Aldo Fornazieri
Cientista político e professor da Fundação Escola de Sociologia e Política.
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Os governantes e os ouvidos moucos da arrogância, por Aldo Fornazieri

Maquiavel é tido como o pai da política moderna. Exerceu enorme influência na republicanização do pensamento político inglês, via pela qual influenciou também o debate constitucional e o republicanismo norte-americanos. A política brasileira, sabidamente, é antimaquiaveliana em dois sentidos: 1) no processo de formação dos nossos governantes nunca esteve presente a ideologia da virtude (virtù) enquanto qualidade moral e capacidade operacional excepcional do líder, orientadas para a construção da grandeza do Estado e do exercício bom governo para o povo; 2) a construção do nosso processo democrático e republicano foi marcada pela ausência de uma efetiva ideologia republicana da preeminência da coisa pública e da participação autônoma da cidadania política no controle do exercício do poder. Não é um mero acaso que a primeira edição de O Príncipe em língua portuguesa só apareceu em 1935.

A política brasileira carrega, até hoje, os vícios da tradição patrimonialista, do particularismo, da intriga, do engano, da imoralidade, da usurpação e da corrupção. Na nossa tentativa de construção nacional, os aglomerados dos grupos particularistas sempre usurparam o interesse geral e bloquearam a perspectiva de construção de uma comunidade nacional. A falta de sentido e a desordem fizeram com que os acasos (fortuna) prevalecessem sobre as virtudes. As “ideias fora de lugar” e os “mal-entendidos”, no que diz respeito à democracia e a república, estão aí até hoje.

Os líderes com perspicácia estratégica, prudentes e virtuosos, foram raríssimos. Em contrapartida, os autoritários, os arrogantes e os ignorantes foram e são abundantes. Com isso, não se percebem as mudanças das conjunturas, as necessidades de inovação, as ocasiões e as oportunidades que se apresentam para conferir um sentido ao Brasil e construir uma comunidade de destino nacional. Uns, os oportunistas, se aproveitam do poder como forma de viver da política. Outros, cegados pelo dogmatismo ideológico, esquizofrenicamente, negam o princípio de realidade e adotam fórmulas abstratas, mantendo o país prisioneiro da inatualidade. A nossa defasagem e desarticulação em relação à globalização é um exemplo clamoroso do estrago que as fórmulas ideológicas alienígenas podem produzir.

A Necessidade de Líderes Prudentes

 Discutir a qualidade da nossa política e das nossas instituições é uma demanda fundamental para a produção de uma nova cultura – mais democrática e mais republicana. Neste ano, a discussão se torna ainda mais pertinente por termos eleições gerais no país. Os candidatos devem ser pressionados e demandados quanto aos compromissos para com a moralidade e a ética públicas.

O eleitor, no processo de decisão de seu voto, de modo geral, leva em consideração três critérios: as qualidades do líder, sua história (realizações etc.), e o programa (interesses e promessas que suscitam esperanças). Desde a filosofia política grega – particularmente desde Aristóteles – a qualidade da prudência está na mais alta conta como exigência de uma virtude inerente ao grande líder. Trata-se, evidentemente, de um conceito complexo que se desdobra em várias interfaces. Uma das sínteses possíveis desse conceito pode ser traduzida como a qualidade que o líder deve ter para decidir (deliberar) e agir de forma adequada no sentido de obter o resultado desejado e igualmente adequado para os governados, em se tratando de governantes.

Maquiavel adjudica a virtude de prudente ao líder que sabe ouvir conselhos. O governante que não sabe ouvir, normalmente se deixa enganar pelos aduladores. Os aduladores, por serem aduladores e quererem tirar proveito de suas relações com o poder, mentem e escondem a verdade ao governante. É uma boa fórmula para o desastre político. O governante prudente, porém, não pode deixar que todos lhes digam a verdade e a qualquer momento. Perderia a autoridade e o respeito. Ele deve solicitar os conselhos a pessoas sábias, probas e competentes, deixando que expressem suas opiniões para depois deliberar. A prudência (boa deliberação) não vem dos bons conselhos, mas da qualidade do governante de ouvi-los.

O líder democrático moderno, que é prudente, estimula o debate e a participação popular, ouve seus auxiliares, ministros e secretários, consulta a opinião pública, requisita estudos e análises de especialistas antes de deliberar. O líder prudente considera, inclusive, as opiniões divergentes e conflituosas. A administração dos negócios públicos e o exercício do comando político são afazeres tão complexos no mundo de hoje que a ideia de um filósofo-rei platônico onisciente e capaz de decidir sobre todas as coisas a partir dele mesmo não faz o menor sentido.

O Brasil e os Líderes Arrogantes

O oposto do líder democrático e prudente é o líder autoritário. Existem dois tipos: o autoritário porque é ignorante e faz do seu autoritarismo um instrumento de acobertamento de sua incompetência; e o autoritário porque é arrogante e se considera portador de um saber absoluto, o que o torna igualmente ignorante. O governante autoritário ou ignorante não ouve. Entram aqui os políticos com perfil de tecnocratas, com fama de gerentes. Mandam, gritam, exigem, não permitem o debate. Por arrogância ou por ignorância, eles estão “sempre certos”.

Outra forma de perquirir a prudência de um governante consiste em analisar a qualidade de seus auxiliares e a relação que ele mantém com estes. A boa política maquiaveliana recomenda que, nesse caso, se siga aquela máxima popular: “dize-me com quem andas e te direi quem és”. O governante deve cercar-se de auxiliares reputados, probos, competentes e fiéis. E deve requisitar-lhe o aconselhamento. Um dos paradigmas positivos neste caso aqui foi Lincoln, que chegou a escolher como Secretários de seu governo os seus concorrentes nas eleições presidenciais por serem competentes.

No Brasil, a regra dos políticos é a de não importar-se com a presença das más companhias. A mais nova vítima desta imprudência foi o petista André Vargas. Não será a última. Oportunistas, aproveitadores e corruptos se acercam a todos os partidos e ocupam cargos em quase todos os governos.

Os piores males da falta de prudência consistem em deliberar e agir sem levar em consideração as possíveis consequências das decisões e das ações. Os governantes arrogantes são escolados nessa prática nefasta. Ao se depararem com o desastre de suas ações, a culpa é dos outros. Trata-se da ausência da ética da responsabilidade a que se referia Max Weber. Os desmandos administrativos, o desperdício de recursos, a construção de obras desnecessárias, a carência de direitos dos cidadãos, os maus negócios, as escolhas erradas que provocam desastres econômicos e sociais são apenas algumas consequências dessa falta de ética da responsabilidade e de bom senso. O descrédito da política e dos políticos, construído tijolo por tijolo por eles mesmos, expressa, nesse momento, uma maior consciência da sociedade sobre a má qualidade da cultura e das práticas políticas no Brasil. Neste momento de repulsa à política, que é a forma de uma consciência ainda negativa, tende a traduzir-se num elevado número de votos brancos, nulos e de abstenções nas eleições presidenciais.

Aldo Fornazieri – Cientista Político e Professor da Escola de Sociologia e Política.

Aldo Fornazieri

Cientista político e professor da Fundação Escola de Sociologia e Política.

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  1. PSB – MARINA PRESIDENTE – virtude, fortuna e prudência?

    UM GOVERNO DE COALIZAÇÃO E TRANSIÇÃO DEMOCRÁTICA:

    Essa reflexão com base em Maquiavel não é contra Eduardo Campos, Dilma ou Aécio, pois qualquer um deles vencedor das próximas eleições apenas pelas disputas eleitorais estará fadado a ser derrotado pela corrosão do ambiente político. A continuidade dos programas de transformação do Brasil com vistas às próximas gerações exigem as boas razões maquiavélicas, lembradas pelo professor Aldo Fornazieri: a virtude, a fortuna e a prudência. São qualidades que o acaso conduz à oportunidade da figura política de MARINA SILVA nessa quadra histórica. As poderosas forças políticas dos grandes partidos e suas máquinas sindicais, ONGs e movimentos sociais cooptados, impediram o registro do partido REDE o que acabou viabilizando a opção desta 3ª via ora disponível.

    Nessa semana da páscoa de 2014 foram lançadas em Brasília as pré-candidaturas do PSB à Presidência da República, com EDUARDO – Presidente e MARINA – Vice. Como era esperado não houve disputa nem fraturas internas desejadas por alguns. Marina, virtuosa como sempre, reconhece em Eduardo a primazia de uma candidatura posta quando da conjuntura de sua filiação ao PSB.

    Porém, essa chapa mesmo que vencedora nas eleições, sob o ponto de vista dos interesses da nação nem qualquer outra candidatura não será de fato vitoriosa. O Brasil nas atuais condições políticas está cada vez mais ingovernável. A crise institucional está solapando o poder político. O sistema de representação eleitoral perdeu a legitimidade republicana para a eleição e o pleno exercício do poder em nome do povo. Os bilhões de reais de financiamentos de campanhas, todas, os caixas ´2´ de mensalões petista e tucanos, a corrupção endêmica via ´consultorias´, as obras superfaturadas da ´Copa´, as grandes obras cartelizadas e os escândalos renovados, enfim, nenhuma candidatura vencedora terá plena condições de conduzir a nação a um novo ciclo de desenvolvimento e inclusão social. A autodefesa das graves acusações do arsenal disponível entre o PT e PSDB será a tônica da campanha eleitoral e não os grandes temas das nacionais: as reformas da constituição com ênfase na eleitoral, na política, na tributária e fiscal, no judiciário e nas políticas de desenvolvimento econômico e social. Todos terão razão nas acusações e sairão sangrando, senão feridos de morte em sua autoridade política e administrativa.

    A CF/1988 – A Carta Cidadã de Ulisses – cumpriu seu papel de nos assegurar o retorno à democracia. Decorridos 26 anos, o país precisa agora é de um governo de transição democrática e o PSB está em condições de oferecê-lo com MARINA SILVA na opção eleitoral em 2014. Seria então a vitória do bom senso, representada por profundas reformas visando uma nova gestão política e administrativa e a edificação de bases para uma nova forma de se fazer política no Brasil. Para isso se impõe neste momento o chamamento dos brasileiros para um governo de transição democrática, em que o PSB-Rede juntos cumpririam o papel histórico de instrumento para as grandes reformas que o país espera e precisa.

    Neste sentido se impõe a inversão na Chapa do PSB, com MARINA – Presidente. E para se credenciar perante os brasileiros essa iniciativa precisa ser voluntariosa e inequívoca do ex-governador Eduardo Campos com visão estratégica de liderança absoluta do PSB.

    Um governo de coalizão democrática engrandecerá a todos. Ainda jovens, ao lado de MARINA, a projeção política de EDUARDO, DILMA e AÉCIO ao lado de outros que estão se firmando receberão o legado do comando político nacional para os próximos trinta anos.

    Ainda há tempo, até o final dos prazos convencionais em junho, e há condições políticas eleitorais para isso, com a condição de o primeiro ponto da campanha PSB-MARINA seja uma ousada convocação do povo brasileiro do tipo ´Uma Nova Política é responsabilidade de todos´, e que a boa-fé dessa convocação seja representada pela proposta imediata do fim das reeleições para o poder executivo federal, estadual e municipal. A reeleição tem se revelado fonte inesgotável de nefastos acordos políticos condicionando o primeiro mandato e viciando a legitimidade do segundo.

    Se essa 3ª via for acolhida e ungida pelo apoio do voto popular estará autorizada a compor um governo de coalização incluindo PT, PSDB e setores do PMDB e de outros partidos éticos para a agenda das grandes reformas institucionais atualmente vetadas pelo antagonismo entre petistas e tucanos com seus aliados circunstanciais.

    O Brasil com os oito anos de governo tucano e doze anos de governos petistas promoveu grandes mudanças que alteraram os rumos desse gigante até então adormecido. Tais mudanças já esgotaram as possibilidades políticas disponíveis. A hora agora é de um salto ao futuro. Um novo ambiente político que nossa geração edificará instituições para os próximos trinta anos.

    O continuado processo de inclusão social é inexorável e precisa ser ainda mais universalizado. Desde o Plano Real em 1994, a miséria absoluta foi reduzida em mais de 70%. A maior abrangência do progama Bolsa Família conforme esboça o programa de governo do PSB, incluindo 24 milhões de famílias com a renda mínima, em vez de 14 milhões atuais, reduzirá a miséria a índices residuais o que será um orgulho nacional. No Brasil de 2013, pela primeira vez, a maioria da população está na classe média. Consolidou-se uma nova classe média. Engana-se a direita que pensa poder cooptá-la pela razão de não serem mais tão miseráveis. Na verdade essa nova classe média quer mais direitos. Muito mais por novos direitos além daquele das três refeições diárias tão sonhadas por LULA. Agora eles querem mais acesso à saúde pública. Querem melhores escolas para seus filhos. Querem que eles cheguem à universidade com dignidade e mérito. Querem habitação digna. Querem menos violência. Querem segurança, mas não desejam ver seus filhos assassinados pelo estado. Querem empregos qualificados. E salários dignos. Admiram e querem, por que não, o padrão FIFA dos estádios também nos serviços públicos.

    Porém a voz das ruas de 2013 e todas as pesquisas de opinião e o próprio humor popular revelam que o povo brasileiro quer novas mudanças. E para que haja mudanças impõe-se a alternância de poder. E essa alternância de poder se restrita somente entre petistas e tucanos, nas condições políticas atuais, reféns do fisiologismo, não viabiliza as mudanças desejadas.

    Por seu lado o explícito compromisso do fim das reeleições e da rápida disponibilidade de novas eleições gerais emprestará a credibilidade política da disposição da convocação do PSB ser coroada pela alternância de poder.

    Se eleita com tal convocação, deverá propor como primeiro ato do governo de transição uma Emenda à Constituição para a Reforma Política com a extinção da reeleição para os executivos federal, estadual e municipal com novos mandatos únicos de cinco anos.

    Para isso, a candidatura de PSB-Marina será apresentada por Eduardo Campos, inconteste líder do PSB para o referendo popular com o compromisso explícito da redução do próprio mandato e de todos os outros com duração de apenas dois anos ou três anos, tempo suficiente para as reformas estruturais necessárias e passando a coincidência de eleição geral a cada cinco anos e o legislativo pelo voto distrital misto em todo o território nacional: uma inédita e inequívoca proposta de zerar tudo e reiniciar um novo ciclo democrático incorporando-se um novo sistema de representação eleitoral, moderno, inclusivo e francamente popular.

    Assim, os anos de 2015 e 2016 seriam inteiramente destinados às reformas constitucionais e as eleições de 2017 já seriam para prefeitos, governadores e Presidente da República com mandatos de cinco anos sob o novo formato institucional do país sem direito à reeleição.

    O bom senso revela que, a nível nacional, somente o PSB com a autoridade da renúncia à titularidade da chapa presidencial ao entrega-la a uma convidada especial do porte de Marina Silva, desfrutará de credenciais para uma proposta séria e crível de um governo de transição democrática. Basta ver que em todo o Brasil, desde os anos 1990, o PSB tem sido o partido político que tem participado de forma exitosa com alianças eleitorais e de governos tanto com o PT, com o PSDB e com o PMDB e outros partidos. Em São Paulo, por exemplo, atualmente o PSB apoiou os dois últimos governos tucanos a nível estadual, e também os dois governos petistas, no municipal, com inequívoco apoio parlamentar e no 1º escalão de governos.

    Marina Silva tem credenciais para liderar essa convocação cívica. Eduardo somente pode apresentar um bom programa de governo com a boa gestão que é insuficiente para mobilizar a opinião publica a nível nacional. E mesmo que Eduardo vença ancorado em um partido de tamanho médio como o PSB, enfrentará o mesmo ambiente político viciado, corrupto, clientelista e fisiológico que terá que compor e que impede um bom governo.

    Esse poder político emprestado aos fisiológicos precisa ser destruído. Já fizeram mal demais à nação desde o mandato de José Sarney, na fase pré-constituinte de 1988, quando se consolidou, em sentido negativo, a máxima franciscana do ´é dando que se recebe. ´.

    Marina tem uma trajetória de vida que a qualifica ao lado de Lula no imaginário popular de alguém oriunda do povo, com palavra, ética e credibilidade. Ela é querida e admirada entre os jovens e os mais pobres e desfruta de imensa penetração no mundo acadêmico. Ela tem sido a portadora do sonho de através de uma nova forma de se fazer política edificar um mundo melhor. Ela é acolhida pela juventude universitária que comporão a nova classe dirigente.  Também é respeitada nos formadores de opinião pública e também nas comunidades populares que a veem como a expressão máxima de uma nova classe dirigente, preocupada com a ética, a preservação do meio-ambiente para as futuras gerações, com renovação das políticas sociais e suas prioridades – educação, saúde, habitação dignas – e representa a possibilidade de um novo ciclo de desenvolvimento econômico não predatório. Em sua carreira política não poderá ser acusada de defensora de políticas públicas clientelistas ou paternalistas. Sua figura política diz respeito à dignidade humana dos mais pobres.

    O bom senso diz que o Brasil precisa de um governo de transição democrática num ambiente de entendimento entre a parte boa dos grandes partidos e suas principais lideranças. O PT de Lula e Dilma; o PSDB de FHC, Aécio, Serra e Alckmin; o PMDB de Requião, Fogaça e Simon; o PDT de Taques e Cristóvão; o PCdoB de Aldo e demais partidos progressistas estarão eticamente confortáveis para representando uma maioria parlamentar sentarem com o PSB de Marina e Eduardo Campos para conduzirem os entendimentos para as reformas consensuais dessa maioria ética e politicamente representativa da nação brasileira.

    O bom senso atesta a possibilidade dessa 3ª via com harmonia de um governo de coalizão nacional visando às reformas estruturas: tributária; política e judiciária, significando o fim da era bipolar PT-PSDB fazendo com que os principais estados do país: Rio Grande do Sul, São Paulo, Minas, Rio de Janeiro, Paraná, Goiás, Espírito Santos, Pernambuco, Ceará, Bahia, Amazonas, Pará e outros se aliem aos propósitos de um governo de transição democrática. Marina e Eduardo não terão maiores dificuldades em dialogar e conviverem em coalizão de governo. Para o PSB essa sempre foi uma realidade possível.

    O bom senso indica que a população já não aprova os governos com troca-trocas de apoios no parlamento por cargos em ministérios e estatais favorecendo a corrupção, ao desvio ético dos recursos públicos e à má-gestão de projetos e de execução orçamentária.

    Nos governos do PT e PSDB a paralisia das reformas é fruto das alianças fisiológicas. A reforma agrária morreu. Os movimentos sociais acoplados ao estado – pelegaram – e perderam sua natural autoridade moral e política. Os grandes quadros políticos sucumbiram aos ´mensalões´ do PT e PSDB, aos aloprados, aos cartéis de metrô e CPTM paulistanos, aos escândalos das obras da ´Copa do Mundo´ e da Petrobrás. Grande parte de energias das lideranças passaram a ser gastas na defesa do indefensável. Estão cumprindo o dever da autodefesa. Zé Dirceu, Genoino, Marta, João Paulo, Palocci, Serra, Aécio e Alckmin perderam substância ética. Até Lula se encontra refém. Toda a última geração pós-ditadura militar forjada na luta pela restauração da democracia estão enfraquecidas. E a culpa a elas atribuída pelo senso comum é na verdade a culpa dos fisiológicos que tiveram em criminosos como Roberto Jefferson, Pedro Correa e Valdemar da Costa Neto, suas expressões públicas, reproduzidos em centenas dentre os mais de 300 picaretas somente no congresso nacional. Além desses, as alianças com Sarney, Maluf, Jáder, Blairo, Kátia Abreu, Kassab, Garotinho e outros caciques perniciosos impediram e impediriam ainda mais nas futuras composições de governo do PT ou do PSDB, com os avanços e reformas tão necessários ao país.

    O bom senso diz que essa necessária e indispensável transição democrática tem condições de preparar a nação e suas instituições, após 26 anos da Constituição de 1988, com reformas profundas nos campos político, judiciário, tributário e eleitoral.

    O bom senso exige que as lideranças abracem uma nova fórmula de representação política em que interesses subalternos do legislativo e do judiciário não aprisionem o governante nas malhas do troca-troca de apoios e sustentação parlamentar.

    O bom senso e a realidade política revelam que, pela rivalidade e desconfiança recíproca, nem o PT nem o PSDB, adversários radicalmente irreconciliáveis, disporão de condições políticas para um governo de transição democrática, pois qualquer um vencedor terá a oposição sistemática do outro e ambos disporão força parlamentar suficiente para impedir, retardando, modificando ou obstruindo as iniciativas parlamentares de reformas oriundas do partido rival.

    O bom senso diz que temos pressa. A conjuntura econômica mundial está mudando rápida e profundamente. E que a nossa ainda jovem população, reduzindo a miséria, espera por novos alentos e investimentos sociais e de infraestruturas essenciais. Já não basta fazer o mesmo. É preciso preparar a nação para um futuro próximo e também de médio prazo. O bom senso indica que, diante da conjuntura eleitoral, apenas o complexo discurso de bom gestor credenciando o jovem ex-governador de Pernambuco não seja suficiente para sensibilizar o entendimento da maioria da população que o eleve sequer ao segundo turno das eleições diante do poderia das máquinas eleitorais de tucanos e petistas.

    Esse governo de coalizão nacional, já em 2015, representaria uma bem-vinda aliança do povo, com o que há de melhor na classe política, reunindo-os, num projeto nacional, com a iniciativa privada desenvolvimentista e os grandes fundos de investimentos estrangeiros capazes de reduzirem a carga tributária e aumentar o grau de investimentos nas grandes obras de infraestrutura que o nosso imenso território e 200 milhões de brasileiros precisam. Eis o que significa essa coalizão e que fará muito bem à nação brasileira, preparando-a para novos desafios democráticos, políticos, sociais e econômicos.

    Somente o PSB, em 2014, com sua tradição de centro-esquerda consolidada e dispondo de Marina Silva, com Eduardo Campos à frente do partido, tem condições políticas e éticas de convocação desse governo de coalizão democrática representando um salto político e institucional inéditos no Brasil. E o momento é o atual. Há uma gama de lideranças em fim de carreira que hoje estão disponíveis e não se furtarão. Daqui a quatro anos pode ser tarde demais. O ambiente político estará tão dilacerado, insta.lado o caos, que nem mesmo um governo de transição democrática será possível. Então a ruptura democrática pela força será a única alternativa. Temos o dever político de impedi-lo.

    Evidente que essa análise (e torcida) não pretende ser nem um pouco neutra nem imparcial. E nem se diga que os reiterados apelos ao bom senso sejam exagerados. É a esperança de um militante do PSB desde a refundação do partido em 1985, que a defenderá nas instâncias partidárias, É, portanto a esperança com convicção de que podemos cumprir uma missão histórica elegendo um governo de transição democrática para uma nova era. E um novo jeito de se fazer política com democracia.

    José Roberto F. Militão, PSB/SP; Secretaria Municipal de Promoção da Igualdade.

    Presidente do Diretório Zonal PSB – LAPA, Capital, S.Paulo

    1. Militância tem limite, Militão

      Menas, caro Militão, menas. Em 2012, quando a Luiza Erundina foi anunciada como vice do Haddad, vc publicou aqui no blog um alentado artigo dizendo que a chapa estava errada, que se alguém quisesse ganhar a eleição a única alternativa seria ter a Erundina como cabeça de chapa. Sua bola de cristal é paraguaia, Militão. 

  2. Falou, falou, e nao disse nada de concreto…

    Pairou nas nuvens, nao teve a dignidade de dar os nomes aos bois. Insinuou sem dizer, o que é de uma enorme covardia. 

  3. Enquanto isso, nas Minas…

    Estudantes protestam durante a entrega das medalhas da Inconfidência
    Aparato policial foi montado para conter os manifestantes; moradores também reclamaram do fechamento da praça Tiradentes e da restrição do acesso às ruas próximas do local

    PUBLICADO EM 21/04/14 – 21p3
    Tâmara Teixeira

    Um grupo de cerca de 50 estudantes protestou e vaiou durante todo a cerimônia de entrega das medalhas da Inconfidência, realizada nesta segunda-feira (21), em Ouro Preto, na região Central do Estado. O barulho era notado no palanque, sem arrancar reações do senador Aécio Neves e demais autoridades. Durante a manifestação, os jovens colocaram uma carreira de farinha no meio da rua.

    Só convidados e pessoas cadastradas puderam assistir a cerimônia. Um forte aparato policial foi montado para evitar manifestantes. “É um absurdo. Os seguranças não nos deixam passar e ferem o nosso direito de ir e vir. Não justificam nada, só dizem que não podemos passar”, disse o estudante Fernando Silva, de 25 anos.

    “Isso e uma ditadura. Estão com medo de ouvir protestos. A praça é do povo e não pode ser fechada para ele” disse uma outra jovem que não quis se identificar por dizer que o movimento não tinha liderança.

    Excluídos da festa, muitos moradores também reclamaram do fechamento da praça Tiradentes e do esquema de restrição de acesso as ruas próximas ao local do evento.

    A dona de casa Maria Das Graças Silva, de 54 anos, reprovou o esquema que limitou o acesso da comunidade às proximidades do evento. “Tive que andar mais de 20 minutos a mais para chegar à minha casa. Se é um evento popular, não deveria ter tanta restrição”, afirmou a moradora.

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