Tempos de Jânio Quadros, parte 1. Por Rui Daher
Sorocaba, 9 de janeiro de 2020, 22:52 horas, começo a escrever. Depois do dia de trabalho em fábrica que assessoro, conhecemos Eloá no hotel. Serviu-nos com aptidão, gentileza e alegria. Tentei lembrar-me de Eloá Quadros, a mulher do político falecido, Jânio Quadros (1927-1992).
Governador do estado de São Paulo, duas vezes prefeito da cidade, elegeu-se presidente do Brasil, em 1961, e lá ficou até 25 de agosto, quando renunciou alegando forças ocultas que o derrubariam. Até hoje, apesar de várias interpretações, os motivos não parecem bem claros.
É interessante e elucidativo, para quem estudou o Brasil, ler sua Carta Renúncia.
Nenhuma parecença entre elas. Minha amiga e sócia na empresa elogia os olhos realmente lindos de Eloá. De profundo azul.
Ela agradece e diz reconhecer a beleza, com um senão: “pena a deficiência”. Usa sete graus como lente. “A cor herdei de meu pai. Ele só não precisava ter-me deixado a deficiência”. Eloá tem bom-humor e sai para servir-me outra cerveja.
Conversar com essas pessoas, saber seus nomes, onde nasceram, há quanto tempo ali trabalham, como anda a família, fazê-los rir, ser gentil, é inato em mim. Conto também da minha vida. Se bem calcular, e nisto tenho certeza de que, mesmo idosa e cansada, a memória irá ajudar, em apenas quinze anos de andanças escritas recolheria três centenas de pessoas assim e dois mil textos que a ninguém interessará.
Carrancas? Difíceis. Sei quebrar o gelo. Uma literatura, porém, que nunca vingará, subalterno que sou de caciques próprios e alheios.
De religião nunca falo. De política, apenas quando percebo no outro lado posição idêntica à minha (não preciso dizer qual). Apenas em futebol me abro completamente. Arquibancadas ou gerais, nunca viraram brigas.
Mas Jânio Quadros, por quê?
Simples. A ele me remeteram os tuítes de Jair Bolsonaro, o Regente Insano Primeiro (RIP). Inexistentes em priscas eras, Jânio Quadros usava “bilhetinhos”.
Muito mais preparado e experiente do que RIP, advogado e professor, ex-governador e prefeito, intensa vida política, arremessava idiossincrasias conservadoras à torto e direito. Proibiu o jogo do bicho, rinhas de galos, biquinis nos concursos de misses, lança-perfume em bailes de carnaval, e regulamentou o carteado. Contraditório, em agosto de 1961, condecorou Ernesto “Che” Guevara, com a Grã-Cruz da Ordem do Cruzeiro do Sul.
Tinha San Tiago Dantas e Afonso Arinos de Melo Franco nas Relações Exteriores. Política externa independente. A direita esperneava. Na política econômica, anti-inflacionária, desagradava a esquerda.
Entre seus ministros, figuras eminentes do País. Oscar Pedroso Horta (Justiça), Clemente Mariani (Fazenda), Clóvis Pestana (Transportes), Fernando Tinoco (Educação). Carvalho Pinto, governador de São Paulo, em 1959, promoveu o retorno de Jânio à política. Homens sérios e experientes.
Comparem-nos com Ernesto Araújo, Sérgio Moro, Weintraub “Iletrado”, Paulo Guedes, creio não existir único razoável na atual equipe de governo.
Sobram os bilhetinhos versus os tuítes. Três pérolas:
Para um Juiz de Paz de Apiaí (SP), que abria o cartório apenas uma hora por dia:
“Senhor Secretário: 1) Demitir; 2) O homem não é do trabalho, mas de paz mesmo”.
Para um jornalista do Norte que, em crônica, chamou-o de feio e louco:
Informo ilustre jornalista, não ser tão feio quanto pareço nem tão louco quanto devia”.
Soube de um médico, em Brasília, com dois empregos públicos:
“Senhor Prefeito, verifique se a notícia é verdadeira. Se for, o médico escolha: trabalha em um lugar, trabalha em outro, ou não trabalha em nenhum”.
Alguma besteira ou injustiça nisso? Mais uma vez, comparem Jânio aos atuais alucinados tuítes presidenciais e clã.
Na época, meu pai não era janista, mas adepto de Adhemar de Barros (1901-1969), que foi governador, prefeito e interventor em São Paulo. Era do PSP (Partido Social Progressista), enquanto Jânio comungou em seis diferentes partidos.
Morando na beira do Viaduto Santa E(I)figênia (até hoje a Cúria não me esclareceu) ficava distribuindo ‘santinhos’ de Adhemar, embora fascinado pelas ‘vassourinhas’ de Jânio.
Bons tempos. Tínhamos uma democracia, não a mentira fascista bolsonarista de hoje em dia.
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Seu Rui,
A leitura do parágrafo dedicado aos doutos colaboradores do bolçodória me remeteu à comentário que cometi ontem no blog do egrégio prof. Hariovaldo ( http://hariovaldo.com.br/ ) que, com a sua licença, reproduzo aqui:
emerson57
10 de janeiro de 2020 at 18:45
Sou fã nesse governo, que ora nos seduz, do ….Guedes? Vaintraubi?
Nãooooo! Gosto mesmo é da gostosa da Damares, nobre dama dedeos que só pensa ………….n’aquilo!
Não passa um só dia que a menina não toque no assunto sequiço. É antes é depois do casamento é sem parar, até morrer!
É trend tópics no Brazil.
Tesão recolhido abundante para exportar para toda a terra plana.
Melícia, posto grito do ipiranga, chancelor Araujo, çejumoro? Nada. Nenhum desses terá vez.
2022 será a orgia total, com a Damares Presidenta, comandando cabeça tronco e membros do Brazil. Aleluia!
ÇERRA45? Só em 2038! Vice fegaçe … viiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiixe!