Sarau pela Democracia, Nassif , Haddad e Guernica: arte como caminho e superação

Por Odonir Oliveira

Ontem durante o Sarau pela Democracia tive a estranha sensação de ter voltado aos anos oitenta, portanto, um retrocesso de trinta anos, quando se lutava com unhas e vozes por eleições.

E nas ruas, uma massa difusamente  carnavalizada, no pior sentido, se entregando a um retrocesso de trinta anos, querendo maquiá-lo de moderno, cidadão e saneador.

Acredito nas palavras de Nassif, Haddad e Picasso, a arte tem um papel importantíssimo nesses momentos de crise; talvez esteja aí um ponto de fuga, um oásis nesse deserto de ignorância, de bestialização no qual temos estado envolvidos.

Conta-se que, em 1940, com Paris ocupada pelos nazistas, um oficial alemão, diante de uma fotografia reproduzindo o painel, perguntou a Picasso se havia sido ele quem fizera aquilo; ele respondeu  “Não, foram vocês”.

 

Arte como reflexo, arte como reflexão, arte como oásis, arte como “saída” para crises, sejam quais forem.

 

Picasso usa o recurso conhecido como ‘collage’ evidenciando suas intenções emocionais. Ele não cola simplesmente as imagens na tela, mas as pinta, simulando o ato da colagem. Assim ele tece um espaço renovado e original, não obtido por meio de técnicas ilusórias, mas sim pela justaposição de imagens cortadas na perspectiva plana, em tonalidades pretas e cinzas, perpassadas por luzes brancas e amarelas, atingindo a impressão de uma falta completa de cores, que aqui lembram sem dúvida a morte.

O pintor representa em Guernica, com certeza, a dissolução da existência, que se resume a fragmentos, a transformações na anatomia dos seres retratados, de certa forma irreais, mas que ao mesmo tempo transmitem o absurdo significado ou a absoluta falta de sentido da realidade gerada pela guerra.

Este painel, que hoje está exposto no Centro Nacional de Arte Rainha Sofia, em Madri, ainda transmite todo terror vivenciado por Picasso e seus contemporâneos durante a Guerra Civil Espanhola. E clama pela construção de um mundo renovado, tecido pela presença constante da paz e da tolerância. Esta obra será eternamente o símbolo da destruição que o Homem pode perpetrar, mas também de seu potencial para o entendimento e a convivência com o Outro.

 

 

Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Guernica_(quadro)
http://www.isa.utl.pt/campus/6_pablo.htm

 

Redação

28 Comentários

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  1. Odonir Oliveira:
    Se voce

    Odonir Oliveira:

    Se voce acredita mesmo que “a arte é uma saida para a crise” mande um recado  a Dilma e ao Lula para não colocarem mais no ministerio da cultura ministros que fazem campanha para a Marina ou “shows” em Israel.

    A “arte” que esse pessoal acredita não é concebida para mudar nada, enriquecer mentes, mas apenas para animar a festa.

    Nada tem a ver com a Guernica de Picasso ou com as gravuras de Goya.

    Entendo a dificuldade do governo para resolver o problema de moradia de milhões de pessoas.

    Agora, não compreendo o apagão cultural que aconteceu entre nos, nas mãos de ministros ligados ao que ha de mais reacionario no pensamento.

    1. Estamos recomeçando … se dará resultado não sabemos

      No começo do PT, os comícios tinham uma tradição de se iniciar com a apresentação de grupos populares de música, de teatro de cordel, desgarradas etc. Já naquele tempo, havia uma ala no partido que reclamava daquelas apresentações, queriam artistas consagrados etc.

      São as nossas incongruências, discordâncias, incoerências  etc. de todo o sempre.

      Em frente… enfrente … vamos gritando daqui, dali, “dacolá”.

  2. “A construção de um mundo renovado”, começa aqui …

    A despeito de outras polêmicas posições do Sr. Shaw, vou com ele nisto:

    “Esta é a verdadeira satisfação da vida: ser usado para um objetivo que você mesmo reconhece como poderoso. Ser a força da natureza, em vez de um pequeno e tolo torrão de aflições e ressentimentos reclamando que o mundo não se dedica a fazê-lo feliz. Na minha opinião, minha vida pertence a toda a comunidade e enquanto eu viver é meu privilégio fazer por ela tudo o eu que puder.

    Quando eu morrer, quero estar cuidadosamente consumido – porque quanto mais eu trabalhar com afinco, mais viverei. Regozijo-me na vida pelo seu próprio bem. Para mim, a vida não é uma “pequena vela”, mas uma espécie de esplêndido archote que no momento seguro e quero que arda com tanto brilho quanto possível antes de transmiti-lo às futuras gerações.”

    George Bernard Shaw  (1856-1950)

    Dramaturgo, crítico e reformador social irlandês, algumas de suas causas foram o socialismo político e econômico, vegetarianismo e reforma da ortografia.

    Também aqui, com variações:
    http://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=177584

    E com esta atribuída a Einstein, in Como vejo o mundo, 1954:

    ” Grandes espíritos sempre encontraram oposição violenta de mentes medíocres. “

     

    Viva o Brasil !  Viva a Democracia!

    Parabéns mais uma vez, Nassif, pelo Sarau de ontem!

    Parabéns Odonir por caminhar com a Arte e com Shaw.

     

  3. Odonir,

    não importa a ideologia, todo o poder que se impõe pela força, a primeira coisa que faz é proibir a arte de ser livre. Se assim foi com Fulgèncio Batista, também foi com Castro. Nenhum conseguiu matá-la. Aos poucos, ela vai descobrindo formas de manifestação, de se infiltrar e acabar existindo em pleno exercício do que é próprio do ser humano.

    Sua narração aqui, assim como as obras que apresenta, são prova disso e felicitam minha manhã. 

    Não acredito em Estado metendo-se em arte. Se para as crises ela é um bálsamo é, simplesmente, porque ela é um bálsamo em qualquer momento. Assim foi quando vimos a galera subir a rampa do Palácio do Planalto, cantando “Apesar de você”, do Chico. Ou Gil, quando compôs “Viramundo”, e Caetano “Soy loco por ti America”. Querer burocratizar tal instância é pedir que eles estudem administração de empresas. Graças a Deus não o fazem e quem o fez (Gil) logo desistiu.

    Arte é Banksy, em Londres. Paulinho da Viola, na Portela. Os irmãos Coen, nos EUA. Godard, na França. Cada um com seu movimento. Autônomos para juntarmos aos nossos sentimentos, como bálsamos.

    Abraços

    1. “RODA VIVA”- representando a resistência

      A peça Roda viva foi escrita por Chico Buaque no final de 1967 e estreou no Rio de Janeiro, no início de 1968, sob a direção de José Celso Martinez Corrêa, com Marieta Severo, Heleno Pests e Antônio Pedro nos papéis principais. A temporada no Rio foi um sucesso, mas a obra virou um símbolo da resistência contra a ditadura durante a temporada da segunda montagem, com Marília Pêra e Rodrigo Santiago. Um grupo (de cerca de 110 pessoas) do Comando de Caça aos Comunistas – CCC – invadiu o teatro Galpão, em São Paulo, em julho daquele ano, espancou artistas e depredou o cenário. 
      No dia seguinte, Chico Buarque estava na plateia para apoiar o grupo e começava um movimento organizado em defesa de Roda viva e contra a censura nos palcos brasileiros.

       

      Direção: 

      José Celso Martinez Corrêa 

       

      Cenários e figurinos: 

      Flávio Império 

       

      Direção musical: 

      Carlos Castilho 

       

      Coreografia: 

      Klauss Vianna 

       

      Direção de produção: 

      Renato Corrêa de Castro e Rony Nascimento

       

      Assistente de direção: Antônio Pedro 
       

       

      http://www.chicobuarque.com.br/construcao/tea_rodaviva.htm

       

      A CONFERIR:

       

      [video:https://www.youtube.com/watch?v=CqwCBnmAI-U%5D

    2. Caro Rui:
      Com todo o

      Caro Rui:

      Com todo o respeito, acredito que a musica,  não é um dos assuntos que mais domine.

      Acha uma maravilha o “Soy Loco por ti America” e parece desconhecer o que acontece na musica cubana.

      Os cubanos certamente estão entre os melhores instrumentistas do planeta e a musica que criam significa o que ha de mais avançado nessa arte.

      Caso  alguma duvida, va ao Youtube e escute o pianista cubano Gonzalo Rubalcaba tocando com João Bosco.

       

      1. Antônio,

        apenas citei Caetano pela sua crítica a ministros que fazem show em Israel e a passagem de Gil pelo ministério da Cultura.

        Em casa, tenho desde Rubiacalba a Rubén Gonzalez, passando por Omara Portuondo, Compay, e todos os demais do Buena Vista.

        Em uma das minhas postagens de blog, não me lembro se aqui ou no Terra Magazine, incluí o João Bosco com o Gonzalo. 

        Sabe por que não desconheço a música cubana? Porque enquanto os EUA não retirar o embargo à Ilha, sou castrista ferrenho.

        1. Que voce e muitos  gostem de

          Que voce e muitos  gostem de “Soy Loco”, “Leãozinho”  ou de outras  coisas do genero é direito universal.

          Afinal,”gosto é gosto”, sobretudo no caso de quem sabe que existe um mundo alem da dupla baiana.

          Não pretendo mudar o seu gosto e o de ninguem.

          Gostaria apenas de ver mais brasileiros escutando as musicas de Baden, Jobim, Pixinguinha, Milton Nascimento, João Bosco, Hermeto, do que ouvindo trabalhos musicais de encomenda para telenovelas globais ou sertanejos universitarios.

          Para mim ja é suficiente ver o violãozinho do Caetano louvando o menino do Rio. Não faço questão que ele e o parceiro se diplomem em “curso de administação”.

          Apenas continua soando incompreensivel  como um governo popular foi escolher ministros da cultura declaradamente de direita.

          Se tivessemos no MINC pessoas mais comprometidas com a arte de que com produtos da industria do entretenimento, talvez os estudantes brasileiros não estivessem escutando tanto “sertanejo universitario”.

  4. zelão

    sérgio ricardo

    todo morro entendeu
    quando o zelão chorou
    ninguem riu nem brincou
    e era carnaval

    no fogo de um barracão
    só se cozinha ilusão
    restos que a feira deixou
    e ainda é pouco só

    mas assim mesmo zelão
    dizia sempre a sorrir
    que um pobre ajuda outro pobre
    até melhorar

    choveu, choveu
    a chuva jogou seu barraco no chão
    nem foi possivel salvar violão
    que acompanhou morro abaixo a canção
    das coisas todas que a chuva levou
    pedaços stristes do seu coração

    todo morro entendeu
    quando o zelão chorou
    ninguem riu nem brincou
    e era carnaval

    [video:https://youtu.be/i_McR4Fqots width:600]
     

      1. Haicai ni mim Lulu!

                            eu sabia        

                            que era só levantar a melancia

                            que você mataria na pança

                            e botaria pra rolar macia

                            na incandescente areia

                            do litoral cearense

        1. I-NA- CRE-DI-TÁ-VEL

          MIneirinho, uns haicais de resistência.

           

           

          ERRA UMA VEZ

           

          Nunca cometo o mesmo erro

          duas vezes

          já cometo duas três

          quatro cinco seis

          até esse erro aprender

          que só o erro tem vez

           

  5. Grande sacada do Nassif, esse

    Grande sacada do Nassif, esse sarau pela democracia. Creio que São Paulo no domingo foi dividida por dois grupos opostos. Um lamentava que a Dilma, e toda a esquerda não tivesse sido assissanda em 64. O outro fazia música e vígilia contra a violência na política. 

    A minha impressão é de que esse segundo grupo eram muito maior que o primeiro

  6. Já ouço os sinais … só aqui na nossa companheirada ativa,

    reparem quantas pessoas já escreveram sobre essa resistência. é pra lá de metro… como dizem os mineiros, sô!

    1. Dedico porque tem “peitado” muitos interesses em nome do cidadão

      vai reinaugurar nessa semana o Teatro Arthur Azevedo, na Moóca, no dia do aniversário do bairro; o teatro será um berço do CHORO, coisa de se aplaudir mesmo.

      Além do fomento ao cinema que vem implementando, inclusive com o primeiro filme já em cartaz.

      Tem dado um novo tom à cidade no sentido de oferecê-la a seus moradores: corredores de bicicletas, diminuição de velocidade nas Marginais- o que é melhor do que se criar pedágio, para evitar que se usem as pistas- que uns e outros aí quiseram fazer; o apoio aos usuários viciados em drogas e atenção a uma política de redução de danos, entre tantas e tantas lutas que vem travando com arco e flechas com o veneno da educação, ou melhor dizendo , da reeducação dos cidadãos.

       

      Oferecendo a cidade, pelas mãos estendidas, aos passeios em família para que se conheça mais a cidade onde se vive, se cumprimente os outros que ali também estão e se comece a viver com tolerância às diferenças..

      CIDADANIA É IGUAL À CIVILIDADE.

      Parabéns, meu prefeito , saio daqui de onde estou para votar quantas vezes tiver que votar em VOCÊ.

  7. E agora, Mané?

                       Se você trabalhasse,
                       se você pegasse no pesado,
                       se você respeitasse
                       a constituição vigente.
                       Se você cansasse.
                       se você admitisse,
                       que é um fracasso.
                       Se você morresse…
                       Mas você não morre,
                       você é incompetente, Mané!

                      

                       Você é um bundão, Mané!

  8. Cunhômetro

    Site mostra deputados que mais concordam com Eduardo Cunha

    Paulo Veras | 16/08/2015

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    Site desenvolvido por laboratório do curso de Computação da UFCG ajuda a entender influência de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na Câmara Federal | Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados

    “O portal da Câmara disponibiliza os dados de cada votação, mas são muitas informações e acaba sendo difícil acompanhar de fato como é a atividade de cada deputado. Você acompanha na mídia alguma coisa como as bancadas, mas você não entende muito bem como isso funciona”, explica o professor Nazareno Andrade, que coordenou o desenvolvimento do site House of Cunha, página que concentra as informações do “Cunhômetro”, e cujo nome é inspirado na série da Netflix House of Cards, onde o líder do partido majoritário na Câmara tenta derrubar o presidente dos Estados Unidos.

    Segundo o professor, o projeto surgiu da proposta de ver como os posicionamentos do PT, do PSDB, e do PMDB, três partidos emblemáticos para entender a política brasileira, ficam demonstrados nas votações que ocorrem na Câmara. A decisão de comparar a votação dos partidos e dos parlamentares com o encaminhamento dado por Eduardo Cunha foi resultado da postura que ele adotou após chegar ao comando da Casa, em fevereiro. “Ele tem feito esforço para ser protagonista. E muito do que tem sido discutido de política é em torno das pautas que ele tem colocado”, argumenta.

    grafico

    A análise dos dados revela dados interessantes. Um deles é que apesar da relação conturbada entre Cunha e o governo, os deputados petistas concordaram, em média, com 60% das votações do presidente da Câmara, enquanto os tucanos votaram igual ao peemedebista em 50% das pautas. Em Pernambuco, o deputado Silvio Costa (PSC), vice ­líder do governo Dilma, votou mais vezes com Cunha do que o líder da minoria, Bruno Araújo (PSDB). Único peemedebista na bancada pernambucana, Jarbas Vasconcelos é um dos que menos concordou com as votações do deputado carioca.

    “O fato de que o PMDB está quase equidistante do PT e do PSDB fala muito. A gente esperava que ele estivesse mais perto do governo. Ele está mais próximo do PT do que do PSDB, mas há uma distância significativa. Outros aliados, como o PCdoB, têm uma posição muito similar à do PT”, ressalta o professor Nazareno Andrade.

    DEPUTADOS – Mais próximo das votações de Eduardo Cunha dentre os deputados de Pernambuco, Fernando Monteiro diz que não tem uma relação pessoal próxima com o presidente da Câmara e nem votou nele para o cargo. “Eu sigo a orientação do meu partido. Sou uma pessoa disciplinada. Na liderança, a gente discute e a decisão é a que eu sigo. O PP está no bloco do PMDB e eu voto com o partido”, afirmou o parlamentar.

    Para o pepista, Cunha tem imprimido um ritmo importante para as votações na Casa. “Ele apenas é a pessoa que pauta, quem vota são os deputados. Ele está votando os temas que eu imagino que ele julga importantes para o País. Ele gosta de trabalhar e imprime esse ritmo. E coloca uma pauta que acha importante destravar”, disse ainda o pernambucano.

    Ao JC, Raul Jungmann (PPS) disse ter ficado feliz em saber que é o pernambucano que mais votou diferente do peemedebista. “Ele é um presidente de viés conservador, que vem ameaçando diversas conquistas da sociedade civil. Sobretudo na área dos costumes. Ele tem uma visão extremamente regressiva, conservadora e de direita no modo de entender as questões de gênero, a orientação sexual, o controle de armas, e a maioridade penal. E nós nos colocamos no polo oposto”, disparou.

    Apesar de reconhecer que Cunha realmente tem colocado a Câmara para trabalhar, Jungmann também faz ressalvas à condução da Casa pelo parlamentar. “A política não é produtividade, não é quantidade. A política tem que ter o primato da qualidade. Aquilo ali não é uma fábrica de caldo de cana, nem de salsicha. Você não produz leis e normas para consumo, mas para regular a vida social”, defende.

    FONTE:

    http://m.jc.ne10.uol.com.br/canal/politica/pernambuco/noticia/2015/08/16/cunhometro-site-mostra-deputados-que-mais-concordam-com-eduardo-cunha-194546.php

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