Diário da Peste 10

Ontem o presidente Jair Bolsonaro voltou a fazer um confuso pronunciamento na TV. Ele parece acreditar que pode modelar a realidade a partir da percepção distorcida que tem dela. Cada vez que abre a boca em público o mito confirma minha tese de que ele não estava em condições de assumir a presidência da república.

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Bolsonaro se limitou a falar para seus seguidores mais fanáticos. Mas ele não chegou onde está apoiado apenas por fanáticos. O mito surfou o Tsunami de anti-petismo criado pela Rede Globo, Estadão Folha de São Paulo etc… durante mais de 10 anos. Aproveitou o golpe “com O STF com tudo” (MPF e OAB incluídos). O desprezo da mídia por Fernando Haddad ajudou muito Jair Bolsonaro.

O clima de “foda-se o PT” após segunda vitória eleitoral de Dilma Rousseff, que desembocou no “foda-se a democracia” antes e durante o Impeachment dela e que terminou no “foda-se, colocaremos qualquer maluco na presidência, desde que ele não seja petista” em 2018 não foi criado por fanáticos e sim por homens cultos, asnos diplomados, doutores malvados com muita visibilidade, admiradores de FHC e pelo próprio FHC.

É preciso distribuir a cada qual sua parcela de responsabilidade. Bolsonaro não teria chegado ao poder sem o dinheiro graúdo que irrigou sua campanha. Os gringos da Embaixada dos EUA, sempre querendo controlar nossa política com dinheiro sujo da CIA, também não são inocentes.

O pior nesse momento é saber que a história de ascensão e queda de Bolsonaro só pode ter dois finais: tragédia nacional (preservação do mito no poder ou tentativa de auto-golpe dele para silenciar e exterminar a oposição) ou tragédia familiar (a queda será traumática para Bolsonaro, ele e/ou os filhos podem acabar cometendo suicídio). A imprensa brasileira nos conduziu até esse abismo coletivo ou familiar e merece sofrer as consequências.

Ontem fui obrigado a sair da quarentena. Contas a pagar, últimas providências a tomar no escritório. Em Osasco SP o decreto do governador de São Paulo está sendo cumprido. Apenas os mercados, supermercados e farmácias estão abertos. As ruas estavam muito mais vazias. Ao retornar para casa comprei mais algumas coisas, não muito pois suponho que não haverá um desabastecimento.

No condomínio fechado em que moro algumas pessoas podem ser vistas passeando. Não muitas e certamente sem formar grupos. Um vizinho aproveitou a quarentena para reformar o aparmento.

Há alguns dias ele começa a usar a furadeira de manhã e faz furos até as 16 ou 17 horas. O barulho incomoda, pois a pandemia, a incerteza e a estadia forçada em casa também são brocas perfurando nossas consciências o tempo todo.

Fábio de Oliveira Ribeiro

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