US Network for Democracy in Brazil realiza sua II Reunião Nacional, por Antonio Maués

US Network for Democracy in Brazil realiza sua II Reunião Nacional

por Antonio Maués

Fundada em dezembro de 2018, a US Network for Democracy in Brazil (USNDB) realizou sua II Reunião Nacional no dia 19 de outubro, na Universidade Georgetown (Washington), contando com a participação de mais de 50 pessoas, entre professores, pesquisadores, estudantes e ativistas.

A criação da rede foi consequência de uma série de ações que, desde 2016, mobilizaram diversas pessoas nos EUA para lutar em favor da democracia e dos direitos humanos no Brasil, promovendo atos contra o impeachment da Presidenta Dilma Rousseff, participando da Campanha Lula Livre e se opondo à eleição de Jair Bolsonaro. Com a vitória do candidato de extrema-direita, os diferentes grupos que vinham atuando no território norte-americano entenderam que era preciso um grau maior de articulação para enfrentar as políticas regressivas e autoritários do novo governo e apoiar os movimentos sociais no Brasil.

Presente em 45 Estados norte-americanos e em 234 universidades e faculdades dos EUA, a USNDB tem como objetivos: conscientizar o público dos EUA sobre a situação atual no Brasil; defender os avanços sociais, econômicos, políticos e culturais progressistas no Brasil; e apoiar movimentos sociais, organizações comunitárias, ONGs, universidades e ativistas.

Em seu primeiro ano de funcionamento, a USNDB se empenhou na realização de vários atos em defesa da democracia. Em março de 2019, foram organizados mais de 50 eventos públicos, reuniões, palestras e vigílias nos EUA em homenagem a Marielle Franco e seu motorista, Anderson Gomes. Em abril de 2019, a USNDB, juntamente com outras organizações, mobilizou-se contra o anúncio de que a Câmara de Comércio Brasil-EUA planejava homenagear Jair Bolsonaro como a “Pessoa do Ano”, tendo conseguido cancelar a realização da entrega desse prêmio em Nova Iorque. No mesmo mês, foi realizada, na Universidade Brown, a conferência internacional “Desafios à Democracia no Brasil”, que reuniu destacados acadêmicos e líderes de movimentos sociais dos EUA e do Brasil para apresentar suas análises sobre o país. Em agosto de 2019, em meio ao aumento dos incêndios na Amazônia, a USNDB coordenou várias manifestações públicas nos EUA, em parceria com organizações dedicadas ao meio ambiente.

Além disso, a USNDB tem cumprido um papel fundamental para chamar a atenção do Congresso dos EUA sobre a atual situação do Brasil. Como resultado desse trabalho, congressistas norte-americanos têm feito importantes declarações públicas em defesa da democracia, dos direitos humanos e do meio ambiente no país e cobrado do Governo dos EUA a adoção de medidas sobre essas pautas. Atualmente, a USNDB apoia uma iniciativa de 15 parlamentares para que o Congresso dos EUA aprove uma resolução expressando sua grave preocupação com os riscos à democracia no Brasil.

Na II Reunião Nacional, foi feito um balanço do primeiro ano de atuação e várias decisões foram tomadas sobre as próximas ações da USNDB. Os grupos de trabalho da rede foram reorganizados em torno de temas como meio ambiente e populações tradicionais; afrobrasileiros; LGBTQ+; mídia; Campanha Lula Livre. Foi destacada a necessidade de avançar na difusão das atividades da USNDB, por meio do Observatório para a Democracia no Brasil, recentemente lançado. A rede também vai se engajar em uma campanha de arrecadação de fundos para organização de um Escritório para a Democracia no Brasil, em Washington, que irá trabalhar junto ao público e às instituições norte-americanas em defesa dos direitos humanos, do meio ambiente e das instituições democráticas no Brasil e oferecer apoio para as lutas que estão sendo desenvolvidas no país.

Os Professores James Green, da Universidade Brown, e Gladys Mitchell-Walthour, da Universidade do Wisconsin e atual Presidente da Brazilian Studies Association (BRASA), passarão a responder pela Coordenação Executiva da USNDB. O próximo encontro da rede será realizado em San Diego, nos dias 7 e 8 de fevereiro de 2020.

A USNDB demonstra que a solidariedade dos setores progressistas dos EUA com o Brasil vem se fortalecendo cada vez mais. Esse trabalho traz um apoio fundamental para as lutas democráticas em nosso país, ao conseguir mobilizar a opinião pública internacional para barrar os retrocessos representados pelo Governo Bolsonaro.

Antonio Maués Professor Titular da Universidade Federal do Pará (UFPA); Membro da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD)

Redação

Redação

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  • "A USNDB demonstra que a solidariedade dos setores progressistas dos EUA com o Brasil vem se fortalecendo cada vez mais."

    Os "setores progressistas dos EUA" não mudarão a política de estado daquele país, a que vem sendo praticada regularmente há uns 150, 200 anos. Afinal é essa política que faz dos EUA o país mais rico e poderoso do mundo no século XX. Os setores progressistas dos EUA têm uma existência consentida e até desejada pelos setores conservadores.

    "Caro progressista, se fizermos o que o Sr. está propondo, se passarmos a respeitar democracias, não seremos mais o mais rico e poderoso país do planeta. E aí provavelmente o Sr. não terá mais recursos para fazer seu trabalho como progressista, especialmente para 'ajudar' outros países. O que vai ser?"

    "Humm... não seremos mais a maior potência do mundo? Bem, não mudem nada, então. Continuem criando problema que a gente continua propondo solução. O que seria do médico se não fosse o doente, né?"

    "Muito bom. E o Sr. continua sendo nosso bode expiatório, o fator que impede que sejamos vistos como o algoz que temos sido."

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