Slavoj Zizec e a demência FHCiana no Financial Times, por Fábio de Oliveira Ribeiro

Slavoj Zizec e a demência FHCiana no Financial Times

por Fábio de Oliveira Ribeiro

O ex-presidente FHC publicou um artigo no Financial Times exigindo mais respeito ao Brasil. FHC atacou ferozmente Dilma Rousseff em 2015 e apoiou o processo de Impedimento que a removeu da presidência porque ela teria feito a mesma coisa ele fez quando foi presidente (dar pedaladas fiscais). Portanto, FHC pode considerado responsável intelectual pelo golpe de 2016.

Desde que Michel Temer chegou ao poder FHC se tornou um grande defensor do governo arbitrário que impõe ao país um programa econômico neoliberal que foi rejeitado nas urnas em 2014. Sérgio Moro tem sido constantemente fotografado ao lado de líderes do PSDB. Portanto, FHC pode ser considerado um dos arquitetos do sistema de poder que encarcerou Lula com base num processo tão ou mais fraudulento do que o Impedimento de Dilma Roussef.

O art. 1da CF/88 prescreve expressamente que todo poder emana do povo. Desde 2015 FHC se colocou ao lado daqueles que pretendem sabotar, limitar ou revogar a soberania popular dos brasileiros. Portanto, é impossível dizer o que ele entende pelas palavras “respeito” e “Brasil”.

Muito embora FHC seja irrelevante dentro e fora do país, o artigo dele levanta uma questão semelhante àquela que foi objeto de reflexão dois grandes pensadores contemporâneos muito influentes na Europa e nos EUA:

“O problema subjacente aqui é a impossibilidade do sujeito objetivar a si mesmo: o sujeito é singular e é a moldura universal do ‘seu mundo’, ou seja, todo o conteúdo que percebe é ‘seu próprio’; assim, como pode incluir a si mesmo (computar a si mesmo) na série de seus objetos? O sujeito observa a realidade a partir de uma posição interna e é simultaneamente parte dessa realidade, jamais sendo capaz de alcançar uma visão objetiva da realidade consigo mesmo dentro. A coisa que assombra o sujeito é ele próprio em seu contraponto objetal, qua objeto. Hegel escreve:

O sujeito desse modo, encontra-se na contradição entre a totalidade sistematizada e a determinidade particular que nela não é fluída nem coordenada: [é a] demência.” (Mitologia, Loucura e Riso, Markus Gabriel e Slavoj Zizec, Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 2012, p. 191/192)

Ao atacar Lula no Financial Times FHC se coloca diante da realidade brasileira como se ele não fosse responsável pelo golpe de 2016 e pelo sistema de poder arbitrário que encarcerou Lula de maneira injusta. Além disso, FHC não é jurista e, portanto, não tem condições intelectuais de questionar a decisão do Comitê de Direitos humanos da ONU que reconheceu o direito de Lula de ser candidato a presidente e de fazer campanha. Assim sendo, somos obrigados a concluir que a demência do ex-presidente tucano é bem mais severa do que aquela referida por Markus Gabriel e Slavoj Zizec.

Em outra obra de sua autoria, Zizec comentou a obra de Mary Shelley. Disse o festejado filósofo:

“O monstro é um puro sujeito do Iluminismo: depois da reanimação, ele é um ‘homem natural’, sua mente é uma tabula rasa. Deixado só, abandonado pelo criador, tem de reencenar a teoria iluminista do desenvolvimento: precisa aprender tudo do zero, através da leitura e da experiência. Seus primeiros meses são de fato a realização de uma espécie de experimento filosófico. O fato de falhar moralmente, de transformar-se em monstro vingador e assassino, não é uma condenação dele, mas da sociedade da qual se aproxima com a melhor das intenções e com a necessidade de amar e ser amado. Seu triste destino ilustra perfeitamente a tese de Rousseau de que o homem é bom por natureza e a sociedade é que o corrompe.” (Em defesa das causas perdidas, Slavoj Zizec, Boitempo Editorial, São Paulo, 2011, p. 97)

Dia após dia o monstro fascista criado por FHC no Brasil tem mostrado sua verdadeira natureza. Ele tem dois nomes (Jair Bolsonaro e Cabo Daciolo) e se manifesta nas ruas de maneira extremamente violenta: assassinatos políticos, perseguição contra imigrantes venezuelanos, linchamento de suspeitos negros, agressões sistemáticas contra índios e trabalhadores rurais sem terra, incêndio de mendigos miseráveis, etc… O sistema de poder excludente, brutal e criminoso que cresce nas entranhas do nosso país é mal por natureza. Ele não se tornará melhor porque foi legitimado por seu genitor intelectual no Financial Times.

Se realmente quer ver o Brasil respeitado, o demente FHC deveria ter a decência de recuperar um pouco de sanidade antes de morrer. Pessoalmente não creio que isso seja possível.

 
Fábio de Oliveira Ribeiro

7 Comentários

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  1. Fatos e fotos

    A queda de Dilma empurrada pela direita foi uma jogada infeliz. Se a petista estivesse terminando o seu mandato, supostamente não haveria prisões, não haveria greve de fome e não haveria Lula livre nas pesquisas. Por inércia do efeito poste e pela força da lava a jato, o PT estaria hoje com bem menores perspectivas de sucesso eleitoral como partido.

    1. Virou Ligue Djá?

      Se? Se minha avó não estivesse morta estaria viva. A probabilidade maior seria que se não houvesse a sabotagem jurídica (Farsa do mensalão do Prendo por que Posso ou a Literatura Jurídica me permite prender José Dirceu) ou a política midiática, a Dilma teria feito um governo tranquilo e estaria entregando a faixa para o Haddad em 2018. depois de dois governos ótimos em SP. E Lula aproveitando seus últimos momentos gloriosos com o mundo inteiro o reverenciando com sua falecida mulher. Infelizmente desde 2013 a sua direita reacionária resolveu destruir o país para derrubar Dilma e prender Lula e deu nisto. Espero que seu futuro seja o mesmo do da maioria dos brasileiros. Se formos para o inferno que venha você e todos os outros juntos

  2. FHC não arquitetou nada… é apenas um trouxa oportunista!

    FHC não teria capacidade de “arquitetar” golpe nenhum… aliás… esse Golpe não teve sutileza ou esperteza suficiente para se dizer que foi “arquitetado”.

    Não existe nenhum tipo de plano por trás do Golpe… nada disso!

    Foi a pura e simples aliança entre corruptos ameaçados pela Lava-Jato.

    O Grande Plano foi simplesmente uma troca de telefonemas… que foi gravada pela PF! 

    Troca de mensagens entre Aécio, Cunha e Juca… a criação de pseudo-grupo sociais para inflamar as massas com apoio total da mídia sempre golpista.

    FHC simplesmente precisa da mídia para aparecer… como sempre fala o que os jornalistas querem ouvir para não ser totalemte esquecido. 

    Esse paspalho também viu seu partido ser completamente dilacerado pelo “Golpe”, provando que não arquitetou nada!

  3. As monstruosidades que um ego inflado pode gerar.

     O golpe tem um panteão enorme de egos e narcisos que odiando o que não é espelho se postaram a ser instrumentos dos atos mais abjetos, todos capitaneados e sintetizados em FHC, o cavaleiro da  figura deplorável, que não tem sequer o charme do cavaleiro da triste figura.  De príncipe da sociologia, a arauto do neo liberalismo, restou apenas um velho oligarca da intelectualidade que preza sobretudo os elogios e, embora ex-acadêmico, odeia a crítica. E não houve crítica maior do que o governo Lula. Odiou, principalmente quando a crítica vem de um operário. Seu feudo composto de intelectuais, a tal massa cheirosa de Catanhede, também se arvora a todo momento dizer o que deve ser feito pelo país. Mas da mesma forma que usurpou o Plano Real de Itamar, que usa sem sequer citar a fonte, continua sem propostas para o país, segue defendendo a Cartilha neo liberal, e os interesses daqueles que o elogiam. Mantem sempre aquela cara de que pertence a um determinado mundo mais próximo da Av Foch, do que do ABC. FHC, ao favorecer seu filho em episódio sobejamente conhecido, deve ter pensado que era direito de família, quase direito de sangue. Junto com seu partido repete ad nauseam o receituário que levou pela segunda vez o país a estagnação mas com certeza favoreceu a banca e outros interesses, que neste período continuaram lucrando.

    Neste momento crítico quando o golpe vem sendo desmascarado o cavaleiro da figura deplorável, vem mais uma vez se por a serviço do golpismo. Esta entrevista, para o “Financial Times” , jornal é uma entrevista feita sob encomenda, numa tentativa de se contrapor a ONU. 

    Em outras palavras FHC, virou agora uma pena de aluguel desmoralizada pelo mundo que tanto amou. Mas em tudo isto o que prevalece é velho problema do espelho. Sua imagem anda tão vazia e transparente que no espelho o que ele vê é a imagem de Lula. O ódio a Lula é incontrolável, pois tudo que queria ser está ali projetado. E no fundo de sua impáfia, jamais deglutiu principalmente o fato de que Lula não é sequer da USP.

    No nosso atual  momento se pode ver como o jogo das vaidades vai consumindo pessoas e as tornando marionetes submissas de interesses.Várias figuras deste golpe são movidas por motivos pessoais e teleguiadas pelos que manipulando-as as fazem perpetrar todo tipo de coisa.

    Marta Suplicy usada pelo golpismo, odiou não ser a escolhida para presidente, e odeia Dilma com todas as forças. Faz par com Marina ambas queriam muito ser a primeira presidenta. Em nenhum dos atos que perpetraram, esconderam a mágoa, que se transformou em ódio que foi bem manipulado pelos golpistas da Casa Grande. Cristovan Buarque, em cada ato  foi buscando espaço e devido a vaidade foi se consumindo até desaparecer. Jogou-se nos braços dos que  achava seus pares. E se juntou a um FHC, que Sociólogo da dependência, se tornou apenas um bibelot do liberalismo que tomou a terceira via para voltar aos ideais oligárquicos. E neste jogo chegaram finalmente ao estrato concentrado do que são, um partido onde depois de despontar Aécio Neves, eles tem agora Alckmin, com Ana Amélia e Dória. Sina deplorável para um ex-acadêmico.

     

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  4. Fernando Henrique Cardoso é

    Fernando Henrique Cardoso é um fracassado, em cujo governo bebês brasileiros comiam calango para não morrerem de fome. Trabalhadores, os que tinham emprego, saiam de casa de madrugada para irem a pé ao trabalho por não terem dinheiro para a passagem de ônibus. Plataformas de petroleo da Petrobras afundavam no oceano. Professores, administradores, engenheiros, advogados formavam fila para disputar uma vaga de gari no Rio de Janeiro. Jovens de 18 anos pediam pela-amor-de-deus para servir o Exército para terem o que comer. O salário mínimo equivalia a 70 dólares. O Brasil passava vexame internacional na data das comemorações dos 500 anos do descobrimento; a nau capitânea de FHC, ao contrário da de Cabral, afundava sem conseguir navegar 10 metros. O Governo vivia afundado na maior corrupção jamais vista em todo o mundo, em todos os tempos. Os deputados vendiam o voto por R$ 200 mil para reeleger o presidente incompetente e preguiçoso, que só acordava as 10 horas da manhã e só trabalhava no período da tarde. Quando o país estava no caos total e o Governo enfiado na mais profunda crise moral, FHC chamava em socorro a “reserva moral” do PSDB, o paranaense “Scállllco” (pronunciar com a boca bem aberta). Como a História registra tudo isso e muito mais, FHC tenta desesperadamente e com a ajuda de um juiz limitado intelectualmente, suburbano e deslumbrado desconstruir a imagem do presidente Lula, o único capaz de lhe fazer sombra. Antes dos governos Lula, FHC contava com a mediocridade daqueles com os quais seria comparado (Costa e Silva, Sarney, Collor, Tancredo, Itamar, Médice, João Figueiredo…) para entrar para a História com uma imagem um pouco melhor do que a sua realidade de incompetente, preguiçoso, incapaz de produzir uma única ideia original. O que FHC não contava era topar com um Lula da Silva no caminho da História, e esse detalhe fez toda a diferença!

    1. O fracasso depende do ponto de vista!

      Olá Jose´Ribeiro,

      Em relação a sua primeira frase, permita-me discordar, ele não é um fracassado, assim como todos aquele que fizeram seu trabalho para os Donos do Mundo eles foi muito bem sucedido, tal como Thatcher, Reagan, Clinton, Bush, Blair, Obama, M. Friedman, etc e etc…

      Ele sofreu algum prejuizo pela traição ao país? Não!

      Ele sofreu algum processo criminal/civil ou etc? Não!

      Ele sofreu algum prejuizo finaceiro? Não! Acho que ainda ganha US$ 50,000.00 por palestra para falar mal do Brasil e ainda mora em Paris!

      Eu podeia relacionar mais exemplos de sucesso alcançado por ele, tais como os acima citados!

      Se você faz a sua parte neste sistema NeoLiberal e garante grandes somas de dinheiro para os seus “patrôes” eles o recompensarão no futuro. Blair, apesar de ser um criminoso de guerra, esta rico após sair do parlamento britanico e vendendo, opsss…, digo atuando como consultor para industria de armas e “anti-terrorismo” (ha!!,ha!!,ha!!), ou seja um verdadeiro Senhor da Guerra! E o Clinton então, com sua fundação (piada, né não!!!). Se me lembro bem a Global Clinton Foundation faturou mais de US $ 2 bi após ele deixar a Casa Branca, atuando com algo chamado de ajuda humanitária (Haiti) e outras “cositas mas”.

      Um exemplo mais tupiniquim, lemtra do primeiro procurador geral do Lula, aquele que apresentou uma acusação contra os “40 ladrões” do “mensalão”, em alusão ao Alibaba, onde ele esta hoje apos a aponsetadoria? Resposta: advogando para uma empresa de um banqueiro brilhante!

      Sistema NeoLiberal 101!

      São homens de sucesso, não fracassados!

      Desonestos? Aí sim!, eu concordo!!!

      1. Não devemos medir FHC de

        Não devemos medir FHC de acordo com padrões neoliberais.

        Nossos valores são outros.

        E eles certamente não incluem nem o sucesso financeiro mediante a expansão da pobreza e do sofrimento, nem a impunidade que fomenta a barbárie e corrompe a própria distribuição de Justiça.

        FHC fracassou em tudo que fez e elevou à segunda potência seu fracasso em razão de tudo que ganhou.

        Ele saiu da civilização para entrar no mercado e sairá da vida sem ter encontrado o Fim da História.

        No fim dele haverá apenas um FIM.

        Em 20 anos ninguém mais falará dele.

        Quando falarem dele será apenas porque o nome dele será associado ao do homem que ele odiou e invejou desde que retornou ao Brasil.

         

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