Por onde andam as forças?, por Matê da Luz

por Matê da Luz

Olha, faz tempo que não consigo reunir forças pra escolher um tema, sentar e escrever. Mesmo. Confesso que tem tanto assunto acontecendo e eu tenho tanta vontade de que o rumo destas pautas seja diferente do que vêm tomando que, ah, perco o ânimo. “Pra quem vou escrever, com qual motivação? … vai dar tudo na mesma, mesmo…”

Antenada em mim mesma que sou, percebo que este estado de (des)ânimo é perigoso demais pra quem brinca entre extremos intensos na busca pelo equilíbrio e, então, estarei mais presente, aqui e acolá, pra dividir com alguéns os meus achismos sobre o mundo todo, especialmente os que compõe meu infinito particular.

E, gente, é isso: por onde andam as forças pra batalhar? Pelo que quer que seja, pela justiça federal ou municipal, pela atenção ao que acontece ali na favela e também dentro das grandes famílias, que coisa é essa de tanto transbordar notícia ruim pra todo lado quando o que a gente mais precisa é de um pouco de respaldo, de apoio, de incentivo pra andar pra logo em frente? 

Tá complicado por aí também ou é uma percepção individual? 

Socorro que essa semana que passou foi triste mesmo, este estupro coletivo mexeu comigo de uma forma absurdamente negativa, tentei que tentei não me envolver tão a fundo mas não rolou: minha adolescente perdidamente apaixonada por um feminismo que consome e enrola e repete milhares de vezes o mesmo conceito, o mesmo contexto, socorro!, eu quero a vida real mas quero ter espaço físico-psíquico-emocional pra dar conta de processar as coisas todas, pode ser? 

Daí lembro que esse mundo aqui, que alguns chama de expiação e eu chamo de escola, é assim mesmo: cada um tem uma meta e inúmeras escolhas livres enquanto passeia pela vida. Daí que esta liberdade inclui, sim, coisas chatas e feias e tão bizarras quanto violentas e que, enfim, faz parte – sem ser conformista e quanto menos sem aceitar que isso seja o normal, mas tentanto não dispensar energia preciosa em revoltas contra Deus ou o sistema, energias estas que eu poderia usar pra realmente mudar o que não me apetece, espero que tenha entendido. 

Uma pena essa constatação inteligente de não desperdício aparecer só quando já se está tão cansada que só o exercício de lembra disso tudo já consome um dia. 

Seguimos, né, meu povo, e amanhã eu escrevo um tanto mais sobre esse movimento todo em torno de um grito de socorro que é meu, seu e – aposto! – daquele ali também. 

 

Mariana A. Nassif

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