A nomeação de Sérgio Moro para o Ministério da Justiça é uma ameaça ao STF e o primeiro passo para consolidação do fascismo no Brasil.
O mundo das realidades palpáveis é tão importante e significativo quando o mundo imagético. Ao poder interessa tanto as armas quanto os boatos, as crendices e as ameaças veladas. De fato, a história mostra que os poderes não materiais têm, na maior parte das vezes, um custo menor do que a violência explícita. Posso fazer alguém calar-se com um sopapo, mas isto significaria a possibilidade de revide, um exemplo da minha truculência aos que virem a ação e – até – a possibilidade de uma revolta aberta contra meu ato. Revolta coletiva contra a brutalidade, por exemplo. O mesmo objetivo, de fazer alguém calar-se, pode ser alcançado mediante suborno, ação de forças místicas ou religiosas, ou mesmo uma ameaça física persuasiva. O custo destas ações é, na totalidade dos vetores que se podem analisar, menor do que a violência aberta.
O menor dos custos é, porém, convencer ao outro de que ele deve calar-se. Este “convencimento” também é violento, mas pode vir através de ideias como leis e legislação, justiça ou até mesmo “educação e bons modos”. Quando o não dito se torna mais efetivo que o imposto abertamente, o sujeito que age pensa que o faz por livre e espontânea vontade, mesmo que, na realidade, foram necessários anos de poderes lhe sendo aplicados ininterruptamente para que o deixassem dócil, obediente e crédulo de que é de seu interesse, voltando ao nosso exemplo, calar-se.
É preciso atenção ao não dito, ao invisível, aos gestos e aos símbolos.
Sérgio Moro não tem nenhuma legitimidade acadêmica no campo do Direito. Aliás, dezenas de obras de autores qualificados já desmontaram o juiz, desde suas estapafúrdias releituras das leis, até sua lógica e até a qualidade de seu português. Moro tem a aversão de toda a classe política, seja pelos seus acertos (quem acredita neles), seja por suas perseguições infundadas. O juiz-justiceiro, porém, tem massivo apoio dos militares e enfrentou o STF ao menos três vezes frontalmente, saindo-se sempre vencedor. Nem Teori Zavascki, nem Fachin ou Gilmar Mendes conseguiram arranhar a imagem de Moro ou fazer com que ele fosse menos político e mais atento aos limites legais.
A legitimidade que o judiciário mesmo (tribunais superiores e STF) deu a Moro, quando se calaram, agora será usado pelo fascismo contra a Democracia.
Moro será, para boa parte da população brasileira que votou em Bolsonaro, o símbolo da própria Justiça, eclipsando o STF. Será um poder rival, concorrente ao judiciário, sob a tutela do fascismo e com o apoio das armas e dos coturnos. O que quer que Moro venha a fazer, desfazer, obrigar ou atacar terá um peso monumental para ser contraposto pelo STF. O fascismo segue com o ataque populista às instituições e, em breve, quando Gilmar Mendes perguntar (como já perguntou) se Moro “fala com Deus”, Mendes encontrará uma turba a dizer que sim, e que é o STF quem opera pelo diabo.
Este violento ataque é fruto de inação anterior do STF, e é uma velha estratégia do fascismo. Empoderar membros mais baixos das hierarquias que se quer destruir e passar a ideia simultaneamente de legitimidade por simplicidade, justiça e por apoio popular. Hitler era cabo, e isto sempre lhe deu um “lugar da fala” privilegiado contra as oligarquias. O apelo panfletário às massas é a marca indelével da destruição fascista e um apelo à consolidação da “ditadura da maioria”.
Enfim, parece que o ex-capitão descobriu que se precisa de menos do que “um soldado e um cabo” para “fechar o STF”. Basta provocar uma rivalidade aberta de poder, com um dos polos recebendo apoio militar e da parte fascista da população. No momento em que o STF parece entender o perigo fascista, no momento em que ele vota unanimemente pela intangibilidade da liberdade de cátedra e pensamento nas universidades, o fascismo apresenta como oposição à “corrupção” do STF um juiz visto como “impoluto”, “íntegro” e “honesto”. Moro não é mais do que um mau juiz criado num protofascismo delirante, e se ele alcançou a projeção suficiente para ser algoz do STF, foi exatamente pela irresponsabilidade deste.
Que o judiciário entenda que com leis não se brinca de fazer política, pois o poder emprestado a algum subalterno não é devolvido e, pelo contrário, ataca as fundações de todo o sistema.
Seria bom, do ponto de vista do equilíbrio de forças, que o tribunal soltasse Lula imediatamente. Seria uma demonstração para Moro de que ele não é plenipotenciário, de que ele foi político e venal (e não um cavaleiro da ética) e de que o STF requisita a sua independência. Além disso disto, Lula poderia unificar a oposição ao fascismo que, em quatro dias após a eleição já se mostra agressivo demais com as instituições.
Não acho, entretanto, que o STF terá coragem para enfrentar isto. Acho os ministros, todos, ignorantes demais para compreenderem que serão engolidos pelo fascismo. Creio que quando os despreparados magistrados compreenderem o que se passa, será tarde demais. Lula os chamou de acovardados, Dilma declarou que era golpe. Ambos os presidentes foram alvo da fúria descompassada de ministros e ministras exigindo infantilmente explicações. Em contrapartida, um semi-analfabeto filho de ditador, diversos generais e agora um juiz de piso ameaçam e ofendem a suprema corte e não vemos os mesmos faniquitos em defesa. Na minha opinião o STF já está fechado. Moro é a pá de cal.
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Os ministros do stf estão se
Os ministros do stf estão se lixando pro país. Sabem que pode acontecer o diabo com os demais brasileiros, mas eles terão seus pornográficos salários depositados no dia certo enquanto os funcionários públicos que estão na ponta – professores, policiais, médicos – não sabem mais o que é receber no dia certo – vide o Rio, em que todos os funcionários públicos estão com atrasos salariais – menos os juízes. O Brasil não tem elite. País sem elite minimante decente não vai pra lugar nenhum
Paulo Pimenta: “Brasil precisa de Operação Lava-Toga”
Sérgio Moro no Ministério da Justiça do governo Bolsonaro – Entrevista com Paulo Pimenta
“Não se faz oposição propositiva pro fascismo!”
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Um artigo lúcido e
Um artigo lúcido e objetivo….. concordo totalmente com a conclusão final: é a pá de cal sobre o cadáver chamado STF……..
Ótimo artigo, especialmente o
Ótimo artigo, especialmente o último parágrafo.
Lembro que muitos se perguntavam o porque da existência de um stf se o moro resolvia tudo, que estávamos gastando dinheiro à toa pagando aquele monte de velhos se apenas UM resolvia tudo.
Agora vão sentir na pele quanto custou sua omissão e colaboração ao golpe que destruiu o país.
Togas borradas
Carmelita Moro nunca me enganou: sempre estará atrás de holofotes e da ribalta. Não há mesmo o que se esperar destas togas borradas do STF. Direto no alvo, Fernando Brito.
Togas borradas
Digo, Fernando Horta.
Desvio de finalidade. Gilmar
Desvio de finalidade. Gilmar Mendes vai impugnar?
Por que um Juiz federal,
Por que um Juiz federal, mesmo de piso, larga a toga e tudo que dela advém: estabilidade, prestígio social, vitaliciedade, polpudos salários, para assumir um cargo temporário, porque de confiança, num governo iniciante, portanto ainda uma incógnita?
As razões para esse escriba parecem claras: terminar o serviço que começou. Fazer o que nçai pode, ou não podia, como magistrado: investigar adversários políticos. Terminar o serviço sujo.
Juiz não investiga.
O
Juiz não investiga.
O problema ele é porque condena, também sem provas. Alivia com provas e condena sem provas.
Gilmar o receberá de braços
Gilmar o receberá de braços abertos, não tenho duvidas.
“É preciso estar atento e forte”, sempre
TV BOITEMPO – Construir a RESISTÊNCIA, com professores Marilena Chauí, André Singer, Ruy Braga e Vladimir Safatle
[video:https://m.youtube.com/watch?v=ux4rh0cHL7g%5D
https://m.youtube.com/watch?v=ux4rh0cHL7g
P.S. Acabei de receber no YouTube, ainda não assisti mas o assunto e os professores são recomendáveis de olhos fechados – e ouvidos sempre atentos.
Sampa/SP, 01/11/2018 – 23:12
Máfia maçônica tucana dos inférno! Tomaram os 3 poderes e tudo+
O facismo está consolidado faz tempo.
Fica difícil lidar de forma correta com os problemas, se não os levarmos a sério e aceitando-os no nosso presente. Essa forma de jogar problemas em andamento para o futuro, como se ainda não existissem e portanto sugerindo que todos os cuidados devam ser tomados para que não ocorram, já ocorrendo, é um dos pricipais motivos de estarmos em uma ditadura ferrenha, facista comandada pelos piores crápulas já verificados no cenário nacional, que mesmo totalmente desbaratados continuam de vento em popa, a vontade praticando seus crimes, perseguições, roubos, corrupções etc…
Escola sem partido existe em
Escola sem partido existe em ditaduras como a da Arábia Saudita…..precisamos é de uma Escola Com Principios Democráticos….mas tá difícil com esse fascismo de massas,,,,como disse Érico Veríssimo, o Povo preferiu o ódio ao PT ao amor pela democracia….foi nisso em que se transformou o Brasil de Lava Jato ET caterva
https://www.diariodocentrodomundo.com.br/antes-que-votem-o-escola-sem-partido-por-brum/
Analise precisa de Fernando
Analise precisa de Fernando Horta. O STF se sentiu tão importante com o julgamento do mensalão que pensou que nada mais poderia colocar em questão sua legitimidade. Agora, como a maioria das ovelhas, caminha lentamente na direção do matadouro.
A Alemanha produziu uma série muito bem feita, esteticamente tem referências de Metropolis e Fassbinder, chamada em francês de Babylon Berlin que começa nos anos 20 e deve chegar até os anos 40. Nela vê-se o pano de fundo que fomentou o nazismo e a chegada ao poder do mediocre Hitler, que detestva intelectuais e fazia discursos populistas de facil assimilação.