TRF-4: sem ruptura a justiça não será feita, por Fábio de Oliveira Ribeiro

TRF-4: sem ruptura a justiça não será feita

por Fábio de Oliveira Ribeiro

O erro da esquerda é acreditar no tecnicismo. Tenho dito isto desde antes do julgamento do mensalão.

Quando a politização do Tribunal é evidente a única coisa que a defesa pode fazer é empregar a tática da ruptura inventada por Jacques Vergès. Convencido disso cheguei a fazer algumas sugestões específicas aos advogados do ex-presidente. Ninguém me deu ouvidos.

Nos últimos dias a internet foi inundada com textos sugerindo que Lula não será condenado. Uns alegam que o TRF-4 reconhecerá a incompetência de Sérgio Moro para julgar o caso do Triplex, outros que existem provas de que Lula recebeu a posse ou propriedade do imóvel. O otimismo é um péssimo conselheiro. Léthê não deve ser considerada a padroeira dos advogados.

Para mim é impossível esquecer que a Turma que julgará Lula já disse textualmente num Acórdão que Lei pode ser ignorada nos casos da Lava Jato. Não sejam ingênuos: o julgamento do dia 24 de janeiro de 2018 não será técnico.

Júlio César disse certa feita que precisamos redobrar os esforços quando não somos agraciados pela Fortuna. A sorte de Lula está lançada. Farei aqui a minha aposta. Em dois dias o TRF-4 não atravessará o Rubicão. Isso já foi feito quando do julgamento do Mensalão. Portanto, eles manterão intacta a condenação de Lula (o aumento de pena é uma possibilidade).

Creio que os Ministros do STF fizeram algo muito mais difícil ao sacrificar José Dirceu aplicando o princípio da culpa presumida (Luiz Fux), substituindo a prova do crime pela literatura (Rosa Webber) e utilizando uma versão distorcida da teoria do domínio do fato (Joaquim Barbosa). A porta do inferno foi aberta quando do julgamento do Mensalão. Os desembargadores do TRF-4 não ousarão fechá-la.

Além disso, os tupinambás de toga não estão nem um pouco preocupados com o tecnicismo. Eles irão sacrificar e moquear Lula antes das eleições, pois o processo do Triplex é apenas um meio para atingir um fim: cercear, limitar, revogar ou suspender o direito da população de eleger um presidente que os juízes consideram politicamente indesejável.

“Aos amigos, tudo; aos inimigos, os rigores da Lei”, esta frase atribuída a Getúlio Vargas ajuda a compreender o Brasil do princípio do século XX. No início do século XXI ela deixou de fazer qualquer sentido. A nova tirania funciona como uma máfia, cujos princípios básicos são a desonestidade militante e a fidelidade canina ao cappo di tutti capi  elevado à condição de presidente da república com ajuda dos juízes que traíram a soberania popular em troca de aumento salarial. Doravante no Brasil a regra será “Aos bandidos tudo; aos inimigos o simulacro da Lei”.

Os juízes consideram Lula um inimigo. Portanto, ninguém deve acreditar na absolvição do ex-presidente.

 

Fábio de Oliveira Ribeiro

7 Comentários

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  1. Qual a tática da ruptura sugerida?
    Lula esta tentando mais uma vez o republicanismo. Mandela ficou quantos anos preso para vencer? Lula nao vivera tanto, pois nao tera prisao domiciliar pois não é “amigo do sistema”.

  2. justiça em metastase fecal

    As motivações condenatórias com:

    Suposições ou supositórios

    Convicções convergentes

    Momentos extremos a exigir medidas extremas

    Ampla literatura

    O que foi inventado na ap470

    O que não existe é o que existe escondido

    Etc……..

  3. Mentira! O julgamento é técnico e tem lógica impecável!

    Vou demonstrar a lógica. Não tenham preguiça e acompanhem a té o fim como será justa condenação do meliante Nove Dedos:

    O réu é de origem pobre e oriundo da região Nordeste
    Criado e crescido na metrópole de São Paulo
    Foi treinado e exerceu trabalhos braçais
    E fala mal a língua pátria
    O que torna, de saída, todos os seus atos suspeitos

    Não é negro de pele mas exames acurados de sua psique
    Evidenciam uma alma enegrecida, certamente por conviver,
    Desde tenra idade, muito misturado à gente de cor e paupérrima
    O que eleva consideravelmente a suspeição de seus atos

    Como atenuante, o réu ascendeu na vida, ocupou cargos importantes
    Usou terno e gravata exigidos pelo exercício do cargo
    E tem, atualmente, um padrão de vida relativamente elevado

    Porém, o atenuante é completamente anulado
    Pois o réu, embora livre da praga da pobreza
    Insiste em trazer dentro de si a alma negra
    E pobre e nordestina e de trabalhos braçais
    E barba muito suspeita e recusa em elevar seu português operário
    À língua culta dos doutos que somos nós

    Declaramos, então, o réu indigno dos cargos que ocupou
    E o proibimos de ocupar este ou qualquer outro cargo
    Exclusivo da gente clara e esclarecida, como nós
    Declaramos também o réu indigno de nosso convívio
    Pois fala mal, não se barbeia e certamente cheira mal
    Como costuma acontecer a todas as almas ou corpos empestiados
    De pobreza, negritude, Nordeste ou trabalhos braçais

    Em conclusão, o réu é culpado
    Não por ser nordestino, de alma negra e pobre e braçal
    Pois reconhecemos a utilidade de tais tipos
    E com eles simpatizamos, desde que se resignem
    À sua condição servil e nos sirvam com amor
    Pois precisamos de domésticas, babás, motoristas,
    Garçons, pedreiros, garis e jagunços
    Para o bom funcionamento de nossas casas e ruas

    O réu é culpado pelo crime hediondo
    De querer viver conosco em nossa casa grande
    Sem perder a alma negra e pobre e nordestina e braçal
    E mais culpado ainda por fazer crer à ralé que nos serve
    Que nossa bela e exclusiva casa grande é dela também,
    Que a casa é de todos: pretos, pobres, nordestinos, braçais…
    Quanta heresia! É culpado, mil vezes culpado
    De querer nos fazer conviver como iguais (oh! horror)
    Oh! horror) com a gente serviçal, tosca e fétida!

    Prendam o réu!
    Em nome de Deus e da família!
    Torturem a ele e a seus companheiros!
    Ponham-no no tronco e lhe apliquem mil chibatadas!
    De pau de arara veio, ao pau de ara retornará!
    Cortem-lhe a cabeça! Mas não rapidamente, que o réu sofra antes,
    Que perca a mulher, que seus filhos e netos paguem por seu atrevimento
    Que seus companheiros sejam perseguidos! Que o seu sonho
    De promover a ralé malcheirosa à dignidade de nós doutos
    Desmorone diante de seu olhar triste e impotente!
    Que ele perca todas as batalhas! E que gozemos,
    Que gozemos no ódio que nos move a sua dor mais funda!
    Gozemos a tristeza sem esperança da ralé que o tem como ídolo!
    E que nossa Pátria amada verde amarela seja desinfetada,
    Para todo o sempre, de seu corpo e de sua alma
    Negra, vermelha, criminosa!

  4. Ufa!

    Até que enfim alguém com coragem de enxergar realidade.

    Por que tantos se negam a vê-la?

    Será que é porque eles têm medo de encarar a solução que um diagnóstico correto exige?

  5. Perfeito.
    Lembro muito bem.

    Perfeito.

    Lembro muito bem. Fui outro que assinalou, ainda antes do julgamento do mensalão, que era uma tremenda ingenuidade do José Dirceu acreditar na “discussão do mérito” da acusação contra ele na Camara.

    Foram, um a um, candidamente, para o cadafalso…

    Tuido que eles acusam no PT, PT, PT é exatamente o que eles próprios fazem. Daí tanta raiva. Melaram – e vão melar cada vez mais – o jogo político porque viram que perderam uma, duas, três, quatro vezes no proprio jogo, o da grana pesada.

    Desde o início, ainda no ano de 2014, ficou claro que se tratava de uma operação política. Os Tribunais de Brasilia, se quiserem, que “matem no peito”. Até lá, o máximo de estrago que puder ser feito, será: que se jogue o boi de piranha no rio; que se sacrifique o bode expiatório. Só assim o equilíbrio polítioco que desejam será alcançado, ou seja, com qualquer representação popular ou do mundo do trabalho como meros coadjuvantes.

    Foi esse o arranjo da nova Republica quando o PT, PT, PT ficava de megafone nas portas das fábricas, lutando desigualmente contra a grana pesada nas campanhas. Ninguém, nem à esquerda nem à direita desse arranjo, perdoa Dirceu e Lula por terem se atrevido a balançar essa árvore.

    E ainda por cima governarem.

    E ainda por cima fazerem melhor governo que os deles.

    E ainda por cima com reconhecimento internacional.

    Não estão mais “nem aí” pro vexame jurídico internacional. Internamente têm ao seu favor uma máquina de desinformação para garantir privilégios. Então, é respirar fundo, pisar no acelerador, e ter paciência para as coisas cairem no esquecimento.

    Um “bom vinho” até ajuda.

  6. Porreta…

    Nassif: aprecisão desse artigo não permite sequer que se lhe acrescente uma vírgula ou um til. Com a precisão de um sábio e a fé de um profeta o Fabio matou a cobra e mostrou o cacête. Externou nosso sentimento, que pertecentos ao grupo dos 102 milhões de brasileiro que têm menos que os 5 outros mencionados pela Forbes. 

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