The Day After: coisas a Temer, por Fábio de Oliveira Ribeiro

Por Fábio de Oliveira Ribeiro

O filme de 1983 marcou época ao retratar de forma cruelmente realista quais seriam as consequencias de uma guerra nuclear entre os EUA e a URSS. The Day After sugere que nos momentos de crise é preciso recuperar a racionalidade mediante uma boa dose de pessimismo para evitar os danos irreversíveis causados pela ambição desmedida, pela otimismo militar e pela ideologia da vitória a qualquer custo. Por isto, resolvi me inspirar neste filme norte-americano para criar um cenário plausível após o sucesso do golpe de estado disfarçado de impedimento.

Num primeiro momento, a banda podre da política brasileira representada por Michel Temer ficará eufórica e a esquerda afundará na depressão. Ocorrerá, portanto, uma inversão dos estados psicológicos vigentes no momento em que Dilma Rousseff ganhou a eleição e foi empossada.

Em consequencia, o novo regime será obrigado a cumprir sua promessa de garantir impunidade para os 300 ladrões que endossaram o golpe de estado. Todavia, isto não pode ser feito dentro dos limites traçados pela constituição federal sem que o Executivo exerça uma pressão ilegal e insuportável sobre as instituições. As primeiras vítimas do golpe serão, portanto, o Ministério Público e o Poder Judiciário.

A reação dos órgãos estatais às novas diretrizes impostas por Temer para garantir o bem estar e a tranquilidade da sua quadrilha provocará a primeira crise do novo governo. A flexibilização da constituição – instrumento que garantiu o impedimento sem fundamentação jurídica – será seguida pela flexibilização do Direito Administrativo. Juízes, procuradores e promotores que colocarem em risco a nova República de velhos ladrões serão pressionados, afastados e perderão seus cargos.

Os expurgos promovidos por Michel Temer irão necessariamente continuar enquanto autoridades do Judiciário e do MP demonstrarem independência e disposição de resistir à nova tirania. Em algum momento parte da imprensa terá que escolher entre ser esmagada pela opinião pública ao servir ao tirano ou ser esmagada ao lado de suas vítimas.

Outra consequencia necessária do golpe de estado será a flexibilização do Direito Penal. Além de criar exceções para salvar seus 300 ladrões parlamentares, Michel Temer será obrigado a restringir o espaço político mediante uma brutal repressão policial. O rigor da Lei Penal será então utilizado apenas com uma finalidade: calar os adversários do novo regime. Aqueles que se recusarem a instrumentalizar a “Penalização” discriminatória com finalidade política também serão degolados com base no Direito Administrativo flexibilizado. Delegados e policiais corretos logo começarão a sofrer os efeitos dolorosos golpe de estado.

Durante este período de crise provocada pela captura do Estado por um bando de marginais, a esquerda começará lentamente a se recuperar do torpor provocado pela deposição de Dilma Rousseff. Os moderados resistirão ao novo regime de exceção dentro da Lei. Muitos porém irão reagir de maneira violenta, sendo previsível a criação de grupos terroristas que terão como alvo as pessoas e instituições que fomentaram o golpe de estado e se beneficiaram em razão do mesmo.

A julgar pelas palavras dos comandantes militares, as Forças Armadas provavelmente não irão intervir contra ou a favor de Dilma Rousseff ou Michel Temer. Consolidado o golpe, porém, começarão a surgir e aumentar as rachaduras entre os militares. Oficiais comprometidos com a legalidade terão que escolher entre se submeter ou lutar contra a nova República dos mafiosos. É previsível a criação de organizações mistas, contendo militares e civis dispostos a usar a violência para derrubar Michel Temer. Depois que os combates começarem, como sempre ocorre, guerra se alimentará da própria guerra.

Michel Temer quer sair da História como presidente, mas ele conseguirá apenas uma coisa: entrar na infâmia como aquele que foi derrotado ou vitorioso no golpe de estado que articulou em benefício do banditismo político. Não haverá para ele qualquer possibilidade de ser tratado de maneira digna pelos historiadores ou pelos cidadãos que resistem ao golpe e resistirão ao governo dele. Os brasileiros irão urinar no tumulo de Michel Temer. Se morrer durante a guerra civil e seu corpo cair nas mãos dos defensores da legalidade ninguém ficará surpreso se o ex-vice presidente for exposto pendurado de cabeça para baixo como Mussolini. 

Fábio de Oliveira Ribeiro

23 Comentários

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  1. É uma possibilidade que nos

    É uma possibilidade que nos aguarda caso vingue o golpe. Mas não minoria no túmulo do temer, defecaria mesmo. Não esquecendo o resto da quadrilha 

  2. Não podemos desisistir: GREVE GERAL POR TEMPO INDETERMINADO

    Existe uma conspiração muito maior do que imaginamos. A quadrilha de Cunha, junto com a máfia demotucana, são apenas operadores do GOLPE. Janot, Lava-Jato, grandes organizações e forças dos EUA estão manipulando cenário político no Brasil e comprando nosso Congresso através de várias propostas, inclusive livramento na justiça.

  3. A ideia eh causar tudo isso

    A ideia eh causar tudo isso mesmo, Fabio.  De que outra maneira o Brasil vai se desestruturar mais que o Oriente Medio pra ser pilhado?

    (no dia, nao fui trabalhar pra assistir e…  detestei esse filme)

  4. A questão não é essa

    A questão é a de trezentos e poucos ladrões quadrilheiros caçarem de forma ilegitima o voto de mais de 54 milhões de brasileiros.

  5. Quero dar boas gargalhadas na

    Quero dar boas gargalhadas na cara de quem agora apoia a traição de Temer e depois for traído por ele.

    Só pode ser uma burrice incomensurável achar que alguém que trai uma vez, não vai trair de novo, de novo e de novo, de acordo com as circunstâncias.

  6. Fabio boa análise,se for assim,que assim seja.Saravá!

    Michel Temer quer sair da História como presidente, mas ele conseguirá apenas uma coisa: entrar na infâmia como aquele que foi derrotado ou vitorioso no golpe de estado que articulou em benefício do banditismo político. Não haverá para ele qualquer possibilidade de ser tratado de maneira digna pelos historiadores ou pelos cidadãos que resistem ao golpe e resistirão ao governo dele. Os brasileiros irão urinar no tumulo de Michel Temer. Se morrer durante a guerra civil e seu corpo cair nas mãos dos defensores da legalidade ninguém ficará surpreso se o ex-vice presidente for exposto pendurado de cabeça para baixo como Mussolini. 

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  7. Há um erro fundamental nas

    Há um erro fundamental nas premissas levantadas no texto, que é considerar um hipotético antagonismo entre um suposto governo Temer e órgãos da Justiça.  Tal antagonismo não existe, pois estão, como sempre estiveram, do mesmo lado. Vide a justiça de SP.
    O cenário traçado somente terá condições de vingar se e somente se o povo, a massa de desassistidos deste país entender a razão pelo seu estado de coisas, compreendendo que, não reivindicando espaço e direito, no grito e na luta, nada mudará.  Mas, para que isso ocorra, é fundamental driblar o poder de informação e de manipulação da grande mídia, o que não se observa no horizonte próximo.
    A luta do setor progressista da sociedade deve passar pela quebra do monopólio temático midiático e pela conscientização das massas.  Fora disso, não há salvação.

  8. Há um erro fundamental nas

    Há um erro fundamental nas premissas levantadas no texto, que é considerar um hipotético antagonismo entre um suposto governo Temer e órgãos da Justiça.  Tal antagonismo não existe, pois estão, como sempre estiveram, do mesmo lado. Vide a justiça de SP.
    O cenário traçado somente terá condições de vingar se e somente se o povo, a massa de desassistidos deste país entender a razão pelo seu estado de coisas, compreendendo que, não reivindicando espaço e direito, no grito e na luta, nada mudará.  Mas, para que isso ocorra, é fundamental driblar o poder de informação e de manipulação da grande mídia, o que não se observa no horizonte próximo.
    A luta do setor progressista da sociedade deve passar pela quebra do monopólio temático midiático e pela conscientização das massas.  Fora disso, não há salvação.

    1. Discordo. O antagonismo entre

      Discordo. O antagonismo entre MP/Justiça e os 300 marginais apoiados por Michel Temer na Câmara dos Deputados (aí incluído o próprio Eduardo Cunha) existe, pois eles foram denunciados e alguns já estão sofreram condenações na primeira e segunda instância. Sem dúvida alguma a tensão que você descartou ocorrerá no exato momento em que o tirano Michel Temer tentar proteger os membros de sua quadrilha sendo obrigado a atacar os referidos órgãos e seus membros (ou pelo menos os membros destes órgãos que trabalham de maneira honesta e digna). É um erro acreditar que todo o MP e o Judiciário estão podres, como também seria ingenuidade descartar a existência de criminosos dispostos a proteger criminosos nestes dois órgãos.  

      1. A discussão jurídica-política já está ficando no passado.

        Não é tic-tac do relógio que está fazendo barulho, é o tic-tac de uma bomba relógio incontrolável que estamos ouvindo.

        Países como Estados Unidos, Inglaterra e França tiveram nos últimos quarenta anos inúmeros tumultos com saques, incêndios e mortes que foram contidos a duras penas por forças policiais, guarda nacional ou exércitos treinados e profissionais. Os motivos destes tumultos generalizados em relação ao que está se criando no Brasil eram extremanente fúteis, o grau de proteção social dos mais pobres destes povos era muito maior do que no Brasil, a raiva não tinha sido cultivada cuidadosamente durante dois anos, a quantidade de atingidos por esta raiva era muito menor, as cidades eram mais urbanizadas e as classes medias muito mais numerosas, as forças de repressão (polícias, guarda nacional ou mesmo forças armadas) eram muito maiores em relação a população e muito melhores treinadas do que as nossas.

        Vamos parar de brincar de Poliana, a discussão jurídica-política já acabou, agora só resta dois caminhos possíveis, o golpe com tumultos incontroláveis que podem simplesmente destruir nossas cidades ou a tentativa de concertação com o próprio governo Dilma e com o carisma de Lula.

        Estão brincando com fogo e simplesmente não sabem fazer contas, o aparato repressivo brasileiro, pois mais truculento que seja, será varrido até que as cidades queimem em grande parte.

        Estamos em cima de um barril de pólvora e ainda se discute abobrinhas.

        Chamo a atenção, o que pode ser prever não é uma revolução organizada com um ou mais partidos liderando e dando pelo menos uma ordem na revolta, o que se pode prever é um levante popular completamente desorganizado que ninguém saberá por onde começará e nem quando terminará.

        Ou seja, a direita brasileira está fazendo M.E.R.D.@, e pior, nem se dá conta disto.

      2. Acho que é por aí, caro

        Acho que é por aí, caro Fabio. Haverá um racha também na MP e judiciário. Mesmo que a maioria dos procuradores e juristas sejam anti-petistas por fazerem parte da “opinião publicada”, os movimentos claros do “governo Temer’ para impor a impunidade de seus cupinchas, vai causar um enorme incômodo nessas instituições.

        O que já ocorre desde já, devido a evidente ilegalidade do impeachment. Muitos juristas, mesmo que não participem dos atos, por acharem estes muito “petistas”, assinam manifestos e se posiciomam a favor do estado de direito, muito além de defender governos do PT. 

        Essa narrativa já começa a ser majoritária e a partir do momento em que a ficar claro que um dos objetivos do golpe é salvar o pescoço dos corruptos, mais indignação causará no meio jurídico, onde tem gente conservadora, mas séria. Só mesmo o coxinha mais fanático, facista e anti-petista concordará com isso.

        PS: Acho que o golpismo tenta se compor com o Janot para tentar barganhar alguma espécie de impunidade. Mas este terá condições de acorbertar essa porcaria toda?

  9. Temer… não tem

    Temer… não tem dinheiro!

    Temer, não tem partido, já que o seu partido é mais esfarelado que xerém que se dá a pinto novo!

    Temer não tem votos.

    Temer é o novo Marechal Deodoro, colhido no meio de um vendaval.

    Se confirmado o golpe no domingo, ele será o “rainha da Inglaterra” até 2018; se não, serão apeados no TSE por Gilmar Mendes, ele e Dilma, obviamente. O que mais incertezas trará.

    Ah, outras instituições a que Temer venha pertencer são mais desunidas que seu partido.

    Receio que não estejamos voltando a 1964, mas a 1889; com o agravante de que São Paulo já é – continua a ser – a locomotiva do país; logo, agora tem muito pouco pra onde crescer e puxar o Sudeste-Sul.

    Em tempo: gostaria de ter dez por cento do otimismo do articulista.

  10. Essa gente não tem saída.

    Essa gente não tem saída. Assim,em nada se sensibilizarão com os escritos e com o que poderá ocorrer ao país.

    O jogo deles é para salvar a própria pele e ainda levar uns trocados.

    Os golpistas mesmo,ainda nem mostraram a cara.

     

    Todo sacrifício pela democracia é pouco

  11. Fabio boa análise,se for assim,que assim seja.Saravá!

    O papel(ão) do Supremo e o amanhã do golpe

    O Congresso Nacional está mostrando como, com um processo de julgamento onde pouco ou nada importa a veracidade ou a legalidade das acusações, mas o gostar ou não do “acusado”. Ou, a esta altura, quase vítima.

    Pode-se ser golpista agindo sem mínimos princípios éticos  e morais, como faz o vice-presidente Michel Temer, chamando líderes  de partido ao Palácio do  Jaburu e prometendo nacos do seu natimoribundo Governo.

    Existe, porém, outra forma de ser golpista: deixar, por omissão ou retardamento nos seus deveres, que a ordem constitucional seja rompida para só depois  disso debater e até proibir – que o martelo quebre o cristal.

    A mais forte reação política do Governo Dilma em defesa de sua sobrevivência foi a nomeação de Lula como seu ministro da Casa Civil.

    E esta reação – ao contrário dos atropelos e da correria da Câmara – foi impedida pelo Supremo Tribunal Federal. A corte agiu como quem amarra uma das mão de um lutador e espera que, enquanto decide se é justo fazê-lo, pela possibilidade que aquela mão possa desferir um golpe baixo e, enquanto o faz, permite que seu adversário bata, bata e bata.

    Sábado, véspera da sessão do Coliseu onde a legalidade democrática será jogada aos leões, enquanto Michel Temer e Eduardo Cunha viram para baixo seus polegares , a nomeação de Lula completa um mês.

    E segue impedida. Só no preguiçoso dia 20 vai se analisar se ela é ou não legal, embora tudo o que tenha levado à suspensão da posse  já se tenha julgado injurídico e que a alegada fuga à Justiça em que se funda a acusação seja, justamente, colocá-lo sob o julgamento daquela Corte, que se confessaria, assim, leniente e parcial a favor do ex-presidente.

    Ou seja, o Supremo julgará se Dilma pode nomear seu ministro só quando, talvez, já nem haja um Governo, quanto mais ministros.

    Pode-se argumentar que é assim, pela recente jurisprudência do STF, que proibiu oHabeas Corpus contra decisão, mesmo singular, de qualquer de seus ministros. Numa frase: aquilo que os juristas chamam de “remédio heroico” contra o abuso de  autoridade vale para qualquer delas, menos para os ministros do Supremo. Se um deles tornar-se atrabiliário ou, simplesmente, aloprar, ainda assim as consequências continuarão, até que se cumpra o lento rito de pareceres, vistas e, finalmente, o seu exame pelo plenário, que, em tese, restaure a sabedoria e o equilíbrio colegiados.

    Não há trocadilho: o “paciente” – termo jurídico daquele que busca o habeas corpus– será examinado apenas quando estiver morto.

    No homem comum a procrastinação pode vir de um perfeccionismo tolo, do desejo perfeição se sobrepondo à de consciência realista de seu dever.

    No exercício da autoridade, é pior. Denota a fraqueza, a auto-escusa de suas responsabilidade e, em última análise, a capa de invisibilidade do matreiro traidor.

    O silêncio dos bons, expressão histórica de Martin Luther King, os converte em maus.

    Mas, no Brasil dos canalhas, onde se celebra o traidor e a traição, o golpe e os golpistas, o abuso e o abusador, tudo pode ser pior.

    O Supremo julga hoje um Mandado de Segurança contra decisão da Câmara de emendar a Constituição para estabelecer o parlamentarismo como forma de governo. Ou seja, a abolição das eleições diretas para a eleição de um Presidente que governe, restando apenas para um cargo decorativo.

    Aquilo que por duas vezes – e mil, se necessário, faria – o povo brasileiro recusou em plebiscito.

    Não é preciso muito para avaliar as consequências disso, basta abrir os olhos e ver o que se passa no parlamento.

    É tão absurda e abjeta esta ideia que não se pode dizer que vá passar pelo julgamento de hoje.

    Mas quando  o absurdo e a abjeção já se tornaram cena comum e o Supremo se apequena ao ponto de deixar que os crimes se consumem e lave as mãos como Pilatos, o que dizer?

    Mas, embora aqueles senhores e senhoras -quase todos conduzidos aos postos que ocupam pelo governo que agora deixam morrer sob o argumento que de escolhe com “desvio de finalidade” – seriam também eles oito “desvios”? – possam acovardar-se (dói, não é, Ministros?), os brasileiros não são covardes.

    Seremos leões, não ratos como os que se atiram ao queijo.

    As ruas vão rugir em advertência.

    Não queremos a tragédia, mas não viveremos na indignidade.

  12. O cenário é bem pior do que prevê o Jornal do Brasil.

    O cenário é bem pior do que prevê o jornal do Brasil.

    O Jornal do Brasil faz uma previsão bem pesada sobre o futuro do Brasil pós um sucesso do impeachment de Dilma e a não aceitação do par Temer e Cunha, na reportagem denominada, “Convulsão social hoje teria consequências bem mais trágicas que em 1964”, este órgão de imprensa faz um prognóstico sombrio do que seria o resultado de um conflito social que seja disparado a partir da deposição de Dilma, as premissas do JB são corretas mas são completamente incompletas.

    Na reportagem eles fazem uma mera comparação quantitativa entre a população brasileira em 1964 e a de 2016, e verificam que a quantidade é extremamente mais numerosa, ou seja, passamos de 70 milhões para 200 milhões, porém esquecem de fatores outros que são muito mais importante do que o número bruto da população, que são fatores quantitativos e qualitativos. Se o problema fosse somente números definindo a governabilidade de um país Índia, China e Estados Unidos seriam ingovernáveis.

    Esquecem os articulistas do JB que além do crescimento populacional temos a urbanização do país. Enquanto em 1964 o percentual de pessoas no campo era praticamente equilibrado, ou seja, 50% população rural e o mesmo número população urbana. Em 2016 este quadro muda completamente, no último censo a população urbana era de aproximadamente 84% e provavelmente em 2016 passamos de 85%, tornando o país mais urbanizado dos grandes países do mundo, os outros países citados China, Estados Unidos e Índia tem respectivamente 47%, 82% e 30%, ou seja, nos mais pobres, China e Índia ainda possuem imensos contingentes no campo.

    Considerando que a nossa urbanização é mais um inchamento das grandes cidades do que normalmente se poderia chamar de urbanização, o potencial de revolta nesta população completamente excluída e que só começou a se identificar como cidadão nos últimos anos é extremamente grande.

    Por outro lado há outro fator qualitativo extremamente preocupante nesta urbanização, enquanto países como Estados Unidos e outros a população encontra-se distribuída em pequenas e médias cidades, as chamadas grandes regiões metropolitanas acima de um milhão de habitantes (26 regiões) possuem nada menos nada mais de 90 milhões de habitantes, sendo que nas cinco maiores tem aproximadamente 45 milhões de pessoas.

    Quanto ao fator qualitativo destas populações soma-se ainda mais a preocupação, pois o sentido de cidadania e a organização social incipiente, mas existente (desde escolas de samba até grupos de capoeira) é extremamente maior do que em 1964, onde o máximo que existia eram sindicatos atrelados ao governo de pequenos segmentos fabris e comerciais, algo que não devia atingir a ordem de alguns poucos milhões.

    Quando comento acima todos estes problemas, coloco-os mais como problemas do que como um potencial revolucionário, pois a propaganda midiática tirou do povo totalmente a crença na capacidade de partidos chefiarem qualquer coisa. Ao mesmo tempo em que os partidos convencionais não têm credibilidade, não podemos pensar nem na possibilidade de uma revolta com alguma organização e controle revolucionário, mas podemos pensar numa reação do tipo tumultos generalizados, saques e qualquer movimento espontâneo que será simplesmente incontrolável.

    Os idiotas da direita devem estar já tramando para a edição de medidas de emergência como estado de defesa e um posterior estado de sítio. Porém estas sumidades não devem saber fazer cálculos, se das cinco regiões metropolitanas tivermos um número perfeitamente possível de um saqueador por cada 100 habitantes, isto dá 450.000 pessoas, que corresponde ao numero total de todas as forças policiais do Brasil, que são 425.000 policiais. Se somarmos a estas todos os efetivos das forças armadas brasileiras, tem-se mais 327.000, que se mobilizadas. Sabendo que tanto os efetivos das forças policiais de todo o Brasil ou mesmo das forças armadas não podem ser transferidos para cinco regiões metropolitanas, sem medo de errar digo que poderão contar com no máximo 200.000 policiais e soldados num esforço de guerra. Numa situação de incapacidade de controle deste tipo, poderíamos supor que o número de saqueadores pode aumentar tranquilamente para 1 a cada 50 habitantes, o que significará 1 policial ou soldado para cada 4,5 saqueadores. Ou seja, ninguém segura mais.

    1. O perigo não é esse

      Não há nenhum clima de sublevação no país. Você não deve confundir o povo com a militância, quem está enfurecida é esta segunda, mas ela só pode fazer marchas, manifestações e demais pantomimas sem maiores consequências. O povo mesmo está apático, e por dois motivos: primeiro, porque está cansado do governo em razão da crise prolongada; segundo, porque a crise não é grave o suficiente para suscitar reações desesperadas tais como saques, greves gerais, quebra-quebra e outras violências que possam ser usadas para derrubar o governo.

      O perigo é outro: é ficar o país sob o governo de indivíduos totalmente desqualificados e sem nenhum respaldo de quem quer que seja, como é o caso de Michel Temer e Edurado Cunha. Quando um quadro assim se materializa, os desdobramentos são imprevisíveis e ninguém sabe o que virá em seguida. Conforme eu escrevi há pouco, no fim do túnel pode surgir um Berlusconi. Mas também há uma hipótese otimista: um novo Lula em 2018, que terá a chance histórica de reverter todos os erros que foram cometidos desde a Nova Matriz Econômica e trazer o país de volta à racionalidade que vigorou em seu primeiro mandato.

  13. Meus caros, a perseguição aos PPPP será mais escancarada ainda!

    Os chipanzés velhacos da atual oposição vão deitar e rolar.

    Mais do que nunca e com amplo conluio com a sua míRdia (ou será o vice-versa?):

    (1) A culpa de tudo que “encontrarem” será do PT e seu governo (2) A crise e as causas dela serão sempre e cada vez mais culpa deles (3) As investigações terão mais liberdade ainda (xeretarão sem mandado) para culpar os PPPP’s E INOCENTAREM (ou engavetarem) os chipanzés (4) Consolidarão a imagem do PT com o “partido mais corrupto da história” (deles) (5) O aparelhamento inacabado das instituições será finalizado por eles (6) As ações lesivas ao país e seu povo (pre-sal, direitos, privatarizações brancas, desconstrução da Petrobrás) serão feitas a toque de caixa pois haverá ainda o “risco” senado (e STF, eventualmente), embora baixíssimo (7) Toda medida arrochatória poderá ser tomada alegremente e sem cerimônia com uma atitude responsável e necessária para “restaurar e llmpar” a nação dos “desmandos” dos últimos 4 mandatos (i.e. 3,3) (8) A mídia (salva da falência) demonstrará cabalmente que se alguém tiver que reclamar, que seja sempre com a “antiga direção”… provavelmente em manifestações nas portas da Papuda. Afinal, pessoal…

    Quem mandou não saber votar?!

    Como eu…

     

    PS1:Por que chipanzés? Basta ver suas atitudes no Congresso e comparar com documentários sobre os mesmos. Afinal eles fazem parte de nossa linha ancestral, que não evoluido como os Homos que deveriam ser mais Sapiens. E se vc pensa que os estou depreciando, lembrem-se de que são uma grande evolução dos australopithecus e até mais!

    PS2: A comemoração imediata dos coxinhas paneleiros terá uma lenta queda de ficha, pois a Hisória contará o que houve neste ano de 2016, após mais um períodozinho de demcracia neste pobre país.

    PS3: Acreditem, eu ainda tenho fé que nada disso acontecerá. Esta vergonha internacional de bandidos que infestam o país (no Congresso, na Justiça, na Imprensa e no empresariado demoverem uma presidente honesta e re-eleita democraticamente.

  14. O Fabio está certo, se o

    O Fabio está certo, se o golpismo avançar sem trégua, haverá violência. Temer só terá condições de governar com muita repressão. Não descartando a imposição do estado de sítio. Isso quando a greve geral for avassaladora, os MST fechar as estradas., o MTST as ruas, não esquecendo do reaparecimento dos blackblocs.

    A lei anti-terrorismo está aí para isso mesmo. Mas ela sozinha não dá conta. Em algum momento as Forças Armadas terão que se posicionar. Enfim, o governo Temer seria um caos com muito sangue

  15. Há mesmo a possibilidade do país entrar em uma zona escura

    Fábio como sempre é rebarbativo e tem paixão por cenários apocalípticos, mas desta vez eu tenho que concordar em parte, o país corre mesmo o risco de entrar em uma zona escura. Defino zona escura como um terreno que não permite previsões, e cujos desdobramentos podem ocorrer em direções diametralmente opostas.

    Notem bem: se Dilma for impedida, pela primeira vez em 20 anos será rompida a coalizão PT/PSDB que domina o país há 20 anos. O PT sairá, mas o PSDB não assumirá, pois quem está na linha sucessória são Michel Temer e Eduardo Cunha. O primeiro é um ambicioso medíocre, e o segundo é um indivíduo sem credibilidade, alvo de investigação, cínico e vingativo. Quem dará respaldo a um futuro governo desses dois? Ninguém. A esquerda, alijada do poder, vai disparar suas baterias contra o novo governo que tampouco terá o apoio da direita, a qual possui seus próprios líderes e não precisa desses dois. É evidente que eles não vão segurar o rojão, provavelmente serão cassados e se fará nova eleição, aí… não sei. É possível que no fim do túnel surja um Berlusconi, um arrivista de direita que irá se aproveitar da desilusão do eleitorado. Mas se Lula chegar a 2018, tem chance, pois é dos poucos que ainda tem credibilidade. E aí os cenários são dois:

    1) Lula terá a oportunidade de reverter os erros que tem sido feitos desde a nefasta Nova Matriz Econômica, e trazer o país de volta aos bons tempos de seu primeiro mandato, quando era mantida a macroeconomia herdada do Plano Real. Então o país voltará a crescer e sobrarão recursos para os programas sociais. Se Lula tiver juízo, ele irá diminuir a carga tributária, bem como o cipoal burocrático e as regulações que travam o crescimento do país, e assim criará as bases para um crescimento sustentado a longo prazo ao invés de mais um voo de galinha.

    2) Lula aprofundará as políticas que deram origem à atual crise, aumentando os gastos do governo e emitindo moeda para cobrir os rombos das contas. O país afundará na conhecida combinação de inflação alta com recessão característica dos anos 80, e o povo perderá todas as melhoras que teve nos últimos anos. Lula terminará em uma posição semelhante á que está agora Maduro na Venezuela.

  16. MILITARES – sorriso de Monalisa

    Essa questão do alinhamento dos militares me intriga.

    Não penso nos soldados rasos – bolsonaretes – mas no alto comando.

    Eles estão muito ressabiados com a Lavajato desde o episodio do Alm. Otto e da aliança DoJ/EUA + MPF/BR para derrubar o programa nuclear – civil e militar.

    Com certeza também tomaram nota de como Dilma lutou pela manutenção da Petrobras operadora do Pre-Sal. Até ceder a chantagem de Renan Calheiros/Serra.

    O comando militar – conservador mas nacionalista – sabe que a agenda econômica é a de desnacionalização dos ativos estratégicos (como o pré-sal), com lesa ao patrimônio da União (com deságio artificial pelo baixo preço do petróleo por articulação EUA-Arábia Saudita), bem como nova hibernação dos programas militares civil e militar (submarinos). Se há ainda ameaça da perda da tecnologia autóctone de enriquecimento de urânio eu não sei. Não sei como funciona as “muralhas chinesas” para fragmentação desse conhecimento chave ao longo da cadeia de comando, até chegar ao comandante-em-chefe.

    Dá-me esperança pensar que o segredo aparentemente sobreviveu a período FHC.

    O pé atrás dos militares ficou evidente com a intervenção da Aeronáutica na tentativa de embarque (e prisão?) de Lula, no MUITO mal explicado episódio da “condução coercitiva” em Congonhas.

    Até que ponto o juramento à Constituição e o apego ao nacionalismo e à visão estratégica de uma ESG, por exemplo, influenciarão os Comandantes das FFAA no dia seguinte ao impeachment.

    É certo que já avaliaram as opções.

    Decerto não gostam do PT e da esquerda. Não engoliram a Comissão da Verdade. Mas gostam menos ainda de alinhamento automático da política externa e interna a interesses estranhos à nacionalidade.

    1. Vou subir para Post!

      Aliás, vou transformar esse comentário em post no meu blog aqui no GGN (3o hoje!)

      Vejo muito pouco comentário sobre essa dúvida relevante.

      Gostaria, p.e., do input do Jr50, do AA…

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