Retrospectiva 2016 de jeito não visto pela Globo e outras mídias, por J. Carlos de Assis

Movimento Brasil Agora

Retrospectiva 2016 de jeito não visto pela Globo e outras mídias

por J. Carlos de Assis

Como a grande mídia costuma fazer, também eu farei a retrospectiva de 2016. O ano começou com o reconhecimento de uma contração da economia de 3,8%, taxa inédita na história econômica brasileira. O desemprego saltou de menos de 5% para mais de 10%. Os investimentos continuaram desabando. A Petrobrás e as grandes empreiteiras de sua cadeia produtiva continuaram sendo destruídas pela Lava Jato, que lhes impôs indenizações e multas bilionárias, provocando desemprego de centenas de milhares de pessoas. O Governo de Dilma ficou paralisado na questão do emprego e repassou um PIB deprimente ao sucessor.

No campo político, irregularidades triviais – e ações que nem chegavam a ser classificadas como ilegais – serviram de base para um processo de impeachment que  foi concluído na base do julgamento pelo “conjunto da obra”, e não por crime de responsabilidade. Em razão disso, a base política de Dilma denunciou o que se constituiu efetivamente um golpe, a despeito da aparente constitucionalidade, resultando numa divisão terrível na sociedade acompanhando a radicalização do processo político.

Enquanto o Governo Dilma havia feito de Joaquim Levy uma espécie de passagem neoliberal para a sobrevivência, o Governo dito golpista de Temer assumiu integralmente a proposta neoliberal, trazendo para ministro da Fazenda ninguém menos que Henrique Meirelles, presidente do Banco Central nos dois mandatos de Lula. É claro que o stress ideológico disso resultante na população foi levado a limites extremos, não menor, porém, do que foi o choque com a “ponte para futuro” posta em marcha pelo Governo empossado.

Um pacote completo de medidas destinadas a promover o Estado mínimo no Brasil foi implementado a toque de caixa pela administração Temer, que para isso contou com larga maioria no Congresso. O ápice foi a PEC-55/241, chamada PEC do corte de gastos públicos, mas, para seus oponentes, denominada PEC da Morte ou PEC do Fim do Mundo. A população não entendeu nada. Supôs que era uma forma de cortar salários de servidores públicos, distante do objetivo verdadeiro de liquidar com o serviço público e privatizá-lo.

Claro, muita coisa ainda seria anunciada em 2016 para 2017. Entre as principais, a chamada Reforma Previdenciária, destinada a cortar direitos de aposentados e pensionistas, e a Reforma Trabalhista, destinada a lançar os trabalhadores sem proteção legal nas garras do patronato neoliberal. O Presidente, diante de um aumento inédito de impopularidade, descobriu no discurso de um publicitário  um tanto idiota que deveria aproveitá-la para fazer o que achasse necessário. Assumiu isso como um lema de governo. Mas, por segurança, despejou 900% de aumento de publicidade na grande mídia para tentar reverter o quadro.

No plano internacional as coisas andaram bem melhor. Na verdade, às mil maravilhas. Depois de uma guerra civil de cinco anos criada e alimentada pelos americanos, forças russas, turcas e sírias chegaram a um acordo de cessar fogo em Aleppo, levando a Síria a escapar do destino que Hillary Clinton reservou para a Líbia. Esta última, depois da chamada Revolução Verde criada pelos norte-americanos, fragmentou-se em 200 milícias tornando o país tão inabitável que nosso embaixador lá nunca pode se instalar nele convenientemente.

Aleppo coroa a série de desastres estratégicos dos neoconservadores belicistas americanos, depois do baile que levaram dos russos na Geórgia, na Ucrânia/Crimeia e agora na Síria. Não é surpresa sua derrota como cabos eleitorais de Hillary, junto com os neoliberais, pois aparentemente o povo norte-americano está cansado de guerra e de especulação financeira. Na condição de um pato manco (lame duck) meio imbecilizado pelas circunstâncias, Barak Obama tenta desesperadamente sobreviver na história fazendo provocações a Trump.

Quanto ao próprio Donald Trump, apresentando como um  bronco nas tevês brasileiras por âncoras imbecilizados como William Waack e Sardenberg, se apresenta como portador de um novo tempo, colocando o capital produtivo à frente do capital financeiro especulativo, e dando prioridade à paz, sobretudo com os russos, no lugar da guerra. É uma sorte para os EUA e o mundo. Quanto a nós, temos duas janelas de oportunidade: a continuidade da dupla depressiva  Temer/Meirelles, de aprofundamento do desastre de 2015 e 2016, ou o engajamento no tempo progressista prometido por Trump, o Papa Francisco, Putin, Li Keqiang, da China, e talvez Requião no Brasil.

A propósito, internamente, nem tudo foi ruim em 2016: voltamos a vibrar de alegria com a Seleção canarinho!

 
Redação

5 Comentários

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  1. Visão

    J. Carlos de Assis quando escrevia na Folha , talvez por motivos óbvios, não era tão “ideológico”. Esta suposta mudança em expor seu pensamento  político e econômico acreditamos que seja  determinada pela sua consciência de como ele vê os fatos. Simples? Alguns dirão que nem tanto.

    1. A “jihad” cristã que nos acomete

      Trecho do discurso do professor Marcos Dantas proferido, no dia 9/11/2016, no VI Encontro da ULEPICC-Br, e reproduzido aqui em 30/12/2016:

      “Leio, no último dia 30, numa edição banal do ordinário jornal “Extra” do Rio de Janeiro, uma notícia que, a rigor, nem é nova, nem surpreende: “Crime e preconceito: mães e filhos de santo são expulsos de favelas por traficantes evangélicos”. A perseguição evangélica aos nossos cultos de matriz africana já não pode ser ignorada por ninguém. O que a matéria traz à luz, é a ligação entre essa forma de fundamentalismo cristão e a violência lumpemproletária. A transformação, já em curso, do lumpensinato em milícia armada a serviço da barbárie obscurantista. Tal qual eram as SAs nazistas.”

      O que o “agorista” José Carlos de Assis, que apoiou o “ex-bispo” da IURD, senador traidor e obscurantista à prefeitura da Muy Sofrida São Sebastião do Rio de Janeiro, tem a comentar? É um bom tema para o próximo artigo.

  2. Ele esqueceu de algo

    O sr. José Carlos de Assis deveria regozijar-se pela eleição do senador obscurantista Marcelo Crivella à prefeitura da Muy Sofrida São Sebastião do Rio de Janeiro. Afinal, ele apoiou fervorosamente o senador traidor da confiança da sra. Dilma Rousseff.

    E, ao apoiar a candidatura de um traidor após o ato de traição, o sr. Assis referendou um ato de traição.

    Mais do que isso, dá apoio a uma aliança estratégica com o sionismo, ao apoiar um “ex-bispo” da IURD.

    O que se verá aqui, nesta cidade, será o aumento da repressão sobre os camelôs e a população de rua, cada vez em maior número em função da derrocada econônica, repressão esta perpetrada pelo criador do BOPE, que retorna à chefia da guarda municipal. O que esperar desse militar numa situação difícil como esta por que passamos? Intolerância e repressão contra os mais necessitados, que irão para as ruas em busca do ganha-pão.

    Este é o “agorismo” criado pelo sr. Assis. Fiquemos atentos a mais esse ovo de serpente!

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