
A psiquiatra forense, da Universidade de Yale, Brandy X. Lee vem acompanhando nos últimos 3 anos o comportamento de Donald Trump, tendo como foco a saúde mental do Presidente americano e de que forma a sua liderança afeta os seus seguidores. Os resultados dessas pesquisas se encontram nos seus livros publicados, ao lado de seus colegas.
As recentes manifestações de abril, quando movimentos da extrema o direita americana saíram às ruas para protestarem contra isolamento, desenharam a ideia desenvolvida por Brandy Lee na qual, segundo ela, as convocações feitas por Trump são na verdade uma maneira de testar a lealdade de seus seguidores no máximo limite possível.
Essa relação Trump-seguidores levou a psiquiatra traçar um paralelo com as crianças-soldados e as gangues urbanas onde , segundo ela, as primeiras são instadas a matar uma pessoa da própria família a fim de provar a sua lealdade ao grupo que ela pertence; objetivo idêntico se encontra nas gangues urbanas, ao exigir que um elemento do grupo mate um policial.

Nesse sentido, ele abusa da “autoridade total”, quando sugere que o seu público faça uso de qualquer substancia (fármacos, produtos de limpeza,…) para o “tratamento” do coronavírus. Lee acrescenta que quanto mais Trump abusa de seus seguidores, mais idolatrado ele é e o servilismo só aumenta.
O aprofundamento da crise que já existia, agravada pela pandemia, cria uma instabilidade ideal no ambiente político que permite que a extrema direita, atualmente, saia a campo para impor a sua pauta política via intimidação.
No caso americano, a eleição presidencial deste ano serve como um ingrediente explosivo para que esses grupos, suportados por representantes do poder econômico, corporativo ou individual, elevem ainda mais a tensão política.
Em 15 de abril, foi convocado o “Operation Gridlock”, uma carreata contra a quarentena, ocorrida em Lansing, capital de Michigan; mas que na verdade tinha o dedo da oposição local republicana em direção a governadora democrata Gretchen Whitmer, bastante cotada para a vice-presidência na candidatura do Partido Democrata na eleição presidencial deste ano.
Segundo Lonnie Scott, diretor da organização “Progress Michigan”, quem está por trás desses grupos dando suporte é Betsy DeVos, secretária de Educação do governo Trump, republicana de Michigan, fazendo eco a estratégia eleitoral do seu chefe no sentido de partir para cima dos governadores democratas, da melhor ou da pior maneira possível.
Mesmo com a recomendação para que os manifestantes permanecessem em seus carros, muitos deles saíram caminhando em direção ao Capitólio do Estado de Michigan, a casa legislativa local, portando armamento pesado e se posicionado nas escadarias do prédio.
A psiquiatra Brandy X. Lee alerta ainda para o cenário imprevisível caso Trump não seja reeleito, da reação que teriam essas tropas armadas que o seguem. Além destes, há ainda um grupo de eleitores que poderão acordar desse pesadelo, mas o trauma que poderá advir do choque ainda é impossível de se dimensionar.
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+info:
https://www.vox.com/2020/4/27/21232964/gretchen-whitmer-coronavirus-michigan-vp-vice-president
https://www.theguardian.com/us-news/2019/dec/27/betsy-devos-trump-republicans-education-secretary