o fim e o começo, por arkx

por arkx

winter is now. as folhas caíram. na escuridão do abismo em que nos afundam, junto com a queda da Democracia brasileira, procuramos algo para nos agarrarmos.  mas no colapso institucional nada restou em que se apoiar, a não ser uns nos outros. é nesta solidariedade radical que devemos firmemente nos agarrar.

na recente tentativa de golpe na Turquia, o Presidente ao menos teve a virtude de lutar pelo próprio mandato. apesar das gigantescas restrições que a ele façamos, não hesitou em conclamar seus apoiadores às ruas e enviar militares fiéis para deter os amotinados.

enquanto isto, no Brasil ainda se discute se o  golpe é golpe… se é “conveniente” chamar o golpe pelo o que ele é: golpe.

o lulismo ainda mais uma vez abandona as ruas. o presidente do PT declara que o partido vai se concentrar em fazer a defesa do ex-presidente Lula na Lava Jato. e num definitivo sincericídio, incapaz de ser contornado com a hipocrisia posterior, Haddad expõe como o lulismo encara o impeachment: Golpe é uma palavra um pouco dura”.

se nos jogos olímpicos da exclusão, em curso no Rio de Janeiro, o povo sem medo acumula diversas medalhas na categoria de manifestações espontâneas contra o usurpador golpista, o grande ausente no mega-evento concebido como celebração gloriosa de seu projeto é o lulismo – banido dos protestos nas Olimpíadas por iniciativa própria.

o golpe está se concretizando também por uma razão bastante simples: o lulismo jamais sequer cogitou opor qualquer resistência popular a ele!

mesmo no trágico ocaso de seu ciclo governista, com o país mergulhando num Estado de exceção, ainda assim o lulismo permanece em sua estratégia de conciliação permanente a serviço de uma hegemonias às avessas: atender a quase todas as exigências da minoria em nome de conceder alguns poucos benefícios para a maioria.

para que o projeto da plutocracia brasileira seja executado pelo condomínio de gangues patrimonialistas, e assim estas sejam recompensadas com a anistia através do acordo  de pacificação nacional das elites, a farsa e o escárnio tornam-se completamente escancarados:

– 37 dos 65 integrantes da comissão do impeachment enfrentam acusações de corrupção e outros crimes;

– dos 513 deputados federais, 313 estão sob investigação, ou já acusados, de crimes desde corrupção, homicídio e até promover trabalho escravo;

– assim como 49 dos 81 senadores também já enfrentam acusações ou investigações. (link)

neste cenário desolador, tudo que se pretendia como construção já não é senão apenas ruínas. uma falência múltipla dos poderes constituídos e uma disfuncionalidade consumada do arcabouço institucional.

uma arquitetura do caos projetada para arrastar o Brasil ao epicentro de uma guerra híbrida mundial cujo propósito é implantar uma nova razão no mundo. (link)

em mais uma grande transformação do capitalismo global, as pessoas são reconfiguradas como empreendedores de si mesmo. já não seremos indivíduos, muito menos cidadãos: apenas empresas que se deve gerir e um capital humano que deve se acumular. e nossas relações sociais nada mais serão do que a de empresas competindo entre si.

toda nossa existência, até mesmo a subjetividade, sob a lógica do mercado e do modelo empresarial.

como numa permanente competição esportiva, prevalece o princípio da “auto-superação”: sempre mais desempenho, seja na produção, no consumo ou no gozo.

um governo de si mesmo, pela introjeção das técnicas de coaching, auditoria, compliance, accountability. uma destruição da dimensão coletiva da existência através de uma individualização extrema promovida por um feroz regime de concorrência a que os indivíduos são submetidos em todos os níveis.

a economia é apenas o método. conforme Mrs. Thatcher admitiu, o objetivo é mudar corações e mentes, é mudar a alma das nações. o modo como os homens são governados passa a ser a maneira como eles próprios voluntariamente se governam.

 o cinismo, a mentira, o menosprezo, a ignorância, a arrogância, a brutalidade são os valores que imperam quando a existência é reduzida ao nível de gestão da eficácia empresarial.

quando o desempenho é o único critério, já não são relevantes o respeito às formas legais, aos procedimentos democráticos, à liberdade de pensamento e de expressão. nesta nova fase do neo liberalismo a desvinculação com a tradicional democracia liberal é completa. o direito privado se torna isento de qualquer controle, até mesmo do sufrágio universal.

frente ao inverno de nossas almas, a Esquerda, toda ela, fracassa como um monstruoso contingente de zumbis conduzidos por mortos-vivos. uma Esquerda moralista e incapaz de propor uma ética para se contrapor ao projeto do ultraliberalismo.

a ética não se confunde com os “bons costumes”, conforme aceitos num determinado grupo social numa determinada época. a ética é um projeto de vida. um modo de viver, de se relacionar consigo mesmo, com a comunidade e com a vida ela própria. por isto, a ética e a política são absolutamente inseparáveis.

como o Capitalismo adotou a gestão da crise como técnica de governo, não há nenhuma “crise” da qual precisamos sair, há uma guerra que precisamos ganhar, mesmo que sejamos derrotados em muitas batalhas.

e esta é uma guerra pela nossa sobrevivência. nesta guerra, nossa principal arma é uma ética. uma ética do comum. a construção desta ética começa com uma simples questão que juntos devemos responder:

–  qual o tipo de vida que desejamos ter?

 

Redação

54 Comentários

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  1. autocrítica

    Em linhas gerias, concordo com a crítica que você faz ao lulismo e à esquerda em geral. Mas… vamos ser sinceros. Qual é a “nossa” proposta?

    Quando digo “nossa”, no caso, me refiro a nós que ficamos confortavelmente (tá, às vezes dói ou dá dormência) com a bunda sobre uma cadeira em frente a uma tela de computador escrevendo e/ou lendo outros tantos que no fundo pensam de forma muito semelhante.

    Alguns que como eu e você criticam o PT e o lulismo por seu pragmatismo quase inescrupuloso. Por outro lado, outros nem tão distintos, que criticam o que chamam de “esquerda pura”. Isto é, aquela gente chata de esquerda que ainda tem um pingo de vergonha na cara e não abriu mão de todos os princípios que norteiam a sua ideologia em nome da governabilidade (sic). Ou melhor dizendo, em nome de uma dose ínfima de poder. Poder débil, anêmico, muito parecido com aquele que exercia num passado não tão remoto a figura do capitão do mato. 

    A ética é o ponto de partida, sem dúvida é essencial. Mas nem só de palavras bonitas e boas intenções sobreviveremos. Que a ética seja primordial, que se mantenha acima de tudo. Em relação a isso não discordo absolutamente. Mas.., Onde fica a ação real? A Ética não é uma arma. É só um fundamento. Precisamos de muito mais que isso. Bem mais.

    Metaforicamente: É muito engenheiro pra pouco peão. Assim não há obra que se concretize.

    1. o fim e o começo

      ->”me refiro a nós que ficamos confortavelmente (tá, às vezes dói ou dá dormência) com a bunda sobre uma cadeira em frente a uma tela de computador”

      bem, como vc me pegou em frente a tela do notebook… vamos a algumas ponderações.

      compreenda que a minha perspectiva pessoal é a de quem viveu o nascimento do PT e acompanhou como ele –  e seus quadros – foi se afastando de sua “ética” fundadora (nada de moralismos aqui, ok?).

      vi como amigos com quem joguei muito frescobol em Ipanema, e que participaram de todo o processo de luta pela redemocratização, acabarem (e se acabarem, entende?) como membros de Conselhos de estatais da privataria tucana, por exemplo. gente que nunca teve qualquer intenção em rever o processo, em auditar a privataria, em auditar a dívida interna, etc…

      por exemplo, testemunhei como Pizzolato surgiu como um excêntrico dirigente sindical do interior (sem nenhum demérito). alías, o cara tinha todo um estilo próprio. foi dos primeiros a tentar romper com aqueles textos hiper caretas do movimento sindical. no que ele escrevia sempre incluía letras de música e poesias – o que para a época foi bastante inovador. mas deu no que deu…

      então não se trata de opções apenas do “partido”, de seus dirigentes burocratizados. se trata de uma opção de vida de todos os que se deixaram cooptar por este projeto lulista que agora encerra tragicamente um ciclo.

      estas pessoas optaram por este tipo de vida. num certo sentido, o lulismo se tornou num jeito de se viver!

      ->” A Ética não é uma arma.”

      entendo o que vc quer dizer. mas compreenda tb o meu ponto de vista.

      aqui apresento “ética” como uma proposta de vida! um jeito de se viver. e isto é sim uma arma muito poderosa.

      até mesmo porque em última instância não apenas somos o que vivemos, como é a nossa vida o nosso mais contundente modo de transformar as vidas das pessoas com quem nos relacionamos.

      recordemos: “A História não faz nada.” somos nós que devemos fazê-lo. e o fazemos através de nossas vidas. para isto, é preciso ter uma ética. uma proposta de vida.

      e isto galvaniza as pessoas. o que faz um cara negro pintar “Fora Temer” na bunda e exatamente nas cercanias do Cais do Valongo executar a performance do seu protesto? o que faz com que todas essas pessoas, e não são poucas, estejam bradando “Fora Temer” nas Olimpíadas?

      elas assim agem por seu jeito de viver!

      veja, estou tentando fazer um outro tipo de abordagem e levantar outras questões. o que, certamente, pode conduzir a outro tipo de propostas e de práticas. exatamente como na época do surgimento do PT, lá em 1979 para 1980!

      a campanha do Lula em 1989 foi magnífica – exceto pela capitulação da última semana.

      o que mobilizou toda aquela multidão, após Lula demolir Collor no primeiro debate do 2º turno, para se concentrar embaixo do apto. de Brizola, que acabou descendo, se juntando a galera, e declarando seu apoio a Lula?

      a possibilidade um outro tipo de vida! é isto que muda as pessoas. é assim que as pessoas mudam o mundo. e não marqueteiros milionários, pesquisas qualitativas, planos burocráticos de governo, etc…

      o que falta a Esquerda não é programas ou projetos. é apresentar claramente uma ética! uma proposta de vida. algo autêntico que as pessoas se identifiquem e abracem como também uma ética delas.

      sem mais me alongar no momento, e sabendo que o tema é complexo e bastante polêmico

      abraços

      .

      1. Impotência. Falta de concretude. Falar com o espelho.

         

        > aqui apresento “ética” como uma proposta de vida! um jeito de se viver. e isto é sim uma arma muito poderosa. (…) o que faz um cara negro pintar “Fora Temer” na bunda e exatamente nas cercanias do Cais do Valongo executar a performance do seu protesto? 

        Pois então. Eu conheço o Cisão (o cara negro que pintou ”fora temer” lá…). Assim como conheço grande parte das pessoas que vão às manifestações contra o golpe. E… aí reside o problema. Como é que eu conheço tanta gente nessas manifestações? Porque são pessoas que têm a mesma ética, que vivem de modo muito parecido. Por um lado, é motivo de alegria saber que você conhece e é amigo de tanta gente “legal”. Por outro… você se toca que por maior que pareça essa “pequena multidão” (palavras do hilário André Barros – agora no PSoL – num discurso pela democracia na Cinelândia) somos muito poucos. E praticamente não influenciamos quase ninguém. Ao contrário, só estamos juntos e nos conhecemos por sermos exceção. E o resto, a maiior parte das pessoas – de todas as classes – não ligam a mínima para essa ética, esse modo de viver. E cada um de nós, individualmente, é apenas uma ovelha vermelha da família. Por isso nos juntamos, como se formassemos uma outra família. Mas somos, repito, exceção. E por mais que propagandeiem que nas manifestações de esquerda tem gente de todas as classes, isso não é verdade. A maioria é de classe média. As ditas ovelhas vermelhas da classe média. 

        Por isso, repito. Ética cotidiana é pouco. Só vê quem quer e se identifica com aquilo que vê. Precisa haver alguma coisa com apelo maior. Percebo nitidamente que estamos falando com o espelho. Não somente aqui, mas em todas as mídias sociais e no dia-a-dia. 

        Você consegue conversar à vera com alguém que tenha claramente uma ideologia oposta à sua (que não devem ser poucos) no cotidiano? Eu não. 

        1. o fim e o começo

          ->” A maioria é de classe média. As ditas ovelhas vermelhas da classe média”

          concordo que no Rio seja assim. mas nas manifestações do Povo sem Medo em SP não! tem maioria de moradores da periferia.

          no Rio, até mesmo naquele ato do “Funk pela Democracia” o morro não desceu. mas nem poderia, né? por que as favelas do Rio iriam apoiar Dilma, se foi o lulismo quem enviou as Forças Armadas para travar a “guerra às drogas” nas favelas cariocas?

          compreende o ponto a que chegaram os erros do lulismo? houve um completo esvaziamento dos movimentos sociais durante os 13 anos de governismo lulista!

          o espantoso é que ainda haja tanta gente nas ruas protestando! principalmente no Rio, após Garotinho (a quem Lula impôs o apoio do PT), Cabral, Eduardo Paes, etc… todos devidamente chancelados por Lula como “companheiros”.

          o PT paulistano sempre fez de tudo para exterminar com o PT carioca! daí os melhores quadros do PT no Rio serem também alguns dos melhores do PSOL.

          aqui cabe tb uma importante constatação. aqueles mascarados Black Bloc sempre foram em grande parte da periferia e das comunidades. não são de setores médios não. recentemente numa passeata na Pres. Vargas, do funcionalismo estadual, um grupo desceu do Morro da Providência. são todos profundamente revoltados com a PM. disto resulta as provocações e enfrentamento que fazem. é a oportunidade que eles tem de estar de “igual para igual” com a puliça.

          ressalvo que não entro aqui no mérito dos Black Bloc, apenas friso que em sua maioria não são de setores médios – o que tem um importante significado político.

          ->” E o resto, a maiior parte das pessoas – de todas as classes – não ligam a mínima para essa ética, esse modo de viver.”

          o que poderia se esperar depois de tanto entorpecimento? veja o que a “ética” do lulismo propôs aos setores populares: “Comprem! Consumam!”. monitores de 42’. motos. celular. e mais um puxadinho aqui e acolá: o cara mora num 3 quartos com terraço (a lage!) – e próprio! assim vira “nova classe média”… qual a qualidade de vida? qual a consci6encia política? qual o compromisso com um projketo coletivo?

          repito: o espantoso é ainda ter tanta gente na rua! independente de lideranças e partidos! aliás, foi assim que Dilma venceu a eleição de 2014. e não com o financiamento empresarial e os malditos acordos.

          ->”Impotência. Falta de concretude. Falar com o espelho.”

          sem dúvida! mas este é o velho e conhecido dilema: como um movimento de vanguarda dá o salto qualitativo e se transforma em movimento de massas?

          como o Povo sem Medo em SP leva 60 mil às ruas? porque tem trabalho de base! por que o lulismo não leva mais ninguém? porque abandonou completamente as bases!

          ou: por que o movimento secundarista emergiu novamente com tanta força? por vários motivos, mas um dos mais determinantes é que é sempre a juventude a primeira a se levantar. foi assim em 1977, está sendo assim agora.

          como todos saíram às ruas em 2013? não! não foi a NSA e a CIA não. principalmente no Rio – onde Junho de 2013 teve um perfil bem diferente de SP. e é por isto que muita gente do PT, sempre focados em SP, não compreende Junho de 2013. e muitos até aqui neste Blog do Nassif não compreendem Junho de 2013, porque tiveram uma experiência restrita a SP!

          a resistência é uma fase muito dura mas tb muito necessária da luta. sempre dá essa sensação de impotência, de estar num grupo restrito. o que é sim verdade. nem sempre se passa da resistência para a luta de massas. mas com toda certeza sem a resistência o movimento de massas não acontece! Junho de 2013 não brotou do nada não. tinha muita coisa acontecendo, só que ainda não tinha visibilidade.

          e ainda mais importante, quando eclode a insurreição, aqueles que participaram da resistência geralmente tem função primordial, devido a experiência acumulada.

          o importante é compreender que a luta política é sempre um processo!

          qual o cenário que temos pela frente? uma perda de direitos numa profundidade e numa rapidez como “nunca antes neste país”. isto porque o setor dominante já não consegue governar como antes, precisa de ainda mais espoliação. quando isto ocorrer, estarão dadas as condições para o conjunto da população não mais suportar sua condição de vida.

          isto gera um impasse. movimento de massas e repressão.

          abraços

          .

          1. Grata

            Grata por sua reflexão. De certo modo me reconforta um pouco. Não tá fácil ver o horizonte.

            Concordo plenamente com seus argumentos aqui. sobre as manifestações de 2013, blackblocs e que tais. Pena que tantos teimem em não enxergar isso. Continuam batendo a cabeça na parede, evitando a realidade.

            É isso. 

            abraços

          2. Li toda a conversa de

            Li toda a conversa de vcs.

            Pena que nao tenham participado das discussoes na minha serie de posts sobre a divisao da esquerda.

            Sei que desagradei os PSOListas. Mas desagradei tambem os petistas “campo majoritario” – como ja vinha desagradando em 3 posts batendo duro neles.

            Como ja desagradava a direita desde o inicio, quem sobrou?

            Ao menos os que sao como eu: que tem uma perspectiva critica em relaçao a tudo.

            A esquerda “nao pura” nao deixou – necessariamente – de ter “um pingo de vergonha na cara” ou de “abandonou seus principios”. Falo por mim e por muitos outros com quem falo nas redes.

            Desculpe, mas concordo com o que a Vania disse: o bloco de esquerda pura é sim pequeno. E o bloco de racionarios eh bastante consolidado na sociedade brasileira. O “centrao” despolitizado é o fiel da balança. E aderiu, inicialmente, ao “Fora Dilma”, à “Lava a Jato” e, no limite, aderirá a Bolsonaro.

            A diferença, grosso modo, da esquerda “pura” é achar que “se nao resolver tudo, entao nao pode resolver nada”. Ou a Revolução ou nada.

            Entendo a perspectiva de vcs: as concessoes arrancadas sao o “cobertorzinho” que colocam embaixo da cela pro cavalo aguentar melhor o peso do cavaleiro.

            Pode ser…

            O erro do lulismo foi sim nao disputar a hegemonia quando teve a upper hand. A circunstancia mudou e o “centrao” depolitizado foi para o outro lado, depois de tanto assedio nos 13 anos de lulismo.

            A esquerda se unir, para mim, nao significa se pasteurizar. Significa, isso sim, numa hora tao critica, adotar a maxima: entre o ruim e o pior ainda, o que for menos ruim pro povao. Mas um apoio critico, com pressao rumo à esquerda.

            Sobre jornadas de junho de 2013, nao cobro de voces bola de cristal. Nao cobram que soubessem no que ia dar. Eu, por acaso, intui entao e alertei, como pude, nas redes sociais.

            Mas nao eh possivel que HOJE nao façam uma auto-critica e vejam como o movimento de voces – legitimo – foi instrumentalizado pela direita, dando inicio à erosao da base de apoio do governo do PT.

            Poxa, gente. A Globo derrubava a grade para passar passeatas!

            A mesmo auto-critica que eu cobro do PT “campo majoritario” tambem esperaria de vcs.

            Alias, nao existe “vcs”. A atuaçao do Jean Wyllys esta muito mais proxima da do Paulo Pimenta do que daquela da Luciana Genro, por exemplo.

          3. Romulus

            A sua avaliação, a sua leitura do que foi dito é tão equivocada que eu não vou escrever mais uma palavra. só vou mostrar umas coisinhas

            .

             

             

          4. <3

            Adorei!!

            Interpretei errado mesmo, entao!

            Vc adota a maxima: entre o “ruim” e o “pior ainda”, o que for menor ruim pro povão.

            Como disse o Arkx em outro comentario, o jogo do “quanto pior, melhor” é muito perigoso. E raramente termina da maneira que se deseja.

             

          5. o fim e o começo

            ->” Pena que nao tenham participado das discussoes na minha serie de posts sobre a divisao da esquerda.”

            pô, bonitão

            não é falta de interesse! faltam horas nos meus dias…

            grande abraço

            .

          6. Ótima “tabela”, parabéns aos dois.

            2013 foi a grande oportunidade perdida pela esquerda. Como ela não avançou, quem ocupou o espaço foi a direita. O PT ficou com medo de perder o apoio da “base” suposta aliada. O problema reside aí, foram mais de uma década de abandono e traição da BASE real que impulsionou o partido, quando a direita percebeu esse desgaste, viu que não precisava mais do PT, pois para conter os movimentos populares ele não mais servia.

          7. “qual o cenário que temos

            “qual o cenário que temos pela frente? uma perda de direitos numa profundidade e numa rapidez como “nunca antes neste país”. isto porque o setor dominante já não consegue governar como antes, precisa de ainda mais espoliação. quando isto ocorrer, estarão dadas as condições para o conjunto da população não mais suportar sua condição de vida.

            isto gera um impasse. movimento de massas e repressão.

            abraços”

            A velha teoria do quanto piorm, melhor. Teoria que demoniza Lula e Vargas por melhorar a vida de Brasileiros e deixá-los num torpor…

            Bom, em outro país ela pode se aplicar. Não no Brasil. Veja quantas pessoas a Ditadura Argentina matou para ficar 6 anos no poder e quantas a ditadura Brasileira matou para ficar 20. O Brasileiro aguenta tudo. 

            Acho que seremos um laboratório do ultracapitalismo nos próximos anos… Até onde podemos tirar direitos de um povo e jogá-lo na escravidão sem ele se revoltar. O Brasileiro é o povo mais passivo do mundo.

          8. o fim e o começo

            -> “A velha teoria do quanto piorm, melhor. Teoria que demoniza Lula e Vargas por melhorar a vida de Brasileiros e deixá-los num torpor…

            jamais fui um adepto da política do “quanto pior, melhor”. pelo contrário, sempre defendi que “quanto pior, ainda pior”.

            o que expus é um inevitável cenário de acirramento da tensão social pelas medidas anunciadas pelo governo golpista. a sua “Ponte para o Futuro” implica num retrocesso brutal.

            as dificuldades financeiras da população vão aumentar. e isto vai frustrar, como já está frustrando, as expectativas de quem defendia o golpe por nele ver esperança de dias melhores.

            não deixe de considerar que Vargas destruiu o movimento operário com uma selvagem repressão e torturas brutais. e isto não é exatamente “melhorar a vida do povo”…

            ->” O Brasileiro é o povo mais passivo do mundo.”

            não é o que nossa História comprova. toda a História do Brasil é uma sucessão de revoltas e massacres.  

            este mito do “povo passivo” foi cunhado para que nele acreditássemos e assim nos tornássemos passivos.

            após o trabalho da Comissão da Verdade se reconheceu também os milhares de índios e camponeses mortos pela repressão na Ditadura. (link)

            nossa História é banhada com o sangue dos índios, dos escravos, dos trabalhadores, das mulheres e das insurreições: lutas e revoluções no Brasil.

            .

          9. Quanto a Junho de 2013, eu vi

            Quanto a Junho de 2013, eu vi um moviemnto reinvidicando melhoras de saúde e educação, aprofundamento do estado do bem-estar social o Brasil… mas isso com o PT no governo.

            Sem o PT, o Temer irá desmontar o pouco que temos através de PEC no congresso, e nenhum dos manifestantes de 2013 aparentemente liga para isso.

  2. o fim e o começo

    Vânia e Almeida,

    ->” De certo modo me reconforta um pouco. Não tá fácil ver o horizonte.”

    ->”2013 foi a grande oportunidade perdida pela esquerda.”

    não, não está fácil ver o horizonte! mas qdo esteve? sei que não serve como conforto, mas qdo de fato tivemos um outro horizonte que não anunciasse o desastre atual?

    já estava posto desde qdo Lula indicou Meirelles ainda antes de sua primeira posse. e até desde antes, do meu ponto de vista desde 1989!

    e até que demorou prá acontecer. poderia ter sido no Mensalão, em 2005. poderia ter sido na Crise de 2008. poderia ter sido em 2014.

    2013 foi uma grande chance. só que da perspectiva lulista, 2013 não poderia nunca ter acontecido. afinal, tudo estava extraordinariamente bem, a popularidade de Dilma nos píncaros. mas sob o cenário dos sonhos das pesquisas e das análises dos marqueteiros, uma velha topeira cavava e cavava os buracos que fizeram o dia de céu azul do lulismo se tornar uma tempestade.

    2008 foi outra enorme oportunidade. a crise estava anunciada. os sinais por toda a parte, aliás, quem estava ligado emburrou de tanta grana que ganhou com a desgraça alheia. a oligarquia de joelhos implorando pela Bolsa BNDES. e o que o lulismo fez? não exigiu nenhuma contrapartida! enfia dinheiro público nas empresas, sem trazê-las a um acordo público, um compromisso com o coletivo e não apenas com acionistas e gestores.

    e agora?

    o usurpador não pode ir ao encerramento das Olimpíadas! isto é inédito! conquistamos uma medalha de ouro inédita numa categoria inédita: chefe de estado impedido pelo povo de ir ao encerramento de Olimpíada!

    e onde está o lulismo? esta é mais uma chance! onde estão Dilma e Lula? deveriam estar nas ruas, nas manifestações. e ir no encerramento sim! ir aonde o povo está! aonde o usurpador não pode ir!

    óbvio que não sou nenhum ingênuo e sei que isto envolve uma tremenda logística. mas tem que tentar viabilizar! afinal, como diria o prefeito gourmet paulistano: “É golpe, p*rra!”

    grande abraço a todos

    p.s.: Vânia, dê meus parabéns ao Cisão, lá. o cara foi demais. pelo que pude saber (já virou lenda urbana) ele havia sido convidado para carregar a tocha e recusara. como insistiram, acabou aceitando. e tramou a performance. genial!

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=JbxxQyBFpPY%5D

    .

    1. Pitaco

      Como sempre suas análises são irrepreensíveis, embora falar sobre a falência do lulismo e os porquês é chutar cachorro morto. Mesmo porque o “lulismo” foi apenas um band-aid numa fratura exposta na luta de classes tupiniquim. Foi um “tempo” entre rounds de uma luta de boxe. Foi o possível num contexto histórico. Não acho que teria conseguido ou que seria possível mais do que conseguiu – e vou me abster de tentar enumerar o que foi conseguido – apesar de insistirmos – e acreditarmos – que mais poderia ser feito.

      Por mais que a esquerda seja determinística na vitória da solidariedade e igualdade isso jamais acontecerá. O universo foi montando sobre binariedades eternamente buscando o equilíbrio. Ou como o Romulo lembrou num post e causou frisson nas minhas sinpases: o fratricídio na psique imemorial que carregamos: Caim e Abel, Esaú e Jacó, Bem e Mal. Os sistemas políticos, governos, super,supra e infra estruturas vão se alternar para acomodar essa batalha séculos após nossa morte. Acomodando inclusive a relação com a natureza, algo tão caro aos novos esquerdistas – talvez um pouco manipulados pelas “pesquisas” européias sobre aquecimento global.

      O discurso de uma ética objetiva apenas encontrar um objetivo pra viver – e seja qual for escolhido não existe julgamento de valor sobre qual é melhor ou não. Me parece que pessoas do lado “esquerdo” procuram essa aprovação internamente e os “direitos” externamente, como também pincelou Romulo embora essa seja uma simplificação grosseira.

      Mas todo esse prêambulo foi pra chegar ao futuro:

      “qual o cenário que temos pela frente? uma perda de direitos numa profundidade e numa rapidez como “nunca antes neste país”. isto porque o setor dominante já não consegue governar como antes, precisa de ainda mais espoliação. quando isto ocorrer, estarão dadas as condições para o conjunto da população não mais suportar sua condição de vida.

      isto gera um impasse. movimento de massas e repressão.”

      Não vivi de perto os outros períodos de exceção e repressão. Mas como está escrita a história, a resistência política e armada foi mínima e de uma classe média – esquerdistas, democratas e legalistas – contra os regimes. E esses regimes caíram de podridão interna e sendo desmontados pelos próprios artífices. Se for verdade isso, não teremos movimento de massas em momento nenhum. Apenas o tempo e a corrosão interna vai derrubar mais este golpe.

      Desesperador? Cínico? Niilista? Talvez sim. Minhas idéias assim como eu estão em construção. Gosto de pensar “fora da caixa” e TENTO não filtrar a realidade com meus desejos e crenças.

       

      Att

       

      Tio_Zé

      1. o fim e o começo

        oi, Tio!

        li com atenção e pode ter certeza que compreendi suas opiniões. tenho discordâncias, mas não vou me ater especificamente a elas. vou por outros pontos que seu comentário suscitou, ok?

        ->” Gosto de pensar “fora da caixa” e TENTO não filtrar a realidade com meus desejos e crenças.”

        ->” o “lulismo” foi apenas um band-aid numa fratura exposta na luta de classes tupiniquim.”

        ->” Não acho que teria conseguido ou que seria possível mais do que conseguiu – e vou me abster de tentar enumerar o que foi conseguido – apesar de insistirmos – e acreditarmos – que mais poderia ser feito.”

        todo este contexto trágico que vivemos é uma excelente oportunidade para avaliar criticamente os motivos pelos quais até aqui chegamos, quanto para vislumbrar novos rumos. para isto é preciso pensar fora da caixa e agir fora dela. até mesmo pq não é só uma caixa, é uma jaula! uma couraça aprisionando nossos corpos, afetos, desejo…

        só que ficar fora da caixa é uma posição muito desconfortável para a maior parte das pessoas na maioria das vzs… por isto, quase sempre se escolhe permanecer dentro do conforto gelado das jaulinhas… como na música do Pink Floyd: “and did you exchange a walk on part in the war for a lead role in a cage?”.

        pensar e agir fora da caixa tem um preço muito alto mas retribui com enorme gratificação.

        quanto ao que poderia ou não ter feito Lula e o PT no governo, fica claro e inquestionável ao longo de nossa experiência de vida quando alguém quer de fato fazer algo, seja em que nível for, ou se quer mesmo é apenas fazer espuma.

        vou lhe dar um testemunho pessoal de fatos que acompanhei – cito este exemplo como poderia mencionar outros.

        nomeado para a direção de uma área vital de uma grande corporação, o cara chegou muito na dele. pisando em ovos e se fazendo de bobo. logo nas primeiras semanas, por seu comportamento “fora da caixa”, passou a ser ridicularizado, não abertamente é claro, mas às suas costas. afinal, a maior parte dos executivos sente um perverso prazer em impor explicitamente sua autoridade. esse cara não. parecia mesmo um “Mané” colocado no cargo por meio de alguma influência política.

        o cara passava o tempo percorrendo os diversos setores. senta aqui. conversa ali. diz que não entendia nada daquilo e queria aprender como era. muito humilde. até simplório.

        pois bem… ao fim de três meses, o cara chega e sobe ao seu gabinete acompanhado da segurança da empresa. em cima de sua mesa alguns dossiês. e também uma lista com cerca de uma dezena de nomes de funcionários com cargos variando de gerência alta e média. passa o primeiro nome à secretaria para que fosse chamado até sua sala. e assim com todos os demais.

        a cada um deles correspondia um dos dossiês. todos perderam seus cargos. alguns foram exonerados. os demais transferidos para outros departamentos.

        para substituí-los nomeia uma equipe de jovens talentosos, inteligentes, ousados e comprometidos com um novo projeto para a área. assim nasceu uma outra cultura gerencial. e mesmo uma outra gestão de pessoas. em alguns poucos anos a área foi elevada à condição de subsidiária integral. até hoje continua líder no mercado.

        para contrapor a este exemplo, poderia agora citar uma situação oposta. na mesma empresa, um outro executivo – tb um cara super competente e inteligente – que teve tudo para dar uma continuidade brilhante a este processo, mas acabou fazendo apenas uma decepcionante espuma.

        quem quer fazer sempre cria uma viabilização do projeto. quem não quer, embroma e cria apenas desculpas e desculpas e desculpas…

        grande abraço

        p.s.: ainda teria muito mais a retrucar no seu comentário: o fratricídio e as binariedades, o aquecimento global, a experiência de vida na Ditadura e nos movimentos de massa que prenunciaram sua queda – tudo isto muito pertinente frente ao contexto atual.

        .

  3. Turquia

    Quanto à Turquia, vou mais longe. O Erdogan compreendeu que precisava lutar pelo país para ter um mandato, no que foi acompaqnhado pela população, mesmo a de oposição.

    Parece que eles têm uma consciencia de país que é maior que os interesses políticos particulares de partidos.

    Aquí, os interesses particulares de partidos e grupos se sobrepõem a qualquer ideia de nação.

    E isso não é fruto do acaso:

    http://sakerlatam.es/politica/thierry-meyssan-a-ned-vitrina-legal-da-cia/

    1. o fim e o começo

      ->”O Erdogan compreendeu que precisava lutar pelo país para ter um mandato,”

      golpe no Brasil e na Turquia? e o protagonismo brasileiro no acordo nuclear Brasil-Turquia-Irã? e os 43 anos de prisão para o vice-almirente Othon?  e as ultra centrífugas brasileiras? tudo mera coincidência?

      “Deste ponto de vista, os Estados Unidos não são uma democracia, mas sim um sistema híbrido, no qual o poder executivo repousa numa oligarquia, enquanto o povo limita o arbítrio do mesmo graças aos contra-poderes legislativo e judicial. Com efeito, se o povo elege o Congresso e certos juízes, são os Estados federados quem elege o poder executivo e este último quem designa os altos magistrados. Muito embora os cidadãos sejam chamados a pronunciar-se sobre a escolha do seu presidente o seu voto na matéria é apenas consultivo, tal como o lembrou o Supremo Tribunal, em 2000, na disputa Gore contra Bush. A Constituição dos Estados Unidos não reconhece a soberania do povo, já que o poder é partilhado entre ele e os Estados federados, ou seja os caciques locais.”

      A NED, vitrina legal da CIA

      http://sakerlatam.es/politica/thierry-meyssan-a-ned-vitrina-legal-da-cia/

      1. contra-poderes

        Em realidade, essa análise do Meissan é um pouco ultrapassada. Hoje os legislativos americanos, estaduais e federal, são inteiramente comprados pela oligarquia. Ainda mais sério, e o que vou dizer vai despertar uma ventania, são completamente controlados pelo lobby do Likud (Aipac e assemelhados).

  4. Diagnóstico errado, prognóstico impossível.

    Apesar da contundência do título de meu comentário, não desconsidero uma só linha do que foi escrito no texto. O problema, aliás, o único e crucial problema das forças progressistas brasileiras, nesse caso específico do golpe e de outras crises e rupturas institucionais, foi, justamente, errar o diagnóstico sobre a natureza e caráter político dos movimentos e grupos que ocuparam e ocupam o governo, de tempos e tempos, esperando deles mais do que se podia.

    Explico:

    Assim como em 64, mal conseguimos definir quem somos nós (aí eu assino embaixo o comentário da Vânia). Goulart não era um revolucionário, tampouco um reacionário, no máximo um progressista de centro, com vínculos claros com setores da Casa Grande, e justamente por isso confiou a eles a tarefa de manter interlocução com os setores mais radicais da direita, que conversavam enquanto conspiravam.

    Essa é a natureza da política, dos grupos de interesse do capital que, em suma, observam a melhor oportunidade de levar a cabo suas tarefas, tendo sempre como premissa que o dinheiro não leva desaforo.

    Quando Dilma resolveu mexer nos juros (em 2011, com Mantega, que gerou “prejuízos” de quase U$ 100 bi à banca), buscou uma alternativa no G20 para criação de fundo mútuo fora do esquema FMI (lembram dos simbólicos U$ 200 bi depositados pelos BRIC e outros?) e, de quebra, propuseram um ensaio de desdolarização do comércio exterior (cesta de moedas nas trocas internacionais), ela acendeu a luz vermelha na sala dos donos do mundo.

    Isso sem contar com o capital político correspondente.

    Somem isso tudo o controle estatal sobre o pré-sal.

    O governo Lula nunca acenou com a pretensão de revolucionar, e romper com o capitalismo. A Carta aos Brasileiros é a certidão de nascimento de um pacto eleitoral que teria limites restritíssimos para ser operado na realidade. Foi até longe demais, muito empurrado pelo talento e genialidade desse cara chamado Lula.

    Nessa terra de Botocúndia, a simples reforma desse sistema, com a mobilidade de miseráveis (ralé estrutural, segundo Jessé de Souza) para a condição de pobres já é uma blasfêmia inominável ao deus-mercado. Nossa elite e classe média, e por que não dizer, nossos pobres, padecem da ideia de que é melhor ser rabo de elefante que cabeça de mosquito, ou, se quiserem, a síndrome de vira-latas.

    Por outro lado, o perfil fordista-sindicalista do presidente Lula sempre o induziu a acreditar que o conforto econômico, per si, traria solidariedade política. Ledo engano. De um lado açodamos os coxinhas, de outro lado, criamos candidatos a coxinhas, e o que é pior, com traços de conservadorismo neopentecostal, do tipo mal adaptado e copiado do Tea Party estadunidense.

    E não se espantem, os sistemas representativos ocidentais encurralam todas as sociedades nessa armadilha: Obama governou o tempo todo sequestrado, manteve as guerras por petróleo, Guantánamo, viu seu Obamacare ser esquartejado, e manteve o mesmíssimo ambiente desrregulado do mercado, e com permanência do prejuízo público e lucro privado no que se diz respeito a crise de 2008 que não acabou (ver Nouriel Roubini, in Economia das Crises).

    A Europa está se esfarelando, e para ser sincero, nem se existiu alguma União Europeia que não fosse além de um ajuntamento para fortalecer a Alemanha e os rentistas a ela associados.

    Seguimos esperando algo de onde não sairá nada.

    Dilma foi guerrilheira, e para se tornar presidenta teve que fazer a si mesma acreditar no estamento normativo como marco civilizatório. Essa é a sua sequela, aliás, totalmente compreensível. Só idiotas cobrariam dela posições extremadas e contra-institucionais. Sua memória física não permite. Dói.

    E esse estamento é conservador por natureza. Nenhum modelo capitalista está estruturado em regras que permitam sua superação, ao contrário.

    Lula, nem o PT abandonaram as ruas. O PT esteve lá por motivos distintos do que idealizamos. E não reagirá nas ruas, porque acredita que é o Partido que tem a responsabilidade e missão de representar as ruas no jogo institucional, esquecendo que o jogo institucional não aceita a voz das ruas sem uma mediação castradora e conservadora (reacionária até).

    O PT esteve na rua quando imagina que representava o anti-estamento. Hoje ele acha que está jogando ou lutando pela legitimidade de ser um governo que nunca teve adesão, ou melhor, nunca conquistou aqueles com quem imagina poder negociar: O pessoal da grana e que tem poder de fato. Ou seja, ainda que seja duro, nós do PT lutamos para manter o status quo.

    Prova disso é nossa relação com mídia, polícia e judiciário, onde residem as fontes dos nossos problemas, e não sejamos muito duros: Onde residem os problemas de todos os governos que pretendem alterar o estamento, seja nos EUA, seja na Europa, seja em Botocúndia.

    Essa esquizofrenia leva ao despertencimento. Não há lugar para o PT hoje, porque não mais tem a confiança daqueles que acham que foram traídos (o “movimento social”, que pensa assim justamento por um erro clássico de diagnóstico dos limites da luta institucional e partidária, e por imaginar que poderia “aparelhar” o governo que reagiria diretamente às suas demandas históricas, tal e qual aconteceu com Jango), e porque nunca terá da elite, nem mais da classe média, que também se acha traída pelos motivos que já sabemos (preconceito com a ascensão da classe C, histeria moralista hipócrita), assim como ocorreu com Jango, Vargas, e todos os líderes latino-americanos que ousaram desafiar os interesses do Tio Sam e sócios.

    Seja na porrada, seja com a tríade parlamento-toga-polícia, esses interesses sempre mostraram sua capacidade de jogar tudo para cima quando era necessário.

    Nós ainda discutimos a legitimdade de reagir fora das regras, ignorando que já foram rasgadas há tempos.

    Mas o caminho é esse debate, pena que não vai dar tempo e nem temos alcance para torná-lo prático e útil.

     

    1. o fim e o começo

      muito legal o que vc escreveu!

      concordo com a quase totalidade de suas colocações, exceto alguns “detalhes diabólicos”, mas julgo não serem relevantes no momento.

      vou apenas enfatizar e esclarecer alguns itens acerca de  minha posição, a qual é absolutamente pessoal.

      ->” foi, justamente, errar o diagnóstico sobre a natureza e caráter político dos movimentos e grupos que ocuparam e ocupam o governo, de tempos e tempos, esperando deles mais do que se podia.”

      não me incluo neste tipo de expectativa com Lula e o PT. minha derradeira expectativa com eles foi em 1989. já nas Diretas-Já me dei conta que Lula e o PT jamais assumiriam qualquer compromisso com nenhuma mudança mais efetiva do país.

      e note bem, não me refiro a nenhuma “revolução” – até pq não considero este conceito, em sua ortodoxia, aplicável nas atuais circunstâncias do capitalismo global. refiro-me a um compromisso do PT com um programa de ousadias mínimas, que ao menos concretizasse a organização popular, visando mudanças de longo prazo. nem isto! abandonaram completamente a organização das bases.

      em 1989 já ficou claro que Lula, sem detrimento de suas imensas qualidades e de seu papel histórico, não possuía o perfil (inclusive psicológico) para ser uma liderança capaz de ao menos tentar enfrentar o desafio brasileiro.

      além disto, não tenho – e nunca tive – a menor expectativa com este tipo de Esquerda tradicional. com seu sectarismo, seu dogmatismo, seu centralismo e seu autoritarismo, esta Esquerda tradicional não pode encaminhar nenhuma mudança de fato. apenas substituir uma estrutura de poder por outra, tão perversa quanto.

      por isto o projeto do PT arrebatou todo um grupo de minha geração. pois era um outro tipo de Esquerda. os Núcleos de Base do PT foram absolutamente inovadores em partidos no Brasil, porque garantiam a democracia interna.

      mas era óbvio que não poderiam “funcionar”… segundo a cúpula aquilo acabou virando “uma bagunça”! como iriam controlar as bases?

      ->” Quando Dilma resolveu mexer nos juros (em 2011, com Mantega, que gerou “prejuízos” de quase U$ 100 bi à banca)”

      ->”e, de quebra, propuseram um ensaio de desdolarização do comércio exterior (cesta de moedas nas trocas internacionais), ela acendeu a luz vermelha na sala dos donos do mundo.”

      correto! e aí jogo ficou pesado, interna e externamente. poderíamos então discorrer linhas e linhas, comentários e comentários sobre a questão. vou me ater a dois momentos cruciais sob o prima deste contexto que vc definiu:

      1. Crise de 2008: quebradeira geral do núcleo central do capitalismo brasileiro (Unibanco, Sadia, Banco Votorantin, Aracruz, etc…). com o empresariado de joelhos suplicando pela Bolsa BNDES, o que se fez? salvou-se as empresas – que foi correto. mas delas nada se exigiu, nenhuma contrapartida. o grande erro. assim como sempre foi um grande erro participar da administração das estatais da privataria tucana (via Fundo de Pensão das estatais, através de membros ns Conselhos e mesmo na gestão direta) sem interferir na orientação destas empresas. vide o caso escabroso da Vale, da telefonia, da Embraer, etc;

      2. Junho de 2013: já estava patente que a Crise de 2008 não cederia tão cedo. Dilma nos píncaros de popularidade. uma insurreição nas ruas clamando por mais participação e contra o sistema político. vazamento de Snowden revelando a espionagem da NSA na Petrobrás e diretamente na Presidência (o ovo da serpente da Lava Jato). o que faz o governismo? apresenta a proposta de Constituinte exclusiva. e recua em 24 horas.

      note como o processo histórico é cruel. 2013  equivale a 1961. e 2016 a 1964. os mesmo 3 anos fatídicos. em 1961 a rede da legalidade derrota o golpe, mas Jango recua e aceita o parlamentarismo. em 2013 ou se dava um passo à frente, o que Dilma ensaiou, ou se iniciaria o desgaste final do governo – o que nos trouxe até hoje.

      então, encerro com uma citação que já fiz outras vzs mas que é altamente relevante para se entender tanto a queda de Jango quanto a de Lula, Dilma e do PT.

      depoimento do Ivan Cavalcante Proença sobre Jango, no filme “Os Militares que disseram NÃO”

      “Um homem que se dispões a fazer Reformas de Base, daquele tipo, reformas que levariam o Brasil em 30, 40 anos ao primeiro mundo; Um homem que se dispõe a enfrentar o Imperialismo, a doutrina do imperialismo americano; Quer dizer… Ele tem que se prevenir com as armas sim! Isto eu lamento muito! Foi um golpe fácil demais! Ninguém assumiu um comando, que seria o verdadeiro comando revolucionário! Ninguém…”

      grande abraço

      .

       

      1. Tréplica.

        Para não estender. Também enxerguei os limites e não mantive expectativas, a não ser pela fluidez que a realidade impõe, o que pode apontar para mudanças de rumos, o que você diagnosticou como oportunidades perdidas.

        O que não implicava incorrer na doença infantil do esquerdismo presente na crítica ao PT.

        Justamente porque o PT, desde que aceitou disputar o controle do estamento, mesmo sabendo que seria quase impossível passar de mero administrador das tensões sociais das desigualdades, virou um partido de quadros e abandonou a concepção de partido de massas.

        O jogo ficou claro, inclusive pelo discurso classe média esposado no fim da década de 80, nas décadas de 90/2000, que aimentou o monstro jurídico-ministerial que hoje se porta como os gorilas de 64.

        Mas o fato do PT ter se limitado não implicaria em uma limitação real se houvesse forças que o empurasse para frente das “ousadias”, sem determinismo materialista-histórico, se é que me entende…

        Não há culpas a serem expiadas, e o PT enxergou 2013 como podia, e de fato, ninguém conseguiu definir o que houve, mas o certo é que houve uma chance perdida, não pela natureza anárquica do movimento de rua, mas pela pressão imposta por ele e que daria chance a uma presidenta a aproveitar o mote para capitalizá-lo, mas ao contrário, o movimento foi aparelhado pela agenda conservadora, mutio mais rápida e capaz.

        Há um medo atávico do dissenso, da luta, o que repelem como “derramamento de sangue”.

        E seguem sangrando pretos, pobres e todos os desfavorecidos.

        Não teremos um Abraham Lincon, vindo de baixo, e que até era comprometido com o estamento, até que teve a coragem de enfrentar a face mais arcaica do capitalismo que se digladiava com o setor mais moderno (anti-escravista).

        Aquele é o momento fundador dos EUA. Não teremos um momento desses.

        E preciso força (bruta) e coragem para mudar as coisas.

        Usando uma metáfora do gosto de Lula, ele dizia que era preciso mudar o pneu com o carro andando, mas infelizmente, o que ele fez foi tapar os furos ao invés de trocar o pneu, e o carro nos atropelou.

      2. Reformas que levariam o Brasil ao 1o Mundo…

        … a Noruega deixou de ser um país pobre e se tornou o que é hoje em menos de 100 anos. Só para dar um exemplo. E isso, sem deixar de ser capitalista.

        Falta um programa econômico à esquerda brasileira capaz de ao menos disputar a hegemonia com os dogmas neoliberais e dar alguma chance para o Brasil seguir o rumo da Noruega.

        Aliás, foi a Estatoil norueguesa que abocanhou o primeiro pedaço da Petrobras que os golpistas venderam a preço de banana. 

        1. o fim e o começo

          ->”Falta um programa econômico à esquerda brasileira capaz de ao menos disputar a hegemonia com os dogmas neoliberais e dar alguma chance para o Brasil seguir o rumo da Noruega.”

          estou saboreando agora uma barrinha de chocolate amargo 70%. sempre compro numa loja numa pequena cidade do interior no Sul de Minas. um produto excelente. poderia virar uma franquia. ou no mínimo se expandir para os mercados vizinhos.

          algum tempo atrás, conversava com o dono. uma cara legal. honesto. já coroa. caprichoso.

          ele defendia a privatização da Petrobrás. indaguei se ele sabia que a Noruega era um dos países com melhor qualidade de vida no mundo.

          – certamente que sim!, ele respondeu no ato.

          ao que acrescentei que isto se devia em parte pela Noruega ser grande produtora de petróleo. mas principalmente por como o país estruturou sua cadeia de petróleo e gás.

          mas sobre isto o pequeno empresário nada sabia. julgava mesmo que o petróleo norueguês fosse explorado por alguma grande petrolífera estrangeira. e ficou sem reação ao saber que o controle era estatal.

          por que diabos então um pequeno empresário do interior, mas muito competente no seu produto, defende a privatização da Petrobrás sem saber nada a respeito da gestão do petróleo num país que reconhece ter uma das melhores qualidades de vida do mundo?

          e como ele tem aos punhados por toda parte.

          só que não adianta colocar a responsabilidade toda nos ombros deles – lógico que como empresários deveriam buscar informação e saber se posicionar politicamente.

          é preciso uma política pública para os pequenos empresários. falar diretamente com eles. sem intermediação das entidades patronais que, no fundo, não os representam. e sim aos mega empresários.

          .

  5. Fica, Temer! Ou: quanto pior, melhor

    Tenho pensado ultimamente em termos de “quanto pior, melhor”. Torcendo para que o desgoverno Temer produza tamanha devastação, seja tão disfuncional para tantos setores que caíram no conto da grande mídia, que possa representar o “fundo do poço” para os crédulos nos dogmas ortodoxos. Se os “de cima” não puderem e os “de baixo” não quiserem manter o país sujeitado aos interesses dos especuladores, quem sabe seja possível alinhavar e viabilizar politicamente um projeto de desenvolvimento nacional inclusivo, conquistando apoio suficiente para implementá-lo… Quem sabe o caos social, econômico e político criado pelo desgoverno Temer torne possível enquadrar a grande mídia, que é hoje, na minha opinião, o maior inimigo do povo brasileiro, o mais poderoso instrumento a serviço de interesses (nacionais e estrangeiros) lesivos ao interesse nacional. Às vezes é preciso recuar para poder dar um salto maior.

    Que país queremos ser? Ou melhor, seremos algum dia um país, com algum senso, mesmo que mínimo, de coletividade e interesse comum? Ou eternizaremos o salve-se quem puder, farinha pouca meu pirão primeiro, manda quem pode obedece quem tem juízo, etc.?

    1. o fim e o começo

      o grande problema do “quanto pior, melhor” é que na verdade “quanto pior, pior ainda”. e quanto pior ainda, “mais pior ainda”. até chegar ao caos. então, o governo dá um soco na mesa: “ou o caos, ou a Ditadura”.

      tomadas pelo pânico, muitas pessoas preferem a ditadura – sem perceberem que assim ficam também com o caos gerado então pela ditadura. e sempre vem junto os vários tipos de miséria como bônus.

      abraços

      .

  6. Cadê o programa de desenvolvimento nacional inclusivo soberano?

    O fato é que obter sustentação política firme para um projeto de desenvolvimento nacional soberano, inclusivo e sustentável nunca foi possível no Brasil. Até porque, até onde me conste, um projeto consistente desse tipo ainda não foi apresentado por nenhuma força política de peso no cenário nacional. Não se encontram dois economistas acadêmicos de esquerda ou centro-esquerda que tenham o mesmo diagnóstico dos problemas econômicos brasileiros na atualidade e proponham as mesmas diretrizes para produzir crescimento com distribuição de renda…

    Mas, mesmo que houvesse um think tank influente com capacidade de produzir e repercutir um programa desse tipo hoje, e o PT (ou outro partido qualquer) o encampasse, seria inútil. A correlação de forças agora é amplamente favorável à coalizão entre velhas oligarquias, rentismo, financismo, corporativismo de estamentos reacionários (MPF, PF, parcela majoritária do Judiciário etc.), tendo a grande mídia no papel de agente coordenador. 

    Minha esperança é que Temer seja um desastre econômico, social e político – um desastre rápido, profundo, fulminante, pedagógico:  suficiente para desarmar a hegemonia das forças da direita e criar receptividade para uma proposta alternativa de nação. Essa proposta alternativa: 1) depende da formatação urgente de um programa econômico desenvolvimentista/distributivista/ecologicamente responsável; 2) precisa ser abraçada por lideranças comprometidas com os interesses populares E capazes de se fazer reconhecer pelos sujeitos desses interesses; 3) tem que obter adesão de uma parte decisiva do empresariado, uma adesão firme – a menos que tentemos relançar a divisa de todo o poder aos sovietes, coisa que, penso eu, ninguém em sã consciência consideraria factível; 3) tem que conquistar parcelas importantes da classe média, permitindo-lhe superar sua identificação anacrônica e delirante às elites rentistas/escravistas; 4) tem que obter adesão muito firme das Forças Armadas.  

    Os setores financistas, rentistas, entreguistas e as velhas oligarquias regionais são muito fortes. Contam com a força da mídia, com o ranço escravista das classes A, B, talvez mesmo a C; têm ainda generoso apoio externo. Dificilmente estarei viva para assistir a sua derrota, se é que um dia serão derrotados. Mas não podemos desistir de lutar. 

    1. Tudo isso que você reclama

      Tudo isso que você reclama existiu durante os últimos governos do PT, gostemos mais ou menos da forma e do conteúdo houve “adesão de uma parte decisiva do empresariado”, e de setores importantes dos movimentos sociais, houve conquista de importantes parcelas das classes médias (alguém já esqueceu do milagre do “consumo das classes Cs”), inclusive um plano de desenvolvimento nacional e soberano (“rooselvetiano” com o complexo do petróleo e gas, a política de expansão do crédito via BNDES). Negar isso é negar o legado da experiência mais frutífera da esquerda no Brasil. O problema é que esse projeto de país está sendo colocado em cheque por forças que estão em oposição clara a isso tudo. A oposição sempre existiu, o que está faltando é força de reação do PT e das outras forças de esquerda a esse contra reforma. E parte dessa força deveria ser suprida dos milhõies de simpatizantes e da população que mais se beneficiou dessas políticas. Foi o ataque ao partido e sua organização que pernitiu que as forças de reação obtivessem o sucesso que tiveram em sua estratégia golpista. Não vamos jogar o bebê fora junto com a aguá suja! Isso é uma guerra lutemos e joguemos no campo que conhecemos, e que sabemos não é um tapete muito ao contrário. Sem essa de querer ser o profeta do páreo corrido e não ter nem visão retrospectiva dos fatos e acontecimentos. Não criamos até o presente momento nenhuma arma mais eficiente do que o PT, sua militância e principalmente seus simpatizantes.

  7. Esqueceram de mim?

    Dois artícies do Golpe: EUA e GLOBO.

    A esquerda errou?

    Como poderia ter acertado com tais inimigos?

    O turco teve, na TV, a resistência ao Golpe.

    Sem ela…….

    Vamos cair na real?

    O Brasil é deles.

    Nenhum país, com tamanha concentração de poder nos meios de comunicação, resistiria aos “desejos” da mídia.

    E nenhum país resistiria aos “desejos” dos EUA com a mídia a favor.

    Nenhum.

    Sem contar que são décadas de persuasão, de modelagem.

    Décadas?

    10 décadas, sim.

     

    1. o fim e o começo

      ->” O turco teve, na TV, a resistência ao Golpe.”

      não, não… a TV foi ocupada pelos rebeldes após a transmissão do vídeo do Erdogan. e o golpe de mestre dele foi justamente se valer da web como instrumento de comunicação direta com seus apoiadores. falou direto com eles sem a intermediação da mídia tradicional.

      nos momentos cruciais do golpe na Turquia a mídia tradicional já o dava como bem sucedido: “Geopolitical Futures released an analysis saying the coup was successful. BBC Arabic, Sky News Arabic, El Arabiya TV, the ITN diplomatic editor, the US networks were all running commentaries saying Erdogan was finished, or had fled to Germany.” (link)

      foi também com um iPhone que o golpe na Turquia foi derrotado: ““Turkey is not a Latin America country … I’m calling those who attempt to overthrow the government [they] should go back to their barracks.”

      abraços

  8. A esquerda precisa parar de

    A esquerda precisa parar de atuar com uma noiva à espera de seu “principe encantado” seja ele encarnado em uma “burguesia industrial democrática e progressista”, num “caudilho nacionalista” ou na mão generosa de um “pai dos pobres”. A esquerda continua atuando isolada nas camadas médias e nas elites nacionais, incapaz de se comunicar com os 85% da população e de trabalhar junto com ela para construir um projeto coletivo e solidário de país. Continua mais preocupada com a opinião destes 15%, do que dos 85%. É a vida dessa gente a razão de ser de uma esquerda que valha essa denominação.

    1. “Pela organização espontânea das massas!”

      Parece piada; mas, quando eu era jovem, havia uma organização de esquerda que portava um cartaz com esses dizeres nas manifestações contra a ditadura militar. Eram trotskistas; detestavam o estilo autoritário, dogmático e aparelhista da esquerda leninista e maoísta.  Já os leninistas e maoístas acusavam os trotiskistas de esquerdistas, espontaneístas e porra-loucas. Diziam que era preciso organizar e conscientizar as massas, até que elas pudessem formar exércitos revolucionários disciplinados e decididos, capazes de implantar o socialismo. Difícil era encontrar dois grupelhos dessa esquerda capazes de concordar minimamente acerca do que entendiam como “socialismo”.

      É tão fácil passar receita genérica – “esquerda, comunique-se com os 85% da população mais pobre e trabalhe junto com ela!”. Tem gente muito boa tentando fazer isso há décadas, das Organizações Eclesiais de Base da Igreja Católica Progressista (sim, isso já existiu) à galera do MST e MTST. Boulos, aliás, do MTST, vem de uma família de classe média, é filósofo pós graduado, até onde sei; decidiu fazer voto de pobreza (castidade e obediência, ao menos, espero que não) e compartilhar a luta dos marginalizados de Sampa. A vida dele é conscientizar e organizar as massas. Admiro-o muito!

      Acho tudo isso fundamental; os pobres têm que deixar de ser objeto para se tornar sujeito da vida política. Mas francamente, não consigo acreditar que, num país continental como o Brasil, apareçam 5.000 Boulos (um, pelo menos, para cada município; você, policarpo, se habilita?); e que as massas sejam conscientizadas, de norte a sul, de leste a oeste, até poderem finalmente elaborar, coletivamente, um projeto alternativo de país – e logo em seguida tomar o Palácio de Inverno (ou da Alvorada). Adoraria acreditar nisso, mas acho ainda mais improvável que o amadurecimento de uma “burguesia industrial democrática e progressista” (na Noruega, não sei como, isso apareceu!), “caudilho nacionalista” (Ciro Gomes?), “pai dos pobres” (Lula, com certeza; Mandela, Mujica, Evo Morales…).

      Gosto de examinar os casos de sucesso, ainda que parcial, realmente acontecidos. Cuba, por exemplo. Seria replicável hoje? Noruega. Coreia do Sul (no que deu certo, é claro). Uruguai. Islândia.  Etc. Acho mais razoável aprender com quem conseguiu implantar desenvolvimento nacional soberano e inclusivo, do que inventar a roda. 

      Acho que nossa pergunta fundamental não deveria nem ser “que tipo de vida queremos ter?”. Isso é muito subjetivo. Não acredito em receitas universais para tipo de vida. Nem todo mundo tem vocação pra vida do Boulos, ou da Madre Teresa, ou do Che Guevara, ou do Ernest Gotsch. Talvez fosse melhor perguntarmos: “Que tipo de país queremos ser?” – tomando casos concretos como referências. A educação da Finlândia, a saúde da Inglaterra, a democracia participativa da Islândia, o sistema de seguridade social da Noruega… Como chegaram lá? Seria possível chegarmos lá também? Com que estratégias e táticas? Ou preferiremos continuar eternamente com esse perfil de país catástrofe? Desigualdade abissal, anacrônica , perversa e intolerável, estilo Casa Grande e Senzala; appartheid social, prostituição infantil, fome, violência letal das polícias, crime organizado em ascensão, devastação ambiental, exploração predatória, iniquidade, miséria – Brasil, o lixão do mundo?

      1. o fim e o começo

        ->” “Que tipo de país queremos ser?”

        tem vários motivos para não sermos como a Noruega, vc bem os conhece: sempre fomos colônia de exploração. território e população a serem expropiados, com uma elite gerencial encarregada de atender aos interesses externos.

        ao nos indagarmos “qual o tipo de vida que desejamos ter?” inevitavelmente somos levados aos questionamentos posteriores: que tipo de país queremos ser? em que tipo de cidade desejamos viver? que tipo de relacionamentos queremos ter?

        isto envolve uma ética! é extremamente político!

        outro ponto: a questão da organização.

        saiba que compreendo bem suas observações sobre leninistas, trotskistas e outros. vou deixar uma citação que corresponde a como vejo a questão da organização e das organizações (no sentido que os termos tem na Esquerda, ok):

        “Como construir uma força que não seja uma organização? Também aí, depois de um século de  querelas sobre o tema “espontaneidade ou organização”, é preciso que a questão tenha sido muito mal pos­ta para que não se tenha encontrado ainda uma resposta válida. Este falso problema assenta sobre um cegueira, uma incapaci­dade para apreender as formas de organização que se escondem, de maneira subjacente, em tudo o que chamamos “espontâneo”. Toda a vida, a fortiori toda a vida comum, segrega de si mesma formas de ser, de falar, de produzir, de amar, de lutar, regulari­dades portanto, hábitos, uma linguagem – formas. Só que nós aprendemos a não ver formas naquilo que se vive. Uma forma é para nós uma estátua, uma estrutura ou um esqueleto, em caso algum um ser que se move, que come, que dança, canta e se amotina.

        Organizar-se nunca quis dizer filiar-se numa mesma orga­nização. Organizar-se é agir segundo uma percepção comum, seja a que nível for.”

        Aos Nossos Amigos, Comitê Invisível (link)

        .

      2. Acho que não me fiz claro.

        Acho que não me fiz claro. Quando falava dos 85% não me referia aos chamados movimentos sociais a “la MS típico” e nem mesmo em “organizar e conscientizar as massas” para criar um “exército revolucionário” e tomar algum “palácio de inverno”. Acredito que já lemos suficientemente bem o historiador marxista britânico Edward Thompson e outros marxistas bem mais airosos para voltar a essa balela. Por sorte, quando era jovem não precisei passar por esse calvário e nem essa convicência de maoistas, trotkistas e outras seitas. Os tijolos do muro de Berlim e tudo o que significou aquele annus mirabilis eram o pano de fundo. Não sou herdeiro dessa esquerda a que você se refere. 

        Vamos falar claro. O mundo que você está pintando é o da social democracia européia cuja longa jornada nós já conhecemos. A mesma social democracia – é preciso admitir – que ao longo do século XX essa mesma esquerda (leninista, trotkista, maoista, guevarista e outra qualquer que você queira nomear) tanto desprezou e que agora é a tábua de salvação em que se agarra todos nós (esquerda) que tentamos sobreviver em meio ao maremoto neoliberal em que vamos vivendo nos últimos 25 anos. 

        Na experiência brasileira o PT era o que mais se aproximava – em que pese as enormes diferenças entre “arriba y abajo” do Equador – com aquela história dos partidos socialistas, trabalhistas e sociais democratas europeus. Um partido com forte vínculos com a classe trabalhadora, com os sindicatos, com as camadas médias da sociedade (não falo na classe média brasileira que é outra coisa) e organizado politicamente entorno de um partido com forte presença no sistema político democrático. No PT faltou construir um Estado de Bem Estar Social no Brasil. Mas não sejamos injustos ou ingênuos como seus contemporêneos amigos trotkistas ou maoistas.

        O PT e o Brasil não teve a sorte de viver os anos dourados do capitalismo do pós guerra. Quando a Europa acabava de construir suas instituições públicas que garantiam a essas sociedades uma cidadania ampla (direitos individuais, políticos, econômicos e sociais razoavelmente bem assegurados com a diferenças entre norte e sul da Europa que conhecemos). O Brasil tentava construir um sistema político minimamente democrático. Aqui o PT e a esquerda vair ter de enfrentar simultaneamente todos os objetivos de uma cidadania ampla nas condições de nosso capitalismo periférico.

        Não por acaso quando falava nos “85%” não utilizei a expressão “massa” justamente porque não comparto essa visão distorcida e amorfa da classe trabalhadora e da cidadania. Há coisas e gentes muito mais interessantes do que normalmente pensamos, e o jogo sempre continua, com vitória e com derrotas. 

        Se puder sugiro ver o video de um debate muito interessante na Fiocruz, vale a pena ver a participação de Fransérgio Goulart que atua em movimentos sociais na favela de Manguinhos e que trilha caminhos bem diferentes (no caso é interessante ver a contraposição com Boulos que também participa do debate)

        Abraços e PT saudações a todos

        https://www.youtube.com/watch?v=F97MzxxnkN8

         

         

         

  9. discussão das boas, excelentes e importantes colocações

    mais para entendidos do que para os de visão de povo, vítima costumeira de armadilhas ideológicas de todo lado

    e assim desde 1988

    e assim, desde  1988, sem ver nenhum partido lutar pela expansão daqueles direitos adquiridos(?)

    quase que impossível expandir o que não se tem, no que tange aos direitos sociais lá colocados

    grande erro do PT foi querer expandir ( e pensou que garantindo estaria expandindo ) sem se dedicar ( e se dedicou-se foi muito pouco ) à aquisição de novos direitos

    gente! o truque foi esse! é a armadilha que foi escondida pela elite lá na Constituição

    saca só: são tantos os direitos escritos, que ao lutar por eles deixamos a impressão que são em excesso

    sacou? hoje Temer pode mandar cortar à vontade porque terá o apoio, de novo, dos que esconderam a armadilha

    coisa que não seria possível, caso tivéssemos conquistado e garantido novos direitos, principalmente fora do campo social

    desenhando: lá tem de tudo e a direita soube como fazer a gente se preocupar só com o social

    hoje estão passando um dobrado na justiça, querendo direitos e garantias palas quais nunca lutaram e, se lutaram, foi muito pouco

    e nem tiveram tempo, diga-se de passagem, porque foi só serem eleitos para os canalhas caírem em cima, sendo contra tudo e todos, principalmente contra a sociedade, como vimos recentemente, com pautas bombas e tudo mais

    são os mesmos em outra época

  10. Nem fim nem começo

    O Brasil não vai acabar, caro Arkx. O povo vai ter de aprender a dançar conforme a música, por mais sofrido que seja.

    Exemplos de países que passaram por arrochos neoliberais e sobrevivem, não faltam. Portugal e Espanha por exemplo. Em Portugal, para se adaptar à crise, muitos migraram para outros países. Tem portugueses em quase todos os países do mundo. A maioria da população derrubou a taxa de natalidade ao extremo, para diminuir o desemprego.

    Na Espanha, a classe operária está diminuindo tão rápido, pela imigração e queda de taxa de natalidade, que em breve não haverá mais pobres no país. Sobrevive o país, mas os pobres vão sumindo aos poucos. A verdadeira razão de nos EUA ser difícil achar pedreiros, empregadas domésticas, mecânicos, é porque lá eles perseguem os pobres com impostos e taxas, e ninguém quer ser pobre lá de jeito nenhum. A pior coisa que se pode fazer nos EUA é ser pobre. E eles querem importar esta filosofia de fundamentalismo de mercado pra cá.

    Talvez, muitos pobres, se tornem autônomos, empresários, ou se conseguirem muito sucesso mesmo na vida, isto na mais remota das hipóteses, se tornem investidores na bolsa. Outros casos de sucesso emigram, se conseguirem.

    Com certeza esta onda neoliberal veio de cima, dos EUA, ninguém lhe pode resistir, ou fazer oposição. E veio para ficar. É se adaptar ou sofrer. Ou o povo dança conforme a música ou dança no pior sentido da palavra. Esta utopia de que protestando vai mudar alguma coisa, é descartada. A midia esconde as manifestações anti Temer e ainda posta a noticia distorcida, criminalizando os manifestantes.

    O Brasil não precisa colapsar, pode perfeitamente sambar. Com muita renúncia, sacrifícios imensos, e estratégia, é possível contornar a crise e se adaptar. Uma coisa é certa, neste novo Brasil, que o povo faça de tudo para não ser pobre, pois o governo vai perseguir a classe mais humilde de uma forma nunca vista na história deste país. Ser pobre no Brasil, vai ser quase um crime. Se correr o bicho pega, se ficar ele morde.

     

    “Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta às mudanças”.

     

     

     

    1. o fim e o começo

      ->”“Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta às mudanças”.”

      qdo o oxigênio começou a ser produzido na atmosfera primitiva, ocorreu uma grande extinção em massa. então, o altamente tóxico oxigênio envenenou a maioria das formas de vida – ainda unicelulares.

      contudo um tipo de  bactéria se tornou capaz de processar o oxigênio. e acabou se associando a um outro organismo unicelular. este fornecia proteínas para a bactéria que, em contrapartida, processava oxigênio e produzia energia.

      uma associação tão bem sucedida que até hoje a trazemos em cada uma de nossas células: a mitocôndria.

      ao contrário do que prega o darwinismo, clássico ou social, a natureza não é competitiva e sim associativa.

      a natureza não é autofágica. a vida sempre gera vida. a adaptação que prevalece é a baseada na simbiose.

      este é o nosso dilema: cooperação ou extinção!

      abraços

      .

      1. Provavelmente extinção

        Se depender da ganância do ser humano, então teremos a extinção. Como a parábola do  escorpião que ferroa a tartaruga no meio do rio, e ambos morrem afogados, assim, caminha o grande capital.

        Isto já foi dito por Leonardo Boff, que disse que quem irá derrotar o grande capital não será o povo ou a classe proletária, mas sim a Terra.

        Agora mesmo, o carbono se acumula na atmosfera numa taxa de 3 ppm por ano, a maior taxa de aumento de carbono de toda a história do planeta. Estamos em 409 ppm, subindo rapidamente. As algas levaram 1 bilhão de anos para criar a atmosfera respirável da Terra, com oxigênio, como a conhecemos, e a humanidade a destruirá em poucos milênios.

        Daqui há uns 4 ou 5 mil anos, o carbono chegará a tal concentração que a humanidade com a maioria dos animais, se extinguirá por asfixia. Não seria de se esperar nada diferente, pois para o capitalismo, só haverá parada quando a última árvore estiver derrubada e transformada em dinheiro, quando o último oceano estiver tão poluído que nada mais viva nele, nem algas ou bactérias. Sem florestas, e sem algas marinhas, a fotossíntese diminuirá tão drasticamente que acelerará o processo de aumento de CO². Aí talvez se dêem conta, tarde demais, que não dá para comer dinheiro, e que dinheiro não faz fotossíntese nem produz oxigênio.

        Mas como vc disse, a vida continuará, pois os seres anaeróbicos voltarão a dominar a Terra e a evoluir, como era no início. E com certeza ninguém sentirá a falta dos seres humanos. No fim, o mal destroi a si mesmo. Seremos apenas um curto contratempo na história da Terra, que já tem bilhões de anos. E a vida continua, com ou sem nós…

         

  11. Texto vazio. No quesito
    Texto vazio. No quesito informação, não acrescenta nada, no quesito interpretação, é delirante e no quesito ação, é conformista e covarde. Sequer vale a pena uma análise detalhada.

  12. Desculpa a franqueza: mas que merda é essa?

    Parece uma descaraga cerebral de alguem que fumou um bagulho muito ruim.  Acusar Lula de não opor reistencia ao golpe? Quanto comicios, concentrações e  eventos Lula já participou pelo Brasil afora? Dezenas. Quer mais o que? Que o homem se ofereça em holocausto em praça publica?? O homem tá sofrendo uma persegução judicial criminosa desses canalhas da Farsa a Jato, e querem que ele pare de se defender pra convocar o “povo” nas ruas?? Que “povo”? Esse que tá anestesiado pela midia, pelas igrejas evengelicas, e cheio de odio contra esquerda? Que “povo”? O  “povo” que nós temos é esse mesmo que tá ai nas manifestações. Quer mais o que ?? Covarde, oportunista e sem vergonha é a Luciana Genro, que declarou apoio ao Juiz do PSDB. Essa irresponsavel tem mesmo algum problema mal resolvido. Se Nào fosse a liderança corajosa de Jean Wilys ou um Ivan Valente não dava pra distinguir o PSOL do PSDB. Aliás, ainda não  sei se dá … 

    1. 100% apoiada. E o pior é que
      100% apoiada. E o pior é que o texto critica tudo mas não propõe um grama de ação. É conformista e covarde. Estamos vendo uma reação brutal dos setores mais atrasados e poderosos contra governos que ousaram modernizar o país e o sujeito se esparrama em poetagens pretensiosas. E o que impressiona a quantidade de gente batendo palmas para o poetastro. Devem ser vítimas do mesmo bagulho ruim.

      1. o fim e o começo

        ->” e o sujeito se esparrama em poetagens pretensiosas. [..] Devem ser vítimas do mesmo bagulho ruim.”

        mas é Mrs. Thatcher quem se refere a “corações e mentes” e “alma”, e eu que descambei para poetagens? mas, concordo, o bagulho é muito ruim mesmo. seu nome é ultraliberalismo. pretendem implantá-lo pelo ferro e o fogo da guerra sem fim.

  13. Um texto como esse do arkx

    Um texto como esse do arkx não pode ser lido como uma “tese do que a esquerda deveria ter feito ou estar fazendo”, é ser muito reducionista, pobre mesmo, e até arrogante, em minha opinião.

    É um texto lúdico, humanista, que fala mais de generalidades, e aponta eventualmente fatoso sociais gritantemente assustadores, como o ainda estarmos debatendo se a palavra “golpe” deve ou não ser usada.

    Textos desse tipo não são análises pragmáticas, detalhadas, dos erros cometidos e “os passos a serem dados” para “derrubar o golpe”.  São como um grito, um alerta de vida, um chamado à reflexão, não deveríamos nos preocupar se ele “erra” ou “acerta” ao dizer que Lula é responsável, “por omissão”, pela baixa resistência ao golpe, ao não liderar movimentos mais radicais e firmes nessa guerra.

    O foco maior do texto – e aí seu brilhantismo, sua gigantesca HUMANIDADE, consiste em nos lembrar de duas coisas essenciais: primeiro, que sim, o que nos resta é a solidariedade, o termos “uns aos outros”, na sensação de indignação, revolta, lucidez, consciência em relação ao que estamos vivenciando na carne.  Segundo, a questão que não pode ser afastada desse debate: “qual o tipo de vida que queremos ter?” – que entendo como um chamado a uma reflexão profunda, sobre tudo o que a direita raivosa no mundo, deseja destruir: programas sociais, tolerância e respeito às diferenças, democracia nos meios de comunicação, e tudo o mais que desejamos, os que não aceitam aordem vigente e imposta pelos insanos desse tal “neo-liberalismo” fajuto, nem novo, nem liberal, apenas uma repetição tosca de um arcabouço ideológico de dominação sobre os povos.

    Meus aplausos, arkx! Leio textos como o seu com alegria, pouco me importando se em alguns pontos eu discorde até frontalmente, vale o ângulo diferenciado, a forma diferenciada de nos trazer suas impressões sobre a realidade a nossa volta, e o que essa realidade visa destruir em todos nós!

    1. o fim e o começo

      valeu, amigão!

      obrigado por compreender a “alma” do que tentei expressar!

      em 1981, falando ao Sunday Times, Margareth Thatcher encerra a entrevista apresentando um claro objetivo: “If you change the approach you really are after the heart and soul of the nation. Economics are the method; the object is to change the heart and soul.”

      o que desejam dominar são nossos corações e mentes: a alma das nações. a economia é o método para destruir não apenas o conceito, mas o sentimento de solidariedade!

      escrevi o texto deste post após quase três dias sob o impacto de um artigo que li aqui no Blog do Nassif: “O pé-de-moleque e a planta tenra da democracia”. emocionado e pensativo, tentei expressar as idéias e emoções que a leitura em mim desencadeara.

      com um grande abraço, repito:

      por que lutamos? lutamos porque é assim que experimentamos a felicidade.

      .

      1. Abraço, arkx!!!! E se não

        Abraço, arkx!!!! E se não tivermos em mente respostas amplas, humanas, éticas, lúdicas para essa pergunta, ficaremos um dia semelhantes a “eles”, achando que tudo se resume ao lado pragmático dessa luta, e este é apenas um fator, o mais urgente talvez, mas longe de esgotar a tal da vida.  Quem não souber se comover nesses tempos, buscar amplidões de pensar e sentir, na minha opiniãoterá perdido umaimensa oportunidade de mudar primeiro a si mesmo, e depois, compreendendo toda a complexidade da realidade atual, lutar, lutar muito, conscientemente, para as mudanças que queremos.

  14. romulus

    meu caro Nobre,

    se não posso estar em Chamomix, me resta a Serra da Mantiqueira – em cujos céus tenho visto estranhas aeronaves. e olha que não sou chegado a nenhum “bagulho muito ruim”, como sugeriram. não, também nada que se assemelhe a algum tipo de UFO. ao contrário, são bem daqui mesmo. exceto por alguns detalhes intrigantes…

    ->”Como ja desagradava a direita desde o inicio, quem sobrou? Ao menos os que sao como eu: que tem uma perspectiva critica em relaçao a tudo.”

    como no filme “Matrix”, a perspectiva crítica é a pílula vermelha. depois dela nos encontramos no deserto do real. nem sempre somos capazes de suportar. mas o que fazer? voltar para a Matrix? ou fazer como Neo, acabar aceitando, por força das evidências, que um destino nos guia…

    ->” Ou a Revolução ou nada.”

    entre o Nada – da “NeverEnding Story” – e a revolução há todo um espectro de atuações. compreenda que nem mesmo acho que o conceito de “revolução” (em sua ortodoxia) seja aplicável no contexto atual do Capitalismo globalizado.

    ->” O erro do lulismo foi sim nao disputar a hegemonia quando teve a upper hand.”

    sem dúvida. concordamos 101%. e escrevi muito a respeito aqui no Blog do Nassif entre 2007 e 2009, qdo a Crise anunciou que estava em curso uma grande mudança. mas na época qualquer crítica era descartada sob o tolo argumento de “fazer o jogo da Direita”.

    ->” A esquerda se unir, para mim, nao significa se pasteurizar.”

    mais uma vez concordamos. agora, a dificuldade é combinar isso com a galera que se diz de Esquerda mas todo dia ingere uma pílula azul… é por isto, também, que o modelo representativo e as formas de organização tradicionais venceram o prazo de validade.

    ->” Mas nao eh possivel que HOJE nao façam uma auto-critica e vejam como o movimento de voces – legitimo – foi instrumentalizado pela direita, dando inicio à erosao da base de apoio do governo do PT.”

    aqui discordamos. mas compreendo sua argumentação. Junho de 2013 é uma encruzilhada com uma esfinge. como sempre, a esfinge pede que decifremos seu enigma. no caso, a pergunta é a seguinte: onde estávamos em Junho de 2013?

    estávamos nas ruas? ao menos acompanhamos as manifestações ao vivo pelo inovador trabalho dos mídia ativistas?

    esta é a questão sobre Junho de 2013 e as manifestações posteriores do “#NãoVaiTerCopa”. Junho de 2013 é uma pílula vermelha. tem que ter sido tomada, vivido tudo aquilo. caso contrário, se tem acesso apenas uma narrativa, seja a oficial ou a do lulismo, que não correspondem senão a aspectos conveniente, cfe os critérios de cada uma, as suas próprias visões da realidade. por isto Junho de 2013 é uma pílula vermelha, é uma outra visão da realidade.

    veja bem, não quero convencê-lo disto, estou apenas externando o mais claro possível minha opinião.

    ->” Alias, nao existe “vcs”. A atuaçao do Jean Wyllys esta muito mais proxima da do Paulo Pimenta do que daquela da Luciana Genro, por exemplo.”

    o PSOL é uma legenda nascida de um processo inverso ao do PT. o PT nasce das bases, uma necessidade das bases por um instrumento político de atuação. o PSOL surge para dar apoio a candidatura da Heloísa Helena – que depois se revelou aquilo que já se sabia, mas muitos preferiram não acreditar (novamente a pílula azul).

    grande abraço, voltaremos sempre a trocar mensagens. perdoe-me se as vzs fico meio “sumido”

  15. Demorei para ler o texto arkx, mas é excelente e vale a reflexão

    Esta nova sociedade que está surgindo, impessoal e mecânica me lembra a discussão sobre Inteligência Artificial e a tomada do comando do planeta por elas. Talvez já estejamos em uma fase avançada deste plano, que como todo plano revolucionário de tomada de poder é secreto.

    Os humanos vencerão, ou uma solução hibrida será escolhida provisoriamente?

    Muita gente boa já fala em tirar os computadores da tomada.

    Vou pensar mais no assunto arkx, parabéns pela discussão.

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