Ensaio para um caos não-anunciado, por Jeanderson Mafra
É verdade que em muitos debates, o termo “teoria da conspiração” é utilizado para desacreditar falas de denúncia contra a atitude de governos e magnatas contra seus compatriotas. E o surgimento do coronavírus como pandemia mundial, dizimando neste momento quase 1.000 vidas por dia apenas na Itália, tem demonstrado mais uma vez isso.
É muita ingenuidade nossa defender sempre o discurso governamental de controle sobre a situação, como se um pai a nos suster. O fato é que o neoliberalismo-padrasto – substituto deste pai (Estado), no Brasil – já jogou a toalha e admite não ter nenhuma solução.
Óbvio que o desespero não irá nos ajudar neste cenário no qual entramos sem aviso prévio (isso nunca será dado), mas muito menos a resiliência e a crença em nossos governantes será a certeza de sobrevivência. Temos que reaver tudo isso após; a decisão do povo, a vontade soberana da população – o que chamamos democracia.
Vejam que presidente escolhemos para o Brasil. Sequer sabe o caminho a seguir e nem está preocupado com isso. Porém, com certeza, terá seu respirador artificial garantido, enquanto o sistema de saúde colapsará em poucas horas, com funerárias e o abastecimento.
A narrativa de que “a economia precisa continuar” é criminosa e retardará, somente, as perdas de lucro dos empresários, sempre dependentes de força de trabalho barata e , agora, sem direitos. Enquanto isso nenhuma produção emergencial a nível industrial está sendo efetivamente tomada contra o caos como, por exemplo, a distribuição de kits de teste, cestas básicas, luvas, máscaras e apoio logístico do Exército à população, principalmente os mais carentes. É um cenário de guerra.
Acontece que os fatos estão postos sem nenhuma teoria e apenas a “conspiração” persiste, é certo. Nenhuma decisão tomada em favor do povo brasileiro que assiste letárgico sua tragédia.
Sem melancolias, a solidariedade e a pulsão pela vida são nossas únicas armas revolucionárias agora, em que nos arrastam para um outro contexto mundial sem antes lançarem sortes sobre nossas vidas.
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