Pare, por Wilson Ramos Filho (Xixo)

Pare. Pense. Revisemos nossas certezas. Não existe apenas uma maneira de existir em sociedade.

Pare

por Wilson Ramos Filho (Xixo)

Solidariedade não é um conceito abstrato. Ou não deveria ser. Solidariedade é prática, é compromisso, é um valor social.

A tentação autoritária contaminou boa parte dos brasileiros. Muitos, motivados por bons sentimentos, acabaram se igualando àquela gente ruim que adora o punitivismo e as proibições. Parem! Só parem.

Aproveitemos esse inédito período de isolamento forçado para refletir sobre nossas vidas, sobre a maneira de existir que nos impuseram. Não precisamos viver consumindo produtos supérfluos ou ideias que não combinam com o que gostaríamos de ser e com a nossa classe social objetiva.

Olhemos para nossos guarda-roupas e verificaremos a quantidade de inutilidades que viemos acumulando ao longo do tempo. Não precisamos nem da metade daquilo. Olhemos para nossas vidas e verificaremos a quantidade de falsas certezas que se acumulam em nosso dia-a-dia.

Pare. Pense. Revisemos nossas certezas. Não existe apenas uma maneira de existir em sociedade.

A solidariedade em relação aos demais fará com que nos isolemos fisicamente de nossos familiares e amigos por algumas semanas ou meses. Nossas rotinas serão brutalmente alteradas. Esse distanciamento físico, entretanto, pode e deve ser compensado com proximidades que nossas atribuladas vidas não permitiam.

Aproveitemos esse período para revisar nossos valores e para pensar em que forma de sociedade gostaríamos de viver, que tipo de relações sociais deveríamos construir. Não percamos essa oportunidade para nos reaproximarmos de nós mesmos, daquela pessoa que éramos, daquilo que sempre fomos.

O bolsonarismo não deu certo, só criou ódio e desinteligências. O individualismo e o consumismo exagerado nos transformaram em algo que nunca desejaríamos para nós mesmos. A desigualdade social não é uma inevitabilidade. A maneira capitalista de viver em sociedade só funciona para os muito ricos, e à custa de vidas desperdiçadas. De nossas vidas desperdiçadas. Já não tivemos o suficiente para perceber que deu errado?

Wilson Ramos Filho (Xixo), doutor em direito, integra o Instituto Defesa da Classe Trabalhadora

Redação

1 Comentário

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  1. Otimo escrito. Otima mensagem. Reflexiva, séria, contemplativa a nosso proprio ser. Voltemo-nos mais a nos mesmos no quesito “auto-análise”, e veremos, após esse periodo, que certamente estavamos rumando no caminho obscuro dos excessos consumistas e individualistas.
    como disse o autor, aproveitemos essa oportunidade e corrijamos, imediatamente, nossos excessos de toda ordem, excessos de ódio, da falta de amor, da falta de compreensao e tolerancia, excessos consumistas de toda ordem, sem limites e sem necessidades. Isso poderá nos livrar de novos VIRUS que porventura estejam engatilhados para disparar, por conta da nossa insensatez que diariamente é vigiada pelos olhos invisiveis do destino que nos observa. Os olhos do nosso Criador.

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