Parte da inteligência “progressista” leu o conto de Dickens “A Christmas Carol” e acredita em fantasmas.

Vários intelectuais de esquerda ou mesmo de centro com uma visão de um capitalismo “produtivista” parece que leram ou assistiram as diversas versões cinematográficas deste famoso Conto de Natal de Charles Dickens, escrito pelo autor simplesmente para pagar uma dívida, terminando estes intelectuais acreditar que fantasmas poderão mudar a burguesia dita “rentista” como ocorreu com o velho e avarento Ebenezer Scrooge foi mudado pelos fantasmas que lhe aparecem no meio da noite transformando-se numa magnífica burguesia “produtivista”.

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Pois bem, no “A Christmas Carol” de Dickens, o avarento Scrooge, segundo o conto transformou-se num avarento devido a problemas na sua juventude e mesmo sendo um velho miserável, um capacho seu, Bob Cratchit lhe adora e valida toda a dominação de um nojento capitalista que no fim é convertido para um simpático não sei o que.

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Então, os nossos intelectuais progressistas acreditam mais na lógica de Dickens do que na lógica do mercado, pois acreditam que um fantasma, no caso seriam a vontade de produzir para criar empregos e levar alegria a sociedade capitalista.

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Se fossemos interpretar filosoficamente esta compulsão a ser um rentista ou um produtivista estaríamos exatamente na dialética Hegeliana, onde a vontade ou espírito (Geist) que muda a realidade física, ou seja, um capitalista acorda pela manhã e pensa:

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– Por que estou somente ganhando dinheiro sem precisar trabalhar?

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Neste ponto vem a iluminação divina e ele pensa de novo:

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– Não poderia utilizar o meu dinheiro para ganhar mais dinheiro e produzir empregos e felicidade para todos?

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Claramente parece o dia da véspera do Natal de Scrooge que após ter sido assombrado pelos espíritos do Natal, resolve modificar a sua vida e deixar de ser um avarento. Em 1843, antes do manifesto comunista que foi publicado pela primeira vez em 1848, Dickens escreve o seu “Conto de Natal” e por ser um crítico da sociedade vitoriana mas não um político, um sociólogo ou um economista não tinha a mínima obrigação de abandonar uma visão idealista de se vencer a miséria ou a falta de produção fora desta proposta Hegeliana.

Poderíamos dizer que o Sr. Scrooge após o vislumbre de sua avareza e quanto mal fazia ao seu empregado, poderia pensar como um capitalista rentista brasileiro na opção de se transformar num capitalista produtivista:

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– Como vou competir com uma pequena fábrica, sem tecnologia e sem um mercado aberto a todos com os grandes conglomerados industriais que dominam o mundo?

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Logicamente o nosso Scrooge, daria os ombros e pensaria em dar um peru de natal para sua doméstica e aumentaria um pouco o seu salário para dormir mais uma noite sem fantasmas.

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Mas saindo da fantasia e voltando para a realidade, pensar que haverá formas de modificar a burguesia brasileira simplesmente por convicção e por afeto é pensar que existem fantasmas que aparecem no Natal.

Redação

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