Armando Coelho Neto
Armando Rodrigues Coelho Neto é jornalista, delegado aposentado da Polícia Federal e ex-representante da Interpol em São Paulo.
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Quando Mourão chamou o Bozo de “estadista” parei de assistir, por Armando Coelho Neto

E foi com esses prolegômenos que Mourão defendeu a reforma trabalhista a qualquer preço e foi aplaudido pelos que vão lucrar com a tal reforma

Por Armando Rodrigues Coelho Neto

Juro. Não é primeiro de abril.

A semana transcorreu em clima de reafirmação do ódio e da maldade. O movimento assassino e entreguista de 31/03/1964 matou estudantes, torturou barbaramente mulheres, matou crianças, índios, negros, atirou gente em alto mar, soterrou sob construção de um shopping na grande São Paulo, criou valas comuns como a de Perus (São Paulo) entre outras barbáries. Tomaram o Brasil com baionetas, endividaram o país e depois devolveram impondo a condição de que fossem anistiados de seus crimes. Condição, aliás, sem o que não haveria anistia.

Para o palhaço-mor da República, os militares deveriam ter matado mais. Bem mais e ele próprio ameaçou matar petralhas por aí afora, trazendo para seu acervo político os votos de milhões de assassinos potencias, que na balança eleitoral, somado a outros ódios consagrou sua “vitória”. Aproveitou-se bem do crime contra a humanidade promovido pela TV Globo et caterva, e agora continua a reativar seus propósitos sanguinários, convocando militares a comemorarem a barbárie. Já provocou árabes e bolivianos, bajula ego de milicianos e nesse exato momento, foi jogar gasolina na fagulhante Israel. E assim o Brasil se esvai como papel higiênico usado a cada descomida, num país cujo símbolo é mesmo uma bolsa de dejetos.

Popularidade em baixa, já não está claro a quem o palhaço-mor da República representa. Se ainda restar algum respingo de dignidade no nacionalismo zumbaia das Forças Armadas, é possível que esse contingente silencioso esteja alerta à progressiva perda de soberania, seja vendendo as empresas nacionais, seja entregando Amazonas, Pantanal, Alcântara e alimentando provocações a países vizinhos. Eis parte do sentimento dos que festejaram o golpe de 64 que, com apoio de raposas do STF que, com a boca cheia de penas, negam que comeu as galinhas. Segue o Brasil sob o signo da insanidade que afastou o Bozo dos quarteis no passado. E aqui paro o meu pra não dizer que não falei de 31 de março. Viro a página para comentar a fala do vice Mourão – o vulgo “Sopra”.

Bozo pica e Mourão sopra. As picadas de ódio distribuídas pelo Bozo precisavam mesmo de um assopro, e o vice já se acostumou a amenizar a falastrice do histrião “eleito”. Aí, falando como se fosse vice dele mesmo, resumidamente assoprou dizendo que o presidente Mico não representa ameaça para a democracia. O interesse dos empresários na fala do vice-Coiso é sintoma de que os empresários não confiam no Bozo, que só sinaliza com incertezas. Bozo se comporta como empregado desgostoso que abusa pra ser demitido.

Mourão foi soprar para empresários, aproveitou para falar de tributos e foi aplaudido. Falou de tributos como se impostos pagos não fossem repassados para o consumidor. Como se renúncias fiscais de governo não fossem por eles transformados em lucros – parte não tributável. Vale, em tese, a máxima de que quem paga imposto é consumidor. Para ser bonitinho, falou de valorização de mercado nacional, enquanto Bozo perde mercado para chineses, árabes, russos e venezuelanos. Fala de educação como se, com fome, fosse possível interpretar texto. Nem o STF sabe interpretar texto e dou exemplo: “presunção de inocência”. Ninguém lá sabe o que é isso (Lula que o diga). Portanto, interpretar texto é muito mais sério do que Mourão pensa. Até por que, cortando verbas da saúde, educação, alimentação vai ficar mais difícil ainda interpretar texto.

Mourão falou dos crimes cometidos por menores. Passou raspando sobre menores aliciados pelo tráfico, “entidades” que substituem o Estado nas favelas, onde os poderes públicos não entram, exceto pra dar porrada. E, se depender do Moro, com licença para matar. Falou também de controle de fronteiras, fortalecimento de polícias, maior presença do Estado nos cinturões de miséria. Volto aos cortes ameaçados pelo Paulo Guedes. Como assim se os que apoiam Mourão são contra os projetos sociais, aos quais chamam de assistencialismo demagógico? Disse ser preciso atacar as vacas sagradas, citou salário mínimo e calou sobre grandes fortunas ou aposentadorias dos militares. Ah, tá, Mourão.

Se a deputada Tabata Amaral estivesse na plateia iria qualificar a fala de Mourão como “lista de boas intenções”. Há na fala do Mister Sopra um viés de generalidades sobre questões práticas que estavam sendo tratadas nos governos do Partido dos Trabalhadores, mas que as forças políticas que apoiam o Bozo foram totalmente contra. Os tímidos ensaios do PT direcionados às boas intenções do vice foram duramente atacados pelos apoiadores do golpe. Quando falo apoiadores do golpe, eu incluo Mourão. Sua lista de boas intenções tem um preço que a elite do atraso que o aplaudiu não está disposta a pagar.

Entre as falas mais cruéis do “Amansa Bozo” está a seguinte frase: políticos que pensam que ainda estamos no Século XIX, nas masmorras da Londres industrial. Levam o direito a um paradoxo onde tudo tem que estar escrito na Constituição”. (Certamente não estamos nas masmorras da Londres Industrial, mas é para onde a elite do atraso quer nos levar. Se é difícil lutar pelo que está escrito, imagina lutar pelo que não escrito. Esquecendo que ele próprio, Mourão, representa esse atraso). E foi com esses prolegômenos que Mourão defendeu a reforma trabalhista a qualquer preço e foi aplaudido pelos que vão lucrar com a tal reforma. Com cinismo, falou da realidade mundial – a mesma realidade desconsiderada quando para derrubar Dilma. A crise mundial era desculpa e tudo era culpa do PT.

Para uma plateia de homens que nunca sonegaram, nunca corromperam, nem devem favores ao Estado, via Proer e outras mamatas, “Mister Assopra” falou em zero corrupção e, pasmem (!) foi aplaudido. E aí, declarou o Bozo como “estadista”. – Chega!

Nesse ponto eu parei e presumo que não perdi nada, mesmo.

Armando Rodrigues Coelho Neto – jornalista e advogado, delegado aposentado da Polícia Federal e ex-representante da Interpol em São Paulo.

Armando Coelho Neto

Armando Rodrigues Coelho Neto é jornalista, delegado aposentado da Polícia Federal e ex-representante da Interpol em São Paulo.

13 Comentários

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  1. Há quem torça para que Bolsonaro saia e entre Mourão, mesmo entre as esquerdas, mas é preciso lembrar que ambos são irmãos corsos, basta ver as declarações de Mourão antes e pós eleição. Revela um desconhecimento total do Brasil, ainda carregando conceitos sociais do séc. 19 como “o indígena é indolente”, “os negros, malandros” e a sua visão estratégica da economia não poupa a classe trabalhadora ao falar que os aumentos do salário mínimo foram absurdos, propõe a aplicação da hedionda reforma das leis trabalhistas. Mas o que esperar de quem foi contemporâneo de Bolsonaro no exército? Como ele declarou certa vez, “militar é treinado para matar” e é a ele que será dado a condução do país caso o “grande mentecapto” for impedido ou afastado. Estamos lascados.

  2. Amigo, vc nunca vai entender as táticas e inteligência de um General das Forças Armadas, foi me ensinado por um que, quando um General 4 estrelas aponta um lado, siga para o outro, portanto acho que isso explica muitas falas do General Mourão, ele está em missão é em breve vcs saberão o desfecho. Fica a dica ???

  3. Que vergonha ler um texto desses… indignada, li até o fim. Como pode, um jornalista, advogado se referir aos representantes da nação de forma tão desrespeitosa, tão baixa!? Por aí já se vê, que não merece crédito!! Lamentável…

    1. Verdade, parabéns pelo seu comentário,vamos lutar contra este tipo de gente,que usa os meios a seu Bel prazer e sem medir consequências!

    2. Se os representantes da nação rastejam, como o jornalista e advogado poderia se referir a eles de forma elevada?
      Os representante da nação merecem menos crédito do que o o jornalista e advogado.

    3. Dona Adriana eu penso que o Dr Armando pega leve demais para o que representa esses Mequetrefes que com certeza Vc e outros colocaram para representar o Brasil. Os Psiquiatras com certeza estao adorando pois trabalho não vai faltar… Nunca pensei que o Brasil possuísse um percentual de IMBECIL tão alto, claro incluindo Vc.
      Ler e entender um texto do Dr Armando não é pra quem só tem MERDA na cabeça. Aconselho que vc leia todos os textos dele assim quem sabe Vc evolua um pouco… Ah todas às segundas feiras tem mais, leia…

      1. Tô rindo até agora tanto do texto do articulista quanto de sua resposta a esta senhora que não sabe interpretar texto, típico de bolsominions.

  4. E os 13 anos de PT ,saquearam o BNDS fazendo obras em outros países, Venezuela ,Cuba, etc,enquanto enganaram o povo nordestino com bolsa família,sem falar no Lulinha e os irmãos metralha.

  5. O cara é jornalista, advogado, delegado da PF, representante de ‘blá blá blá’ e consegue escrever tão pessimamente malndesse jeito? Faltam palavras, concordância é uma descomida e ainda quer q alguém o aplauda? Fala sério… kkkk

  6. Parabens! Que visão apurada do que está acontecendo, ainda bem que muitos dos 57.000.000 que se enganaram com o Capitão e Mourao já estam mudando de idéia e juntando-se aos 42.000.000 que votaram branco ou nulo e 47.000.000 que votaram no PT, então a maioria dos 89.000.000 que nas eleições não votaram no “mito” está sendo engrossada. E temos também o congresso para barrar as sandisses desses dois.

  7. Meu caro Armando, vc é um daqueles petistas inconformados? Lamento. Acorda rapaz, o Brasil mudou. Em 2022 vcs voltam com o poste do Lula.

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