O uso da religião para fins políticos independe da religião e da época, por Rogério Maestri

Nenhuma religião escapa da sua utilização para fins de doutrinação ideológica quando ela é hegemônica perante uma população qualquer e se utiliza dessa pregação “religiosa” para ficar bem vista e ganhar benesses do poder temporal.

O uso da religião para fins políticos independe da religião e da época

por Rogério Maestri

O artigo intitulado “A etnia Uigur de Xinjiang e a Guerra Fria contra a China” extremamente elucidativo de Ruben Rosenthal sobre a farsa política contra a China, que é colocado claramente os fatos é muito mais universal do que se possa imaginar.

Nenhuma religião escapa da sua utilização para fins de doutrinação ideológica quando ela é hegemônica perante uma população qualquer e se utiliza dessa pregação “religiosa” para ficar bem vista e ganhar benesses do poder temporal.

A religião católica, que a cada dia perde mais adeptos para outras religiões que fazem exatamente o mesmo que a instituição religiosa católica fazia no passado, vem perdendo não só fiéis, mas também a possibilidade de doutrinar seus fiéis mais distantes dos núcleos religiosos.

Para mostrar os absurdos que a religião católica fazia no passado não muito remoto vou contar um exemplo anedótico, mas cruel, que escutei numa aula de religião lá pela década de 60 quando estudava no prestigioso colégio Anchieta na cidade de Porto Alegre.

O ano não sei exatamente qual era, devia ser 1964 ou 1965, ou seja, deveria ter 11 ou 12 anos, para minha sorte tinha irmãos mais velhos que já criticavam a religião e acho que já tinham adotado o ateísmo como prática, logo já possuía de casa algumas desconfiança sobre as “verdades” que eram transmitidas pelos padres.

Um padre, que certamente já está morto, que vou denominá-lo de Humberto M., que além de mentiroso, fantasioso tinha atributos morrais que se existe céu e inferno, certamente deverá estar no último por outras histórias mais interessantes que não contarei nesse momento, estava dando uma aula de “religião” que ele simplesmente substituía a leitura e interpretação de textos religiosos, utilizava casos mentirosos para deixar as crianças longe dos “comunistas” comedores de criancinhas assadas em fogo brando.

Para exemplificar o que era fé (no modo falsificação da realidade) ele contava uma história sobre crianças que eram católicas fervorosas ou na Rússia ou na Polônia (não guardei bem a localização), essas crianças quando foram confrontadas pelas “criminosas” tropas comunistas foram colocados junto a uma parede e o malvado comandante gritou três vezes para elas:

– Vocês negam Cristo?

Após as crianças por três vezes repetirem três vezes que não negavam elas foram todas fuziladas.

Hoje em dia isso pode parecer ridículo, mas era uma forma de doutrinação religiosa.

Na época, devido a informações que recebia de meus irmãos mais velhos, que não eram de esquerda na época, mas já não confiavam no que os padres falavam, achei um absurdo a situação, pois imaginei inclusive que qualquer criança inteligente com o mínimo instinto de conservação, poderia dizer que negavam e depois dentro do rito católico poderiam se confessar do erro e serem absolvidas.

Achei tão absurda a cena que o padre montara, que guardei por quase 60 anos na memória o fato e a imagem daquele sacripanta que foi um dos motivos de perder a confiança em QUALQUER religião no futuro, mas imagino que a imensa maioria dos meus colegas, que não tinham a mente já preparada por fortes influências familiares, devem ter internalizado seu anticomunismo através de bobagens e besteiras como a que presenciei.

Hoje em dia, quando escuto qualquer discurso religioso de qualquer religião já fico procurando a onde está a utilidade terrena de seu discurso e entendo a influência dos padres, pastores e mais outros religiosos de suas pregações, pois o que doutrinação política que escutei num colégio religioso católico da década de 60 continua sendo repetida em todos os espaços onde haja ouvidos e mentes crédulas para escutar e acreditar.

Redação

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