Clipping do dia

As matérias para serem lidas e comentadas.

Redação

13 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. E a gora, Cunha?

    A “voz do povo” só vale para cana, não vale para grana, Deputado Cunha?

    6 de julho de 2015 | 21:08 Autor: Fernando BritoFonte: http://tijolaco.com.br/blog/?p=28112

    financiaprivado

    Cansei de ouvir, na “revotação” da redução da maioridade penal os deputados da direita enchendo a boca para dizer que a maioria esmagadora da opinião pública era a favor de cadeia para adolescentes.

    Os mesmos, quase todos, que aprovaram o financiamento privado das campanhas eleitorais, também numa “revotação” cunhística, vão dizer o quê, agora?

    16% são a favor de legitimar a doação de empresas; três quartos são contrários.

    A a “opinião pública” vale  pela cana, mas não vale pela grana?

    Dinheiro de pessoa física a gente dá como quiser e é tolerável que quem tem mais possa dar mais, até certo limite, desde que isso não seja forma de escapar de impostos.

    De pessoa jurídica  – e e empresa não é “pessoa” – não, nem dentro de limites, porque é a usurpação do direito de quem compra produtos e serviços de uma organização e tem seu dinheiro desviado – mesmo legalmente – para candidatos a cargos eletivos que não escolhe.

    Quando, no auge das tais “jornadas de junho”, o Governo Dilma apresentou, mas não defendeu, a proposta de financiamento público exclusivo das campanhas, errou grosseiramente e não pode seguir errando agora.

    Se a maioria do parlamento, beneficiária deste dinheiro das empresas, não quer, a população quer.

    Como se desmoralizariam, se o Governo sai resolutamente para a defesa de suas propostas, as teses de que o PT – e só o PT – foi garimpar dinheiro de favor de empresas para a campanha?

    Não é tarde, porém, para retomar a campanha.

    Há, para a transformação desta imoralidade em regra constitucional, uma votação do Senado, na qual é hora de fazer cavalo de batalha.

    Há, em tramitação no Supremo, uma decisão proibindo o “surucutaco” empresarial nas eleições, sobre a qual Gilmar Mendes continua sentado.

    Assumir esta causa é a maior prova de que a política pode e deve se fazer sem dinheiro – legal ou ilegal, mas sempre imoral – de empresas.

    E deixar que os “paladinos da moralidade” escancarem que considera imoral apenas o dinheiro que se dá ao PT, enquanto o deles é limpo, puro e generoso.

    Mas, para isso, o governo tem de tomar posição, não ficar a reboque, dizendo: “ah, eu preferia que as eleições fossem limpas, mas os deputados, sabe como é…”

     

     

  2. Eduardo Cunha desanca a OAB por ter encomendado pesquisa

    Por dinheiro de empresas na campanha, Cunha esbofeteia a OAB

    6 de julho de 2015 | 23:15 Autor: Fernando Brito

    cunhaoab

    “A OAB não tem muita credibilidade há muito tempo. As minhas críticas à OAB são constantes”, disse. “A OAB é um cartel, é um cartel de uma eleição indireta, de uma série de poder feito com movimento de milhões sem fiscalização. Então, a OAB tem que ser questionada em muitos pontos dela, a OAB precisa ser mais transparente”.

    Os conceitos aí de cima são de Eduardo Cunha, o tolerado, em resposta ao fato de a OAB ter encomendado ao Datafolha a pesquisa de opinião pública sobre financiamento privado empresarial às campanhas eleitorais, do qual tratei no post anterior.

    Aí  está  no que deu a entidade dos advogados ter se deixado levar  por um relativismo moral que deixou as regras do Estado de Direito serem violadas grosseiramente por razões políticas e midiáticas.

    Qualquer desclassificado moral, como Eduardo Cunha, sente-se no direito de esbofeteá-la.

    Afinal, respeito à legalidade e à normalidade dos processos jurídicos não foram deixados como coisas menores, tantas vezes?

    O cinismo de Cunha, ao dizer que não se perguntou à população se concorda em que se tire “o dinheiro que pode ir para a saúde, para a educação, ir para campanha política” nunca foi contestado com coragem de dizer que o dinheiro empresarial que vai para as campanhas políticas não vai – e poderia ir – “para a saúde, para a educação” porque as empresas sonegam ou evitam impostos e ainda choram pela “maldita” carga tributária, que lhes dói enquanto, de fato, machuca os pobres.

    A OAB  vai aceitar ser tratada desta forma ou vai se insurgir contra o déspota que contola nosso parlamento?

    Ou será que a última fortaleza do Direito, depois de abrir suas portas para tantos atropelos, tem forças para resistir ao seu próprio atropelamento?

     

  3. Fernando Brito comenta entrevista de Dilma à Folha

    Presidenta, os bois precisam de nomes e o país, de ações concretas

     7 de julho de 2015 | 06:26 Autor: Fernando Brito no Tijolaço 

    entrevistafolha

    Finalmente, o Governo começa a sair de seu imobilismo e inicia alguma reação contra a onda golpista que se levanta, ameaçadoramente, contra ele.

    A decisão de chamar os partidos da base de apoio para encararem a conversa fiada das chamadas “pedaladas fiscais”, a adoção de medidas protetivas ao emprego – embora isso seja muito restrito aos metalúrgicos de montadoras, que tem esta bandeira há muitos anos, mesmo quando o emprego “bombava”  – e a entrevista na edição da Folha de hoje (leia abaixo), são esperadas e demoradas atitudes que apontam na direção correta.

    Debelar o pico da crise exige mais, porém.

    Primeiro, compreender que sua superação exige, obvio, macropolíticas econômicas mas não dispensa as ações pontuais para limitar os danos de elevações brutais de preço, que potencializam uma escalada irracional e, muitas vezes, imotivadas de aumentos pelo “efeito arrastão” que provocam na percepção da economia. Transformado em “assunto menor”, o governo abriu mão de todos os seus mecanismos de interferência nos preços de gêneros que estão criando, um após outro, uma percepção de descontrole geral, como vêm fazendo, sucessivamente tomate, batata e, mais recentemente, cebolas.

    Não, é especialmente cruel porque atingem em cheio o consumo mais popular. O preço da cesta básica nas capitais, essencialmente por conta deles, teve variações acumuladas de até 30% em cinco meses (janeiro a maio deste ano). Exceto Manaus, com 8% de aumento, todas as outras 17 capitais pesquisadas tiveram aumentos superiores a 10%, o dobro da inflação do período.

    Não há leitura da população sobre ações contra isso, que a atinge todos os dias, com muito mais impacto com a conversa de superavit para cá, gasto público para cá.

    A segunda questão é que, e a cada dia se torna mais difícil, por um freio na cumplicidade entre os órgãos de investigação do caso Lava Jato (que, ao que parece, tem jurisdição sobre tudo e qualquer coisa, em todo o território nacional), métodos escandalosamente arbitrários (prisão até a confissão “desejada”) e vazamentos que tornam ridículas as decisões de não dar aos acusados acesso a “delações” que são fornecidas apenas à Veja, ao Estadão, à Folha…

    Como não é papel do Ministro da Justiça cobrar da Polícia Federal o respeito ao sigilo da investigação, que garante não apenas sua eficiência como a indispensável isonomia entre todos os que são envolvidos por ela? E não é dever dele exigir que se esclareça, de imediato, situações gravíssimas como escutas ilegais, clandestinamente instaladas dentro da própria Polícia Federal, que um agente e um delegado apontam como ordenadas por delegados de confiança do chefe local?

    Mas o que acontece é que o próprio diretor geral da PF vai aos jornais dizer que Cardozo, com ele, só trata de assuntos administrativos. Sei lá, compra de clipes de papel ou grampos? Grampos não-telefônicos, bem entendido.

    Por último, o nome aos bois do golpismo.

    É preciso nominá-los e deixar a população esclarecida sobre quem são, a começar por Aécio Neves, FHC e a tropa de choque tucana e peritucana, os derrotados na eleição.

    Nem mesmo é indelicado, a esta altura, batizar os integrantes da boiada, pois eles próprios mugiram seu golpismo em alto e bom som, no domingo, em sua convenção, quando incitaram seus partidários na base do “preparem-se, vamos chegar ao poder antes do que imaginam”…

    E, a esta altura, com o desgaste do governo e o clima de derrocada espalhado pela mídia sem tréguas, todos os dias, dá aos adeptos do golpe um poder corrosivo sobre as instituições, cujos integrantes se preocupam em escolher entre ser parceiros da desgraça ou se deixarem cooptar pelos novos possíveis donos do poder.

    Na economia, na administração e na polêmica, tudo é política. E política, quando nos empurram para o impasse, tem de ser enfrentada com decisão e clareza, para que a população possa ter referências.

    Não se está sugerindo arranjos, irregularidades, composições espúrias, mas ações reais e comunicação política incisiva. Isso é algo que, até em grego, a população entende e, majoritariamente, espera de quem recebeu seu voto.

    Leia, abaixo, a entrevista de Dilma à Folha:

    Folha – O ex-presidente Lula disse que ele e a sra. estavam no volume morto. Estão?

    Dilma Rousseff – Respeito muito o presidente Lula. Ele tem todo o direito de dizer onde ele está e onde acha que eu estou. Mas não me sinto no volume morto não. Estou lutando incansavelmente para superar um momento bastante difícil na vida do país.

    Lula disse que ajuste fiscal é coisa de tucano, mas a sra. fez.

    Querido, podem querer, mas não faço crítica ao Lula. Não preciso. Deixa ele falar. O presidente Lula tem direito de falar o que quiser.

    A sra. passa uma imagem forte, mas enfrenta uma fase difícil.

    Outro dia postaram que eu tinha tentado suicídio, que estava traumatizadíssima. Não aposta nisso, gente. Foi cem mil vezes pior ser presa e torturada. Vivemos numa democracia. Não dá para achar que isso aqui seja uma tortura. Não é. É uma luta para construir um país. Eu não quis me suicidar na hora em que eles estavam querendo me matar! A troco de quê vou querer me suicidar agora? É absolutamente desproporcional. Não é da minha vida.

    Renúncia também?

    Também. Eu não sou culpada. Se tivesse culpa no cartório, me sentiria muito mal. Eu não tenho nenhuma. Nem do ponto de vista moral, nem do ponto de vista político.

    A sra. fala que não tem relação com o petrolão, mas está pagando a conta?

    Falam coisas do arco da velha de mim. Óbvio que não [tenho nada a ver com o petrolão]. Mas não estou falando que paguei conta nenhuma também. O Brasil merece que a gente apure coisas irregulares. Não vejo isso como pagar conta. É outro approach. Muda o país para melhor. Ponto.

    Agora excesso, não [aceito]. Comprometer o Estado democrático de direito, não. Foi muito difícil conquistar. Garantir direito de defesa para as pessoas, sim. Impedir que as pessoas sejam de alguma forma ou de outra julgadas sem nenhum processo, também não [é possível].

    O que acha da prisão dos presidentes da Odebrecht e Andrade Gutierrez?

    Olha, não costumo analisar ação do Judiciário. Agora, acho estranho. Eu gostaria de maior fundamento para a prisão preventiva de pessoas conhecidas. Acho estranho só.

    Não gostei daquela parte [da decisão do juiz Sergio Moro] que dizia que eles deveriam ser presos porque iriam participar no futuro do programa de investimento e logística e, portanto, iriam praticar crime continuado. Ora, o programa não tinha licitação. Não tinha nada.

    A oposição prevê que a sra. não termina seu mandato.

    Isso do ponto de vista de uma certa oposição um tanto quanto golpista. Eu não vou terminar por quê? Para tirar um presidente da República, tem que explicar por que vai tirar. Confundiram seus desejos com a realidade, ou tem uma base real? Não acredito que tenha uma base real.

    Não acho que toda a oposição que seja assim. Assim como tem diferenças na base do governo, tem dentro da oposição. Alguns podem até tentar, não tenho controle disso. Não é necessário apenas querer, é necessário provar.

    Delatores dizem que doações eleitorais tiveram como origem propina na Petrobras.

    Meu querido, é uma coisa estranha. Porque, para mim, no mesmo dia em que eu recebo doação, em quase igual valor o candidato adversário recebe também. O meu é propina e o dele não? Não sei o que perguntam. Eu conheço interrogatórios. Sei do que se trata. Eu acreditava no que estava fazendo e vi muita gente falar coisa que não queria nem devia. Não gosto de delatores.

    Mesmo que seja para elucidar um caso de corrupção?

    Não gosto desse tipo de prática. Não gosto. Acho que a pessoa, quando faz, faz fragilizadíssima. Eu vi gente muito fragilizada [falar]. Eu não sei qual é a reação de uma pessoa que fica presa, longe dos seus, e o que ela fala. E como ela fala. Todos nós temos limites. Nenhum de nós é super-homem ou supermulher. Mas acho ruim a instituição, entendeu? Transformar alguém em delator é fogo.

    Tem gente no PMDB querendo tirar a sra. do cargo.

    Quem quer me tirar não é o PMDB. Nã-nã-nã-não! De jeito nenhum. Eu acho que o PMDB é ótimo. As derrotas que tivemos podem ser revertidas. Aqui tudo vira crise.

    Parece que está todo mundo querendo derrubar a sra.

    O que você quer que eu faça? Eu não vou cair. Eu não vou, eu não vou. Isso é moleza, isso é luta política. As pessoas caem quando estão dispostas a cair. Não estou. Não tem base para eu cair. E venha tentar, venha tentar. Se tem uma coisa que eu não tenho medo é disso. Não conte que eu vou ficar nervosa, com medo. Não me aterrorizam.

    E se mexerem na sua biografia.

    Ô, querida, e vão mexer como? Vão reescrever? Vão provar que algum dia peguei um tostão? Vão? Quero ver algum deles provar. Todo mundo neste país sabe que não. Quando eles corrompem, eles sabem quem é corrompido.

     

  4. (Leia, sem preguiça, ok) : Wadih Damous em O Dia

    Ex-presidente da OAB, petista diz que Cunha e Moro rasgam a Constituição

    Candidato em 2014, Wadih Damous teve quase 38 mil votos e ficou na suplência, mas saiu do banco de reservas e desembarcou em Brasília para ajudar na reconstrução do PT

    LEANDRO RESENDE, no Jornal O DIA

    Rio – O ano está tão difícil para o PT que uma articulação do partido, comandada pelo ex-presidente Lula, tirou Wadih Damous do banco de reservas e lhe garantiu uma vaga na Câmara dos Deputados. Candidato em 2014, ele teve quase 38 mil votos e ficou na suplência, mas desembarcou em Brasília para ajudar na reconstrução do partido. Ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil no Rio e da Comissão Estadual da Verdade, o deputado aponta erros do PT, dispara contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e o juiz federal Sérgio Moro, responsável pelas investigações da Operação Lava Jato. Para Wadih, os dois estão rasgando a Constituição.

    “A oposição é boa para ganhar pesquisa, mas não ganha eleição”, diz deputado

    ODIA: A Câmara dos Deputados aprovou, na semana passada, a redução da maioridade penal para crimes violentos, menos de 24 horas depois de um texto semelhante ser rejeitado em plenário. Qual sua avaliação?

    WADIH: Na primeira noite de votação, a civilização venceu a barbárie. Depois, a barbárie venceu com base no golpe comandado pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha. A Constituição foi violada e está sendo suja por ele, que faz manobras e age como se fosse proprietário do Legislativo.

    Está jogando lama na Carta Magna: se ele perdesse, ele ia colocar várias emendas até ganhar. Mas creio que o Senado irá corrigir essa monstruosidade. Espero que essa discussão seja feita sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que é uma lei ordinária. A Constituição deve ser mexida o mínimo possível.

    Houve mudança de posição de deputados, determinante para aprovação do novo texto para reduzir a idade penal. Por quê? Houve pressão?

    Essas pressões não acontecem à luz do dia. Não ocorreram em público. Não sei se foi num restaurante, no gabinete do presidente… Hoje, na Câmara, não há a menor possibilidade de vencer qualquer votação que o Eduardo Cunha não queira.

    Para defender-se das acusações de ‘golpista’, Cunha e seus aliados têm dito que interpretações do regimento não podem ser judicializadas. Esse argumento é plausível?

    Quem diz isso ou não sabe o que está dizendo ou age de má-fé. Não há nada acima da Constituição. O que acontece lá é a manipulação do regimento. Enquanto a Câmara estiver com esta presidência, vamos caminhar na mediocridade e tudo o que há de pior vai passar. Estou lá pela primeira vez, mas tenho certeza de que esta é a pior representação da história do Legislativo.

    Cunha, teoricamente, faz parte do partido que é a base aliada do governo. E o PT nada conseguiu fazer para evitar sua presidência. Lançou o Arlindo Chinaglia (SP), mas ele foi derrotado. O partido, então, não tem culpa na sua própria insatisfação?

    Não tenho elementos para avaliar quem estava certo ou errado. Não estava lá. O PT comete erros. Talvez o partido não tenha entendido o impacto que seria o Eduardo Cunha ali. Talvez tivesse sido melhor apoiar outro candidato, de outro partido, para a presidência da Câmara. Não há nada independente na Casa hoje. A maioria está dominada pelo presidente Cunha. O que se pode fazer é dialogar com movimentos sociais, recorrer ao Supremo Tribunal Federal, como fizemos neste caso da maioridade penal. Esse mal não vai durar para sempre.

    Segundo pesquisa Ibope, a presidenta Dilma Rousseff atingiu apenas 9% de aprovação. Há salvação para o governo?

    A oposição é boa para ganhar pesquisa, mas não ganha eleição. Dilma ainda tem três anos e meio de governo e pode reverter isso. Agora, não minimizo que esse é o pior quadro já enfrentado desde que o PT chegou ao governo. É um momento muito grave. A economia vai mal, a política vai mal, mas há ainda chances de melhorar. Depende da política econômica, da atitude do governo.

    As ‘pedaladas fiscais’, como são chamadas as maquiagens feitas nas contas públicas de 2014 do governo e apontadas pelo Tribunal de Contas da União, podem resultar em impeachment?

    A oposição procura uma razão para impeachment desde que acabaram as eleições. As pedaladas foram inventadas pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e ninguém nunca falou disso. O PT contribui para esta crise no TCU, porque não acabou com a indicação política e com o apadrinhamento no órgão, por conta de uma suposta base aliada. O PT fez aliança para governar e hoje é subalterno nela.

    No fim de junho, o ex-presidente Lula disse que, hoje, o PT só se preocupa com cargos. Concorda com a tese?

    Isso acontece com todos os partidos populares que chegam ao governo. O PT percebeu que governar é diferente de ser oposição, que o buraco é mais embaixo, mas se descaracterizou muito. Não tem mais o militante que veste a camisa, vai panfletar.

    Acabou o orgulho de ser militante do PT?

    O orgulho não foi perdido. Está adormecido. Quando esse militante viu o risco da derrota em 2014, foi para a rua. Não sei como recuperar. Agora, é necessário provar para as pessoas que o ajuste vai melhorar.

    Há insatisfação de petistas com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo? Seu nome é incluído no rol dos que estariam criticando o ministro por causa dos rumos da Operação Lava Jato, que investiga o escândalo de corrupção na Petrobras.

    Desminto qualquer coisa nesse sentido. Sou amigo do ministro Cardozo. Em qualquer governo, há insatisfeitos. No PT, muitos estão insatisfeitos com o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, por exemplo. O problema da Lava Jato não é o Ministério da Justiça e sim o juiz federal Sérgio Moro (responsável pelos processos da Lava Jato em primeira instância).

    O que há de errado?

    Tudo. Ele age contra a Constituição e estabeleceu a prisão preventiva como padrão e não como exceção. Essa Operação Lava Jato apreendeu arquivos de defesa, coisa que a ditadura militar fez em apenas um caso. Com todas as arbitrariedades, o juiz Sérgio Moro pode estar decretando a nulidade de tudo o que construiu. Juiz não é salvador de nada.

    Essas prisões preventivas são feitas com qual objetivo?

    Obter delações premiadas, que nada mais é do que o ‘dedo-duro’. O delator é o mau-caráter. Não existe nenhum arrependido. E, quando o juiz aceita a delação, aceita-se o mau-caratismo como prática. Não se sabe se é verdade, mentira, mas só que são pessoas dando depoimentos para amenizar suas penas. E esses delatores estão há meses presos. Falam o que se quer ouvir.

    São nessas delações que se baseiam as investigações. Depoimento do ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, por exemplo, serviu como mote para que o Superior Tribunal de Justiça investigasse o governador Luiz Fernando Pezão e o ex-governador Sérgio Cabral.

    Nenhum está preso, pois não estão sobre a guarda do Sérgio Moro. Que provas esses delatores têm? Eles não as apresentam. Hoje, o fascismo brasileiro não é feito por baionetas, e sim pelos órgãos do Estado, do Judiciário. É um Estado de exceção.

    A alta popularidade do juiz Sérgio Moro pode ser comparada àquela obtida pelo ex-presidente do STF Joaquim Barbosa durante o julgamento do Mensalão?

    A Constituição é entrave para esse tipo de julgador, que acha que pode sair julgando só porque tem apoio popular. Hitler teve apoio popular. Jesus foi crucificado com apoio popular. As autoridades tem que combater qualquer ilícito, mas não se pode jogar a lei no lixo em nome disso. A ministra do STF Rosa Weber disse durante o julgamento do Mensalão que poderia condenar sem provas. Sabe quem era o assessor penal dela? O juiz Sérgio

    A Operação Lava Jato vai chegar ao ex-presidente Lula?

    Não sei por que chegaria. Ele seria preso porque incentivou empresas a fazerem negócios no exterior? Então, prendam o ex-presidente dos Estados Unidos Bill Clinton também. E todos os presidentes que tentaram fazer negócios fora de seu país.

    O senhor foi colocado na CPI da Petrobras para tirar o foco do PT?

    Participei da segunda sessão na CPI. Ela não substitui a PF, o Judiciário, o MP. Se quiser trabalhar sério, vai aperfeiçoar a lei para punir quem vaza delação premiada, por exemplo. Há na CPI atropelo seletivo da ordem. Tem deputado que ofende o depoente e vai embora.

    Envolto em tantas turbulências, é possível projetar de que forma o partido sairá para disputar as eleições presidenciais de 2018?

    Não sei como fica a conjuntura até lá. Não vai ser fácil. Já vai ter eleição no ano que vem, e será um termômetro. O PT está numa situação complicada, é claro que ele vai ter que enfrentar esse quadro. Hoje, quando se tenta chegar ao Lula de qualquer maneira , fica claro de que não querem de jeito algum que ele seja candidato. Se ele disser que não quer ser candidato, vão parar de pegar no pé dele: enfrentá-lo no voto não é algo que está a altura do senador Aécio Neves (PSDB-MG) e do governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB).

    Num cenário melhor que o atual, então, o partido fecha questão em torno do nome dele.

    Fecha. Infelizmente, a única liderança nacional que o PT tem é o Lula. Deveria aproveitar, aliás, para forjar novas lideranças agora, pois não existem líderes que surjam em bons momentos, só em crises. Seria bom que o PT tivesse outras alternativas.

    O que se comenta, também, é de uma possibilidade de composição futura do Lula com o prefeito do Rio Eduardo Paes (PMDB). Eles são bem próximos.

    O ex-presidente tem grande estima pelo Eduardo Paes. A despeito de qualquer restrição ao Paes, trata-se de uma liderança. Se o prefeito assumisse determinadas bandeiras, com um governo hegemonizado pelo PT… Há resistências no partido, mas ainda falta muito tempo para as eleições.

    Para 2016, prevê-se novamente um desembarque de petistas insatisfeitos com a aliança com o PMDB no Rio na candidatura do deputado estadual Marcelo Freixo (Psol). De que lado o senhor ficará?

    O PT, por mais atormentado que esteja, precisa pensar em ter uma candidatura própria. Escolher entre o Pedro Paulo (PMDB) e o Freixo não conta com minha simpatia. Devemos apostar sem prejuízos em um candidato com as tradições do partido.

  5. PARTO NORMAL – Melhor fazer
    07/07/2015 

    Plano só paga por cesárea se parto normal não for possível

    Médico deve justificar necessidade de cirurgia ou grávida tem de se responsabilizar por risco

     

     

        O DIA

    Rio – Os planos de saúde não são mais obrigados a pagar por cesáreas eletivas (feitas sem indicação médica) desde ontem, quando entrou em vigor resolução aprovada em janeiro pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). A partir de agora, a cirurgia só será autorizada se o obstetra comprovar e justificar em documento que o parto não pode ser normal. Caso a própria gestante queira marcar dia e hora do nascimento do bebê, terá que assinar termo de consentimento sobre os riscos da operação para que o plano de saúde cubra o procedimento. 

    Regras para reduzir cesarianas já vigoramFoto:  Banco de imagens

    Com a ‘burocratização’ da cesariana, a ANS pretende estimular o parto normal e reduzir cirurgias desnecessárias. O Brasil é campeão mundial de cesáreas. Enquanto o índice recomendado pela Organização Mundial da Saúde é de 15%, na rede privada de saúde chega a quase 85%.

    Com a Resolução 368, os obstetras precisam preencher o Partograma, documento no qual descrevem o que está ocorrendo durante o trabalho de parto, e informar se a gestante tem algum problema de saúde, como diabetes e hipertensão, ou se toma medicamentos. Caso haja necessidade clínica de cesárea, os médicos precisam justificar a escolha no documento. 

    As novas normas incluem também a criação do Cartão da Gestante, que reúne informações do pré-natal da paciente, para facilitar seu atendimento na hora do parto. Além disso, há a Carta de Informação à Gestante, que contém orientações e sugestões sobre os dois tipos de parto. 

    Segundo o diretor-presidente da ANS, José Carlos de Souza Abrahão, as regras permitem que as mulheres fiquem mais confiantes em relação ao tipo de parto escolhido. “O parto é um dos momentos mais importantes na vida da mulher e de sua família. Essa medida é parte de uma estratégia maior da ANS, que busca incentivar as beneficiárias de planos de saúde, operadoras, hospitais e médicos a mudarem o modelo de assistência ao parto e nascimento, promovendo uma crescente melhoria nos cuidados à gestante e à criança”, afirma.

    “Eu escolhi fazer cesariana no parto da minha filha”MARIA DEGANI, empresária, 22 anos

    O regulamento também prevê a divulgação dos percentuais de cesarianas e de partos normais por estabelecimento de saúde e por médico, sempre que as pacientes solicitarem. Segundo a ANS, as informações sobre as taxas dos partos devem ser fornecidas no prazo máximo de 15 dias, contados a partir da data de solicitação. Os planos que deixarem de informar esses dados vão pagar multa de R$ 25 mil.

    CARACTERÍSTICAS DE CADA UM

    PARTO NORMAL 

    A recuperação da mulher é mais rápida e plena, segundo a superintendente de hospitais pediátricos e maternidades da Secretaria Municipal de Saúde, Carla Brasil.

    “Trabalha com a fisiologia da mulher. O bebê nasce no seu próprio tempo”, diz Carla. 

    Há um contato íntimo com a flora bacteriana da mãe, o que aumenta a imunidade da criança, afirma a especialista. 

    “Maior contato entre a mulher e a criança. O filho se sente mais acolhido pela mãe”, elogia a superintendente.

    O sangramento durante o procedimento é maior do que a cesárea, diz o presidente da Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia do Rio de Janeiro, Marcelo Burlá. 

    CESARIANA 
    Deve ser feita com indicação médica, como doenças nas gestantes ou problemas com o bebê, diz Burlá.

    Por outro lado, “permite que a mãe escolha o seu hospital de preferência e vá à unidade com antecedência e calma. Isso evita procedimentos mal feitos”, destaca o médico.

    Há maior incidência de complicações e dores no pós-operatório, diz Carla Brasil.

    Maior risco de infecções no parto, afirma a especialista. 

     

  6.  CARTA MAIOR
    Mauro Santayana

     CARTA MAIOR

    Mauro Santayana

    A Operação Lava-Jato, a defesa nacional, a contra-informação e a espionagem

    É preciso combater a corrupção, mas sem arrebentar com a Nação e com alguns dos principais pilares que sustentam nossa estratégia de desenvolvimento.

       5  A A+

     

    Em suas críticas ao tamanho do Estado e na defesa da privatização a qualquer preço, os neoliberais tupiniquins se esforçam por defender a tese de que o poder de algumas das maiores nações do mundo “ocidental”, os EUA à frente, teria como único, principal esteio, o capitalismo, a livre iniciativa e o livre mercado, e defendem, sempre que podem, alegando a existência de “cabides de emprego”, e o grande número de ministérios, a diminuição do setor público no Brasil.
     
    A informação, divulgada na semana passada, de que, com três milhões e duzentos mil funcionários, o Departamento de Defesa dos EUA é o maior empregador do mundo, tendo em sua folha de pagamento, sozinho, mais colaboradores que o governo brasileiro, com todos seus 39 ministérios, mostra como essa gente tem sido pateticamente enganada, e corrobora o fato de que a tese do enxugamento do estado, tão cantada em prosa e verso por certos meios de comunicação nacionais, não é mais, do ponto de vista da estratégia das nações, do que uma fantasia que beira a embromação.
     
    Dificilmente vai se encontrar uma nação forte, hoje – como, aliás, quase sempre ocorreu na história – que não possua também um estado poderoso, decidida e vigorosamente presente em setores estratégicos, na economia, e na prestação de serviços à população.
     
    Enquanto em nosso país, o número total de empregados da União, estados e municípios, somados, é de 1,5% da população, na Itália ele passa de 5%, na Alemanha, proporcionalmente, de 80% a mais do que no Brasil, nos EUA, de 47% a mais e na França, também um dos países mais desenvolvidos do mundo, de 24% da população ativa, o que equivale a dizer que praticamente um a cada quatro franceses trabalha para o Setor Público.
     
    Esses dados derrubam também a tese, tão difundida na internet, de que no Brasil se recebe pouco em serviços, comparativamente aos impostos que se  pagam. Por aqui muitos gostariam de viver como na Europa e nos Estados Unidos, mas ninguém se pergunta quantos funcionários públicos como médicos, professores, advogados, técnicos, cientistas, possuem a mais do que o estado brasileiro, os governos dos países mais desenvolvidos do mundo, para prestar esse tipo de serviços à população.
     
    E isso, sem ter que ouvir uma saraivada de críticas a cada vez que lança um concurso, e sem ter que enfrentar campanhas quase que permanentes de defesa da precarização do trabalho e da terceirização.
     
    Aos três milhões e duzentos mil funcionários, cerca de 1% da população norte-americana, fichados apenas no Departamento de Defesa, é preciso agregar, no esforço de fortalecimento nacional dos Estados Unidos, centenas de universidades públicas e privadas, e grandes empresas, estas, sim, privadas, ou com pequena participação estatal, que executam os principais projetos estratégicos de um país que tem o dobro da relação dívida pública-PIB do Brasil e não parece estar, historicamente, preocupado com isso.
     
    Companhias que, quando estão correndo risco de quebra, como ocorreu na crise de 2008, recebem dezenas de bilhões de dólares e novos contratos do governo, e que possuem legalmente, em sua folha de pagamento, “lobistas”, que defendem seus interesses junto à Casa Branca e ao Congresso, que, se estivessem no Brasil, já teriam sido, neste momento, provavelmente presos como “operadores”, por mera suspeição, mesmo sem a apresentação de provas concretas.
     
    Da estratégia de fortalecimento nacional dos principais países do mundo, principalmente os ocidentais, faz parte a tática de enfraquecimento e desestruturação do Estado em países, que, como o Brasil, eles estão determinados a continuar mantendo total ou parcialmente sob seu controle.
     
    Como mostra o tamanho do setor público na Alemanha, na França, nos Estados Unidos, por lá se sabe que, quanto mais poderoso for o Estado em um potencial concorrente, mais forte e preparado estará esse país para disputar um lugar ao sol com as nações mais importantes em um mundo cada vez mais complexo e competitivo.
     
    Daí porque a profusão de organizações, fundações, “conferencistas”, “analistas” “comentaristas”, direta e indiretamente pagos pelos EUA, muitos deles ligados a braços do próprio Departamento de Defesa, como a CIA, e a aliança entre esses “conferencistas”, “analistas”, “filósofos”, “especialistas”, principescos sociólogos – vide o livro “Quem pagou a conta? A CIA na Guerra Fria da Cultura”, da jornalista inglesa Frances Stonor Saunders – etc, com a imprensa conservadora de muitos países do mundo, e mais especialmente da América Latina, na monolítica e apaixonada defesa do “estado mínimo”, praticada como recurso para o discurso político, mas também por pilantras a serviço de interesses externos, e por ignorantes e inocentes úteis.
     
    Em matéria de capa para a Revista Rolling Stone, no final da década de 1970, Carl Bernstein, o famoso repórter do Washington Post, responsável pela divulgação e cobertura do Caso Watergate, que derrubou o Presidente Richard Nixon, mostrou, apresentando os principais nomes, como centenas de jornalistas norte-americanos foram recrutados pela CIA, durante anos, a fim de agir no exterior como espiões, na coleta de informações, ou para produzir e publicar matérias de interesse do governo dos Estados Unidos.
     
    Muitos deles estavam ligados a grandes companhias, jornais e agências internacionais, como a Time Life, a CBS, a NBC, a UPI, a Reuters, a Associated Press, a Hearst Newspapers, e a publicações como o New York Times, a Newsweek e o Miami Herald, marcas que em muitos casos estão presentes diretamente no Brasil, por meio de tv a cabo, ou têm seu conteúdo amplamente reproduzido, quando não incensado e reverenciado, por alguns dos maiores grupos de comunicação nacionais.
     
    Assim como a CIA influenciou e continua influenciando a imprensa norte-americana dentro e fora do território dos Estados Unidos, ela, como outras organizações oficiais e paraoficiais norte-americanas, também treina, orienta e subsidia centenas de veículos, universidades, estudantes, repórteres, em todo o mundo, em um programa que vem desde antes da Guerra Fria, e que nunca foi oficialmente interrompido.
     
    O próprio Departamento de Defesa, o Departamento de Estado, a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional, USAID, o Fundo Nacional para a Democracia, NED, o Conselho Superior de Radiodifusão, BBG, e o Instituto dos EUA para a Paz, USIP, bancam atividades de “desenvolvimento de meios” em mais de 70 países, em programas que mantêm centenas de fundações, ONGs estrangeiras, jornalistas, meios de informação, institutos de “melhoramento” profissional, e escolas de jornalismo, com um investimento anual que pode chegar a bilhões de dólares.
     
    Além deles, são usados, pelo Departamento de Estado, o Bureau de Assuntos Educacionais e Culturais, (Bureau of Educational and Cultural Affairs, BECA), o Bureau de Inteligência e Investigação, (Bureau of Intelligence and Research, INR) e o Bureau de Democracia, Direitos Humanos e Trabalho (Bureau of Democracy, Human Rights, and Labor, DRL), que apenas no ano de 2006 organizou, na Bolívia, por exemplo, 15 diferentes “oficinas” sobre “liberdade de imprensa e expressão”, além do Escritório de Diplomacia e Assuntos Públicos (Office of Public Diplomacy and Public Affaires, OPDPA).
     
    “O que nós estamos ensinando – explica Paul Koscak, porta-voz da USAID – é a mecânica do jornalismo, na imprensa escrita, no rádio ou na televisão. Como fazer uma história, como escrever de forma equilibrada … tudo o que se espera de um verdadeiro profissional de imprensa.”
     
    Isabel MacDonald, diretora de comunicação da Fairness And Accuracy in Reporting (FAIR) – Imparcialidade e Transparência na Informação – um observatório de meios de comunicação de Nova Iorque sem fins lucrativos, não tem, no entanto, a mesma opinião.
     
    Para ela, “esse tipo de operação do governo norte-americano, a despeito de sua alegada defesa das normas da objetividade, trabalha, na verdade, contra a democracia, apoiando a dissensão sufocante, e divulgando informações deliberadamente falsas que são úteis para os objetivos da política exterior dos Estados Unidos.’
     
    Um exemplo clásssico desse tipo de resultado, quanto aos objetivos norte-americanos, foi o envolvimento de Washington, denunciado pela comissão legislativa Church-Pike, no Congresso dos EUA, com o financiamento a jornais de oposição na América Latina, como o grupo “El Mercúrio” do Chile, por exemplo, na conspiração que levou ao golpe militar contra o presidente eleito de orientação nacionalista Salvador Allende, em 1973.
     
    Em abril de 2015, a Associação dos Jornalistas Chilenos decidiu expulsar de seus quadros o dono do Grupo El Mercúrio, Agustín Edwards Eastman, de 87 anos, por violação do código de ética, depois que documentos oficiais revelados nos Estados Unidos mostraram, em 2014, que ele havia recebido dinheiro da CIA para publicar informações falsas contra o governo chileno.
     
    A diferença entre os Estados Unidos, que se dizem “liberais” e “privatistas”, e na verdade não o são, e o Brasil, que cede a todo tipo de pressão, na tentativa de provar, todos os dias, que não é comunista nem estatizante, é que, mesmo quando envolvidas com corrupção – considerada uma espécie de “dano colateral” que deve ser “contornado” e “absorvido”, no contexto do objetivo maior, de permanente fortalecimento do complexo-industrial militar dos EUA – a existência das principais empresas de defesa norte-americanas nunca é colocada em risco.
     
    Apenas como exemplo, a Lockheed Martin, uma das principais companhias de aviação e de defesa dos EUA, pagou, como lembrou André Motta Araújo no Jornal GGN outro dia, entre as décadas de 1950 e 1970, mais de 300 milhões de dólares, ou 3.7 bilhões de dólares em dinheiro de hoje, de propina para autoridades estrangeiras, entre elas – para quem acha que isso só acontece em paises “sub-desenvolvidos” – o então Ministro da Defesa da Alemanha Ocidental, Franz Joseph Strauss, os ministros Luigi Gul, e Maria Tanassi, o Primeiro-Ministro Mariano Rumor e o Presidente da República Italiana, Giovanni Leone, o general Minoru Genda e o Primeiro-Ministro japonês Kakuei Tanaka, e até o príncipe Bernhard, marido da Rainha Juliana, da Holanda.
     
    E alguém acha que a Lockheed foi destruída por isso ? Como também informa Motta Araújo, seus principais dirigentes renunciaram alguns anos depois, e o governo norte-americano, no lugar de multar a empresa, lhe fez generoso empréstimo para que ela fizesse frente, em melhores condições, aos eventuais efeitos do escândalo sobre os seus negócios.
     
    A Lockheed, conclui André Motta Araújo em seu texto, vale hoje 68 bilhões de dólares, e continua trabalhando normalmente, atendendo a enormes contratos, com o poderoso setor de defesa norte-americano.
     
    Enquanto isso, no Brasil, os dirigentes de nossas principais empresas nacionais de defesa, constituídas, nesses termos, segundo a Estratégia Nacional de Defesa, em 2006, para, com sede no Brasil e capital votante majoritariamente nacional, fazer frente à crescente, quase total desnacionalização da indústria bélica, e gerir alguns dos mais importantes programas militares da história nacional, que incluem novos mísseis ar-ar, satélites e submarinos, entre eles nosso primeiro submersível atômico, encontram-se, quase todos, na cadeia.
     
    O Grupo Odebrecht, o Grupo Andrade Gutierrez, o OAS e o Queiroz Galvão têm, todos, relevante participação na indústria bélica e são os mais importantes agentes empresariais brasileiros da Estratégia Nacional de Defesa. Essas empresas entraram para o setor há alguns anos, não por ter algum privilégio no governo, mas simplesmente porque se encontravam, assim como a Mendes Júnior, entre os maiores grupos de engenharia do Brasil, ao qual têm prestado relevantes serviços, desde a época do regime militar e até mesmo antes, não apenas para a União, mas também para estados e municípios, muitos deles governados pela oposição, a quem também doaram e doam recursos para campanhas políticas de partidos e candidatos.
     
    Responsáveis por dezenas de milhares de empregos no Brasil e no exterior, muitos desses grupos já estão enfrentando, depois do início da Operação Lava-Jato, gravíssimos problemas de mercado, tendo tido, para gaúdio de seus concorrentes externos, suas notas rebaixadas por agências internacionais de crédito.
     
    Projetos gigantescos, tocados por essas empresas no exterior, sem financiamento do BNDES, mas com financiamento de bancos internacionais que sempre confiaram nelas, como o gasoduto do Perú, por exemplo, de quase 5 bilhões de dólares, ou a linha 2 do metrô do Panamá, que poderiam gerar centenas de milhões de dólares em exportação de produtos e serviços pelo Brasil, correm risco de ser suspensos, sem falar nas numerosas obras que estão sendo tocadas dentro do país.
     
    Prisões provocadas, em alguns casos, por declarações de bandidos, que podem ser tão mentirosas quanto interesseiras ou manipuladas, que por sua vez, são usadas para justificar o uso do Domínio do Fato – cuja utilização como é feita no Brasil já foi criticada jurídica e moralmente pelo seu criador, o jurista alemão Claus Roxin – às quais se somam a mera multiplicação aritmética de supostos desvios, pelo número de contratos, sem nenhuma investigação, caso a caso, que os comprove, inequivocamente, e por suposições subjetivas, pseudo-premonitórias, a propósito da possível participação dessas empresas em um pacote de concessão de projetos de infra-estrutura que ainda está sendo planejado e não começou, de fato, sequer a ser oficialmente oficialmente estruturado.
     
    O caso Lockheed, o caso Siemens, e mais recentemente, o do HSBC, em que o governo suiço multou esse banco com uma quantia mínima frente à proporção do escândalo que o envolve, nos mostram que a aplicação da justiça, lá fora, não se faz a ferro e fogo, e que ela exige bom senso para não errar na dose, matando o paciente junto com a doença.
     
    Mais uma vez, é necessário lembrar, é preciso combater a corrupção, mas sem arrebentar com a Nação, e com alguns dos principais pilares que sustentam nossa estratégia de desenvolvimento nacional e de projeção nos mercados internacionais.
     
    No futuro, quando se observar a história do Brasil deste período, ao tremendo prejuízo econômico gerado por determinados aspectos da Operação Lava-Jato,  muitíssimo maior que o dinheiro efetivamente, comprovadamente, desviado da Petrobras até agora, terá de ser somado incalculável prejuízo estratégico para a defesa do país e para a nossa indústria bélica, que, assim como a indústria naval, se encontrava a duras penas em processo de soerguimento, depois de décadas de estagnação e descalabro.
     
    No Exército, na Marinha, na Força Aérea, muitos oficiais – principalmente aqueles ligados a projetos que estão em andamento, na área de blindados, fuzis de assalto, aviação, radares, navios, satélites, caças, mísseis, submarinos, com bilhões de reais investidos – já se perguntam o que irá acontecer com a Estratégia Nacional de Defesa, caso as empresas que representam o Brasil nas joint-ventures empresariais e tecnológicas existentes vierem a quebrar ou a deixar de existir.
     
    Vamos fazer uma estatal para a fabricação de armamento, que herde suas participações, hipótese que certamente seria destroçada por violenta campanha antinacional, levada a cabo pelos privatistas e entreguistas de sempre, com o apoio da imprensa estrangeira e de seus simpatizantes locais, com a desculpa de que não se pode “inchar”” ainda mais um estado que na verdade está sub-dimensionado para as necessidades e os desafios brasileiros?
     
    Ou vamos simplesmente entregar essas empresas, de mão beijada, aos sócios estrangeiros, com a justificativa de que os projetos não podem ser interrompidos, perdendo o controle e o direito de decidir sobre nossos programas de defesa, em mais um capítulo de vergonhoso recuo e criminosa capitulação?
     
    Com a palavra, o STF, o Ministério da Defesa, e a consciência da Nação, incluindo a dos patriotas que militam, discreta e judiciosamente, de forma serena, honrosa e equilibrada, no Judiciário e no Ministério Público.

     

     

  7. Deputada sofreu ameaça ao votar contra redução da maioridade

    Deputada sofreu ameaça ao votar contra redução da maioridade

    Professora notificou ofensas como “falta um homem de verdade para te colocar no seu lugar” e “ainda bem que não tem cotas para mulheres”

    BBC BRASIL.com6 jul 2015 17p6atualizado às 19p2  ADVERTISEMENT

    A única deputada do DEM a votar contra a redução da maioridade penal na semana passada denunciou ameaças recebidas pelas redes sociais à Procuradoria Parlamentar da Câmara.

       Foto: BBCBrasil.com Única deputada do DEM a votar contra a redução da maioridade penal na semana passada denunciou ameaçasFoto: BBCBrasil.com

    Voz dissonante em seu partido, a professora Dorinha Seabra Rezende (DEM-TO) notificou ofensas sexistas – “falta um homem de verdade para te colocar no seu lugar”, “ainda bem que não tem cotas para mulheres” –, e de apologia à violência – “sua hora vai chegar”, “espera que um menor vai te dar um trato”.

    Siga Terra Notícias no Twitter

    À BBC Brasil , a deputada, que nunca havia sido alvo de ameaças do tipo, comparou a violência dos comentários à praticada por menores infratores.

    “Muitas das pessoas que me cobraram são mais violentas ou estariam dispostas a cometer violência de maneira não muito diferente desses adolescentes.”

    Ela também criticou a postura de parte dos colegas de plenário. “Houve deputados que falaram coisas do tipo: ‘Tomara Deus que não sejam vítimas de estupro’.”

     Foto: BBCBrasil.com “Muitas das pessoas que me cobraram são mais violentas ou estariam dispostas a cometer violência de maneira não muito diferente desses adolescentes”, disse elaFoto: BBCBrasil.com

    Pedagoga, mestre em Educação e doutora em Gestão Educacional, Rezende disse achar opiniões contrárias “democráticas”, “bem-vindas” e “naturais”.

    “Acho normal discordarem. Isso não é ofensivo”, afirmou. “Ofensivo é ameaça, é xingamento, é ameaça física a mim, aos meus filhos.”

    Medo
    Eleita com 41.802 votos no ano passado, Rezende afirma não ter sentido medo dos comentários – que incluíram ofensas como “vagabunda” e “p*ta”.

    “Não posso ficar à mercê de pressões dessa natureza querendo controlar meu voto”, disse à reportagem. “Fui a única do partido que mantive. Houve deputados que, pela pressão das redes sociais, mudaram seu voto. E acho que esse era o objetivo dos agressores, amedrontar.”

    “Não senti medo”, prosseguiu. “Porque acho que (os autores dos comentários) são extremamente covardes.”

    A deputada, que também foi contra seu partido na votação sobre a terceirização (votou contra), questiona a ideia de polarização discutida no Brasil desde as eleições presidenciais do ano passado.

    “Alguns comentários diziam que eu acabei apoiando o governo. Isso é um equívoco, porque o PMDB é governo e está a favor da maioridade (ao contrário do PT e da presidente Dilma Rousseff)”, diz.

    “Essa polarização é muito mais fruto do perfil do Congresso, com deputados mais conservadores e ligados a bancadas específicas”, diz. “E com o próprio presidente (Eduardo Cunha), né, que é um defensor pleno desta votação.”

    http://noticias.terra.com.br/brasil/politica/salasocial-deputada-do-dem-denuncia-ameacas-apos-votar-contra-reducao-da-maioridade-foram-mais-violentos-que-os-menores,93f9aea672720650e000fdfe1324321a3j4dRCRD.html

  8. Esses canadences são precisos como um relógio suiço

     Mas esses Brasileiros são irresponsáveis, falta só um ano para as olimpíadas e….

     

    Obras do Pan só terminam no dia da cerimônia de abertura

     

    Eduardo Palacio / Terra

    Em obras, local ainda conta com vários operários e maquinário trabalhando a uma semana da cerimônia de abertura

    Gabriel Francisco RibeiroGabriel Francisco RibeiroDireto de Toronto (Canadá)3 jul 2015 14p3atualizado às 15p1  

    Falta menos de uma semana para o início dos Jogos Pan-Americanos de 2015, mas nem tudo está pronto em Toronto para os eventos. Principal local de competições, o Parque Pan-Americano ainda passa por ajustes finais e só será inaugurado após a cerimônia de abertura, marcada para o próximo dia 10 de julho, no Rogers Center.

    saiba mais

    Pan liquida tickets e pena para empolgar sede: “nem conheço”

    Pan inaugura loja… Mas comida de graça faz mais sucesso

    Eita, marketing! Toronto 2015 tenta turbinar Pan pela cidade

    Só em São Paulo? Toronto também tem guerra bicicleta x carro

    O Terra esteve no local na última quinta-feira e viu movimento intenso de operários. A organização do Pan inaugurou o Centro de Mídia, ainda sem a presença de muitos jornalistas, mas alguns locais dentro do parque são exclusivos para trabalhadores das obras.

     Foto: Eduardo Palacio / Terra Estruturar metálicas ainda são erguidas em parque a sete dias da aberturaFoto: Eduardo Palacio / Terra

    O “coração” do CIBC Pan Am Park, onde ocorrerá disputas de rúgbi, handebol, vôlei de praia, ginástica , entre outros esportes , ainda está lacrado. Funcionários de segurança no portão vetam, com a tradicional educação canadense, a entrada de jornalistas no local. A liberação? Apenas a partir de 11 de julho.

    http://esportes.terra.com.br/jogos-pan-americanos/pan-americano-de-2015-parque-so-inaugura-apos-cerimonia-de-abertura,1d3c9c1c00f337a52ffdf8509f296a874lxjRCRD.html

  9. A oposição porra louca quer bagunçar o país

    Ouçam Dilma, golpistas. Ruptura democrática é cara

    Buzz ThisPost to Google BuzzBookmark this on DeliciousBookmark this on DiggShare on FriendFeedShare on FacebookShare on LinkedIn

    dilma capa

     

    Os golpistas de sempre estão animados. Eles – e até alguns dos que se opõem ao golpe que partidos e setores da mídia acham que conseguirão dar sem reação, e sem custo – já veem a derrubada de Dilma Rousseff como favas contadas.

    Esses grupos político-midiáticos deveriam ir mais devagar com o andor porque o santo é de barro e pode cair bem antes da presidente. E se esborrachar no chão.

    Antes de prosseguir, estabeleçamos um fato: qualquer tentativa de afastar a presidente da República do cargo contra sua vontade, será golpe. Ao menos neste momento, não existe absolutamente nada que justifique tal pretensão.

    Derrubar Dilma seria uma ruptura institucional clara, idêntica à de 1964. O fato de o instrumento do golpe, desta vez, ser o quadrinômio Justiça, Ministério Público, Polícia Federal e Congresso, em vez das Forças Armadas, não faz a menor diferença.

    O que caracteriza um golpe não é o instrumento usado para concretizá-lo, mas a razão usada para justifica-lo – e justificar seria preciso não só para o Brasil, mas para o mundo.

    A entrevista que a presidente deu à Folha de São Paulo no primeiro dia útil desta semana pode ter parecido um blefe, mas não é. Está longe de ser. Dilma sabe muito bem que a forma como estão tentando derrubá-la é inepta, escandalosamente golpista e não ficaria impune, caso vingasse.

    Não que os golpistas seriam presos – como deveriam, pois forjar “razões” para atentar contra as instituições democrática é crime. Quem não ficaria impune seria o Brasil. Arcaria com um custo insuportavelmente alto e que deixaria marcas por muitos anos. Marcas na carne de cada brasileiro.

    Quando dizem que Dilma não é Fernando Collor e que o PT não é o PRN, muitos entendem que essa é uma ameaça vã, pois os movimentos sociais – hoje, inclusive, um tanto quanto apáticos diante dos arreganhos golpistas – não iriam pegar em armas e instalar uma guerrilha como a que enfrentou a ditadura.  Porém, não é disso que se fala.

    Collor foi derrubado facilmente, via Congresso, com caras-pintadas na rua e ninguém ousou contestar. Não se viu uma única manifestação a seu favor além de um pequeno grupo de deputados, a dita tropa-de-choque colorida, encabeçada por ninguém mais, ninguém menos do que Roberto Jefferson, o algoz do PT no escândalo do mensalão.

    No caso de Dilma, é mais embaixo. Em primeiro lugar, o Brasil e o mundo está assistindo, desde o fim do ano passado, a essa busca frenética por uma razão para o golpe – seja via contas de campanha, seja via “pedaladas” fiscais.

    O mais bizarro nesse processo que está sendo conduzido com uma cara-de-pau quase sobrenatural, de tão escancarada, é que todos estão vendo que a oposição e a mídia estão, há meses, buscando um motivo para atender à “pressão das ruas”, ou seja, de grupos ruidosos de extrema-direita que, aliás, pregam a volta dos militares ao poder sem nem mesmo passar por novas eleições.

    Um eventual processo de cassação do mandato de Dilma, à diferença do que ocorreu com Collor, seria contestado nas ruas por dezenas e dezenas de milhares de pessoas. Instalar-se-ia um clima de guerra no país.

    Muitos movimentos sociais e sindicais que inclusive ajudaram a derrubar a popularidade de Dilma acusando-a, tacitamente, de estelionato eleitoral sabem que o pós-Dilma, pós-PT, seria sua sentença de morte.

    As perseguições políticas se dariam exatamente como em 1964. CUT, MST e outros seriam criminalizados. Lideranças seriam presas a la Sergio Moro – que prende antes e investiga depois.

    Então, podem contar que os movimentos sociais e sindicais iriam às ruas.

    Ah, mas os golpistas são maioria nas ruas. Mais ou menos. O que se viu em 15 de março e 12 de abril foram manifestações familiares. Os fascistas de classe média e média alta levaram até as vovós e suas crianças à rua. Em um clima como o que irá se instalar, famílias ficarão em casa.

    Para impedir o confronto, a direita terá que colocar a PM ou até o exército para reprimir os inconformados com a ruptura democrática. Aí seria uma beleza de cenário para mostrar ao mundo sobre o nosso país: militares espancando e prendendo civis por protestarem contra a derrubada mal explicada e mal justificada de um governo.

    A imagem de democracia frágil colaria no Brasil rapidamente. Muitos acham que o mundo inteiro é bobo e não iria perceber que encontraram uma desculpa para atender ao “clamor público”.

    Ora, as “pedaladas fiscais” são prática antiga de todos os governos que antecederam Dilma, as doações às campanhas de Dilma foram feitas, também, para José Serra e para Aécio Neves. As mesmas empreiteiras que doaram a Dilma estão envolvidas no escândalo do metrô de São Paulo e ninguém diz que o cartel paulista rendeu doações à campanha de Geraldo Alckmin, por exemplo.

    É óbvio que estão querendo aplicar a lei para o PT diferentemente do que fazem para o PSDB, por exemplo.

    Mesmo que derrubassem Dilma e Michel Temer, impugnando a chapa em que foram eleitos, e fizessem nova eleição, a ruptura institucional continuaria clara. Não é a nova eleição que justificaria que a anterior fosse jogada no lixo porque a popularidade de Dilma está baixa.

    Para derrubar Collor usaram um carro comprado com dinheiro de origem incerta e reformas na residência oficial do ex-presidente (a “Casa da Dinda”). Não há possibilidade de fazerem o mesmo contra Dilma.

    Mesmo que arrumassem alguma coisa, o que desmoraliza todo esse processo são dezenas e dezenas de declarações que mostram que estão buscando um pretexto para derrubar Dilma.

    Agora com a pecha de país de democracia frágil que acaba de romper a institucionalidade, os prejuízos para o Brasil seriam grandes. Mesmo sob o mais do que provável apoio dos Estados Unidos, o mundo todo passaria a enxergar uma potência como este país com a mesma lente que usa para olhar o Paraguai ou Honduras.

    Reduzir o Brasil ao Paraguai, do ponto de vista de sua imagem internacional, não é pouco.

    Sobre a economia, nem se fala. O PSDB e o PMDB estão votando todo tipo de loucura para a economia, no Congresso, para impedir que ela se recupere, pois sabem que se o país sair da crise a popularidade de Dilma irá se recuperar.

    Porém, os malefícios que já foram causados vão deixar marcas. O partido que herdar o Brasil pós Dilma pegará um abacaxi de três metros de altura para descascar, pois quanto mais prolongam a crise política mais a economia se fragiliza.

    O fato é que a parcela da população que até aceita o impeachment – que as pesquisas dizem ser em torno de 60% – acredita que, se Dilma for substituída, evitarão a crise, como se a mera substituição do governo resolvesse, como por mágica, todos os problemas do país.

    Não vai rolar. Tudo que a oposição – aliada ao PMDB – está plantando deixará marcas. Além da falta de credibilidade internacional, teremos uma economia que irá demorar para se recuperar.

    O provável discurso da “herança maldita do PT” terá prazo de duração. A grande ironia é que as pessoas esperam recuperar rapidamente os expressivos benefícios que auferiram ao longo dos governos petistas. E, como todos sabemos, com um PSDB ou outro partido de direita no poder, isso não irá rolar nunca, nem que a economia volte a crescer com força.

    O caminho do impeachment é tortuoso e cheio de armadilhas. Será que os pesos pesados da economia estão dispostos a pagar esse preço só para atender a ganância política do PSDB e para que o novo governo salve os pré-falimentares grupos de mídia?

    Aliás, nem o PSDB todo quer o impeachment. Está dividido. Por exemplo: Aécio quer o impeachment já para se beneficiar do “recall” (memória) da última eleição. Já Alckmin, prefere ser o candidato tucano em 2018, porque se Dilma cai e é convocada nova eleição ele não terá chance.

    Dilma sabe que grandes empresários, bancos e parte da oposição esperam que ela fique sangrando até 2018 e deixe a economia arrumada para o sucessor – que, aí sim, todos (mídia, capital e oposição) tentarão fazer com que seja tucano ou similar.

    Creia-me, povo: Dilma não blefou. Sabe que tem hoje o pior emprego do mundo e que quem tomasse o seu lugar iria se dar muito mal. Oposição e capital, aliás, devem torcer para que a presidente não se encha e mande tudo para o inferno.

    Além disso tudo, ninguém ficará sentado olhando instalarem outra ditadura no Brasil.

     

  10. Sardenberg exagera e Lula faz piada: “original”

    Ex-presidente ironizou a explicação do jornalista Carlos Alberto Sardenberg, para quem a negativa da Grécia ao pacote de austeridade europeu foi culpa de Lula; “Carlos Alberto Sardenberg desenvolveu uma explicação original para a crise econômica da Grécia. Diferente de economistas de renome internacional, como Paul Krugman e Joseph Stiglitz, para ele a culpa da crise grega é de Lula e Dilma”; o petista publicou uma imagem em sua página no Facebook na qual Sardenberg apresenta o PT como culpado de três problemas: “crise da Grécia”, “esse frio todo” e “meu mau humor”; “A imagem é uma brincadeira, mas a análise de Sardenberg sobre a Grécia foi real. Será que ele não está exagerando?”, pergunta Lula

    7 de Julho de 2015 às 17:53

     

     

    247 – A absurda explicação do jornalista Carlos Alberto Sardenberg para a crise da Grécia virou motivo de piada para o ex-presidente Lula.

    Segundo Sardenberg, que faz análises econômicas na Rede Globo, na rádio CBN e em colunas nos jornais Estadão e Globo, o ex-presidente Lula é o responsável pela resposta negativa do governo grego ao pacote de austeridade imposto pela União Europeia.

    Isso porque em dezembro de 2012, o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, se encontrou com Lula e a presidente Dilma Rousseff no Brasil, quando os dois petistas teriam feito a cabeça do jovem político grego, na avaliação de Sardenberg. 

    A tese foi publicada há cinco dias em um artigo de Sardenberg no Globo (leia aqui), em que diz: “Há dois anos e meio, Alexis Tsipras, então um jovem aspirante a líder europeu, esteve no Brasil para ouvir o conselho de Dilma e Lula. Ouviu que políticas de austeridade só levam ao desastre e que era preciso, ao contrário, aumentar o gasto público e o consumo”.

    A opinião foi repetida essa semana (ouça aqui). Segundo o jornalista, “os ensinamentos que ele (Tsipras) recebeu aqui no Brasil o levou a um desastre, a uma atitude que não deu em nada”.

    Em sua página no Facebook, Lula tirou sarro da interpretação. “Carlos Alberto Sardenberg desenvolveu uma explicação original para a crise econômica da Grécia. Diferente de economistas de renome internacional, como Paul Krugman e Joseph Stiglitz, para ele a culpa da crise grega é de Lula e Dilma”, diz.

    O petista divulgou ainda uma imagem na qual Sardenberg apresenta o PT como culpado de três problemas: “crise da Grécia”, “esse frio todo” e “meu mau humor”. “A imagem é uma brincadeira, mas a análise de Sardenberg sobre a Grécia foi real. Será que ele não está exagerando?”, pergunta Lula.

    Leia a íntegra:

    Carlos Alberto Sardenberg, analista de economia de Rede Globo, Globonews, Estado de S. Paulo, O Globo, G1 e CBN desenvolveu uma explicação original para a crise econômica da Grécia. Diferente de economistas de renome internacional, como Paul Krugman e Joseph Stiglitz, para ele a culpa da crise grega é de Lula e Dilma.

    Ele leu no site do Instituto Lula os registros de um encontro do atual primeiro-ministro, Alex Tsipras, com o ex-presidente Lula em 2012, e concluiu que a situação no país europeu piorou graças ao “aconselhamento” do ex-presidente e da presidenta. Já Krugman e Stiglitz acham que Tsipras está no rumo certo.

    A imagem abaixo é uma brincadeira, mas a análise de Sardenberg sobre a Grécia foi real. Será que ele não está exagerando?

    :

     

    http://www.brasil247.com/pt/247/brasil/187978/Sardenberg-exagera-e-Lula-faz-piada-%E2%80%9Coriginal%E2%80%9D.htm

  11. *

    Em nota, partidos aliados afirmam apoio a legalidade democrática e vontade das urnas

    Rede Brasil Atual

    http://www.redebrasilatual.com.br/politica/2015/07/em-nota-partidos-aliados-afirmam-apoio-a-legalidade-democratica-e-vontade-das-urnas-3575.html

    Documento foi assinado após reunião de líderes da base com o vice Michel Temer, com a presença dos presidentes do PT, PMDB, PSD e PCdoB. Documento “saúda” a edição da MP da proteção ao emprego

    São Paulo – Após o recrudescimento de propostas e declarações golpistas, principalmente da oposição comandada pelo PSDB, e da reunião do conselho político convocada pela presidenta Dilma Rousseff e realizada na noite de ontem, líderes e presidentes de partidos da base do governo no Congresso divulgaram hoje (7) nota de apoio a Dilma e ao vice-presidente, Michel Temer.

    O documento foi assinado após reunião dos líderes com Temer, na residência oficial da vice-presidência, com a presença do presidente do PT (Rui Falcão), do 1º vice-presidente do PMDB (Valdir Raupp), e dos presidentes do PSD (Guilherme Campos) e do PCdoB (Luciana Santos). Também participaram da reunião representantes de PDT, PR, Pros, PHS e PRB.

    O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-SP), disse que o documento é “uma manifestação explícita, assinada por todos os líderes presentes e presidentes de partidos, em defesa da legalidade, da vontade popular e, evidentemente, dos mandatos da presidente Dilma e do vice-presidente Michel Temer”.

    No texto, os partidos “reafirmam seu profundo respeito à Constituição Federal e seu inarredável compromisso com a vontade popular expressa nas urnas e com a legalidade democrática”.

    O documento também saúda a edição da Medida Provisória 680, que institui o Programa de Proteção ao Emprego (PPE).

    Leia a íntegra:

    “Os partidos que integram o bloco de sustentação do Governo da Presidenta Dilma Rousseff saúdam a edição da Medida Provisória 680, que institui o Programa de Proteção ao Emprego (PPE).

    Debatido amplamente com as centrais sindicais e entidades representativas do empresariado, a MP 680 preserva empregos e colabora para a retomada do crescimento econômico.

    Os partidos da base também tomaram conhecimento das repostas às questões suscitadas sobre as contas de 2014 do Governo Federal. À vista dos fundados argumentos técnicos e jurídicos apresentados ao Conselho Político, há plena convicção de que os argumentos do governo serão acolhidos.

    Finalmente, os líderes e dirigentes partidário abaixo-assinados manifestam seu apoio à Presidente a o Vice-Presidente da República. E reafirmam seu profundo respeito à Constituição Federal e seu inarredável compromisso com a vontade popular expressa nas urnas e com a legalidade democrática.”

  12. *

    “Brics deixam o mundo menos dependente de uma única fonte de poder”

    Francis França, do Deutsche Welle

    http://www.dw.com/pt/brics-deixam-o-mundo-menos-dependente-de-uma-única-fonte-de-poder/a-18567022

    Em entrevista à DW Brasil, ex-ministro Celso Amorim diz que Brics podem oferecer alternativas ao sistema financeiro mundial, diante da falta de vontade dos países do G7 para reformar os organismos internacionais.

    Os líderes dos Brics – grupo composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – se reúnem pela sétima vez este ano para discutir como tornar o fórum informal de países emergentes em um instrumento eficaz de desenvolvimento. Um passo decisivo já foi dado: todos os países ratificaram a criação do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), mais conhecido como banco dos Brics, que deve começara a operar no início de 2016.

    Para o ex-ministro Celso Amorim, que ocupou as pastas das Relações Exteriores (1993-1995 e 2003-2010) e da Defesa (2011-2015), os Brics podem oferecer alternativas ao sistema financeiro mundial diante da incapacidade do G7 – grupo formado por Estados Unidos, Alemanha, Canadá, França, Itália, Japão e Reino Unido – de reformar os organismos internacioanais.

    DW Brasil: Há quem diga que os países que compõem os Brics têm muito pouco em comum além do desempenho econômico – como, por exemplo, em questões de direitos humanos, proteção ambiental, defesa etc. O que mantém a unidade dos Brics?

    Celso Amorim: Eu diria que o que nos levou a uma aproximação inicialmente foi um movimento entre três países que tinham, sim, muitas afinidades, que é o chamado IBAS: Índia, Brasil e África do Sul. E a Rússia e a China – países que não se encaixam na lógica do G7 [grupo formado por Estados Unidos, Alemanha, Canadá, França, Itália, Japão e Reino Unido], mas, ao mesmo tempo, não podem ser considerados meros países em desenvolvimento – fizeram várias ações indiretas para, de alguma maneira, se aproximar do IBAS. Em 2006 o ministro russo [do Exterior], [Serguei] Lavrov, propôs que nós tentássemos fazer algumas conversas envolvendo o grupo dos Bric, que na época não englobava a África do Sul. Finalmente, depois de uma longa história, temos os Brics como eles são hoje desde 2011, um grupo de países que têm a afinidade, talvez, de não compartilhar algumas das afinidades do G7.

    Que afinidades não compartilhadas com o G7 seriam essas?

    Há um interesse comum dos países dos Brics, por exemplo, em reformar a estrutura do FMI, o sistema de cotas, o que já deveria ter ocorrido. Além de buscar mecanismos de autofinanciamento dentro do próprio grupo, ou de servir de base para financiamento de outros países em desenvolvimento. Há várias coisas que aproximam os Brics, apesar das diferenças em alguns aspectos que você mencionou – que, aliás, não são tão grandes como parecem. Porque, em relação à questão dos direitos humanos, você tem problema de racismo, de tratamento discriminatório de imigrantes, que também são problemas de direitos humanos, em países desenvolvidos. Mas essa já é outra questão.

    No próximo ano deve começar a funcionar o banco dos Brics, que terá atuação similar à do Banco Mundial, e um fundo de contingenciamento para crises com papel similar ao do FMI. Os Brics chegaram ao ponto em que podem oferecer de fato uma alternativa às instituições financeiras internacionais já estabelecidas?

    É um teste, sem tentar não podemos saber. A realidade é que, em grande parte, a criação desses mecanismos decorre da incapacidade ou da falta de vontade política dos países mais ricos, especialmente os do G7, em reformar os órgãos internacionais. Se nós tivéssemos tido uma reforma adequada do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional, talvez não fosse nem necessária a criação do banco dos Brics. Talvez seja útil, de qualquer forma, ter uma alternativa de financiamento, mas ela teria sido menos urgente se essas reformas tivessem ocorrido. E eu acho que os Brics colaboram com uma coisa muito importante, que é a formação de um mundo mais multipolar, menos dependente de um único grupo ou de uma única fonte de poder.

    E o que o banco dos Brics faria diferente do Banco Mundial?

    Talvez oferecer financiamentos com exigências menos drásticas e menos burocráticas do que o Banco Mundial, porque eles administram o detalhe do detalhe da aplicação dos recursos, com muito pouca margem para a autonomia do país. E os Brics, como ainda são países em desenvolvimento, que enfrentam ou enfrentaram recentemente problemas econômicos, têm uma compreensão melhor de outros aspectos dos países em desenvolvimento, inclusive o desejo de dignidade, de autonomia, que são aspectos que, às vezes, as instituições financeiras internacionais desprezam. Veja o que está ocorrendo agora na Grécia, por exemplo, e todo o impacto que isso pode ter para a Europa.

    Se o banco dos Brics existisse hoje, ele seria uma alternativa para a Grécia?

    Ah, é uma boa pergunta… não sei se a Grécia quereria, nem estou sugerindo que isso ocorresse, nem ninguém está querendo que a Grécia saia da União Europeia ou do euro, onde ela tem ligações regionais. E essas coisas são muito importantes também, nós não podemos desconsiderá-las.

    Mas ele abriria outras possibilidades nas negociações da dívida grega…

    A questão é que as tradicionais fontes de poder financeiro não estão conseguindo resolver seus próprios problemas, como no caso da Grécia. Então é preciso, sim, procurar alternativas. A gente não pode, de antemão, ter certeza de que elas vão dar certo, mas elas podem servir como um elemento de emulação que ajude os próprios países mais ricos, do G7, a compreenderem que é necessário haver uma reforma do sistema de cotas do FMI e do Banco Mundial. Da mesma forma que a Alemanha busca uma reforma do Conselho de Segurança, da qual ela deseja ser membro permanente – junto com o Brasil, por sinal –, também é necessário mudar o sistema financeiro internacional, porque ele não corresponde mais às realidades dos dias de hoje.

    Na semana passada, a presidente Dilma esteve em Washington, onde se encontrou com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e nesta semana, na Cúpula dos Brics, senta-se à mesa com Vadimir Putin, que aparentemente voltou a ser um inimigo do Ocidente. Como o senhor avalia essa estratégia? O Brasil pode se beneficiar fazendo alianças de todos os lados ou pode acabar em meio a um duelo de gigantes?

    Bom, o Brasil também é um gigante. Nós somos metade da América do Sul, em termos de território e população, um pouco mais da metade em matéria de PIB. Não somos um gigante econômico, ainda, mas mesmo assim somos, apesar de toda a crise, a sétima economia do mundo, então não é algo tão desprezível quanto possa parecer. Aliás, é uma economia maior que a da Rússia. Eu acho que é natural que o Brasil procure diversificar suas relações.

    Em Washington, falou-se inclusive em uma disposição para um acordo de livre comércio com os Estados Unidos…

    Para dizer francamente, eu não creio em um acordo de livre comércio com os Estados Unidos. Eu participei ativamente da tentativa de negociação da Alca [Área de Livre Comércio das Américas] quando era ministro das Relações Exteriores no governo do presidente Lula. Participei de boa fé. O Brasil fez as propostas que achava que deveriam ser feitas, mas vi que havia muitas dificuldades. As exigências que eles nos faziam em matéria de solução de controvérsias para patentes de remédios, por exemplo, iam contra as normas da Organização Mundial do Comércio. Eu acho que um acordo de livre comércio primeiro teria que ser com o Mercosul, que já é uma união aduaneira. Pode haver acordos de facilitação de comércio, acordos até de facilitação de investimentos, tudo isso eu acho muito saudável e positivo, com os Estados Unidos, com a Europa e também com a China. Por que não? Se a China tem hoje excesso de capital e necessidade de investir, e se o investimento nos interessar, por que não? Nunca é bom colocar todos os ovos numa mesma cesta.

    A China, aliás, está fazendo investimentos maciços na América Latina. Há quem alerte para o risco de se criar uma dependência chinesa. Mesmo no banco dos Brics, o maior aporte vem da China. O senhor acredita que exista esse risco?

    Cada país defende seus interesses, isso é normal. Por isso mesmo é interessante para o Brasil, e para outros países de porte equivalente ao do Brasil, ter uma relação diversificada. Ninguém quer trocar uma dependência por outra. A China tem no momento um grande poder, uma grande capacidade de investimento, e isso tem lados positivos, porque pode ajudar no desenvolvimento da nossa infraestrutura, mas não vou dizer que não haja um certo risco. Mas as relações têm que ser equilibradas. Por isso acho muito correto que a presidente Dilma tenha recebido o primeiro-ministro chinês no Brasil, tenha ido aos Estados Unidos e agora vá se reunir com os Brics.

    Quando eu falei em duelo de gigantes, o senhor disse que o Brasil também é um gigante. Qual é o potencial do país na arena internacional, na sua opinião?

    O que eu posso dizer é que a minha experiência, tanto como Embaixador na ONU como ministro das Relações Exteriores por quase dez anos, e mesmo como ministro da Defesa, indica que o Brasil tem um potencial muito grande de servir como facilitador de diálogos. No caso do Oriente Médio, o Brasil tem uma boa relação com os países e, ao mesmo tempo, não tem interesses próprios a defender, não dependemos tão diretamente do fornecimento do petróleo deles. Isso nos dá uma margem melhor [de negociação]. Concretamente, nos foi pedido [em 2010] que ajudássemos no diálogo com o Irã sobre seu programa nuclear. Isso correspondeu a um pedido do presidente Obama, que disse: ‘nós precisamos de amigos que possam falar com quem nós não podemos falar’. E, juntamente com a Turquia, obtivemos uma declaração do governo iraniano que, se tivesse sido aceita, teria dado uma base muito melhor para o acordo que está sendo discutido agora.

    O Brasil tem capacidade de atuar positivamente em várias situações. Na nossa região é óbvio: o próprio presidente Obama citou o que o Brasil já havia feito em Cuba. Mesmo que a gente não tenha atuado na mediação final para o restabelecimento das relações [EUA-Cuba], todos esses anos o Brasil procurou aumentar o diálogo, sempre levando uma mensagem positiva, por exemplo, quando se discutiu a revogação da suspensão de Cuba da OEA [Organização dos Estados Americanos] em 2009. Aliás, nos casos de Cuba e do Irã, ao adotar como regra o engajamento e não a confrontação, a política externa norte americana está ficando cada vez mais parecida com a política externa brasileira.

     

    Eu acho que essa capacidade do Brasil tem a ver com seu tamanho, mas também com uma certa abertura, uma capacidade de compreensão dos interesses de vários países e de várias culturas. O Brasil é um país novo, dinâmico, não fica preso demais no passado.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador