, depois copiados por muitos países (inclusive o Brasil), a moeda de compensação e os bônus para pagamento de fornecedores (Mefo bonds). Finda a Guerra Schacht ainda teve longa sobrevida como requisitado  consultor financeiro de países em desenvolvimento.

Os israelenses queriam prendê-lo a todo a custo porque não se conformaram com sua absolvição e quase o conseguiram. Voltando da Indonésia, o avião no qual retornava para a Alemanha teve uma escala técnica de seis horas no aeroporto de Tel Aviv, pouco antes de subir no avião um garçom do café do aeroporto o reconheceu e chamou a polícia mas não deu tempo, Schacht escapou sem ser incomodado. Sua absolvição controvertida em Nuremberg deveu-se a seu enorme prestígio internacional, responsável pelo fim da hiperinflação alemã e suas conexões com o mundo bancário anglo-americano, onde era muito respeitado.

Schacht e Albert Speer, o super eficiente Ministro da Indústria Bélica, tiveram incríveis sobrevidas após o fim da Guerra. Como Schacht, Speer virou consultor empresarial de sucesso depois de cumprir 20 anos de prisão por condenação em Nuremberg. Morreu em Londres, cidade que bombardeou intensamente, em uma cama de hotel com a amante inglesa, tais são as ironias da vida.

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

9 Comentários

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  1. Os pitacos deste cidadão

    também chegaram em nossas paragens:

    Segundo a Wikipédia alemã,

    (http://de.wikipedia.org/wiki/Hjalmar_Schacht)

    “In den Fünfziger- und Sechzigerjahren war Hjalmar Schacht als finanzpolitischer Berater unter anderem in Westafrika und im Nahen Osten, vor allem aber in Brasilien und Indonesien tätig. Die dortigen Regierungen griffen besonders bei der Bekämpfung der galoppierenden Inflation auf Schachts Fachwissen zurück.”

    Nos anos cinquenta e sessenta [do século XX] o Hjalmar Schacht foi consultor econômico e político ativo entre outros, na Áfria Ocidental e no Oriente Médio, mas principalmente no

    Brasil e

    na Indonésia. Os governos de lá buscavam especialmente o conhecimento especializado do Schacht no combate à inflação galopante. 

     

    Pelo visto, estes pitacos demoraram a frutificar por aqui. 

  2. Revelador

    O EUA foi contra mas foi “vencido” pelo “poderoso” Keynes, depois o cara aterriça em israel e não é preso. Acho que não, na verdade transformaram hitler no único culpado e o resto foi revernciado, por todos os vencedores, podendo até um destes personagens morrer em um hotel londrino e com amante ingleza. A Alemanha perdeu mas o nazismo foi adotado pelos vencedores com indisfarçável admiração; mesmo neste texto há elogios. O aa tem uma visão bem parcial da história. Leu errado.Também alguem idolatra um dirigente e nobre inglês, fortemente responsável e incentivador da primeira guerra mundial e da segunda por consequencia, e milhões de mortes de civis, por que ia, a primeira, salvar o poder em queda da inglaterra,  como ícone da democracia…

  3. Os livros de referencia são

    Os livros de referencia são HITLER´S BANKER, de John Wetz, editora Little Brown, 361 pags. e HITLER AND HIS SECRET PARTNERS, de James Pool, editora Simon & Schuster, 451 pags..

  4. Que neutralidade é essa?

    Fiquei com dificuldade de digerir essa estória de “neutralidade” da Suíça e do BIS…

    Como um país pode gozar da condição de “neutro” frente ao nazismo no seu auge?

    Seria porque eles na Suíça ajudaram a financiar o nazismo?

    Com a palavra Dr. Antony Sutton.

    Att 

     

     

     

  5. III Reich

    Bom, sobre o artigo, pouco ou nada de relevante foi colocado, muito embora muitos aspectos da I e II GG ainda estão a merecer pesquisas!

    Sobre o BIS e o controle exercido nos BCs do mundo inteiro, é de poucos o conhecimento desta estratégia, pois na realidade este controle, se faz de forma ferrenha, tendo em vista que os governos dos países, estão subjugados ao grane capital, que os elegem!

    Querendo pesquisar, e tendo persistência, irão verificar que poucos países estão livres deste controle, e todos os BCs, quase na sua tootalidade estão dominados!

    E os paises que ainda não estão, são chamados de eixo do mal, ou então, inimigos do Império e seus aliados!

    E pesquisar para crer!!!!!!!

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