Andre Motta Araujo
Advogado, foi dirigente do Sindicato Nacional da Indústria Elétrica, presidente da Emplasa-Empresa de Planejamento Urbano do Estado de S. Paulo
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OCDE e dolarização: duas armadilhas neoliberais, por André Motta Araújo

Os dois projetos, OCDE e dolarização, são projetos da "turma" do Ministério da Economia, nada tem a ver com os interesses do Brasil

Foto El Pais

OCDE E DOLARIZAÇÃO, DUAS ARMADILHAS NEOLIBERAIS

Por ANDRE MOTTA ARAUJO

Os neoliberais da jovem guarda de Chicago a quem foi entregue de porteira fechada a totalidade da política econômica brasileira manobram em todos os campos para AMARRAR o Brasil aos troncos dos chicotes neoliberais. É o Ministério da Economia quem quer o Brasil na OCDE, não é e nunca foi política de Estado do governo brasileiro porque ser membro da OCDE significa assumir obrigações que fazem parte da ideologia neoliberal e que limitam consideravelmente o espaço de manobra geopolítica de um grande País, razão pela qual NENHUM dos outros BRICS está na OCDE.

Não há vantagem REAL alguma de o Brasil ser membro da OCDE. A lenda de que isso vai “atrair investimentos” é mais uma fantasia dessa turma. A Grécia quebrou sendo membro da OCDE e ao contrário, foi severamente PUNIDA por não poder operar saídas de sua crise, a não ser o “ajustismo violento”, que gerou uma depressão e depois recessão que já dura mais de dez anos.

O México não só é membro antigo da OCDE, como o direor-geral da entidade é mexicano, Angel Guria, e nem por isso o México deixou de ser um país pobre com sérios problemas, hoje totalmente dependente dos EUA, a ponto de ter que ser “leão de chácara” da genocida politica imigratória de Trump, sob ameaça de mega tarifas sobre as exportações mexanas aos EUA, uma situação humilhante que usa a economia como arama contra direitos humanos, logo contra o México, que teve orgulhosa politica externa até 1985.

Quanto ao CAMBIO DÓLAR LIVRE, a nova lei do câmbio apresentada pelo Banco Central significa o Brasil abrir da política cambial como estratégia de politica econômica, só paraísos fiscais e países que vivem de finanças, como a Suíça, é que podem se dar ao luxo de ter o cambio COMPLETAMENTE LIVRE.

A POLÍTICA CAMBIAL tem principalmente três objetivos: a proteção das reservas internacionais, a promoção de exportações, armas que a CHINA, a ÍNDIA e as grandes economias manejam agressivamente e a DEFESA DA MOEDA NACIONAL, objetivo maior de todo Banco Central. Esses são os objetivos de PAÍS, e não inventar medidas para os amiguinhos do mercado financeiro que querem o máximo de liberdade sem nenhum compromisso com os países.

Segundo o Banco Central, é para “simplificar e facilitar”, argumentos infantis frente a importância de o País manter controle sobre sua política cambial.

O Brasil CRESCEU a taxas espetaculares dos anos 50 aos anos 70, pela competente operação da política cambial, MESMO NAS CRISES. O Brasil cresceu mais do que nos últimos cinco anos, MESMO DURANTE AS MORATÓRIAS dos anos 70 e 80, porque o Estado mantinha ferreamente o controle do câmbio, algo que a Argentina não fez e com isso a economia argentina está em crise e sem crescimento há 50 anos, uma economia inteiramente dolarizada.

Abrir mão de um mínimo de controle cambial é o sonho dourado dos fanáticos neoliberais e os únicos beneficiários dessa farra “liberou geral” serão os especuladores de bolsa, segmento hoje muito bem representado no Ministério da Economia, que tem como politica única beneficiar o “investidor”, que na configuração desse projeto NÃO é a empresa produtiva e sim o operador de mercado que entra e sai do Brasil, tirando máximo proveito da PORTA ABERTA.

Não se pode fazer isso na China, na Índia, no Japão e nem nos EUA, que através do “compliance” controlam o capital estrangeiro que opera contra os interesses do País. O Brasil não é e nunca pretendeu ser paraíso fiscal para escala de capital volátil, então para quê abrir tudo?

Uma política cambial de PORTA ABERTA tem como etapa final a DOLARIZAÇÃO da economia brasileira, sonho da turma de Chicago. Os dois projetos, OCDE e DOLARIZAÇÃO, são projetos da “turma” do Ministério da Economia, nada tem a ver com os interesses do Brasil.

 

Andre Motta Araujo

Advogado, foi dirigente do Sindicato Nacional da Indústria Elétrica, presidente da Emplasa-Empresa de Planejamento Urbano do Estado de S. Paulo

2 Comentários

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  1. Prezado André,
    com 400 bilhões de dólares em reservas cambiais como é que se pode “quebrar a moeda local”?
    É difícil.
    Haja crise.
    Me parece que a tal “dolarização” tem esse objetivo a médio prazo, uns 4 anos ou um pouco mais.
    Basta apreciar bem o cambio, tornar a balança comercial deficitária por longos anos. A política neoliberal diz que o que interessa é “o núcleo da inflação”, ou pelo menos “a meta”inflacionária. Esse é o engodo de sempre.
    Então: dá-lhe âncora cambial, dá-lhe juros altos. Com tantas comodities pra se exportar como será complicado para ter uma balança deficitária. O cambio virá a R$ 3,00, de novo?
    E aí, com o mercado “saturado de dólares estrangeiros”, produzidos pelo carry trade, pela taxa de juros quase zero lá fora, num determinado dia acontece algum “fato” que desencadeia o fim do processo, a corrida para o porto seguro. O “FLIGHT TO QUALITY”.
    Os “especialistas” da globonews, do infomoney, os sardembergues explicarão tudo com calma. No primeiro instante “você, pequenininho, deixa seu dinheiro onde está que é seguro”. ( Deixa os peixões se mandarem).
    As reservas são usadas para manter o cambio estável enquanto o dinheiro foge.
    Haja crise para a dimensão deste país!
    Depois, com o dinheiro dos “grandes” devidamente seguro, fora do país, solta-se o cambio, que vai a R$ 8,00 ou mais.
    É essa a fórmula? A formula para concentrar a renda?
    Uma delas! A mais “manjada”….
    E aí a novela continua indo ao FMI, seguindo seu austericídio, etc., etc.
    O Brasil caminha para ser uma Grécia continental, ou uma Líbia gigante…

  2. Está faltando um Robert de Niro aqui, sem medo de Bolsonaro e filhos, Donald Trump está perto de sofrer impeachment, porque uma senadora é o ator tem coragem, aqui e o contrário, todos sabem, por intermédio da justiça, sobre a milícia que ajudou na eleição do Brasil, mas ninguém tem coragem para apurar a fundo, lamentável.

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