No início do mês passado, Brasil e Chile assinaram um acordo de livre comércio. O anúncio foi feito pelos ministros das relações exteriores de ambos os países. O acordo, segundo o canal rural do site UOL, viabilizará a entrada de empresas brasileiras no mercado chileno de compras públicas no valor de US$ 11 bilhões de dólares.
Essa aproximação com o Chile não deixa de ser reflexo da admiração do ministro Paulo Guedes à economia chilena. Segundo Guedes, a estabilidade do Chile deve-se ao período neoliberal da ditadura Pinochet. “O Chile que encontrei era mais pobre do que Cuba e a Venezuela hoje, e os ‘Chicago boys’ consertaram o país. Hoje o Chile é como a Suíça”.
Segundo reportagem da Folha de São Paulo, quando perguntado sobre os custos sociais da abordagem da escola de Chicago, que gerou um desemprego de 21% no país andino em 1983, ele respondeu que isso era asneira, pois o desemprego já estava lá (no governo Allende), mas estava escondido numa economia destruída.
A versão de Guedes para os problemas enfrentados pelo Chile na década de 80 está mais para um psicanalista do que para um economista. Vamos tentar entender o raciocínio do Dr Guedes. Analisando a economia chilena, nosso ministro defendeu que o tratamento de choque dado pelos seus pares revelou, dez anos depois, um desemprego que estava recalcado (1973 a 1983).
Pois é, caro leitor, segundo Paulo Guedes, a economia possui um subconsciente. Sob o governo de Allende, na década de 70, teria sofrido sérios traumas, talvez, por estar sendo dirigida e regulada. Seria o mesmo que uma castração, senhor ministro? Destarte, a neurose do desemprego manifestou-se quando a economia estava numa idade adulta, e não mais necessitava de qualquer intervenção do estado.
Interessante! Acho que nem Freud teria tanta imaginação. Os Chicago Boys deram o golpe em 1973, prescreveram um tratamento de choque na economia e, dez anos depois, quando o desemprego chegou a 21%, a culpa é atribuída a uma infância mimada pelo papai Allende.
Dessa forma, a responsabilidade dos anos 80 de Pinochet, com seus conteúdos fantasmagóricos de uma mão invisível, passou em branco.
Paulo Guedes, isso deve ser um chiste, não?!
Albertino Ribeiro é Tecnologista de Informações Geográficas e Estatísticas.
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