Psiquiatra relaciona manifestantes pró-Trump com “crianças-soldados” e “gangues urbanas”

Convocações feitas por Trump são na verdade uma maneira de testar a lealdade de seus seguidores no máximo limite possível

Manifestantes do grupo “Michiganders Against Excessive Quarantine” em Lansing, Michigan (15/04/20) – © Jeff Kowalsky/AFP via Getty Images

 

A psiquiatra forense, da Universidade de Yale, Brandy X. Lee vem acompanhando nos últimos 3 anos o comportamento de Donald Trump, tendo como foco a saúde mental do Presidente  americano e de que forma a sua liderança afeta os seus seguidores. Os resultados dessas pesquisas se encontram nos seus livros publicados, ao lado de seus colegas.

 

As recentes manifestações de abril, quando movimentos da extrema o direita americana saíram às ruas para protestarem contra isolamento, desenharam a ideia desenvolvida por Brandy Lee na qual, segundo ela, as convocações feitas por Trump são na verdade uma maneira de testar a lealdade de seus seguidores no máximo limite possível.


Essa relação Trump-seguidores levou a psiquiatra traçar um paralelo com as crianças-soldados e as gangues urbanas onde , segundo ela, as primeiras são  instadas a matar uma pessoa da própria família a fim de provar a sua lealdade ao grupo que ela pertence;  objetivo idêntico se encontra nas gangues urbanas, ao exigir que um elemento do grupo mate um policial.

 

Dra. Brandy X. Lee

 

Nesse sentido, ele abusa da “autoridade total”, quando sugere que o seu público faça uso de qualquer substancia (fármacos, produtos de limpeza,…) para o “tratamento” do coronavírus. Lee acrescenta que quanto mais Trump abusa de seus seguidores, mais idolatrado ele é e o servilismo só aumenta.


O aprofundamento da crise que já existia, agravada pela pandemia, cria uma instabilidade ideal no ambiente político que permite que a extrema direita, atualmente, saia a campo para impor  a sua pauta política via intimidação. 


No caso americano, a eleição presidencial deste ano serve como um ingrediente explosivo para que esses grupos, suportados por representantes do poder econômico, corporativo ou individual, elevem ainda mais a tensão política.


Em 15 de abril, foi convocado o “Operation Gridlock”, uma carreata contra a quarentena, ocorrida em Lansing, capital de Michigan; mas que na verdade tinha o dedo da oposição local republicana em direção a governadora democrata Gretchen Whitmer, bastante cotada para a vice-presidência na candidatura do Partido Democrata na eleição presidencial deste ano. 


Segundo Lonnie Scott, diretor da organização “Progress Michigan”, quem está por trás desses grupos dando suporte é Betsy DeVos, secretária de Educação do governo Trump, republicana de Michigan, fazendo eco a estratégia eleitoral do seu chefe no sentido de partir para cima dos governadores democratas, da melhor ou da pior maneira possível.

Mesmo com a recomendação para que os manifestantes permanecessem em seus carros, muitos deles saíram caminhando em direção ao Capitólio do Estado de Michigan, a casa legislativa local, portando armamento pesado e se posicionado nas escadarias do prédio. 


A psiquiatra Brandy X. Lee alerta ainda para o cenário imprevisível caso Trump não seja reeleito, da reação que teriam essas tropas armadas que o seguem. Além destes, há ainda um grupo de eleitores que poderão acordar desse pesadelo, mas o trauma que poderá advir do choque ainda é impossível de se dimensionar.

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+info:

https://www.salon.com/2020/04/23/yale-psychiatrist-bandy-lee-lockdown-protesters-resemble-child-soldiers-and-urban-gangs/

https://www.commondreams.org/news/2020/04/15/despite-cdc-warning-significant-risk-lifting-stay-place-orders-right-wingers-launch

https://www.vox.com/2020/4/27/21232964/gretchen-whitmer-coronavirus-michigan-vp-vice-president

https://www.theguardian.com/us-news/2019/dec/27/betsy-devos-trump-republicans-education-secretary

Redação

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