O que o Cardeal Mazarin pode ensinar ao STF?, por Fábio de Oliveira Ribeiro

 
Existem basicamente duas representações da queda de Dilma Rousseff. A imprensa internacional concluiu que nós sofremos um golpe de estado disfarçado de Impeachment. No Brasil, com exceção dos adoráveis blogues sujos, os jornais, revistas e redes de TV afirmam que o  Impeachment foi legalmente conduzido sendo legítima a posse do usurpador. 
 
Ao assumir, Michel Temer revogou políticas inclusivas, extinguiu  o órgão que facilitava o combate à corrupção, abandonou a defesa dos direitos humanos e afrouxou o combate ao desmatamento. O resultado não poderia ser outro: crescimento da corrupção e do abismo entre ricos e pobres, matanças de sem-terras e índios e a devastação da floresta amazônica. Apesar disso, o usurpador resolveu fazer uma viagem ao exterior.
 
O Cardeal Mazarin deixou um conselho que teria sido muito útil a Michel Temer:
 
“Nas estradas escorregadias, ou muito inclinadas, é prudente usar calçados ferrados e pisar com a ponta dos pés.” (Breviário dos Políticos, Cardeal Mazarin, editora 34, São Paulo, 2a. edição, 2000, p. 180) 
 
A popularidade de Michel Temer no exterior, que já não era grande coisa em virtude dele ser visto como co-autor de um golpe de estado, desabou por causa das violações de direitos humanos e do desdém que ele demonstra pelas pautas ecológicas. Na Rússia o usurpador não foi recebido no aeroporto pelo Presidente ou pelo Primeiro Ministro. Na Noruega e na Suécia ele foi publicamente hostilizado pelas autoridades. A estrada que Temer resolveu trilhar é escorregadia e inclinada, mas ele não tomou os cuidados necessários. 
 
O jogo de simulação e dissimulação de Michel Temer acabou. Ele não é popular dentro do país, nem tampouco conseguiu tirar proveito do capital diplomático brasileiro construído durante os governos Lula e Dilma Rousseff. O Brasil está à deriva e em razão disso os chacais norte-americanos já começaram a dilacerar nossos interesses dentro e fora do país. 
 
As soluções que se apresentam são várias e todas igualmente dolorosas. Se Michel Temer não renunciar, a violência política organizada pode se tornar uma realidade. A realização de eleições gerais para Deputados, Senadores e presidente parece não agradar a classe política. Resta ainda o julgamento do Mandado de Segurança de Dilma Rousseff contra o Impedimento mediante fraude. 
 
O que mais será preciso para convencer o STF de que Dilma Rousseff deve ser recolocada no cargo que lhe foi atribuído pelo povo brasileiro? Os Ministros daquele Tribunal também estão numa estrada escorregadia e inclinada. Eles pretendem seguir o conselho do Cardeal Mazarin ou cometer o mesmo erro que Michel Temer?
 
Fábio de Oliveira Ribeiro

13 Comentários

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  1. Caro Fábio, as castas

    Caro Fábio, as castas privilegiadas seguirão em sua dança macabra, até o grande acordo (entre elas) ou terceirizam a solução para os militares.

  2. Desgraçadamente

    Tudo indica que o stf, guardião mor do status quo, continuará exercendo seu papel de guardião do status quo, que hoje é representado pelo temer e seus canalhas.

    1. Quando a “normalidade”
      Quando a “normalidade” (eufemismo para brutal exclusão social, econômica e política) começar a incendiar as ruas e a sua casa não reclame. Você mesmo jogou gasolina na fogueira.

        1. a ironia continua …

          A culpa toda é do Lula ter existido e ter fundado o PT. Se não fosse isto, os donos do Brasil não necessitariam tomar as medidas drásticas (sem vergonhice instituída) atuais. Ameaçados com um quase certo 5º mandato consecutivo do PT, tiveram que sujar as mãos (eca! o resto nunca esteve limpo).

          1. A culpa é da vítima? Ok,
            A culpa é da vítima? Ok, diremos isto quando seus amigos começarem a morrer numa guerra civil.

  3. O cardeal napolitano Giulio

    O cardeal napolitano Giulio Raimondo Mazzarino,  era o suprasumo do realismo politico assim como seu mentor Cardeal de Richelieu (Armand Louis du Plessis) , desse realismo precursosr da Realpolitk de Bismarck, derivaram suas vitorias em manter a nobreza subjugada e preservar o absolutismo do Rei, ao mesmo tempo que fizeram da França a primeira potencia da Europa.

    Mazzarino jamais seria o referencial de fantasias sem nexo, como a anulação do impeachment e a volta de Dilma à Presidencia, um enredo tão fantasmagorico que nem sequer Gabriel Garcia Marquez seria capaz de desenvolver em deliro tremens.

    E se possivel fosse, o primeiro a não aceitar tal pesadelo seria o PT e Lula, não se anda para frente voltando para trás.

    1. Esta é a sua maneira de dizer
      Esta é a sua maneira de dizer que é um golpista safado que acoita este governo composto por ladrões? Francamente… para fazer isto você não precisa demonstrar uma sofisticação intelectual que não tem.

  4. Śeria a saída inteligente

    Porém, a inteligência dos nossos juízes anda ressabiada e não se apresenta.

    O processo do impeachment foi o corolário do desvario político, midiático e jurídico em que o país se meteu. Não existe solução melhor para um problema do que retornar ao ponto em que as ações começaram a produzir danos e, com a ciência dos resultados, desfazer as burradas. Anular o impedimento seria o melhor caminho. Mas tal atitude só ocorre em gente com capacidade de reconhecer erros. Nossos supremos sabichões estão longe de se sentirem humanos. Tem certeza de que tomaram a atitude correta e não veem que existe algo a corrigir.

  5. A saída …

    A saída em minha modesta opinião é tirar Temer e uma eleiçãio indireta de um nome de consenso para levar o barco até 18.

    Diretas teria de passar por uma PEC e nação está muito bagunçada para ter uma eleição agora.

     

    Alguém para arrumar a casa , em um ano , um ano e meio as eleições ocorreriam.

     

    Mas nada funciona se os agentes políticos insistirem no caos…

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