A perda do conhecimento profissional. Um novo choque para o capitalismo da terceirização.

A perda do conhecimento profissional. Um novo choque para o capitalismo da terceirização.

Como na reengenharia que quem entrou foi a falência há algo mais grave que está ocorrendo no processo de terceirização que em poucos anos sentiremos os efeitos.

Num passado recente as empresas fabris e também noutros setores de produção havia uma continuidade no serviço de diversos profissionais que trabalhavam anos a fio na mesma empresa e conseguiam o que se chama experiência.

Achamos tão simples um trabalho de um pedreiro, azulejista no caso da construção, que conheço melhor, e em outras estruturas fabris, porém quem não teve que contratar três ou quatro pessoas para somente depois da quinta achar alguém que saiba fazer o serviço de forma correta? Ou seja, a figura do profissional está desaparecendo.

O que acontece com o profissional de nível médio está acontecendo com o de nível superior. Um engenheiro, por exemplo, sai de uma escola de engenharia em que nos dias atuais quem leciona as disciplinas tem mestrado, doutorado, pós-doutorado e não sabe simplesmente fazer um projeto fora daqueles que fez durante a sua graduação, pois estes técnicos passam pelo mesmo problema do que o pedreiro ou azulejista já citado. Não há mais aquela transmissão de saber que só acontecia com o aprendiz de profissional obtinha do profissional nas mais diversas tarefas que eram executadas.

O desemprego neste momento está na direção contrária do que ocorria no passado, a maior percentagem de desempregados estão se centralizando nos jovens, que apesar de academicamente melhor preparado do que o jovem do passado, não tem a oportunidade de ganhar a experiência que era obtida nos primeiros anos da vida profissional do passado. Hoje em dia as tarefas são divididas e nucleadas, e todo o contratante espera um profissional pronto que executará suas tarefas por um curto intervalo de tempo e seus ajudantes ficarão ligados a ele pelo mesmo tempo ou até menor.

Está se perdendo, o que em francês (fica mais elegante) se denomina, o “savoir-faire”. Perde-se por aposentadoria, morte ou invalidez o profissional treinado, e salvo condições extremamente raras, o profissional se forma por autodidatismo, ou mesmo ocorrendo em práticas que remontam a Idade Média, as famílias de profissionais.

O mercado exige, porém, o mercado não permite a formação do profissional, ele exige a experiência, mas por mais incrível que possa parecer, experiência sem alguém para transmiti-la se torna muito difícil para os melhores adaptados e impossível para os demais, ela não é algo adquirida simplesmente através de tentativas (somente por processos de tentativa e erro que não são aceitas pelos empregadores modernos, é sim um bem transmitido.

Novas técnicas são inventadas dia a dia, porém estas terminam não sendo eficazes exatamente por não termos os profissionais corretos que consigam transportar para diversas situações as novas técnicas.

Quando chamarem um pedreiro para executar uma tarefa simples, como levantar um muro, não fique preocupados se o mesmo cair, a preocupação deve ser centrada quando contratares um engenheiro ou arquiteto para construir a sua casa!

Redação

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