Na minha última coluna (1), cometi a pretensão de propor uma agenda parcimoniosa para a esquerda neste ano de 2020. Fiquei feliz ao perceber que as coisas começaram melhor do que o esperado.
A agenda legislativa de 2919 foi dominada pela reforma da previdência. Por uma série de razões, a esquerda teve dificuldades em participar ativamente do debate sobre essa reforma, até porque a mídia tradicional fechou questão a seu favor. Apesar disso, as esquerdas conseguiram contribuir para que alguns dos maiores absurdos e injustiças da proposta original do governo não fossem aprovados.
Neste ano de 2020, ao contrário, o ambiente começa muito favorável. Primeiramente, o governo recuou da reforma administrativa, deixando o espaço totalmente aberto para o protagonismo da reforma tributária, matéria sobre a qual a esquerda tem muito a dizer e contribuir. Em segundo lugar, percebe-se que, definitivamente, a questão da desigualdade entrou na ordem do dia das discussões políticas no Brasil, e sobre a pauta do combate a desigualdade, a esquerda tem – tanto em termos teóricos quanto pela experiência recente, quando governou – uma indiscutível relevância e uma reconhecida autoridade. Algo que tanto o centro quanto a direita não têm (2).
Em outubro do ano passado (3), os partidos de oposição apresentaram uma proposta de reforma tributária progressiva (4). Esta, contudo, teve pouquíssima repercussão na mídia tradicional – por motivos óbvios, acredito eu – o que requer, portanto, que se busque formas alternativas de comunicação. O ambiente está bastante favorável. Contudo, se os partidos de esquerda não conseguirem comunicar à população sua proposta de reforma tributária, se terá perdido uma grande oportunidade. Ao propor uma mudança de uma tributação que incide pesadamente sobre o consumo para uma que incide mais sobre a renda e a riqueza, os partidos de esquerda poderão se comunicar de forma bastante eficiente com a população. Basta que se mostre – em vídeos curtos que possam ser enviados por WhatsApp – o quanto a maioria das pessoas tem a ganhar se essa proposta for aprovada, quando for pagar pela compra de bens de consumo. Podem ser feitas simulações dos ganhos potenciais para informar a população. Só uma reforma tributária progressiva pode reduzir a desigualdade no Brasil, nas condições atuais. Da mesma forma, como ressaltei antes, também terá um extraordinário efeito de elevação da taxa de crescimento do PIB.
A esquerda, após um ano difícil, está com a faca e o queijo nas mãos para retomar protagonismo político, no Brasil. Mãos à obra!
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