Uma eco-provocação aos marxistas retrôs


No mundo de Karl Marx, as coisas valiosas eram avidamente acumuladas. No nosso, aquelas que mais se acumulam não tem valor e não podem ser valorizadas. Eles degradam a natureza e entraram na cadeia alimentar.

Cada pessoa consome milhares de partículas microplásticas por ano.

Marx defendeu a tese de que o regime de produção capitalista devoraria a si mesmo devido às contradições que produzia. Todos nós (inclusive os capitalistas) já estamos devorando involuntariamente os dejetos do capitalismo.

Essa revolução natural distribuirá câncer e não riqueza.

A acumulação de capital e a produção de mais-valia que dividiram as classes sociais no século XIX foram dialeticamente superadas. Nos próximos anos, haverá uma abundância de microplástico para todas as pessoas em todos os países.

A revolução em curso é inexorável. Nenhuma guerra é necessária. A extinção do capitalismo será uma consequência natural da decadência de uma espécie incapaz de metabolizar aquilo que produziu no século passado.

Os comunistas do início do século XX fabricavam coquetéis molotov para atirar na polícia. A revolução do microplástico está sendo feita com a proteção dos policiais. Todos nós podemos pacificamente colaborar com a destruição do capitalismo e com a morte lenta e dolorosa dos capitalistas.

O microplástico na terra, nos mares, rios, nuvens, na atmosfera, dentro de plantas, animais e seres humanos não tem ideologia. Ele não é seletivo, nem precisa de um Manifesto semelhante ao escrito por Marx e Engels.

Acima de tudo, ele não pode ser exterminado por nenhum exército.

Nossa civilização é uma pequena gota suja no imenso oceano do tempo geológico. Tudo o que existe na superfície da Terra agora, incluindo a camada microplástica do atropoceno, será reprocessado nas profundezas do planeta sob alta pressão e temperatura.

Fábio de Oliveira Ribeiro

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