UNIDADE: A HORA DA RESISTÊNCIA

Resposta a Zé Dirceu: sobre unidade, resistência e luta política em tempos de golpe

 

Por: Lucas Ribeiro Scaldaferri, de Salvador, BA

DO ESQUERDA ON LINE

 

O site Nocaute divulgou um vídeo/texto com Zé Dirceu, principal cabeça pensante do PT. Dirceu afirma a necessidade de uma grande frente única para defender a democracia e o direito de Lula ser candidato a presidente. Para o ex-dirigente petista, o papel principal da militância do PT deve ser a mobilização do povo brasileiro para garantir a eleição de Lula e depois seu governo.

Dirceu acerta quando aponta a necessidade de uma ampla unidade para garantir o direito de Lula ser candidato. Diversas frações burguesas querem impedir Lula de ser candidato, pois o ex-presidente segue em primeiro lugar em todas as pesquisas. Se faz necessário uma ampla unidade de partidos, movimentos sociais, artísticos e intelectuais para na rua, como diz o ex-ministro de Lula, garantir o direito à candidatura.

Dirceu é um estrategista e junto com Lula foi responsável por levar o PT onde chegou. A adaptação do PT à institucionalidade e o esvaziamento de um programa de enfrentamento contra o capital foram frutos de anos das políticas de Dirceu, Lula, Genoino e outros. A direção histórica do petismo acreditou que o sonho do pacto social com a burguesia seria duradouro. O resultado todos nós estamos vendo.

Dirceu não mede as palavras e afirma: “A hora é de ir para às ruas, não com uma greve geral ou com grandes comícios, é hora de ir ao povo, conversar com o povo, organizar o povo, mobilizar o povo.” E, aqui está a problemática da tática apresentada.

Dirceu erra ao secundarizar a importância da combinação da defesa democrática de Lula ser candidato com a luta contra a Reforma da Previdência. Essas duas lutas não podem ser separadas uma da outra! O golpe de 2016 que derrubou a presidenta Dilma Rousseff tinha como objetivo retirar o PT do governo para atacar brutalmente os direitos do povo trabalhador e o patrimônio nacional.

Dirceu aposta que uma vitória de Lula nas eleições, fruto da mobilização popular, e que tal vitória poderia inverter a correlação de forças favorável a burguesia nesse momento. O problema é que a aprovação da Reforma da Previdência seria a coroação dos golpistas e a vitória do capital financeiro sobre o povo trabalhador.

Separar as duas lutas enfraquece nossa unidade não permitindo que as centrais sindicais e os movimentos populares sejam a vanguarda na luta contra a Reforma da Previdência. Os golpistas sentem-se mais fortes com julgamento inquisitório do dia 24 de janeiro para aprovar a Reforma da Previdência logo após a festa de Momo.

O risco que amplos setores da esquerda corremos segue sendo o perigo sectário de não entendermos a importância da defesa democrática, principalmente em torno do direito de Lula ser candidato, e a tentação oportunista de preocuparmos apenas com as eleições do segundo semestre esquecendo a luta contra a Reforma da Previdência.

A unidade da maioria das frações burguesas está ancorada no impedimento de Lula ser candidato e na aprovação da Reforma da Previdência. A nossa unidade será fortificada na combinação contra esses dois ataques centrais das classes dominantes.

É hora de irmos às ruas, ocupações, bairros periféricos, fábricas, campo, escolas e repartições públicas. Colocar o povo em movimento para impedir a agenda de retrocessos. Nessa luta, uma greve geral pode ser a principal arma dos de baixo contra os ataques dos de cima.

Redação

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