Manchas de óleo: o crime, por Gustavo Gollo

Com a cumplicidade da marinha, dos órgãos ambientais e até do presidente, imbuídos no empenho em ocultar o crime descomunal, os criminosos vão conseguindo esconder o elefante embaixo do tapete

Manchas de óleo: o crime, por Gustavo Gollo

Quatro meses após o surgimento das primeiras manchas de óleo, elas finalmente escasseiam, chegando apenas em pequenas quantidades em praias já anteriormente afetadas.

O petróleo se espalhou pelas praias de quase todo o país, desde o Pará, onde as duas notificações foram negadas pela Marinha, procedimento padrão do órgão no caso, que sistematicamente negou todas as novas notificações, enquanto o petróleo ia aparecendo cada vez mais ao sul da Bahia, passando pelo Espírito Santo e chegando ao Rio de Janeiro. Assim como fez no Pará, a marinha negou sistematicamente, tanto a identidade do óleo relatado seguidamente em novas notificações com a do que assolou o nordeste, quanto sua existência. No Pará, além disso, a marinha dispôs enorme contingente de homens em busca de óleo nas praias. A admissão da chegada de óleo ao Pará explicita de maneira ainda mais gritante a gigantesca extensão do desastre, sem precedentes no mundo. Esse foi provavelmente o maior vazamento de petróleo ocorrido em oceanos.

De forma residual, granular, o petróleo vazado em julho escureceu areias de praias por todo o país, fato não divulgado nos meios de comunicação, mas constatável ao se observar variações na coloração da areia retirada de buracos cavados por crianças. A substância continua soterrada nas praias, na forma de grãos negros entre os de areia. A foto acima, reproduzida de imagem google do início de dezembro, mostra a faixa escura entremeada de óleo em Copacabana. Escolhi o local por ter passado por lá e constatado o fato. Não houve notificação na cidade do Rio de Janeiro, onde o petróleo chegou apenas residualmente.

O que foi o crime, afinal?

Estranhamente, não se sabe, ou melhor, continua sendo ocultado, como um elefante sob um tapete!

Sabemos que no dia 5 de outubro, quando finalmente – após mais de um mês do aparecimento das primeiras manchas –, foi revelado tratar-se de um crime ambiental gravíssimo, Jair Bolsonaro, o Biroliro, tratou de decretar sigilo sobre relatório da Petrobrás que esclarecia a origem do desastre, insinuando trata-se de óleo venezuelano, como parte da trama de encobrimento do crime.

Sabemos também que o vazamento monstro ocorreu em julho, conforme documentação da Polícia Federal utilizada para incriminar um navio grego que passou nas proximidades do óleo, na mesma data – aguarda-se um pedido de indenização gigante pelos danos morais decorrentes dessa denúncia farsante que espera-se seja imputada ao Biro e seus cúmplices.

A imensidão da mancha revelada no relatório da PF, no entanto, atestando o vazamento de um volume de óleo que não caberia em mil navios – a mancha tinha o tamanho aproximado de Madagascar –, obrigou o IBAMA a negar sua autenticidade, afirmando tratar-se, não de petróleo, mas de algas. A admissão do volume de óleo revelado pela imagem provava que o óleo se originou de plataforma de perfuração, não de navio.

A mesma estratégia negacionista criminosa foi utilizada pelo IBAMA para negar a autenticidade das outras duas manchas reveladas em fotos de satélites europeus: a que causou as mais devastadoras manchas que arruinaram as praias do nordeste, e outra mais ao sul, que prenunciou a chegada do óleo no sul da Bahia, Espírito Santo e Rio de Janeiro.

Como foi o crime? Uma especulação

Depois que as indenizações cobradas da Chevron por vazamento em plataforma ocorrido em 2011, que deveriam ter chegado a 20 bilhões, foram reduzidas a uns trocados – com 20 bilhões pode-se comprar muita gente –, o Brasil se tornou o local ideal para a experimentação de abordagens audaciosas e testes arriscados em plataformas de extração de petróleo, uma vez que possíveis catástrofes não resultam em prejuízos financeiros significativos às companhias.

Em princípio, técnicas de fraturamento utilizadas para a extração de óleo do xisto, utilizadas nos EUA, injetando-se fluidos para aumentar a pressão dos poços, poderiam otimizar tremendamente a extração de petróleo no mar, embora o aperfeiçoamento e calibração de tais técnicas, naturalmente, envolvesse erros e custos ambientais inerentes às experimentações, em geral.

Um desses testes, efetuado em plataforma de extração nas costas brasileiras, onde as cobranças ambientais podem ser desprezadas, teria resultado no maior vazamento marinho já registrado em todo o planeta, transformando as praias brasileiras em lixeiras, envenenando e destruindo a vida em nossa costa oceânica.

Com a cumplicidade da marinha, dos órgãos ambientais e até do presidente, imbuídos no empenho em ocultar o crime descomunal, e tendo comprado também os meios de comunicação – que nada querem ver –, os criminosos vão conseguindo esconder o elefante embaixo do tapete, e após 4 meses decorridos do primeiro registro, continuam todos a fingir tratar-se de vazamento oriundo de navio.

Fica estabelecido, assim, o Brasil como o local ideal para a realização de testes potencialmente desastrosos mas lucrativos, e a transformação das praias brasileiras em lixeiras.

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