Hoje acordei e tive uma epifania, palavra que ainda não tinha tido a oportunidade de usar. Minha epifania foi dolorosa, pois descobri que evelhecer é começar a prestar atenção nas juntas que doem. Suponho que as que não estão doendo começarão a doer em algum momento.
Ultrapassada essa questão, duas coisas chamaram minha atenção.
A primeira é triste. Ontem a noite ocorreu o tradicional “rendez-vous” na vizinhança. Pensei que ele seria cancelado, mas isso não ocorreu. O baile barulhento do bairro ao lado do condomínio em que eu moro começou às 9 e terminou às 2 da madrugada.
Suponho que o COVID-19 foi involuntariamente convidado para o esfrega-esfrega de corpos jovens e adultos regado a cerveja, cachaça e caipirinha. Em duas semanas o resultado provavelmente será noticiado.
A segunda é alegre. As partidas de futebol que ocorrem no Parque Municipal Manoel Manzano.em Osasco SP, foram canceladas. Essa medida simples certamente preservará as vidas dos jogadores e dos familiares deles.
Não tenho nada contra o futebol. O diabo é que um dos times que joga todo domingo de manhã no Parque reza alto antes de jogar e o barulho da prece deles incômoda. Religião deveria ser uma questão privada e não pública. Eles não respeitam meu sono e eu fico com raiva e desejando que eles quebrem as pernas jogando.
Além disso, essas demonstrações de fé que interrompem meu sono são inúteis. Minutos depois do saravá evangélico posso ouvir os mesmos jogadores gritando: passa a bola filho-da-puta; caralho mano, não tá vendo que estou sozinho; você não acerta um passe, desgraçado; vai tomar no cu, seu bosta; mas que inferno, vocês não marcam ninguém.
Hoje não teve nem reza, nem gritaria, nem chingamentos. Mesmo assim acordei cedo, pois estava com dor no ombro. Merda.
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