Estranhezas em torno do coronavírus 2, por Gustavo Gollo

No dia 10 de março, o porta-voz do ministério das Relações Exteriores da China afirmou que o Covid-19 não surgiu em seu país, mas nos Estados Unidos, tendo sido levado de lá para a China pelo exército americano.

A afirmação se baseava na constatação de que as linhagens do vírus disseminadas no Irã e na Itália, que agora se propagam pelo mundo, não descendem de linhagens chinesas, tendo todas elas uma origem comum. Seriam, desse modo, como linhagens irmãs, oriundas todas elas de uma mesma linhagem mãe que, supostamente, teria surgido nos EUA.

A propagação do vírus através do Irã — bola da vez dos EUA —, iniciada bem anteriormente à que acabou por ocorrer na Europa, já havia causado tais suspeitas.

É possível, em princípio, traçar as árvores evolutivas dos vírus e estabelecer a genealogia das linhagens. A afirmação de que a linhagem iraniana não descende da chinesa merece averiguação e sugere que o vírus tenha sido plantado tanto na China, quanto no Irã, supostamente por mentes doentias encravadas no governo dos EUA.

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Mas, que sentido poderia haver em iniciar um problema que acabaria inexoravelmente por reverter sobre si mesmo?

O mundo atual não funciona direito. Inúmeros problemas vão se acumulando diariamente, acabando por obrigar a realização de uma espécie de reboot mundial — religamento do sistema —, de tempos em tempos, gerando aquilo que chamamos crises.

Os momentos críticos, assim, são necessários para justificar a implementação de medidas de exceção corretivas gerais, nos mais variados mecanismos que compõem as engrenagens do mundo.

Por essa razão, era necessário criar uma crise. (Preste atenção, essa doença poderia ser apenas uma super gripona que teria levado muita gente aos hospitais e causado muitos óbitos entre os idosos, não fosse todo o alarde que está sendo feito. Atente que a CRISE, enquanto tal, é fabricada, sem qualquer dúvida. Haveria uma avalanche de mortes, mas não era obrigatório parar o mundo).

Mas, mesmo admitindo a necessidade de uma crise, por que não criar uma crise normal, sem vítimas diretas, como a de 2007 e anteriores?

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A produção real de bens e serviços — a economia real —, da China já é quase o dobro da dos EUA, embora a subvalorização dos produtos chineses permita aos EUA ter um PIB nominal superior ao chinês. Assim, uma variação de escala imposta aos produtos chineses permite que os EUA continuem a parecer a maior economia do planeta, de modo a dominar as finanças e manter as rédeas do mundo, ditando as regras que governam o mundo e definindo os árbitros que as fiscalizam.

Obviamente, haverá um momento em que os chineses arrebatarão essas rédeas das mãos dos estadunidenses e passarão a dar as cartas, definindo novas regras e árbitros, passando a ditar novos rumos para o planeta.

Embora necessária para ajustar os bugs das engrenagens do mundo, uma crise tenderia fortemente a desencadear o desmoronamento dos EUA e o subsequente arrebatamento das rédeas das mãos dos de lá.

Se plantado na China, o suposto “Wuhan Coronavírus”, ou “vírus chinês”, como alguns estadunidenses também o chamam, teria não só um efeito devastador sob a China — país extremamente populoso, pego de surpresa por um vírus desconhecido —, como poderia facilmente transformar o país no culpado pela disseminação do vírus, tornando-o alvo do ódio mundial.

O soturno Event 201

Um mês antes da eclosão do vírus na China, ocorreu nos EUA a bizarra “simulação” de uma pandemia letal causada por um coronavírus novo surgido em porcos no Brasil e levados com eles para a China, onde causaria efeitos devastadores e se espalharia pelo mundo dizimando centenas de milhões de pessoas paralisando economias e causando danos econômicos sem precedentes.

O evento parece ter definido o roteiro seguido por todo mundo, poucos meses depois, enquanto o tenebroso Centro de Saúde Johns Hopkins, organizador do Event 201, lançava um site desenhado para alimentar preconceitos e ódios contra os chineses, repleto de belos gráficos fortemente preconceituosos com os quais acompanhava o desenrolar do “Wuhan Coronavirus” pelo mundo — essa designação preconceituosa foi trocada, assim como gráficos igualmente toscos mais presentes nas primeiras apresentações do site. Os viéses discriminatórios perpassam ainda hoje o site desenhado cuidadosamente, embora já tenham sido bastante atenuados, em parte, em decorrência do absolutamente surpreendente êxito chinês no combate à doença, que acabou por impossibilitar o plano original de demonização da China através do site, revertendo o quadro que acabará por se tornar uma retumbante propaganda chinesa.


Uma das preconceituosas imagens do site da Johns Hopkins sobre o “Wuhan Coronavírus”. Note que o gráfico à esquerda contrapõe a China ao resto do mundo, enquanto a lista à direita mostra-se inundada por localidades chinesas. EUA e China aparecem no site distribuídos por estados ou províncias, de modo a evidenciar o problema nas populosas províncias chinesas, e reduzi-los nos estados americanos. Outros países não aparecem subdivididos no site, nem gigantes como Brasil, Rússia ou Índia. O site vai sendo alterado conforme os dados deixam de favorecer a demonização da China e sua culpa pela doença.

Um plano maligno

O plano para manter as rédeas do mundo consistia em inundar a China com um vírus desconhecido que individualmente causaria uma doença leve, similar a uma gripe, mas coletivamente avassaladora, dado o abarrotamento dos sistemas de saúde resultante do contágio generalizado. Apesar da letalidade inferior a 1% dos casos, a quantidade espantosa de doentes superlotando os hospitais deixaria um acentuado rastro de mortes.

Plantado na China, em torno a um laboratório de bioengenharia especializado no coronavírus, o vírus se disseminaria silenciosamente até que a superlotação dos hospitais chamasse a atenção para a surpreendente proliferação de casos similares a gripe. Em seguida, os chineses precisariam perceber o fato, isolar o vírus e identificá-lo, antes que pudessem tomar providências efetivas contra o inimigo desconhecido, tempo precioso, durante o qual o vírus estaria se difundindo por toda a China, e, de lá, já alçando o mundo.

A quantidade crescente de fatalidades a ocorrer na China, alardeada pelos meios de comunicação de massa, alimentaria o terror, em todo o mundo, sobre a doença assassina que, como uma bola de neve, ia se tornando cada vez mais imensa e aterrorizante.

Assim a peste assassina assomaria o mundo inteiro, prenunciada pelo alarde sobre o morticínio ocorrido na China, aliada a uma intensa campanha contra a China, responsabilizada pelo “Wuhan Coronavirus”, como chamado no infame site da Johns Hopkins, ou ”vírus chinês”, como propõe o bando no governo dos EUA.

A propaganda se encarregaria de disseminar o ódio contra a China, responsabilizada pela ameaça mortal a aterrorizar o mundo inteiro.

O plano era unir o mundo inteiro em um imenso ódio coletivo contra a China, despedaçada pela doença que a pegara de surpresa.

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Ocorre que não só vietnamenses, coreanos e japoneses têm fortes lembranças dos EUA, mas todos os da região os conhecem bem, de modo que os chineses, coreanos, japoneses e outros, têm se preparado contra possíveis guerras biológicas, o que lhes propiciou umas habilidades inacreditáveis.

Em decorrência disso, o contragolpe chinês foi magnífico. Surpreendentemente, e de maneira absolutamente imprevisível, os chineses conseguiram identificar a doença, isolar o vírus e identificá-lo aceleradamente, enquanto já o monitoravam e cercavam, conseguindo, inacreditavelmente, em poucos meses, debelar o vírus em toda a China, reduzindo a 0 os casos de transmissão local em todo o país, incluindo a região originalmente pega de surpresa, quando a pandemia estava apenas começando em quase todo o restante do mundo.

Assim, no exato momento em que a doença começa a aterrorizar todo o restante do mundo, o cessamento de novas infecções autóctones na China — onde todos os novos casos têm sido importados —, impossibilitou a continuidade da demonização dos chineses, transformando-os em uma fonte de esperança para a contenção da doença no ocidente. Além da quantidade de casos — baixa, em vista do número de habitantes —, o percentual de letalidade na China é bem inferior ao do ocidente, de modo que a surpreendente e espantosa vitória do país sobre a doença, acabou por reverter o jogo, impedindo a demonização da China através da imputação de sua culpa pela doença; retirando-a dos noticiários escandalosos para inseri-la apenas em notícias tentativamente tranquilizadoras.

A peste temível prossegue agora não só aterrorizando a Europa, mas assomando-se sobre os EUA, agigantando-se sobre o país que logo se verá estrelando as mais tenebrosas manchetes sobre a doença.

Os números dos EUA relativos à doença logo superarão os da China, impossibilitando, em consequência, a demonização do país, e a união do mundo inteiro contra um suposto país execrável responsável pela doença.

A reversão agora é coroada, quando a China se apresenta como conselheira e salvadora, disposta a ajudar com informações, materiais, pessoal e remédios, os países mais afetados pela tragédia.


Conclusão

O mundo vai se atolando em uma gigantesca crise econômica decorrente da imobilidade deliberadamente imposta, apresentada pelos meios de comunicação como solução para a doença.

A solução despropositada, a opção pela imobilidade, tem-nos sido apresentada sem um plano que a sustente. Não nos informam por quanto tempo deveremos nos isolar, omitindo a perspectiva de que até setembro espera-se que a doença esteja ainda grassando, tendo deixado um rastro ainda maior de desconfiança e pavor que de mortes.

Se nos deixarmos levar pelo plano bizarro que nos estão impingindo, no final do ano a crise terá se agigantado, estaremos confusos e desnorteados após meses de confinamento, temerosos e depauperados. Teremos que sobreviver à doença e à penúria.

Teremos também, entre outras estranhezas, nos convencido da naturalidade do fechamento de fronteiras e da imposição do confinamento em nossas casas.

Tudo indica que o plano de isolamento da China e de sua transformação no demônio maléfico causador de todos os males falhou. Nada obsta que novas estocadas na mesma direção sejam efetuadas pelos mesmos artífices insanos.

Temos que estar atentos para não permitir que nos impinjam novos consensos, como a admissão do confinamento de cidadãos, fechamentos de fronteiras e cerceamentos do gênero. (Note que o despropositado fechamento de fronteiras terrestres decretado no Brasil só ocorreu em 19 de março, quando os casos da doença já estavam se espalhando internamente no país, ou seja, logo que deixou de ter algum propósito).

A tentativa de isolamento da China, assim como sua demonização sugerem uma guerra já em andamento, catástrofe que pode se desdobrar em conflito generalizado com vistas a manter as rédeas do mundo a todo custo.

Tudo isso sugere que, de um modo ou outro, ao final dessa crise teremos presenciado a mudança de eixo do mundo para o Oriente. Virão de lá, em seguida, as novas regras e árbitros que governarão o planeta. O fenômeno terá consequências maiores para o mundo que a queda do império romano.

Reflexões em primeira ordem.


Outro gráfico tendencioso apresentado pela Jonhs Hopkins contrapondo a China ao resto do mundo e mostrando-a como responsável pela doença. Quando a parte azul da curva começou a crescer, tornando o gráfico relativamente informativo, mas reduzindo seu potencial para demonizar a China, o gráfico foi retirado do site.

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Redação

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