Andre Motta Araujo
Advogado, foi dirigente do Sindicato Nacional da Indústria Elétrica, presidente da Emplasa-Empresa de Planejamento Urbano do Estado de S. Paulo
[email protected]

Os acionistas da Petrobras nada ganharam com a venda do controle da BR Distribuidora, por Andre Motta Araujo

NÃO SE DÁ CONTROLE DE GRAÇA em grande empresas, especialmente uma que é A MAIOR DO MERCADO DE COMBUSTÍVEIS DO BRASIL, o 3º do mundo, vendida em banca de bananas, onde se pagou o MESMO PREÇO para quem compra dez ações e quem compra o controle.

Arte Portal Lubes

Os acionistas da Petrobras nada ganharam com a venda do controle da BR Distribuidora

por Andre Motta Araujo

Será ignorância ou má fé? Possivelmente uma combinação das duas fraquezas. O jornal O ESTADO DE S. PAULO publica no dia 25/7 matéria (pag. B6) com o título ” PRIVATIZAÇÃO DA BR DISTRIBUIDORA CRIA MODELO DE NEGOCIOS INEDITO NO BRASIL”. inédito pela esperteza, mistério e safadeza própria dos especuladores caça-pechinchas de Nova York, daquela alma corsária de fundos abutres de Greenwich, Conn, para os quais retornos de 18% em um ano são merrecas. Eles querem 50%, só conseguem no Brasil onde os reguladores e mídias são cegos e burros e em algumas repúblicas africanas de “diamantes de sangue” e ainda o ESTADÃO elogia a criatividade. Os especuladores devem estar com cólicas de tanto rir, depois de tudo ainda são elogiados?

Os bocós da mídia econômica só veem novidades e vantagens nessa operação, não veem o PRINCIPAL: NÃO SE DÁ CONTROLE DE GRAÇA em grande empresas, especialmente uma que é A MAIOR DO MERCADO DE COMBUSTÍVEIS DO BRASIL, o 3º do mundo, vendida em banca de bananas, onde se pagou o MESMO PREÇO para quem compra dez ações e quem compra o controle. Isso não existe nos mercados de capitais do mundo.

Quer dizer que a PETROBRAS perde o controle da BR nessa operação, se ela perdeu alguém ganhou, essa megaempresa NÃO PODE FICAR SEM UM BLOCO CONTROLADOR, seria como criança de 5 anos perdida em aeroporto, mas esse novo BLOCO não pagou nada para ser controlador, entrou no comando de graça, cadê a CVM?

Agora que a PETROBRAS perdeu o controle, QUEM MANDA NA EMPRESA? QUEM NOMEIA O PRESIDENTE? QUEM DITA A ESTRATÉGIA DA EMPRESA?

Quais os fatos?

1.A montagem de uma operação “block building” para vender INDIRETAMENTE E DE FORMA DISFARÇADA o controle de uma das dez maiores empresas brasileiras leva, no mínimo, 6 meses, fizeram tudo na surdina, a mídia só noticiou o negócio realizado, muito  estranho, noticiou e elogiou, é demais.

2.Uma operação de VENDA DE CONTROLE de uma das maiores empresas do País sem se cobrar pelo “prêmio de controle”, mesmo porque não se sabe quem agora controla, é muito fora de qualquer padrão no mercado daqui e do mundo inteiro. Operação desse porte não se faz sem transparência TOTAL.

3.TOTAL falta de transparência de uma venda de controle dessa magnitude perante as regras da CVM, ninguém entra nessa operação sem SABER QUEM VAI SER O CONTROLADOR, porque isso afeta diretamente o preço da ação. A ocultação do REAL BENEFICIÁRIO da transferência de controle, porque é isso que vai acontecer, fere toda a lógica de transparência de uma das maiores, deve ser a maior operação de venda secundária do ano na BOVESPA. Além do porte, TRATA-SE DE UMA EMPRESA ESTATAL, não pode ser vendida na surdina e no varejo, há aspectos de INTERESSE NACIONAL em jogo.

4.Não se vende uma EMPRESA ESTRATÉGICA para o País no “varejo” sem dar nome aos participantes que terminarão com o controle. O que a CVM tem a dizer? Vai elogiar também, como o ESTADÃO? Quem ficou com o PRÊMIO DE CONTROLE, pois a PETROBRAS perdeu o controle da BR nessa venda?

5.Está claro que um grupo de bancos de investimentos (4 estrangeiros e 1 nacional) compraram o controle sem pagar nada por ele e agora vão faturar para vender o controle para QUEM DER MAIS, quer dizer, eles capturaram o prêmio de controle que seria da PETROBRAS e seus acionistas, o maior dos quais é o povo brasileiro. Estes entregaram o controle da BR Distribuidora de graça, prejudicaram o acionista controlador (a União) e os minoritários.

6.Acionistas minoritários americanos (alô, alô Rosen Law Firm) especializados em ‘class actions’ tem aí mais um tema de prejuízo causado à PETROBRAS pelos seus dirigentes (lembram da Lava Jato?), venderam o controle da BR Distribuidora, maior subsidiária da PETROBRAS em faturamento, sua caixa central de capital de giro, venderam por “ZERO”, sem prêmio de controle, numa operação elogiada pelo jardim de infância do jornalismo econômico do ESTADÃO, gente sem a menor noção das sacanagens de mercado, NÃO SE VENDE UMA EMPRESA DESSE PORTE PELO VALOR DE VAREJO DA AÇÃO.

APRENDAM QUE O CONTROLE É OUTRO PREÇO, isso se sabe desde o Século XX, em 1870 os ‘robber barions” das ferrovias americanas já operavam cobrando “prêmio de controle” FORA do preço da ação no varejo, vocês não sabiam? Está nas biografias de Jay Gould, Edward Harriman, Cornelius Vanderbilt, Leslie Stanford, todas cobravam “prêmio de controle” quando uma transação com ações, além do lote de ações, também transferia o controle da companhia.

Onde está a CVM, o Tribunal de Contas da União, o Congresso para dizer algo sobre a VENDA disfarçada do controle da BR em operação de varejo via grandes bancos de investimento, após a qual NÃO SE SABE QUEM CONTROLA A EMPRESA ESTRATÉGICA, ESTATAL E FUNDAMENTAL NA DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS NO PAÍS?  Vendida COMO SE VENDE UM CAMINHÃO DA PREFEITURA, QUEM DÁ MAIS, NÃO IMPORTA QUEM.

Nas privatizações da ERA FHC, ao menos se fazia uma análise dos compradores, SABIA-SE QUEM COMPRAVA AS EMPRESAS, agora pode ser alguma máfia de qualquer lugar do mundo, não se sabe quem comprou e quem vai controlar uma empresa CENTRAL NA ECONOMIA BRASILEIRA, o que é isso?

AMA

Andre Motta Araujo

Advogado, foi dirigente do Sindicato Nacional da Indústria Elétrica, presidente da Emplasa-Empresa de Planejamento Urbano do Estado de S. Paulo

10 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. O Estadão é tudo, menos burro. Claro que sabem direitinho o que está acontecendo de verdade. A questão é que essa gente da elite detesta o país, deve todo dia acordar e amaldiçoar o fardo de não ter nascido nos EUA, na França, na Alemanha…Além do mais, a família Mesquita não tem com o que se preocupar. Seguirão o roteiro dos Civvita e deixarão os jornalistas que os ajudam a destruir o país na mão quando o grupo quebar de vez (há tempos está por um fio ) como estão os funcionários da Abril.

  2. Como se diz por aí, ao fim e ao cabo deste processo de “lavra nefasta” das riquezas deste território sem lei e sem povo, restará uma grande Brumadinho, Mariana e um gigantesco lixão sendo catado por zumbis esfomeados e doentes.
    Um paraíso virado inferno.
    Desculpem a visão…

  3. Eles já botam culpa na esquerda por toda desgraça que fizeram ao páis a partir de 2013,
    imagina se a esquerda ir para a rua protestar.

    Prestem atenção, eles destabilizaram politicamente e economicamente o país, a partir
    de 2013. Certeza é estratégia americana. Tirara o petismo do poder. E agora procuram
    alguém para jogar a derrocada do país. Já quebraram o Brasil ( O Brasil está quebrado,
    se não tem dinheiro para pagar dívida do dia a dia, tá quebrado, fazendo empréstimo
    para pagar salários).

    O que eles buscam agora é provocar, provocar e aprofundar mais ainda a destruição dos
    direitos sociais e através da mídia jogar a culpa na esquerda. Eles estão provocando o povo
    brasileiro, esperando uma revolta para em seguida botar culpa na esquerda. Tomem bastante
    cuidado!

  4. Fui servidor da Petrobrás por 24 anos e também trabalhei 2 na BR, achei um bom negócio comprar ações e não me arrependo: distribuidora de derivados não tem sobra de estoque (ela vende antes de comprar), recebe em 30 dias ou suspende o fornecimento, o cliente-frentista vai com seu caminhão buscar o combustível. Ela só tem de possuir bases de suprimento que as vezes é partilhada com outras bandeiras. Não tem erro.

    O articulista pula alguns assuntos espinhosos: o grupo FORTE se apresenta como CREDOR de 10 BILHÕES DE REAIS por contratos inadimplidos pela BR.

    Fernando Collor está sendo acusado de receber VINTE MILHÕES DE REAIS de propinas por ajudar na compra de uma rede de postos pela BR. Para pagar essa propina de quanto não terá sido o lucro?

    Será que uma empresa particular (ou privatizada) cometeria esses dois atentados ao patrimônio do acionista, público ou privado?

    1. vanio coelho : é inacreditável a recorrência da inocência brasileira. Continuam a culpar o ‘sofá’. Desde já, jogando fora, tudo estará resolvido. A “corrupção” citada é ato do Poder Político que comanda as Empresas. Este Poder Político, continuará da mesma forma. Controlará, como já controla o Estado e a continuidade da corrupção. Isto não é óbvio? Mas a Empresa, seus Lucros, Seus Empregos, seus Royalties, seus Dividendos, suas Ações, sua Autonomia, sua Liberdade, sua Soberania vai embora. Fazendo um paralelo é como as Privatizações das Estradas. Vejam o rigor do Governo pela defesa das Empresas que receberam este ‘Nababesco Presente’? Balanças instaladas, Vigilância 24 hrs., Legislação e câmeras para coibirem a evasão dos pedágios, Policiamento contra excessos no uso da estrada (não para coibir seu fluxo, como era antigamente. Raro é ver ‘blitz’ em rodovias. Quando muito, logo após os pedágios, cuja tarifa já foi paga, é claro. O normal agora é estarem nas saídas e entradas, classificando o tipo de automóvel e condutor que adentrará. A estrada flui com liberdade. Quanto maior fluidez, maiores os números nababescos nos pedágios. Mesmo que em congestionamentos impossíveis há cerca de 20 anos atrás). Quando o Estado quer o Estado funciona, não é mesmo? Todo este dinheiro entra no seu bolso? Ou sai dele? “Morreu por que reagiu”. “Também com esta roupa, mereceu ser estuprada”. Décadas de doutrinação. A vítima se enxerga como sendo o criminoso. Somos um Povo inacreditável.

  5. Empresas privadas podem sim estar no centro de todo tipo de sacanagem, no mundo inteiro,
    a crise financeira de 2998 nos EUA foi causada por mega bandalheiras de bancos e grandes empresas, o banco Lehman Bros. pagou 60 milhões de dolares de bonus a executivos 3 dias antes de quebrar, a ENRON quebrou dando mega prejuizos, até um mês antes era empresa top, aqui no Brasil
    tivemos escandalos de bilhões com a OI e o grupo do Eike Batista, não caia nesse mito de que só
    estatal tem problemas.

    1. Nos dois casos que citei não acredito que empresas privadas fariam isso: adquirir uma rede de postos por valores excessivamente acima do mercado, para gerar 20 milhões de propina a apenas um dos intervenientes, nem permitira que um distrato, em torno de 200 milhóes de reais, chegasse a 10 bilhóes de reais.

      Presidentes e Diretores de empresas privadas podem ser tão desonestos quanto, mas elas possuem auditoria, vigilancia e poder de decisão rápida que uma estatal não tem, além da malfadada infiltração política.

      Não é a toa que após a primeira privatização as ações da BR pulassem de 16 reais para 22 reais, e após a segunda as ações superaram os 27 reais (24,50 na IPO mas no secundário já estavam a 26).

      1. Agradeço o comentario mas alguem processar uma estatal por valores aberrantes não quer dizer que vai levar o que pede, nesse caso acho
        impossivel ganhar uma quantia absurda dessas.

  6. Se os acionistas ficaram na merda nao posso garantir. Mas que alguem levou muita grana neste rolo é praticamente certo. Breve vai aparecer
    É falsa a percepção que não existe corrupção nas empresas privadas ou que nao existem auditorias com imediato plano de ação nas publicas. Existe muita corrupção e maquiagem contábil nas empresas privadas (Vide origem do SOx), assim como existe muita auditoria e controle nas empresas públicas.

  7. Enquanto alguns desperdiçam tempo e inteligência discutindo cabelo em ovo, eu já teria faturado R$ 10.422 reais (PM = 24,21 * VM 26,70) se fosse vender minhas ações da BR. Em pouco mais de uma semana.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador