Fofocas sobre o Lulu

A carreira de Mark Zuckerberg começou com uma brincadeira de mau gosto, o Facemash.com. Através deste website os interessados podiam escolher entre as fotos das garotas da universidade em que ele estudava, ranqueando-as conforme a aparência. Segundo a lenda este website teve uma quantidade tão grande de acessos que derrubou toda a rede de computadores da universidade. O resto é história. Zuckerberg criou o Facebook se tornou bilionário e até fez um filme contando rapidamente a história do Facemash.com.

A polêmica do Facemash.com ajudou a construir a carreira de Zuckerberg e inspirou recentes inovações. Exemplo disto é o Lulu, aplicativo para celular que permite ranquear os garotos atribuindo-lhes notas e comentários. A semelhança entre o Lulu e o Facemash.com é evidente, mas ao contrário de seu ancestral o Lulu chegou rapidamente ao Brasil e detonou uma disputa judicial. Esta disputa ainda não acabou e cada um dos lados tem bons argumentos, pois o caso diz respeito ao conflito entre dois direitos fundamentais garantidos pela constituição federal:  direito de opinar x  direito à privacidade.

Nenhum destes aplicativos é realmente inovador. O que eles fizeram foi apenas e tão somente informatizar a boa e velha fofoca praticada entre homens e mulheres desde que os seres humanos adquiriram a linguagem. A fofoca, o Facemash.com e o Lulu visam a mesma coisa: o compartilhamento de informações/opiniões sobre um parceiro em potencial. Todavia, ao invés de reduzir a incerteza as informações/opiniões obtidas de terceiros somente amplificam a mesma pelo efeito da cacofonia e do acréscimo/subtração.

Nos três casos (fofoca, Facemash.com e Lulu) opiniões favoráveis sugerem opiniões favoráveis e opiniões negativas sugerem opiniões negativas (cacofonia).  A soma de umas e a subtração de outras produz um  resultado aleatório que nunca será capaz de conduzir a uma cegueira seletiva que permita a aproximação genuína entre duas pessoas.

O amor é cego, dizem. O amor deve ser cego, digo eu. Ver os defeitos do outro através dos olhos de terceiros quebra o encanto, a atração original, que leva à aproximação e cria os primeiros vínculos. O fortalecimento destes é que levará à convivência através da qual os defeitos (inevitáveis) serão encarados de forma generosa ou ignorados à bem da preservação da unidade familiar.

Nesse sentido, a fofoca, Facemash.com e o Lulu são mais nocivos do que benéficos. A propósito de fomentar a sociabilidade o que eles fazem é justamente o oposto. Mas não acho que eles devam ser proibidos. Melhor é aprender a ignorar os três e seguir adiante rindo de quem se torna prisioneiro destes instrumentos de rompimentos preventivos que nos privam de relacionamentos possíveis e que poderiam ser emocionalmente produtivos e fecundos.

Fábio de Oliveira Ribeiro

4 Comentários

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  1. É pouco? Quer mais?

    Aplicativo Tinder

    É fácil aderir à brincadeira. Basta conectar-se ao aplicativo com uma conta no Facebook, definir sua orientação sexual e escolher a distância geográfica e o limite de idade dentro da qual podem ser procurados parceiros. Logo aparecerá na tela principal do aplicativo: uma foto de uma pessoa que está nos arredores, nome, idade, interesses e o número de amigos que vocês têm em comum. Abaixo, dois botões. Um “x” vermelho, para descartá-la, e um coração verde para aceitá-la como uma possível parceira. Assim, de bate-pronto, sem tempo para ficar pensando. Antes de mostrar o próximo rosto, o aplicativo exige que você se decida sobre aquele que está a sua frente: quer ou não?
    http://epoca.globo.com/vida/vida-util/tecnologia/noticia/2013/10/btinderb-o-novo-aplicativo-de-paquera.html

  2. Estou esperando relatos de leitores da midia local…

    me explicando que o Lulu é do Lulinha, e que ele roubou a ideia de algum gênio leitor da veja.

  3. Que lixo…Lulu?

    Como essa porcaria pode dar matéria ou repercussão?

    Só processa quem tá com o filme queimado…

    Boa a associação com o Lulinha em blog progressista…muito inteligente…tirou de onde CQC?

    Aqueles são inteligentes!

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