Putin pode mudar equilíbrio de forças no Oriente Médio

Por Jorge Rebolla

Do Vermelhos não

A Síria e Putin

Hoje, 28 de setembro, teremos um dia interessante. O discurso de Vladimir Putin na Assembléia Geral da ONU vai desvelar muito do que está ocorrendo no Oriente Médio. Principalmente nas últimas semanas.

Acontecimentos noticiados apenas por veículos da região, como os sites Debka e Al Masdar, e também pela mídia alternativa, podem se tornar manchetes da imprensa corporativa. Muito discreta quando as notícias não são favoráveis aos interesses ocidentais.

A partir de agosto os EUA começaram a admitir os seus mal feitos na Síria. Obrigado pela nova realidade. Dizer publicamente que fracassou o seu plano para infiltrar moderados, que lutariam para depor o presidente Assad, foi a confissão pública do seu envolvimento com os grupos terroristas. Como é possível acreditar que durante um longo período todos os seus pupilos desembarcados no país imediatamente aderiam a uma das várias facções ligadas a Al Qaeda ou ao ISIS e eles desconheciam? No último balanço oficial o Pentágono declarou ter conhecimento e controle sobre 5 elementos. E os demais? Apenas após a regulamentação do programa americano foram gastos US$ 500 milhões, em menos de um ano.

Além das páginas dos jornais ocidentais onde mais existe o tal Exército Livre da Síria? No terreno temos apenas várias franquias do terrorismo takfir. Mesmo sob nomes diferentes são aliados que trocam informações e equipamentos entre si. Todos abastecidos e financiados pelos turcos, sauditas e outras monarquias árabes, além dos EUA. Mesmo assim os meios de comunicação americanos e europeus continuam a declarar a sua existência. Um suporte midiático para legitimarem algum títere na presidência do país, desde que aceito pelos senhores da guerra que comandarão um país fragmentado. Como é a Líbia hoje.

aliança formada por Rússia, Irã e Iraque em apoio ao regime sírio (com a presença do Hezbollah) e combate aos terroristas é um fato. A desobediência do governo de Bagdad às ordens americanas é um revés difícil de ser assimilado por Washington. Nos últimos dias, antes que ela se tornasse pública, John Kerry, secretário de Estado dos EUA, e Federica Mogherini, representante da União Européia para política externa, tentaram impedir a sua concretização. O alvo foi o ministro do exterior iraniano Javad Zarif. O acordo nuclear ainda não ratificado pelo Congresso americano. 

A possível adesão oficial da China ao grupo liderado até o momento pela Rússia pressionará ainda mais os americanos e europeus. Mudando definitivamente o equilíbrio de forças no Oriente Médio. Deixando à OTAN apenas a possibilidade de impedir a sua atuação por meios militares. Uma guerra improvável, tendo em vista que muitos governos da Europa já estão revisando o posicionamento sobre a necessidade de deposição de Bashar Al Assad como condição inicial para qualquer negociação sobre a guerra civil síria.

Uma coalização internacional, incluindo o atual governo sírio e o partido Baath, para lutar contra o terrorismo na Síria, pode estar próxima de ser concretizada, principalmente pelo receptividade que terá na opinião pública européia, temerosa do afluxo cada vez maior dos refugiados do conflito. Principalmente se existir o risco da guerra se expandir para outros países. 

Redação

13 Comentários

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  1. Terrorismo americano/sionista

    É mais do que a hora de a Russia e a China acabarem c/o terrorismo americano/sionistas que já matou muitos MILHÕES de Árabes e Norte Africanos.

  2. Obama x EUA.

    Eu acho que a alta do dólar tem muito haver para manter a máquina de guerra americana; Um tipo de arrecadação, imposto, contribuição que os demais países servos do império tem que doar as custas de seu povo, para combater os chamados terroristas, mas que na verdade, estamos ajudando a fazer guerra, ajudando a destruir países que ainda não aderiram ou que se rebelaram contra os poderes do capitalismo, liderado pelos EUA.

  3. Moscou também tem interesse
    Moscou também tem interesse em destruir o EI por temer sua infiltração nas turbulentas áreas muçulmanas sob seu controle no Cáucaso. O problema é como lidar com a vontade do Irã, maior aliado russo na região, que é adversário nominal do EI mas parece apostar na divisão sectária da Síria. Assad só resiste no poder devido ao apoio militar de Teerã, via forças xiitas irregulares, tanto iranianas quanto do libanês Hizbullah. A partilha da Síria recriaria o mapa da região, mas poderia levar a uma instabilidade ainda maior no escopo da disputa entre sunitas liderados pela Arábia Saudita e xiitas sob o Irã. Para Putin, esse cenário só é bom porque levará ao aumento do preço do petróleo.

  4. Os problemas só se acumulam…

    Vamos imaginar um cenário:

    Sob liderança russa, Irã, Iraque, Hezbolah e o “governo” sírio derrotam e expulsam o ISIS. Uma Síria muito ferida mas unificada sob o Baath ressurge. Os três estados e mais o para-estado que é o Hezbolah não vão esquecer nem perdoar os responsáveis pelo massacre sírio, e vão estar sempre em estado de tensão máxima em relação aos sauditas e seus sócios jordanianos e turcos. 

    Com o crescente enfraquecimento relativo americano, com Rússia e China se aproximando rapidamente do equilíbrio econômico e tecnológico em relação à OTAN, quanto tempo levará para que aqueles países cheguem ao ponto de atacar os sauditas? Com uma população três vezes maior do que toda a península arábica reunida, e uma pequena capacidade industrial própria, além de fornecedores poderosos, como os russos e chineses, a possibilidade de sejam vitoriosos, ainda mais numa guerra ao estilo blitzkrieg, é enorme.

    Como disse, os problemas só se acumulam…

  5.  
    OS GAJOS DO NORTE SÃO

     

    OS GAJOS DO NORTE SÃO CHEGADOS NUMA TRAPAÇA.

    A gazua com a qual o Pentágono e seus asseclas da OTAN pretendiam acabar de arrombar o mundo Árabe. Desta feita,  camuflados  sob o descarado chavão de “Primavera Árabe.”  Malgrado a montagem da corpulenta campanha midiática de apoio e manipulação. Ao final, com a chegada  do eslavo Putin na cena do crime, justo quando os assaltantes percebem que a gazua que usavam, já apresenta sinais de acelerado processo de oxidação.

    Mais uma vez, os criminosos imperialistas são flagrados com as calças arriadas. Embora nada tenham a temer, os criminosos incorporam ao seu imenso acervo de barbaridades, mais esta tragédia humanitária que provocaram, e da qual, a história os condenará.

    Valeu o comentário postado por Jorge Rebolla

    Orlando

     

  6. Na verdade, em minha opinião,

    Na verdade, em minha opinião, essa é a salvação do planeta! Ao contrário dos bitolados pela mídia e filmes americanos. Putin salvou a Rússia recuperando seus ativos e indústria de petróleo e gás de alguns empresários Russos e muito provavelmente americanos também! Devido a isso foi perseguido e vem sendo perseguido pelo empresariado bélico e petroleiro americano ou não americano. Criaram a crise da Hungria, por exemplo, financiando o presidente Hungaro que não tem uma minhoca na cabeça e só criou conflitos naregião de maioria russa, que não tem o mínimo interesse nessa guerra, por isso não vingou e nem vingará. O que só está faltando hoje, é desmarcarar estes seres que devido a ganância estão causando desestabilidade em vários pontos do Globo, com o objetivo maior de aumentar suas fortunas. Chaves, bitolado em perder o petróleo do seu povo gastava as arrecadações a torto e direito e utilizava a força para não ser desposto do seu cargo de direito, eleito em uma eleição democrática. Mas a pressão americana e as ameaças de golpes o tirou do desequilibrio e no final o empresariado acabou ganhando do povo. Hoje, a um complexo… pois naturalmente estes candidatos que prometem recuperar os bens naturais que estão sendo roubados do país pelo empresariado para poder investir no povo, acabam ganhando as eleições sem nenhuma fraude; mas logo grupos minoritários financiados, tentam tirá-los do poder e então, usando a força contra estes grupos, dão a munição necessária para os editoriais jornalistícos financiados pelo empresariado ganancioso criarem manchetes para que até a população beneficiada mude seus pensamentos sobre as boas intenções do governante e o peça para sair. É uma tática perversa, mas eficaz. Acabam convencendo o restante do congresso do país que ainda não foi comprado e então, o golpe acontece. 

  7. A mesma história

    Pollítica e diplomacia envolvendo estratégia de dominação colonial.é uma velha história que o tempo não nos faz esquecer.Putin não é diferente, e sua mensagem convencerá somente os incautos.

    “Hoje, 28 de setembro, teremos um dia interessante. O discurso de Vladimir Putin na Assembléia Geral da ONU vai desvelar muito do que está ocorrendo no Oriente Médio. Principalmente nas últimas semanas.”

  8. Parabéns, Rebolla

    Nao é que quando vc quer vc dá uma boa contribuiçao? Mas cuidado, porque, a continuar com esse tipo de crítica aos EUA, um belo dia vc acordará na esquerda… (rs…)

      1. A frase final pode ser irônica, mas o parabéns foi sincero

        Há bastante tempo o Rebolla nao tem agido como troll. Continua de direitíssima e conservador, mas nao tem enchido o saco falando de Cuba até em tópicos de culinária, e coisas assim, como fazem Leônidas e Aliança Liberal.

  9. Tenho o maior respeito por

    Tenho o maior respeito por Putin desde que atravessou seu porta avões no mar e impediu ObaMA de invadir a Síria. Uma pena que não tenha podido evitar os mercenários americanos e europeus.

  10. Sem opções

        NÃO existe solução para a Crise Siria, sem passar por Assad ou pelo Baath, a unica instituição com certa capilaridade na Siria.

        São 4 anos de guerra civil, Assad + Baath ( alauitas + drusos + cristãos ) foram desgastados, mas estão longe de ser derrotados, pois em ultimo caso – como analisa Volodya ( Putin ) – caso Damasco fique insustentavel, Assad pode refugiar-se na Provincia de Latakia, e quem controla esta provincia ( alauita, drusa e cristã ) domina os acessos da Siria, tanto maritimos ( mediterraneo ) como os do Norte do Libano – os outros acessos libaneses ( Central e Sul ) o Bekaa, já possuem seus pontos de confluencia, coordenados pelos russos deslocados de Tartus, na Siria, e no Libano pelas forças da ONU, e mais ao sul pelo “novo” aliado russo: Israel.

          Assad é um tirano : Até é, mas bem menos que seu pai Hafez, e tambem temos que concordar, que naquela região, qual governante de plantão, não esposa da mesma classificação, ou Bibi, Al-Sisi, Reis da Jordania, Arabia Saudita, os Emires do Golfo, os Barzani, são por acaso “democratas” ? 

           Claro que não, e como disse uma vez Kissinger : Somoza ( Anastacio – Nicaragua ), é um canalha, mas é o “nosso” canalha. ( como Kruschev, e depois Brezhnev, sobre o romeno Ceausescu, e  Ulbricht da Alemanha Oriental, são uns pulhas, mas necessários, a nossos interesses ).

            Em politca externa, estratégicas, as razóes de Estado, suplantam quaisquer condições ( humanitárias principalmente ), portanto para os europeus e Obama, a descisão não é sobre “engolir o sapo”, é apenas verificar o tamanho deste “sapo”, e como será a “explicação” para o recuo.

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