A incompleta estratégia de crescimento da China, por Yu Yongding

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Foco no lado da oferta ignora questões atuais do país

Jornal GGN – O ritmo de crescimento chinês foi perdendo força ao longo dos últimos seis anos – muito mais tempo do que o esperado. No desespero para conter o processo, economistas e funcionários do governo do país têm buscado uma explicação que possa levar à uma resposta política eficaz. Em novembro passado, as autoridades oficialmente culparam as deficiências existentes do lado da oferta a longo prazo, que se comprometeram a abordar as reformas estruturais de longo alcance.

“Embora as autoridades chinesas devam ser aplaudidas por seu compromisso com a implementação dolorosa – um mal necessário – das reformas estruturais, o foco no lado da oferta ignora o presente em grande parte”, diz  Yu Yongding, ex-presidente da China Society of World Economics e diretor do Instituto de Economia e Política Mundial da Academia Chinesa de Ciências Sociais, em artigo publicado no site Project Syndicate. “A China enfrenta dois desafios distintos: a questão de longo prazo de uma taxa de crescimento potencial em queda e o problema imediato de crescimento abaixo do potencial”.

Entre os fatores de longo prazo que podem comprometer o potencial de crescimento, o economista lista os retornos decrescentes de escala, o aumento da diferença de renda e o estreitamento de escopo tecnológico através da imitação. “Além disso, mesmo que se dilua o dividendo demográfico do país, a sua capacidade de carga (o tamanho da população que o meio ambiente pode sustentar) está sendo esgotada – uma situação que os altos níveis de poluição certamente não estão ajudando. Finalmente, e mais importante, o país está sofrendo com o progresso insuficiente sobre a reforma orientada ao mercado”.

Embora alguns desses fatores sejam considerados irreversíveis, o articulista diz que outros pontos podem ser tratados de forma mais eficaz. “De fato, a estratégia de reforma para oferta do governo irá percorrer um longo caminho para fazer, em um última análise, a estabilização ou mesmo o aumento do potencial de crescimento da China. Mas, ao contrário da crença popular, eles não vão aumentar a atual taxa de crescimento da China”.

Para Yongding, uma das razões pelas quais os economistas acreditam que uma estratégia de longo prazo podem ser a solução para o país é a “noção generalizada de que o atual excesso de capacidade reflete problemas do lado da oferta, e não falta de demanda. De acordo com este ponto de vista, a China deve implementar políticas como cortes de impostos para incentivar as empresas a produzir produtos para os quais existe demanda genuína. Dessa forma, o governo não vai sustentar inadvertidamente “empresas zumbis” que não podem sobreviver sem empréstimos bancários e apoio dos governos locais.

No curto prazo, quando o excesso de capacidade e a deflação são os principais obstáculos, o articulista diz que “o investimento em infraestrutura estimula o crescimento pelo lado da demanda da economia. No longo prazo, ele opera através do lado da oferta para aumentar a produtividade e, assim, aumentar o potencial de crescimento”. Segundo o economista, a China pode financiar tais investimentos com os déficits fiscais, dada a forte demanda por títulos do governo. E como os principais bancos chineses são de propriedade estatal, com os controles de capital em seu devido lugar, o articulista diz que “o risco de uma crise finaneira iminente é muito baixa”.

(tradução livre por Tatiane Correia)

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

7 Comentários

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  1. A 6% ao ano de crescimento

    A 6% ao ano de crescimento continuado, em doze anos o PIB dobra! Se ele é maior hoje que uns US$ 10 trilhões, já viram onde vai dar?

  2. Creio que a China vem
    Creio que a China vem cometendo erros do egocentrismo culrural e o Brasil é uma evidência. A China não aproveitou os governos de Lula e Dilma pra fazer um parceria estratégica desenvolvimentista. A estratégia deles é similar a dos estadunideses querem ganhar muito mais e dominar. Resultado: nenhuma empresa industrial local em parceria foi.criada ou se desenvolveu conjuntamente. Eles estabelecem deficit industrial, além da estabelecem a queda civilizatoria no mercado de trabalho que entram com seus sistema hierarquicos opressores, exploratórios e de baixa valorização humana, onde sempre geram pela queda civilizatoria e pelo rompante de superioridade semelhante aos norte-americanos. Resultado o trem bala não saiu, nem empresa chinesa dominou nem empresa brasileira parceira foi criada ou fortalecida. Agora tem-se um.governo golpista que se puder entregam tudo aos EUA e enterram qualquer parceira com chineses. Em resumo precisam aprender e evoluir muito ainda….

  3. A Lei do Crescimento Cumulativo

    Indispensável ao analisar casos como o crescimento da China. 

    O crescimento populacional mundial, por exemplo, cresceu numa média anual de 0.8% ao ano entre 1700 e 2012. Isto, portanto, dá um crescimento vertiginoso em 3 séculos de 10 vezes. De 600milhões de habitantes em 1700 pulou para 7 bilhões em 2012. Neste ritmo, em 2300 teremos uma população girando em torno de 70 bilhões. 

    Portanto, é importante destacar que crescimento de produção ou de população de 1% é algo imperceptível em 1 ano mas é o suficiente para mudar completamente a estrutura e o perfil de uma nação ou sociedade se este crescimento de 1% for constante durante 30 anos, por exemplo. 

    A meu ver, a não sustentação de “níveis chineses” de crescimento a longo prazo na China mais que um problema estratégico, é um problema de matemática.

     

  4. Crescimento infinito?

    A única coisa que cresce sem limites para parar, é um tumor cancerígeno. Ou melhor, até um tumor para de crescer no dia que o paciente morre.

    As vezes, crescer indefinidamente,não é uma vantagem, mas uma doença. Países como Austrália, ou Canadá, com crescimento muito menor, e população muito menor, tem qualidade de vida muitíssimo menlhores do que a China.

    1. ah sim, claro.

      Também seria o Brasil se tivesse somente os 20 milhões de pessoas para quem o Temer governa. Falta combinar com os russos, digo, com os outros 180 milhoes. (Agora multiplique isso por 6, e dá na China)

       

      E outra: o Canada e a Austrália so tem as receitas que tem pq vendem materias primas aos montes para dois gigantões do crescimento: EUA e China. Assim fica fácil!

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