Os 21 anos de ditadura tiraram a capacidade de reflexão crítica da esquerda!

Os 21 anos de ditadura tiraram a capacidade de reflexão crítica da esquerda!

O Partido dos Trabalhadores e Lula, duas coisas praticamente indissociáveis criadas nos trilhos dos vinte e um anos de golpe militar de 1964, e considerando as distorções do foquismo teorizado por Régis Debray a partir da figura de Che Guevara, levaram a um ambiente de esquerda completamente acrítico e com distorções teóricas violentas.

A saída para a luta armada e seus líderes que a sobreviveram mais interessados na discussão de táticas de guerrilha do que uma análise política correta. Derrotada a luta armada em todo o continente e após a redemocratização, mais imposta pelos movimentos operários e a crise que a ditadura havia entrado, fez que no momento que várias frações da esquerda ao estarem em contato com um verdadeiro líder de massas, como Lula, grande parte da esquerda simplesmente entrou no PT para ver se adquiriam mais quadros.

Apesar de me arriscar de levar pau por todos os lados vou dizer que a entrada destes grupos, principalmente Trotskistas, continuaram a agir como nos centros acadêmicos, com centenas de discussões sobre a revolução permanente e a cada dois meses cada grupo criando uma fração e ninguém pensando no que realmente fazer.

Devido a esta confusão, os setores mais ligados ao sindicalismo e a igreja, tomaram conta do PT, expurgando ou simplesmente vendo a saída da maior parte dos quadros de esquerda, restando mais quadros sem nenhuma formação teórica e somente com a prática. Não é que se estes quadros mais a esquerda tivessem ficado adiantaria algo, mas a discussão teórica ou mesmo teórico-prática se esvaziou restando alguns quadros que por características pessoais não agrupavam muito.

Lula não pode ser acusado de ter uma formação ideológica fraca, pois simplesmente ele não tem nenhuma, porém todos aqueles que orbitavam em torno do mesmo, nunca tentaram agrupar-se e criar um programa real de governo. Tudo foi feito na base da tentativa e erro e baseado também no instinto de Lula.

O problema do PT não é que o mesmo nunca esteve próximo ao povo, muito ao contrário a origem de grande parte do PT, exatamente a mais a direita teve origem nos quadros sindicais dirigentes, quem estava como sempre esteve longe do povo foi a esquerda do partido.

A esquerda do PT devido ao discurso ser claramente contra o Stalinismo, confundiu a necessidade do centralismo democrático como algo demoníaco, e enfraqueceu se retirando aos poucos do partido ou mesmo sendo expulsos por maior confusão do que contribuição.

O que restou ideologicamente no PT foi um programa reformista num país atrasado que precisava bem mais do que oferecer três refeições por dia aos famintos do país.

Em Porto Alegre, no início dos governos do PT na prefeitura, apesar terem feito muitas intervenções que foram verdadeiros desastres, com a introdução do orçamento participativo por bastante tempo a participação popular dividiu os ônus dos erros com o partido, coisa que não foi reproduzida nem no governo do estado do Rio Grande do Sul nem no governo nacional. No estado nos dois governos não foi conseguida a reeleição, só voltou porque realmente os governos de oposição ao PT foram muito piores. Já em nível nacional o que segurou os governos do PT foi somente a popularidade de Lula.

Não devemos crucificar Lula, pois realmente as pessoas que estão em torno do mesmo, que poderiam teoricamente se tivesse algo nas suas cabeças é ajuda-lo, mas ficam todos amarrados ao carisma de Lula achando que ele sozinho será a solução de tudo. 

Redação

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