Aos professores, por Luiz Claudio Tonchis

O professor tornou-se vítima do ódio. Vítima daqueles que odeiam o conhecimento, o entendimento, a cultura, a lógica, a lucidez e a crítica.

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Aos professores, por Luiz Claudio Tonchis

A palavra mais adequada para falar da profissão de ensinar em nossos dias é “heroísmo”. Só quem é professor, sabe o quanto é difícil sê-lo nas circunstâncias atuais em voga. Faltam recursos, tecnologia, salário digno, formação continuada, materiais adequados, condições de trabalho. Sem as condições básicas para realizar um bom trabalho são bombardeados por métodos e mais métodos apenas para satisfazer o ego de seus algozes, aqueles que não se preocupam com os bons resultados da educação em si, mas apenas para se projetarem politicamente e se darem bem nas próximas eleições.

O professor tornou-se vítima do ódio. Vítima daqueles que odeiam o conhecimento, o entendimento, a cultura, a lógica, a lucidez e a crítica.  Com todas as suas misérias cognitivas, espalham um nefasto discurso da barbárie contra os professores. Apontam o dedo e os chamam de doutrinadores os que agem para consertar ou sustentar a vida intelectual possível no território da população reduzida à estupidez.

O professor é o guardião da cultura, inclusive no seu sentido mais elementar de porta de entrada para a linguagem por meio da escrita e acesso ao conhecimento em geral. É o professor que ainda põe cada ser humano para além da ignorância a qual ele pode ser reduzido enquanto não participa ativamente da linguagem e seus jogos. Falo aqui dos jogos que envolvem as regras do saber, do poder, do agir, do conhecer, os jogos que podem ser jogados por uma minoria que tiverem o privilégio de conhecer as regras.

Por outro lado, ser professor não é somente navegar na lama escura e enfrentar os monstros espalhados pelo país. Para quem é professor, as somas das sensações positivas no ato de professar sobrepõem-se às negativas. Ser professor representa o ato de professar, como diz o Prof.º Aguinaldo Gonçalves. Ser professor como quem professa, é aquele que faz aflorar todas as virtudes daquele outro ser, levando-o a aprender. Os alunos nascem diante dos bons professores, tornam-se seres humanos melhores e cada dia que o aluno sai pelo portão da escola para ir embora – ele sai um pouco melhor do que entrou.

Através do diálogo e das aulas, os transformam-se em melhores versões. Quantos alunos sentem-se mais humanos, mais gente, depois de uma aula brilhante, ele sai entusiasmado, acreditando no seu potencial, como se tivesse crescido verticalmente durante uma sequência de cinquenta minutos.

Se ainda temos boas escolas é pela alma dos professores que sobrevive. Os professores são heróis. Sem professor o que seria de nós?  Falo daqueles que, em condições adversas ensinam nos locais de difícil acesso, periferias e favelas, são heróis. Exercem este heroísmo sem nome, muitas vezes moram, junto de quem, como eles, recebe um salário escravo, um salário-para-a-fome.

Peço a quem lê que perdoe a dureza com que uso as palavras, mas é por necessidade de atenção para uma classe de profissionais que merece toda a nosso apreço. Em especial, aqueles que estão nas escolas públicas, aqueles que ensinam crianças e adolescentes que passam fome, vítimas da violência, da drogadição, do alcoolismo e da miséria. Os que ensinam os que não têm futuro numa sociedade excludente como esta em que vivemos e que, mesmo assim, não deixam de acreditar que um mundo melhor é possível.  Os professores são heróis e, por isso, merecem nossa reverência e nossa consideração. Luiz Claudio Tonchis

Redação

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