Os próximos passos: o que fazer com os conceitos de hoje em dia?

Por Matê da Luz

O assunto da semana seguiu sendo o assédio sofrido pela Masterchefinha Valentina nas redes sociais, levando a temática para as mais diversas rodas de assunto aqui e acolá. Houve até comparações entre o caso da menina da elite com o caso das meninas de Goiás, em texto escrito pela Carta Capital e exposto aqui no blog

Acontece que, e é infeliz que aconteça, a sensação que a gente tem é a de que mesmo com toda a barulheira, mesmo com toda a mobilização, vai continuar assim, sendo normal, assediar e abusar. 

“Ah, eu não vou colocar o meu assédio na internet não, vai causar o maior fuzuê na família” – disse a irmã de uma amiga, que respondeu questionando se a irmã preferia, então, carregar aquela marca pesadíssima sozinha. “Sozinha nada, ele fez isso com fulaninha, cicraninha e beltraninha, é que ninguém quer falar”. 

Ninguém quer falar. 

Na minha opinião, este é o ponto de vista mais cruel no que diz respeito à perpetuação da tal cultura do assédio/cultura do abuso. Porque quando a gente não fala, acaba protegendo e legitimando o fato, fortalecendo a seguança do anonimato ao que comete o crime. Mas, como bem disse a irmã da minha amiga, causa fuzuê sim, e tem família que escolhe deixar essas batalhas pro âmbito individual – até porque a tal cultura (detesto chamar assim, denigre a palavra pra mim, desculpe o desabafo) é tão enraizada até mesmo nas mulheres que muitas são as esposas que se mantém ali, firmes e fortes (sendo corroídas “somente” por detro) cotra tudo e contra todos aqueles que tiverem o despeito de acusar o maridão de passar do limite. 

Melhor ter uma família estruturada em bases amplamente questionáveis do que, pasmém, ser desquitada – além do mais, vivemos numa época que a mulher não consegue ainda dar conta de si mesma. Ah, tá… 

Daí vem a pergunta: o que vamos realmente fazer com todos estes relatos? Pra onde irá a ação de cada um de nós lendo milhares de pessoas contando e expondo e reforçando que o assédio e o abuso acontecem tão rotineiramente que tem muita gente, muita gente mesmo, achando que é normal? (quem acha que é culpa da vítima foi excluído destes post por falta de composição humana, combinado?). Será que quem assediou Valentina, tanto quanto quem assediou as meninas de Goiás, terão algum tipo de punição legal ou vão egrossar o coro dos machos de poder, a quem a sociedade e, claro, o indivíduo baixa a cabeça e segue, porque a vida é assim? 

Não dá, né? 

Vamos fazer sobre isso além de falar sobre isso? 

Mariana A. Nassif

4 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Esse é um assunto polêmico.
     

    Esse é um assunto polêmico.

      Em que idade o sexo pode ser considerado consensual ?

       Isso é debate mundial.

        Minha opinão:

       A justiça tem decidido que uma garota de 12/13 anos é vítima,mesmo sendo ”consensual”.

       Mas tbm há julgamentos contrários. Exemplo:

       Se a garota é prostituta comprovada,não acontece nada com o parceiro.

       A bronca vai pro cafetão dela. E muitas vezes é o pai.

           E agora ?

          Prende o parceiro e solta o pai ?

             Ah…vá…

  2. A pergunta é: alguém terá a coragem de levar adiante a briga?

    Tipo, uma coisa é você colocar no twitter algo dizendo: “fui assediada assim, ou assado”. A outra, bem diferente, é colocar um processo com nome e sobrenome do assediador na Justiça, exigindo, no mínimo, o dano moral – e, no máximo, a punição pelos crimes legais.

    Quem terá coragem de tomar ESSE passo – e as consequências familiares que tal situação acarreta?

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador