Andre Motta Araujo
Advogado, foi dirigente do Sindicato Nacional da Indústria Elétrica, presidente da Emplasa-Empresa de Planejamento Urbano do Estado de S. Paulo
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Uma viagem presidencial dispensável, por Andre Motta Araujo

E Flórida é um Estado onde não há grandes corporações da economia produtiva, um Estado que a elite americana de negócios não leva a sério, onde há mais latinos que americanos de raiz.

Uma viagem presidencial dispensável

por Andre Motta Araujo

Uma visita presidencial ou se faz com toda a liturgia da representação de um grande País ou não se faz. Viagens “pic-nic” para um Chefe de Estado raramente trarão algum proveito para o País, mais ainda, é regra não escrita que não se visita um País onde o Presidente está em plena campanha eleitoral, porque não se sabe se ele continua no cargo e os acordos e compromissos firmados poderão não ser honrados pelo sucessor. Visitas tem que ter agenda de Estado que a justifique, não podem ser banalizadas, QUATRO visitas a Trump em 14 meses de Governo é recorde mundial, nenhum Presidente de nenhum País esteve em visita aos EUA tantas vezes em 14 meses, nada justifica essa vulgarização de viagens a um único Pais, fica mal para o Brasil.

Mais ainda, essa visita em um Clube de Golf com um jantar meio improvisado no meio de um salão com centenas de comensais, obviamente apoiadores da reeleição de Trump, sem nenhuma privacidade, que é da natureza do encontro entre Chefes de Estado, diminui notavelmente a importância do Brasil como grande País. É um evento menor no meio de um outro, sem nenhuma cerimônia que é da essência de visitas oficiais, em benefício do prestígio do País e não da pessoa física do Presidente. O Brasil fica na dimensão de uma tampinha de cerveja no meio de um churrasco na laje, sem cerimônia.

E por que na Flórida? Esse é um estado americano de férias, de resorts, de outlets de compras, de parques de diversões, de altas picaretagens, de contrabandos, de aposentados, é um Estado onde não há grandes corporações da economia produtiva, um Estado que a elite americana de negócios não leva a sério, onde há mais latinos que americanos de raiz, é o último lugar dos EUA para achar empresários sólidos que queiram investir no Brasil, um Estado de Senadores cubanos e Deputados colombianos que fazem questão de parecer americanos, a vereda tropical dos EUA.

Para completar o desarranjo uma visita ao SOUTHCOM, o Comando Sul do Pentágono, em Doral, que jurisdiciona o Atlântico Sul, onde está a 4ª Frota e a América do Sul, fica estranho um Presidente do Brasil em tempos de paz visitar esse Comando Militar americano. Para quê? Prestar homenagem?

Se for para temas operacionais, não deve ser o Presidente mas sim um Comandante Militar brasileiro, não há no momento um Acordo Militar Brasil EUA em vigor que justifique tal intimidade de um Presidente brasileiro com o SOUTHCOM, só falta bater continência para o Almirante Craig Faller, Chefe do Southcom. Na visita serão assinados Acordos de Cooperação na Área de Projetos, Avaliação e Testes, seja lá o que isso significa, MAS essa assinatura é ASSIMÉTRICA, de um lado assinada um Comandante Regional, 4º na linha de comando abaixo do Presidente dos EUA, acima dele há o Presidente Trump, o Secretário de Defesa, o Chefe do Estado Maior Conjunto e depois vem os Comandantes de cada um dos 11 Comandos geográficos ou temáticos. Portanto, a lógica seria um Comandante Militar brasileiro da mesma patente e representação assinar esses acordos e não o Presidente do Brasil. Tudo isso diminui a importância e o prestígio do Brasil nos EUA e no mundo, será que não percebem?

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Andre Motta Araujo

Advogado, foi dirigente do Sindicato Nacional da Indústria Elétrica, presidente da Emplasa-Empresa de Planejamento Urbano do Estado de S. Paulo

6 Comentários

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  1. “E por que na Flórida? Esse é um estado americano… de altas picaretagens, de contrabandos…”

    Ou seja, lugar onde o dito presidente se sente absolutamente a vontade. Qual a surpresa?

  2. Concordo com as ponderações do autor do post. Mostra o lado “crocodilo dundee” do Ministro Ernesto Araujo e do proprio Bolsonaro. Bem, pelo menos Bolsonaro não beijou a mão do Trump em publico como fez o deputado baiano Otavio Mangabeira. É muita jequice pro meu gosto, desculpe.

  3. Foram pegar virus.

    Quem mais foram alem dele? Me lembro de ter visto Ernesto Araújo, um dos filhos e o sopa de letrinhas da SECOM, não ví a Damares, o Gal Heleno, o sopa de letrinhas da educação. Bem que o Olavo deveria ter ido recepcioná-los.

    Essa conferencia da CPAC vai deixar muitas saudades…rsrsrsr

  4. “Tu não entendeu nada, André”
    Essa viagem, ao contrário do que você diz, é indispensável.
    O trump assobiou pra chamar o lulu? Não sei, mas o lulu foi receber um afago na cabecinha, pegar um corona virus e, PRINCIPALMENTE, levar o portentoso azar que carrega e deixa por onde passa.
    O bozo é um grande pé frio e um encontro com ele antes das eleições pode ser a fórmula para a derrota do trump.
    Na torcida.

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