VTNC, por Wilson Ramos Filho

Parte da sedizente esquerda bem-educada se opõe aos insultos dirigidos a Bolsonaro no Rock-in-Rio pregando “bons-modos” para “não nos igualarmos a eles”.

VTNC

por Wilson Ramos Filho, Xixo

Coringa e Bacurau são alegorias instigantes para compreender a realidade brasileira, apesar da cultura da não-violência ter contaminado boa parte da esquerda bem-comportada.

Os direitos sociais (destruídos violentamente depois do Golpe de 2016) foram conquistados há um século rompendo a legalidade da época. Os Direitos são frutos da ilegalidade. Os Direitos são materializados em leis apenas depois de violentas lutas que derrotam não menos violentos processos de repressão. As leis materializam a correlação de forças, violenta, que se estabelece nas relações sociais em cada momento histórico, nunca é demais repetir.

Parte da sedizente esquerda bem-educada se opõe aos insultos dirigidos a Bolsonaro no Rock-in-Rio pregando “bons-modos” para “não nos igualarmos a eles”.

Milhões de brasileiros sofreram a violência da demissão desde junho de 2013. Milhões de brasileiros sofrem a violência diária em seus locais de moradia, em suas relações com o aparato estatal e com seu seletivo, violento, Sistema de Justiça. Mas para esquerda-namastê não podem reagir com idêntica intensidade ao argumento de que “violência não leva a nada”. Dirigentes sindicais adestrados condenam a violência contra os fura-greves e contra os capatazes do capital que violentam os trabalhadores a eles subordinados. Argumentam que violência só gera mais violência. Milhões de pessoas sofrem as consequências das violentas políticas neoliberais que comprometem suas vidas e suas mortes. Mas não podem ser mal-educados, jamais!

A violência inerente ao modo de produção capitalista é, assim, normalizada. No máximo as vítimas da violência podem recorrer a pacíficas manifestações que não transgridam a legalidade ou ingressar com uma ação judicial, entregando a um representante da Direita Concursada a “civilizada solução da controvérsia”.

Nenhum dos direitos que estão sendo destruídos foi conquistado sem romper a legalidade, sem alguma dose de violência a pessoas ou a bens. Nenhum desses direitos será reconquistado com bom-mocismo e com bons-modos.

A esquerda pacifista, entretanto, segue insistindo na cultura da paz buscando no diálogo racional uma fantasiosa concórdia com nossos algozes. Essa esquerda achou “desnecessária a violência” no filme Bacurau, e não pretende assistir o filme Coringa por ser “violento demais”, segundo ouviram dizer. Sequer podemos dizer o “faz arminha que passa” aos apoiadores da lava-jato que perderam o emprego ou aos empreendedores bolsonaristas que fecham estabelecimentos que prosperaram enquanto vivíamos em um regime democrático.

Impõem-nos a paz sem se perguntar a quem interessa essa paz defendida com fofos apelos à temperança. VTNC!

Redação

10 Comentários

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  1. Eles são úteis

    Quando a marcha da insensatez passar, e o tecido social precisar ser reconstruido, estas pessoas que são baluarte da não violência são necessárias para ligar extremos que se odeiam.

    Perceba que isso é o oposto da exclusividade. Mas sim um ode a diversidade. Todo grupo político bem sucedido tem multiplas frentes. Seja uma revolucionaria, outra política. Seja uma sindicalizada, outra partidária. Seja uma agremiação, instituto ou federação, do outro lado, um testa de ferro. Tendo múltiplos grupos com abordagens diferentes dá para se complementar, um pode ser a cenoura, e o outro, a vara.

    Pois um é a recompensa pelo bom comportamento o outro ensina o que acontece no mal comportamento.

  2. “Mas não podem ser mal-educados, jamais!”

    A teoria de cordas eh uma favela intellectual.

    Esquecam se da politica, porra!

    DERRUBEM A FAVELA INTELECTUAL PRIMEIRO.

  3. Chico César sugere q façamos uma mudança no repertório. Ele acha q devemos substituir o “VTNC” e o “FDP” por outros, sem conotação preconceituosa.
    O desafio está lançado aos criativos…

  4. A cultura da não violência paira sobre a “democracia” como pressuposto onipresente. Até outro dia, inocente útil, eu era um ferrenho defensor dessa tal cultura. Como creio haver observado bem o articulista, de tanto voar sobre a cabeça de todos nós, acabamos por esquecer, bovinamente, de questionar, por inércia, cagaço ou covardia cúmplices: democracia para quem? Violência de quem?

    1. Eu penso que tem que deixar de falso moralismo: é VTNC mesmo bando de FASCISTAS DA DIREITALHA….ELES que começaram com esse meme atacando a Nossa PRESIDENTA DILMA, então agora aguente…

  5. Bons modos é o Caralho! Porquê temos que respeitar quem não nos respeita?
    Porquê temos que ser republicanos com quem não é republicano?
    Porquê não podemos xingar quem nos xinga há décadas sem provocação?
    Cavalheirismo e boas maneiras é para adversários que respeitam as regras do jogo democrático, coisa que estes OGROS nunca fizeram. Desprezam a democracia mas se utilizam dela para destruir o país.
    Esse Puteiro só vai virar um país quando o sangue dos ricos e da classe média começar a manchar as ruas,
    até porque o sangue dos pobres mancha as ruas desde que Cabral aqui pisou.

  6. Mais do os bom modos, penso que o problema do VTNC é que parece ser só o que nos restou. como a Cynara Menezes escreveu num tuíte, se gritar BVTNC no Rock’inRio é o que temos de mobilização e protesto, Bolsonaro pode dormir tranquilo. Não basta a catarse, é preciso a resistência.

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