Xadrez do efeito Bolívia sobre o jogo político brasileiro, por Luis Nassif

A cada dia que passa fica mais claro que a bandeira da anticorrupção é um biombo político visando tirar as últimas garantias constitucionais para abrir espaço para uma nova Noite de São Bartolomeu

Cena 1 – o golpe na Bolívia

A violência do golpe na Bolívia deve servir de alerta ao Brasil. Quem assume o poder é o fundamentalismo moralista, trazendo de volta a violência clássica do continente: golpe militar com violência, prisão indiscriminada, incluindo até autoridades do Tribunal Superior Eleitoral, invasão e destruição das residências de Evo Morales e seus ministros, repressão violenta nas ruas. Ponto central: o golpe surgiu a partir da Guarda Nacional, não das Forças Armadas.

Aliás, com ordem de prisão expedida contra Evo, mais as suspeitas de uma operação visando eliminá-lo fisicamente, mais as prisões ocorridas até agora, sugere-se aos bons cultivadores da retórica dos falsos paralelismos, que parem de invocar os erros políticos de Evo para justificar um golpe militar. Vale quando erros políticos provocam derrotas políticas, não como álibi para um golpe.

Cena 2 – as semelhanças Brasil-Bolívia

A violência boliviana tem todos os ingredientes disponíveis no Brasil, a começar por uma ascensão social prévia inédita de setores historicamente abandonados, criando um quadro de reações: 

  • Ultradireita fundamentalista e violenta.
  • Mídia insuflando a opinião pública.
  • Ressentimento da classe média com a ascensão das maiorias.
  • Politização crescente das forças policiais.
  • Ministério Público atuando como gendarme do golpe, inclusive decretando a prisão de juizes do Tribunal Superior Eleitoral.
  • Apoio do governo Donald Trump a aventuras fundamentalistas na América Latina.

Peça 3 – as diferenças Brasil-Bolívia

Por enquanto, há duas diferenças fundamentais entre Brasil e Bolívia: o STF (Supremo Tribunal Federal) e as Forças Armadas, até agora sob controle de legalistas. Daí a importância de preservar essas conquistas, que não são permanentes.

O STF é a última barreira a um aprofundamento do arbítrio. Mas nele há uma luta permanente dos legalistas contra as forças dos porões.

A cada dia que passa fica mais claro que a bandeira da anticorrupção é um biombo político visando tirar as últimas garantias constitucionais para abrir espaço para uma nova Noite de São Bartolomeu, que impeça a volta de Lula ao jogo político. A ofensiva de Luis Roberto Barroso, Edson Fachin e Luiz Fux contra o garantismo já não dispõe do atenuante da falta de visão sobre as consequências de suas posições: é carne fresca para o tigre do golpismo. 

A segunda frente contra o STF vem sendo armada por Sérgio Moro, tentando estimular o Congresso a aprovar uma PEC trazendo de volta a prisão em segunda instância, mesmo atropelando cláusulas pétreas da Constituição.

Nas Forças Armadas calhou um Chefe do Estado Maior legalista e responsável, que sucedeu um militar com franca atuação política. Nem por isso reduziu o preconceito antilulista e antipopulista histórico nas Forças Armadas.

Em ambas as frentes, portanto, as barreiras ao arbítrio são tênues. E a falta de convicção democrática da chamada opinião pública midiática ajuda a alimentar o tigre.

Por exemplo, estão minimizando dois episódios relevantes. Um, o recente decreto de Garantia de Lei e Ordem (GLO) barrando o acesso ao STF, a pretexto de resguardar o encontro dos BRICS na Esplanada dos Ministérios. Outro, o fato de o governador Wilson Witzel, do Rio de Janeiro, utilizar sua Polícia Civil como polícia política.

São transgressões que, naturalizadas pela opinião pública, vão permitindo os avanços do estado de exceção. E a radicalização da política guarda relação diretamente proporcional à dimensão política de Lula no quadro atual.

Peça 4 – o papel de Lula

Steve Bannon, o ideólogo da ultradireita, avaliou bem o papel de Lula no jogo ideológico global, em entrevista concedida à BBC News.

Tratou Lula como o maior ídolo da “esquerda globalista”, agora que Barak Obama está fora do jogo. Dois pontos são relevantes: o fato de colocar Lula ao lado (e, agora, à frente) de Obama; e o fato de ambos representarem o que ele chama de “esquerda globalista”, deixando subtendido que o ideário bolsonarista é o do nacionalismo fechado. Tornou-se liberal por questões táticas.

Além disso, o golpe na Bolívia deixou claro o efeito-dominó do impeachment. O Brasil de Lula e Dilma atuava como fator de moderação e de equilíbrio para as disputas regionais, moderando o radicalismo de Hugo Chávez, fortalecendo o trabalho admirável de Evo Morales. Não fosse o impeachment e o bolsonarismo, a esta altura o Brasil estaria alinhado com a OEA (Organização dos Estados Americanos) garantindo novas eleições, mas com a manutenção de Morales no cargo até o final do mandato.

O terraplanismo de Bolsonaro tornou o Brasil mero apêndice do trumpismo, isolou-o progressivamente da liderança do continente, embarcando na canoa furada do Grupo de Lima, deixando o continente à deriva e à mercê de fundamentalistas. E com um caldeirão de ódio espalhado por todos os cantos

Peça 5 – as torrentes de ódio

Por trás desses dois diques, do STF e do Alto Comando, há um oceano de ódio, revanchismo, envolvendo milícias e grupos com pouco apreço pela vida humana, uma polarização que irá se acirrar mais ainda com a libertação de Lula. Daí a importância de Lula ponderar esses fatores em sua estratégia política. 

A estratégia tem lógica. Um primeiro tempo de discursos eloquentes visando despertar a militância, reorganizar o PT, prepara-lo para as eleições municipais do ano que vem e mostrar cacife para pilotar a reorganização das esquerdas  Um segundo tempo, com um discurso racional, de novo projeto nacional, visando consolidar a frente das esquerdas em torno de propostas factíveis, e definindo uma candidatura para 2022. O segundo tempo deverá ser necessariamente flexível para permitir o terceiro tempo, os pactos que se darão no 2º turno das eleições, visando aglutinar as forças democráticas de espectro mais amplo.

O grande problema é o timing, o sentido de tempo. O caldeirão do golpe-sobre-golpe está sendo aquecido pelos seguintes fatores:

  • O fator Bolívia, mais o fator Chile, sendo explorados pela ultradireita.
  • O impacto da libertação de Lula, mostrando seu potencial eleitoral.
  • As investigações da morte de Marielle Franco, acuando a cada dia os Bolsonaro.
  • A revanche da Lava Jato, que provavelmente induzirá a incursões da banda radical da primeira instância do Ministério Público e da Polícia Federal.
  • As ofensivas das milícias bolsonaristas, com a radicalização retóricas das redes sociais podendo induzir a atos mais graves no mundo real.

Mais que nunca, haverá necessidade de bom senso e de bombeiros atuando ininterruptamente. 

Ficará claro, nesses tempos de paroxismo, que incursões oportunistas a favor da radicalização, por parte de Ministros do STF, procuradores, políticos, terão graves consequências para a paz social brasileira. Essa mesma precaução tem que ser adotada pelas esquerdas, sem se deixar contaminar pelo falso triunfalismo que se seguiu à libertação de Lula.

Luis Nassif

35 Comentários

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  1. Parabéns aos cabeças-de-ovo que ficam apostando todas as fichas na institucionalidade. Evo Morales foi ELEITO EM 1º TURNO e mesmo assim sofreu um golpe militar.

    A força fundamental contra a direita não é uma “frente ampla” institucional (frente essa que compreende quase a totalidade da direita), mas a mobilização de massas.

    Se não mobilizar o povo na rua, a direita vai fechar o regime sim, e a esquerda vai ficar chupando o dedo enquanto o fascismo se instala.

    O Lula livre não resolve nada se esse fato não se traduzir numa confrontação maior com a direita. Se ficar nesse papo de “2022”, estamos perdidos. Mas, sinceramente, eu acredito que mesmo que queiram empurrar a situação política com a barriga, o negócio explode antes, porque todo mundo que eu conheço está empobrecendo, vivendo pior ou desempregado.

    A Bolívia ensina: conciliar com a institucionalidade burguesa resulta em ditadura fascista! O Chile ensina: povo na rua põe o regime político em xeque!

    1. Estás totalmente certo.

      E o “plano 2022” do Nassif contradiz até o que ele mesmo acaba de dizer: até lá, um dos “diques”, no mínimo, que ele aponta, terá “ruído”. Se o Bolsonaro não cair a tempo, ele colocará mais um dos dele no STF, e acabou! E, se ele cair, mas ficar o Mourão no lugar, a situação – quanto a esse item – não muda muito.

  2. É inacreditável! Na análise do Nassif NÃO EXISTE POVO! É tudo institucional!

    O Nassif vê o povo como “opinião pública”, e não como força política. Talvez um male de jornalista.

    Inclusive, se o povo não é uma força política, o Nassif podia escrever um artigo explicando como a ditadura militar acabou no Brasil. E de que buraco o Lula surgiu.

    1. Acho que fecharam ao povo o caminho institucional da luta com o golpe de estado e a prisão de Lula. Sem as Instituições, as insatisfações do povo não conseguem se articular. O máximo que se pode esperar é uma revolta dos Coringas. O bolsonarismo é uma revolta de Coringas! A verdadeira luta é a luta pelo fortalecimento das instituições. É só no campo do Estado de Direito que o povo pode participar de modo consciente e eficiente. Do contrário o povo mais simples será o mais fundamentalista é o mais bolsonarista.

    2. O povo brasileiro é inerte, conforme comprovado pelo apoio ao golpe de 2016, pela eleição do ano passado e pela quietude bovina em relação á perda de direitos representada pelas reformas em curso.

    3. É que a questão é a do bolsonarismo preparar a institucionalização do milicianismo. É ficar atento aos próximos dias, pois ele já avisa a sua saída do PSL, que possivelmente é a desmontagem do partido atual, levando com ele o batalhão de PMs que foram eleitos e estes sim, consideram o “mito” como exemplo do revoltado-mor contra a instituição militar (como o Bolsonaro é e foi) e como muitos na instituição militar, depois de serem massacrados psicologicamente e se sentirem como a bucha de canhão de superiores e representantes de um estado corrompido, que não se preocupam com suas questões. O major Olimpio faz campanha semanal diante do palácio do governo de SP. Dória foi vaiado e o “mito” ovacionado na mesma cerimônia, por PMs. O problema atual não são com as FA, como não foi nos países vizinhos nas conturbações atuais. Para os que acreditam nas teorias conspiratórias, na ditadura (e já sabemos por documentos abertos) os americanos treinaram e criaram foram as PMs e a direita raivosa, se está usando infiltração nos grupos armados, é com os PMs agora com cargos eletivos. Então é aguardar se o partido do Bolsonaro for para este caminho, na eleição de 2020 o major pode sair de candidato na prefeitura de SP, mirando 2022 com dobradinha ao Bolsonaro, contra Dória em SP.

  3. Arrisco a dizer que o golpe contra o povo boliviano ocorreu de forma a abafar a gloriosa libertação do presidente Lula e o aprofundamento das investigações do assassinato da vereadora Mariele.
    Não que o golpe não estivesse sendo preparado. Estava. O velho Juca Chaves dizia que baiano quando não está sambando está ensaiando. Esta analogia cabe perfeitamente ais golpistas, sobretudo os falcões do norte.
    De qualquer forma, por mais que se tente entender o que ocorre no mundo,fica difícil decifrar o caminho que vem sendo trilhado por estes golpistas. A super produção industrial e mesmo algumas áreas de serviços, totalmente informatizadas e que possibilitam grandes ganhos de capital somente são viáveis se houver consumo compatível, caso contrário é um investimento que não tem retorno, ou seja,existe uma grande contradição entre o desenvolvimento e a financeirização e esta política suicida de destruir os direitos sociais já que,serão estes que garantirão a existência dos primeiros.
    Não sem razão, bilionários americanos já alertam que precisam ser mais taxados.
    Caso contrário, a noite de São Bartolomeu será lembrada como uma brincadeira de criança perto do que está por vir.

  4. 2022 Nassif? E vai restar algum Brasil até lá?? A chapa de Bolsonaro precisa ser cassada, a eleição anulada, o impeachment declarado ilegal. Restituída a legalidade novas eleições precisam ser convocadas PRA ONTEM
    Não existe acordo com quem não respeita a LEI.

  5. Os golpistas já estão aí ostensivamente no poder (onde sempre estiveram neste pobre país,embora por alguns poucos períodos mais quietos, observativos, embora nunca inativos).
    Aguardam apenas a “oportunidade de criar a oportunidade”.
    E aí, com apoio da míRdia, dos zumbis, das forças de segurança e outras instituições aparelhadas, dos patrões externos, dos empresários da banca e do agronegócio e das igrejas universais, mundiais e gerais.
    Consolidarão o golpe do golpe!
    Para não perder o hábito de séculos…
    E o braZil continuará a ser o bobalhãozão dos gigantes geoeconômicos deste planeta.

  6. Em outro post questionava se a elite podre iria respeitar a vontade popular das urnas quando não lhes forem favoráveis……… acredito que não, não respeitaram aqui, com o impeachment e posteriormente com a prisão de Lula e os acontecimentos estranhissímos que ocorreram na campanha eleitoral…. quando não há o golpe através da guerra híbrida, com a união de mídia, burocracia estatal e redes sociais com suas fake news, há o velho e descarado golpe militar…..aqui já houve os dois, ou quando um milico ameaça o stf é para mandar beijinhos????
    Não vejo paz social no país para os próximos anos…..esse embate entre as necessidades dos povos e a ganância e soberba das elites está longe de acabar….

    1. Por acaso Evo Morales respeitou a Constituição e a vontade popular ?

      A constituição aprovada durante o governo de Evo Morales proibia a sua reeleição.

      Mesmo assim, Evo Morales convocou um plebiscito para convocar o povo a decidir se ele podia ou não se candidatar.

      Perdeu.

      Contra a Constituição e a vontade do povo Evo Morales aí chama o STF de lá e consegue desse, ao arrepio da Constituição e do resultado do plebiscito a autorização para se candidatar.

      Acho que o STF daqui deveria dar uma lição ao STF de lá e explicar que a Constituição e o resultado de plebiscito devem ser respeitados.

        1. Pois é, mas quando o STF, que existe para fazer cumprir a Constituição, juridicamente, decidiu em 2016 desrespeitá-la politicamente, alterando ilegalmente a Constituição (e inclusive determinação da ONU, a qual o Brasil se submete), permitindo que o líder nas pesquisas fosse preso em 2a. instância (diga-se de passagem, por um juiz criminoso que não sabe que o seu papel é julgar, não investigar, acusar e condenar), aí vc gostou, né?
          Gostou que desrespeitassem a Constituição e a vontade popular.
          Sua visão de mundo depende apenas dos gritos de sua torcida.
          Não de sua “racionalidade”, se é que existe alguma.

          1. Evo Morales não respeitou a vontade popular quando convocou um plebiscito para que o povo decidisse se ele poderia ou não se candidatyar e o povo responde Não.

            Muito diferente comparar o resultado de um plebiscito com pesquisas eleitorais. Pesquisas tem toda a semana de vários institutos, já o resultado de um plebiscito só tem 1, e esse é definitivo.

            Evo Morales convocou um plebiscito e não cumpriu o que o povo decidiu livre e democraticamente.

            Se não é para acatar o voto da maioria do povo, pelo voto livre e democrático, qual o sentido de se fazer eleições?

      1. Imagino que foi favorável ao GOLPE contra Dilma e a prisão do Lula,só para dar dois exemplos.Cadê o respeito a CONSTITUIÇÃO nesses exemplos????ou vc gosta de farsas?
        Coerência é algo do que carecem os imorais.

  7. Não é possível…….
    1-Não é possível ter uma democracia e um estado de direto sem controle estrito do “homens de armas”, seja policia ou forças armadas……devem fidelidade “canina” ao governo eleito e a constituição, e sem reclamar nem opinar…tem todo o direto de não gostar de fulano ou beltrano mas o direito de expressão se resume, no máximo,a reclamar na cama com o travesseiro…..tem que se extirpar das policias e FA qualquer resquício de “macartismo”/anti-esquerdismo” anacrônico e de saudosismo da ditadura….a formação dos “homens de armas” deve ser revista de auto a baixo, queiram eles ou não, os países da AL que mais puniram os militares golpistas, Argentina e Uruguai, são os que tem menos problemas com os milicos….os que “passaram o pano” se vem as voltas com os militares/policias se metendo na vida publica…..de novo….
    2-Não é possível dar a liberdade de acumulo de riqueza e de tomada de poder politico a “igrejas” em nome de uma suposta liberdade de culto……liberdade de culto se resume a esfera privada dos seguidores da tal religião e só …qualquer tentativa de “empoderamento” dessa turma deve ser coibida desde cedo….velho como o mundo…se o cacique quer reinar, deve ficar de olho no pajé…..ja sabia do poder da “fé” Aquenáton em 1.353 a.c……já deu tempo de a AL aprender…..e se olharmos para a Bolívia, vamos ver os mesmos “fariseus”, picaretas, bandidos e sobretudo falsos moralistas que pululam no congresso, que também por la pululam….
    3-Não é possível ter o nível de desinformação politica e de cidadania….o que é Democracia, Republica,Justiça, estado de direto, constituição etc, deve ser ensinado e “inculcado” desde a mais tenra idade…
    4-E finalmente Não é possível ter a imprensa “mainstream” que temos…..essa não carece de nem de explicação

  8. Estaria a América Latina fadada a ser eterno quintal dos EUA?
    A cada avanço efêmero das forças populares, novos golpes e fortes retrocessos.
    Na verdade, o que falta na América Latina é o apreço pela democracia.

  9. Acho ser um pouco de viés político querer o Morales eternamente no poder, haja vista a debandada de bolivianos rumo aos grandes centros do Brasil. Aliás a ilusão da perpetuação petista o fizeram alvo de desconfiança popular. Dede de já, o Brasil perde com Lula chingando todo mundo, isso alivia as mazelas bolsoolavianas. O povo brasileiro tá desnorteado, por causa de políticos amarrados em discursos de décadas atrás que não vão acordar ninguém. O cenário é: Bolsomaro fala para 1/3 da população, entre outros, evangélicos e polícia assalariada, por sua vez Lula fala para 1/4 da população, sobretudo os muitos pobres e a alguns educadores. Por essa estatística sobra muita gente indecisa não só porque ambos políticos não preenchem requisitos como uma agenda de desenvolvimento econômico responsável ao longo prazo para melhoria dos filhos de todos, exemplos não faltam, o ex-presidente ficou preso a narrativa de não privatização substancial da Petrobrás sem saber o que os Americanos combinaram com os Árabes, pior que isso sem saber do pacto anti-carro à combustão que virà da União Europeia já ja, por sua vez, do lado do ex-Capitão tem -se uma reforma da previdência quase que somente privada, que não vai durar 10 anos a estagnação do aumento da propria dívida da presidência geral. Em sendo assim, como parar as revoltas dos pobres países vizinhos sendo que nem temos políticos com visão de Nação próspera.

  10. a vã viagem circular de Evo Morales:

    Evo Morales foi eleito em 2005 no bojo da mais radical mobilização popular na América latina no início do séc. XXI, caracterizando uma conjuntura revolucionária: dois presidentes foram derrubados (Sánchez de Lozada e Carlos Mesa) e medidas neoliberais foram revogadas.

    após referendada a Nova Constituição Boliviana, Evo foi reeleito em 2009 com 64% dos votos e o MAS conquistou maioria de 2/3 no Senado e na Câmara, levando a Direita parlamentar (Podemos) a falência.

    ainda assim, mesmo nesta correlação de forças amplamente favorável, com o “empate catastrófico” de 2003 tendo evoluído para uma vitória de goleada, Evo e o MAS fizeram uma fatal inflexão à Direita, paulatinamente estreitando seus laços com o poder hacendal-patrimonialista.

    priorizando a via parlamentar/institucional e sabotando a construção do Poder Popular e da autonomia indígena, Evo se escorou em alianças com o setor exportador de commodities, inclusive com os narcotraficantes.

    agora o espectro da contra-revolução assombra a Bolívia, completando como círculo infernal a viagem iniciada numa conjuntura revolucionária entre 2003 e 2005.

    a História da América Latina, a nossa História, é a de uma Revolução negada: tanto a Revolução Democrática Burguesa quanto a Revolução Popular Socialista.

    O operário do lucro expoente
    E a parte excedente não lhe é revertida
    Se aderirmos aos jogos políticos
    Seremos síndicos da massa falida

    “Massa Falida” – Duduca e Dalvan
    música citada por Lula em seu primeiro discurso após ser libertado,
    em 08/11/2019, na Vigília Lula Livre, em Curitiba
    .

  11. É bastante interessante observar que a provável “nova presidente” da Bolívia É LOIRA (BLONDE), e isso num país em que 8o% da população é indígena!!!; De todo modo, não penso que o golpe será tão fácil, porque esão metidos evangélicos idiotas no meio, que tomara o palácio e colocaram bíblias no chão e rezaram “pela paz”, enquanto a polícia matava sem pudores nas ruas!!, DE resto, esse é o golpe de número 183 realizado naquele país!!

  12. Negar armar a população é candidatar-se a escravo. Os golpistas estão armados. A esquerda desarmou a população e Hugo Chaves que não era uma besta tratou de armá-la e por isso Maduro não caiu antes que os russos viessem em seu socorro. Quando a polícia abrir fogo sobre a multidão ela vai revidar com o que?

  13. -> Um segundo tempo, com um discurso racional, de novo projeto nacional, visando consolidar a frente das esquerdas em torno de propostas factíveis, e definindo uma candidatura para 2022.
    -> os pactos que se darão no 2º turno das eleições, visando aglutinar as forças democráticas de espectro mais amplo.

    neste exato momento a agência Sputnik News fornece atualizações on-line sobre a situação na Bolívia, curiosamente alocando a matéria no setor “Oriente Médio”: erro ou alerta?

    para a Esquerda não há opção: nem a conciliação e a via parlamentar/institucional e muito menos a ruptura voluntarista e o vanguardismo armado.

    para Lula também não há opção: a História o conclama, como em 1979, a ser novamente a grande liderança de um movimento de massas no Brasil – como então aquele que acelerou o fim da Ditadura Empresarial-Militar (1964/1989).

    avançamos para os momentos mais perigosos de nossas vidas, justamente aqueles que darão sentido à nossa existência.

    não contem com 2022, caso contrário até lá nenhum de nós estará vivo…
    .

  14. Que “forças democráticas” são essas, Nassif, que não estão intoxicadas pelo antipetismo?

    Não dá pra continuar nessa torcida…

    A direita e a extrema direita já botaram as cartas na mesa ha um tempão: ou o PT, PT, PT cai fora ou aceita voltar a ser figurante, ou melam o jogo. Esse, alias, era o pacto da falecida nova republica. Foi só o Partido dos Trabalhadores ganhar uma, duas, três, quatro vezes que eles partiram pra ignorância, todos eles.

    É o ensinamento mais básico da Sociologia Política, ou seja, das relações de Poder, que quer dizer das relações de mando e obediência: os caras querem mandar; não aceitam que qualquer representação popular ocupe o lugar que acreditam ser deles, ou por direito divino ou por herança histórica.

    1. O botafogo já disse isso hj onde mesmo…..

      Alias, tem que trazer ele e o bebezão mimado, que deve ser lojista de boa cepa pois ocupa cargo para o qual é totalmente despreparado, para o centro do debate…

      botafogo, bebezão mimado, thuthuka e coisa ruim, são os quatro cavaleiros do apocalipse, lacaios dos abutres rentistas…..

  15. Nassif, Evo Morales convocou um plebiscito para o povo boliviano decidir se ele, Evo, poderia disputar a Eleição para a Presidencia CONTRA a Constituição.

    O povo decidiu seguir a Constituição, mas Evo Morales decidiu não cumprir nem a Constituição e nem a vontade do Povo.

  16. precisamos criar um jeito de combaermos as fake news, as
    mentiras cabeludas criadas pela direita através do
    famigerado uatizápi…
    infelizamente, famigerasdo porque usado
    para praticar o mal, divulgar mentiras e infamias
    contra os progressistas..

  17. Temos que fazer pacto com o povo.

    Rodrigo Maia foi pedagógico, explicou em uma simples frase o que seria este pacto:

    Maia: “O pacto com Lula é impossível”

    Temos dois caminhos:

    ou fazemos política sem medo, ou deixamos a elite cagar caviar na nossa cabeça.

  18. Pergunto aos senhores ?
    Historicamente falando no que deu contemporizar com o fascismo ?
    Historicamente falando, Qual a única linguagem que fascista entende ?
    Historicamente falando, Qual foi o único remédio eficaz para o fascismo ?
    É necessário desenhar ?

  19. situação na Bolívia ainda está indefinida. não há mais governo. há um vácuo institucional.

    as massas se põe em movimento, não por Evo mas por si próprias. Contra-revolução e Revolução se defrontam no chão das ruas La Paz, respirando o ar rarefeito a 4.000 m de altitude.

    a ofensiva simultânea do Imperium em diversos países da América Latina, longe de ser sintoma de força é sinal de desespero senil, esgarçando sua já comprometida capacidade operacional (vide derrota humilhante na Síria).

    coincidindo com a reunião dos BRICS no Brasil, abre-se uma oportunidade ampla para unificar a resposta do movimento popular: Haiti, Honduras, Equador, Chile, Bolívia e Argentina.

    ao Brasil cabe o papel decisivo: seria o momento de grandes manifestações de massa, acompanhadas de intensas articulações políticas nos bastidores.

    não haverá 2022, assim como não houve 2018.
    .

  20. Evo Morales é um conciliador.

    A Bolívia tem um um histórico de conflito intensos, que foram amenizados com os sucessivos governos de Evo Morales(MAS).
    Sem Evo Morales os movimentos populares podem retomar um caminho mais radical e insurrecional, semelhante ao períodos dos conflitos de 1952 e 2003.

    É preciso aguardar os próximos acontecimentos, onde não está uma guerra civil com divisão das forças armadas e a formação de milícia operárias e camponesas.

    E cedo para subestimar a força popular na Bolívia, e talvez essa seja a aposta de Evo Morales, para ser chamada para interromper novamente um processo insurrecional e revolucionário na Bolívia.

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