Petroleiros se unem contra venda de ativos e entrega do pré-sal à Chevron

Por Emmanuel Cancella

De tão tendenciosa, a Lava Jato já está sendo chamada de “milícia nacional”. A contestação aos seus métodos vem da OAB, de juristas renomados e até de ministros do STF. A própria Polícia Federal denunciou a presença de grampos ilegais na delegacia do Paraná onde estão os presos da operação.

No entanto, a “milícia” mantém firme um de seus braços fortes, a grande mídia que há mais de um ano martela na cabeça dos leitores e telespectadores notícias sensacionalistas que têm a Petrobrás e a corrupção como centro.

Enquanto o juiz Sérgio Moro, que comanda a Operação Lava Jato, recebe o título de personalidade do ano, oferecido pela TV Globo, seus vínculos familiares com a emissora dos Marinho, com a política entreguista e os políticos do PSDB são cada vez mais notórios.

Com a mesma cara de pau com que ataca deliberadamente a Petrobrás, há mais de um ano nas manchetes,  a mídia se cala diante de escândalos maiores, com mais dinheiro desviado: casos Zelotes, Swissleaks, Trensalão, Corrupção na FIFA. Faz sentido. Tais escândalos envolvem banqueiros  e grandes empresários, principalmente os da área de comunicação.

Portanto, cabe ao povo cobrar, nas ruas, a apuração de toda essa lama, sem excluir nem privilegiar corruptos e corruptores. A corrupção é intrínseca ao sistema. As mudanças não virão pela via do Judiciário onde  grande parcela de seus representantes também está comprometida com os desvios das elites, da qual faz parte.

Aqueles que tentam destruir a Petrobrás para favorecer as empresas estrangeiras não estão preocupados com os nossos empregos, muito menos com o papel que a estatal representa no desenvolvimento da nação.

A Petrobrás é responsável por 80% das obras do país, através do PAC. Parte dos recursos que gera destina à educação e à saúde, por meio dos royalties, do Fundo Soberano, das participações especiais.

As elites econômicas, unidas em torno da Lava Jato, tão bem representadas pelas Organizações Globo e pelo PSDB, são as mesmas que apoiam o projeto do senador José Serra, visando entregar o nosso pré-sal à Chevron e a outras petrolíferas estrangeiras.

O projeto do Serra subtrai todos os recursos que, por meio dos impostos pagos pela Petrobrás, hoje vão para obras públicas e sociais (com destaque para a educação e a saúde). Quem apóia esse projeto rouba o Brasil e os brasileiros, numa proporção infinitamente maior do que qualquer dinheiro que tenha sido desviado para a corrupção até agora.

Perto daquilo que o povo brasileiro vai perder, se o projeto dos tucanos for aprovado, os corruptos da  Petrobrás podem ser comparados “ladrões pés de chinelo”. Serra, entreguista de carteirinha de nosso petróleo, está mancomunado com a petroleira Chevron americana.

A proposta de Serra, que a qualquer momento será votada, retira a Petrobrás da condição de operadora única do pré-sal. A Lei de Partilha, em vigor, garante à nossa empresa a participação mínima de 30% em cada campo. Serra quer acabar com tudo isso. Quer derrubar, também, a exigência do conteúdo nacional, que objetiva estimular a indústria local, com todos os benefícios que daí decorrem para a empregabilidade, etc.

O complô está montado. O Brasil é o segundo maior canteiro de obras do mundo. Só perde pra China. Apesar disso, cedendo às pressões, o presidente da companhia, Aldemir B(V)endine, anunciou à  jornalista Miriam Leitão, a venda de ativos num montante US$ 15.1 bilhões. Ou seja, Vendine repete a fórmula de FHC que vendeu as ações da Petrobrás em Nova Iorque quando os papéis da empresa estavam em baixa, com enormes prejuízos para nós e lucro certo para os compradores. Uma traição ao país e à  Petrobrás.

A categoria petroleira não vai aceitar a venda de ativos importantes e lucrativos sem resistência. Vamos realizar assembléias em todo o país para impedir essa entrega.

A campanha “O petróleo é nosso!” resultou na criação da Petrobrás. Na greve de 32 dias, em 1995, no governo FHC, conseguimos barrar a privatização da empresa. Novamente vamos precisar do apoio popular para barrar a venda de ativos. Defender a Petrobrás é defender o nosso futuro.

***

Artigo enviado para possível publicação para o Globo, JB, o Dia, Folha, Estadão, Veja, Época entre outros órgãos de comunicação.

Emanuel Cancella é coordenador do Sindicato dos Petroleiros do Estado do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ) e da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP).

http://emanuelcancella.blogspot.com.br/

9 Comentários

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  1. Quais os efetivos argumentos de Serra (ou qq. outro)?

    Como é padrão nesta medíocrérrima oposição, só falam generalidades e dogmas ideológicos (crenças). Vamos aos fatos:

    CAPACIDADE FINANCEIRA::Se “fosse” incapacidade financeira (a que mais vejo ser falada por aí), é muito simples resolver: a Petrobrás pagaria/financiaria (se for ou fosse o caso) seus (pelo menos) 30% com SUA PARTE EM PETRÓLEO..Ponto.

    CAPACIDADE TÉCNICA: é a melhor do planeta, mundialmente reconhecida (e premiada por instituições da própria indústria congênere internacional) como superior a qualquer outra petroleira do planeta. Ainda a única a operar num pré-sal, é recordista mundial em profundidade, em produtividade, em velocidade para iniciar extração e em redução de custos de produção.

    CAPACIDADE OPERACIONAL: é a empresa de capital aberto com a maior produtividade do mundo, também reconhecida internacionalmente.Controlar a produção (extração) é missão inequivoca do dono controlador, que é a União, através de sua própria e capacitadíssima empresa, comprometida com ESTE país (e seu povo). E não só com acionistas estrangeiros.

    BENEFÍCIOS AO PAÍS: Qualquer solução diferente da atual fará com que benefícios ao país sejam transferidos a outros países, tais como (indiscutivelmente): (1) Lucros; (2) Compras nacionais; (3) Controle da extração; (4) Controle do know-how. Sem falar dos decorrentes EMPREGOS no país, IMPOSTOS, LUCROS e KNOW-HOW de toda a cadeia produtiva das compras nacionais que, outrossim, serão todos exportados sem nenhum comprometimento, para outros países.

    INTERESSE DOS ACIONISTAS ATUAIS: Nem vamos falar do prejuízo ao acionista da Petrobrás seja ele a União, ou o investidor nacional E estrangeiro, já que o senador escandalosamente traíra de seu país e povo, estará RETIRANDO não “obrigações”, mas prerrogativas da empresa, como sua capacidade de produção (em pelo menos 30%) e controle total (100%) de reservas e extração, sem nenhum argumento efetivo de que a empresa (dos acionistas) não tenha tais capacidades (pelo contrário).

    Como nas novas e mais complexas formas de (tentativas de) golpe institucional, uma forma diferente de privatização, agora da riqueza e não da empresa. A menos que conseguisse (como já fez com a Vale, etc.) que a Petrobrás fosse vendoada, é apenas uma forma diferente de entregar a geração de riquezas a OUTROS  acionistas.fora do país. 

    Em que nasceu e se criou.

  2. A FUP a CUT e o Governo Dilma

    Muito interessante o artigo do companheiro Petroleiro representante da classe no conselho, mas como explicar que, quem colocou o B(V)endine lá foi o Governo Dilma, como explicar que a desmontagem dos ativos vem desde o Governo Lula? Ou se tem coerência e atacamos a raiz da questão e apontamos o dedo a quem tem mais culpa e pressão nessa questão ou iremos disfarçar e apontar a Lava Jato e PSDB e deixar os principais arquitetos do desmonte para atender o neoliberalismo e sem prejuizo para suas imagens e políticas, sejamos coerentes (FUP e CUT) companheiros, apontem os verdadeiros e principais responsáveis e cobrem deles respeito aos trabalhadores e seus eleitores.

     

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