Registro Histórico: A Campanha de Caracas, por Sérgio Saraiva

Quando senadores brasileiros de oposição reafirmaram a latinoamericanidade brasileira e, desmentindo Vargas Llosa, provaram que o perfeito idiota latino-americano é um radical de direita.

Contexto histórico.

A Campanha de Caracas é um episódio da segunda década do século XXI que se insere no momento histórico conhecido como reação conservadora latino-americana. Com o fracasso do neoliberalismo na última década do século XX, vários governos de esquerda chegaram pela via democrática ao poder nos subcontinentes centro e sulamericano, desalojando os conservadores que governavam desde o século XVI. A reação conservadora latino-americana, figadal inimiga de tais governos, caracterizava-se pela união da mídia oligarca e da plutocracia, apoiadas por setores reacionários religiosos e da classe média, na tentativa de voltar ao poder através de golpes de Estado.

Na chamada “Campanha da Caracas”, um grupo de senadores brasileiros de oposição tentou, através de uma invasão aérea, tomar a Cidade de Caracas, capital da Venezuela, libertar prisioneiros políticos da oposição local e unindo forças a eles derrubar o governo democraticamente eleito de Nicolás Maduro. Se obtivessem êxito, acreditavam que provocariam uma reação em cadeia que levaria a derrubada dos governos também democraticamente eleitos de Dilma Rousseff, no Brasil, e de Cristina Kirchner, na Argentina. Ferida de morte nos seus principais países, a derrota de toda a esquerda na America Latina seria uma consequência.

A Campanha.

Em 18 de junho de 2015, após um desembarque aéreo bem sucedido no Aeroporto Internacional Simon Bolívar, em Maiquetia, município vizinho a Caracas, o grupo de senadores brasileiros, que atuavam como combatentes estrangeiros, tomou uma viatura e tentou invadir a capital do país. Porém, a caminho de Caracas, presos em um congestionamento, provocado por uma manutenção de rotina em um túnel, acabaram cercados por uma milícia popular de cerca de menos de uma dezena de venezuelanos que de mãos desarmadas batiam contra a carroceria da viatura aos gritos de: ”Fuera”.

Percebendo-se em desvantagem numérica, o comandante da missão, Senador Aécio Neves, determinou o recuo ao aeroporto de onde travaram uma batalha midiática através de twitters. As cenas do cerco aos senadores brasileiros são poucas, pois como informou um dos combatentes, o senador por Goiás, Ronaldo Caiado, a internet na Venezuela é muito ruim.

Ao final da tarde, exausta e sem ter como prosseguir na luta, a força senatorial embarcou no jatinho da FAB que a havia levado até Caracas e retornou ao Brasil a tempo de dar declarações à imprensa.

Ridicularizada na Venezuela como uma tentativa estapafúrdia de políticos desocupados de criar um incidente internacional, no Brasil, a Campanha de Caracas se insere como um evento da grandeza histórica da Batalha de Itararé.

Os personagens.

Senador Aécio Neves (PSDB-MG)– o Comandante. Como a missão se apoiava fortemente no poder aéreo, foi indicado para o comando devido ao seu alto conhecimento na construção de aeroportos. Aécio se distingue pela sua insubmissão a resultados eleitorais. Comandou a tentativa de impeachment de Dilma Rousseff, após ser derrotado nas eleições de 2014. Foi fonte de inspiração de Kim Kataguiri em sua “Marcha sobre Brasília”, também conhecida como “Os seis da estrada”.

Dada a sua combatividade, Aécio Neves recebeu o posto honorífico de General de Retirada.

Senador Agripino Maia (DEM-RN)– o Coronel. Conhecido como a “Siriema do Seridó”, dada a sua bravura em questionamentos a Ministros em audiências públicas no Senado. O segundo no comando, Agripino faz parte da história paramilitar brasileira sendo um “Coronel Nordestino”.

O engajamento de Agripino na tropa tem um detalhe interessante. Com problemas na Justiça por corrupção, se juntou ao grupo na tentativa de demonstrar valor patriótico e com isso obter uma redução de pena em uma possível futura condenação.

Senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) – o médico. Latifundiário de Goiás e médico ortopedista. Jamais exerceu a profissão. Apaixonado por animais, mesmo sem ser veterinário, auxiliava Carlinhos Cachoeira a lidar com os problemas do bicho. Foi incluído no grupo, pois, devido aos seus conhecimentos médicos-zoológicos, seria a pessoa que deveria cuidar da saúde das mulas que compunham a missão.

Senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) – o veterano. Militante das esquerdas revolucionárias da década de 60 do século XX. Antigo combatente da resistência armada à ditadura de 64, era conhecido como Aloysio, o vermelho.

No fim da vida, mudou de lado e abraçou a causa da extrema-direita. Após a retirada da Venezuela, passou a ser conhecido como Aloysio, o amarelão.

A repercussão interna.

A Campanha de Caracas se fixou de tal modo no imaginário popular brasileiro que o termo “Caracas” passou a ser utilizado como significado de exclamação. Na Cidade de São Paulo, por exemplo, tornou-se comum a expressão: “Caracas, mano, deu merda!”.

A repercussão internacional.

Devido ao forte caráter humanitário da Campanha de Caracas, seus integrantes foram indicados para o Prêmio IgNobel da Paz.

 

PS1: texto dedicado ao professor André Araújo.

PS2: para entregas em domicílio consulte a oficina de concertos gerais e poesia.

Redação

11 Comentários

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  1. hahahahahaha,

    hahahahahaha, hilário!

    Deveria ser lido no Senado!

    Só rindo mesmo de uma tremenda patetada dessas… Uns irresponsáveis insuflando conflito em um país fronteiriço…. Pra defender bandidos golpistas ainda por cima…

    Afinal, leram em algum manual de ciência política (não consigo imaginar qual) que um regime com eleições livres e regulares e com uma da maiores participações eleitorais é uma “ditadura”; e que uma oposição comprovadamente golpista e que chegou até a boicotar eleições é “democrática”.

    É de mentira em mentira que a direita da América Latina defende seus privilégios.

    … É que vieram de recente viagem aos EEUU; devem ter ouvido a lição mais uma vez: criem um caso qualquer e digam que estão defendendo a democracia….

  2. Bolivarianos

    No avião vitorioso da volta à terra natal, aquele senador do aeroporto pede humildimente a atenção dos passageiros e recita:

    Senhores, eu poderia estar surfando ou farreando no Rio de Janeiro, mas estou aqui trabalhando por um golpezinho na Venezuela, já que no BRAZIL ainda não foi possivel.

    Só espero que o desgoverno do Brasil não divulgue como conseguimos esse avião para dar o presente rolê internacional. Deveriam ter em conta que poderia ser pior, a gente poderia estar fazendo merda no Senado da República.

  3. Para receber o atestado de

    Para receber o atestado de idiotas, foram até Caracas ? Tudo pago pelo povo brasileiro ?

     

    Parece que vão aparecer tambem na banheira do Gugu. É mais perto e barato se for só para aparecer.

  4. A Campanha de Caracas… só contar… ninguém acredita.

    “…um regime com eleições livres e regulares e com uma da maiores participações eleitorais é uma “ditadura”; e que uma oposição comprovadamente golpista e que chegou até a boicotar eleições é “democrática”…”devem ter ouvido a lição mais uma vez: criem um caso qualquer e digam que estão defendendo a democracia….”.

    E vamos continuar suportando.

  5. Já que nem batalha houve não

    Já que nem batalha houve não poderemos chamar a esta patacoada de batalha de qualquer coisa.

    Vamos ter que nos resignar com sua passagem para a história como o “cerco de Maiquetia”, mas sem títulos nobiliescos a homenageá-los. Como um dos seus já o nomeou, vai entrar para a história como o “Cagão do Leblon”.

  6.  
    A CAMPANHA DE CARACAS.
     A

     

    A CAMPANHA DE CARACAS.

     A PATACOADA DOS SENADORES EM CARACAS, PARECE  EXCURSÃO DE BADERNEIROS DE FIM DE SEMANA

    No que diz respeito à desastrada “Campanha de Caracas,” esta vergonhosa  empreitada levada a cabo por meia dúzia de cafajestes, digo, senadores desocupados. O pior, utilizando recursos públicos, além, de gazetear suas obrigações funcionais. Estes Indivíduos e suas nocivas atividades como representantes dos setores  econômicos, e com forte atuação entre o pessoal do “baixo clero.”

    Na verdade, estes senhores representam as grandes corporações. Excetuando-se, talves, os túmulos caiado, do boi e do agronegócio, sabe-se, que esses cabras só pensam em capim. No entanto, nas horas vagas lideram operadores das bancadas do baixo-clero, conhecidas como 4-BB *.

    Tudo isso ocorre, por conta de um  sistema  depravado de financiamento  de campanha, que nada mais é, que tornar o Congresso, numa casa de investimentos clandestinos, a render gordos dividendos aos operadores e aos aplicadores(investidores). Por isso, todos os membros participantes da embaixada “Campanha de Caracas”, todos eles, resistem de maneira obstinada a qualquer alteração na lei eleitoral que elimine esta danosa patifaria.

    Daí, estes senhores, estão Senadores da República Federativa do Brasil. Nem assim, os sujeitos se dão ao respeito. Não se envergonham de enlamear o nome do Senado brasileiro com suas práticas deletérias, capazes até, de danificar, com respingos sujos, as fotos dos grandes que por esta casa tanto lutaram. Aqueles Homens. Nada! Absolutamente nada, comparável  com as práticas da súcia de desocupados mentirosos, capazes de cometer tamanha patacoada.

     Repito, patacoada descarada, muito bem temperada  pelo texto elaborado por Sérgio Saraiva. Especialmente feliz, ao desmentir  Vargas Llosa, provando que na verdade, o perfeito idiota latino-americano é formado por um bando de reacionários direitistas. Alguns, forjados no udenismo golpista. Outros, traidores do que defendiam quando no gozo pleno das faculdades mentais. Agora, decréptos traíras. Aliás,… por falar em traíra…fiji mãe santa! Nunca havia testemunhado safra tão numerosa de traíras numa única freguesia. Puta que pariu!  Creio em deus padre!  Amém Jesus!…

    Pois muito bem, como vinha dizendo: os preguiçosos, desocupados  e aproveitadores dos recursos públicos, embora, ideologicamente defensores ferrenhos da privada. Não obstante, esquecer que fomos nós que pusemos estes estrupícios lá, não devemos. Entendo que caberá a nós,  picá-los de lá à ponta-pés na proxima eleição. Vejo, que é compromisso de todos que enxergam, ao menos, há um palmo adiante do próprio nariz.             

    Orlando

    * (4-BB)     1) Bancada da Bíblia – 2) Bancada do Boi – 3) Bancada da Bola – 4) Bancada da Bala

  7. Kkkkkkkkkkkk
    Não sabia que eu

    Kkkkkkkkkkkk

    Não sabia que eu iria rir tanto com essa palhaçada do Aecim…. Da onde menos se espera é aí que não sai nada.

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