O que quer Putin e a sua máquina de propaganda nacionalista?

A preocupação dominante entre os democratas norte-americanos – pelo menos a mais presente na imprensa diária ianque – é a suposta influência que os russos, através de invasões cibernéticas a sites e correios eletrônicos de agentes “peso-pesado” do governo ianque, teriam tido na eleição de Donald Trump. Os democratas não aceitaram a derrota e preferem continuar a acreditar em complôs internacionais e tentar incendiar um cenário já bastante “ quente” da cena internacional. Os democratas perderam, entre outras causas, por sua insistência em manter uma política externa intervencionista.

Com ou sem as “notícias falsas” (fake news), Trump foi eleito, mas este “terceiro-turno” dos americanos, a girar em torno da “intervenção russa” no resultado das urnas, trouxe um grande problema: a simples presença na imprensa ianque desta suspeição na segurança do sistema eleitoral do país é uma grande vitória para Vladimir Putin e sua máquina de propaganda.

 

O que os russos fazem agora chamava-se, no tempo da União Soviética, de “desinformação”. A administração Putin tem espalhado pelo mundo, através de duas publicações cujos nomes lembram duas outras do tempo do comunismo: a agência estatal de notícias “Sputnik” e o digital- nacionalista “Pravda” online (o impresso continua comunista). Suas notícias tendenciosas que funcionam como um braço midiático do governo de Putin. Enquanto o presidente russo tenta ressuscitar o antigo poderio militar da União Soviética com ações de grande impacto na imprensa, a agência e o jornal exageram o poder do Rússia e especulam sobre as intenções dos países do Ocidente.

Os resultados das intervenções internacionais russas têm apresentado resultados mistos: apesar de uma boa reforma em sua marinha, a capacidade de projeção de poder da Rússia revelou-se limitada depois dos dois acidentes com aviões embarcados no Porta-Aviões “Almirante Kuznetsov”, enviado à Síria depois de muita festa do governo de Moscou. O desfile da força-tarefe comandada pelo navio-aeródromo pelo Mediterrâneo chamou a atenção da imprensa internacional como se estivéssemos de volta aos tempos da Guerra Fria. Acabou em fiasco, vergonha e demonstração de incapacidade em organizar um ataque com aeronaves embarcadas. Dois Mig-29 navais foram perdidos por mal-preparo da tripulação.

A ofensiva nacionalista de mídia vem compensar as perdas e os gargalos logísticos das forças armadas russas com mentiras e excessos. Ela penetra as redes sociais e a imprensa do Ocidente. A BBC de Londres tem tido uma participação perigosa e irresponsável neste exercício de beligerância. Em novembro de 2016 foi publicada uma “notícia” (25/11), uma simulação da transmissão do início de uma invasão russa a países do Báltico e do Norte da Europa. A ficção noticiosa mostra o desenrolar das primeiras horas do conflito e sua subsequente escalada a uma conflito nuclear. O simulacro de cobertura irritou os russos e semeou desconfiança e medo no público.

Um mês depois a BBC publicou reportagem(25/12) não assinada avisando que a Rússia havia “ganhado a corrida espacial”. Foi uma das matérias mais lidas em varias edições até o início deste ano. O comentário anônimo tenta provar que, apesar dos americanos terem vencido a competição para o pouso na Lua, os russos ganharam a corrida espacial porque seu programa, baseado em naves orbitais ao redor da terra, terminou mas seu legado sobrevive na estação espacial orbital, e seus foguetes também. Seus motores RD-180 (derivados do RD-170 da Guerra Fria) são os mais poderosos do mundo. E o programa espacial americano usa esses foguetes.

A desinformação mistura fato com ficção e cria meia-verdades: os foguetes russos são mais os poderosos do planeta porque foram desenhados que lançar ao espaço naves grandes e pesadas de um local distante dos trópicos. Quando se está perto da linha do Equador (como os americanos na Flórida), a potência exigida dos foguetes para escapar da força da gravidade é menor. O que demanda lançadores (foguetes) menores. Por outro lado, dizer que a Rússia ganhou a corrida espacial é um abuso da lógica e da História real.

O esforço norte-americano para a conquista do espaço quebrou a economia da União Soviética. Suas forças armadas foram sucateadas, seu programa de cargas em órbita, que deveria concorrer com sua contraparte norte-americana, fechou. O programa ianque também foi encerrado por George W. Bush em 2004 depois da explosão da nave Columbia (2003, fevereiro). A essa altura, o arsenal soviético havia murchado há muito e o poder da Rússia estaria limitado pelos Estados Unidos e seus aliados da OTAN. Que incomodam os nacionalistas russos ao moverem-se em direção Leste.

Onde vai, e o que pretende Putin, com seu aparato de propaganda nacionalista? Qual o verdadeiro alcance de seu projeto de poder? Ele não parece preocupada com democracia, direitos humanos ou liberdades civis. Sua propaganda na imprensa internacional e nas redes sociais traz desinformação e projeta uma imagem irreal de uma Rússia poderosa com a qual ele sonha, mas ainda não existe. Ele não ajudou a eleger Trump. Mas não há dúvidas que ele ficou satisfeito quando o novo presidente norte-americano revelou sua política externa de contenção a conflitos em regiões remotas e a dedicação ao combate ao ISIS.

Putin é um governante autoritário, conservador, ambicioso e beligerante. Mas quando o assunto é o bem-estar do povo russo ele é seu campeão. Populista autoritário, conseguiu defender seu pais da crise da queda do preço das ‘commodities’ . Ao contrário do Brasil, Putin não teve pudor em 2015 em lançar mão das enormes reservas internacionais acumuladas durante o “boom” das exportações de matérias primas para arrefecer a crise fiscal. Para manter o poder de compra da população e os programas sociais do governo, gastou parte do que foi ganho e acumulado durante os bons momentos passados. Nada mais justo e certo. Putin pagou isso tudo, e ainda ampliou segurança, tecnologia e defesa nacional. A Rússia fez o inverso do Brasil (que apostou no arrocho), e os resultados foram bem melhores. Observem no gráfico abaixo como o déficit público da Rússia vem se mantendo bem menor que o do Brasil:

China,Rússia, Turquia, Indonésia, África do Sul e Arábia Saudita usaram parte de suas reservas internacionais para acomodar o déficit público. Apenas Brasil e Índia, entre os mercados emergentes resistiram e não tocaram em suas reservas (Estadão,22/09/2015). A Índia, graças a investimentos internacionais, que projetam crescimento grande para este ano, pode se dar a este luxo. O Brasil deveria ter empregado parte pequena de suas reservas internacionais para impedir a disparada do déficit público ainda em 2014. Mas não o fez, e Temer nunca o fará.

Nossos governantes não ousam não ousam tocar em nossas reservas por conta de seu mercado de derivativos (especulação em moedas mundiais) e ao interesse dos lucros do mercado financeiro. Que precedem os interesses do país e seu povo. A insistência em manter nossas reservas intactas, enquanto a população sofre, não faz sentido, mas Temer jamais faria uso delas para amenizar o sofrimento da população. Por determinação do mercado financeiro, continuamos a miséria diária do ‘pós-impeachment’ de seu governo.

Putin não sofre estes tipos restrição. Ele dobrou o poder dos super-bilionários russos que ameaçavam tomar conta do país depois do fim do comunismo, recuperou o domínio da Chechênia, massacrou terroristas muçulmanos do Cáucaso e acabou com a crise interminável que parecia condenar o país. A alta burguesia do país não mais o ameaça, nem a imprensa – que ele tem sobre controle. A economia russa é controlada pelo estado (com a ‘parceria’ do mundo do crime e muita corrupção), e a administração Putin conta com a subordinação disciplinada de meios de comunicação para seu projeto de uma Rússia mais poderosa no cenário internacional. Muita gente boa e instruída acredita nas invenções nacionalistas de seus canais de propaganda na web.

Por trás de Putin e sua máquina de propaganda estão a incerteza , a insegurança e o medo de um mundo que exige a cada dia mais trabalho e submissão dos trabalhadores, enquanto o estado volta as suas costas para os mais necessitados. Vladimir Putin está atento a isso e a economia de seu país não segue a cartilha do liberalismo que o Ocidente prega. Ele é um populista que conseguiu domar, pela força e com o uso das forças de segurança, o caos econômico russo depois da queda do comunismo. Putin consolidou um regime populista intolerante e policial que conquistou o apoio da população descontente com o final do comunismo e a exposição dos trabalhadores ao desemprego estrutural do capitalismo emergente da Rússia.

 

*************************************

NOTA DO AUTOR:

Esta matéria foi republicada. Houve outra edição anterior à ela publicada ontem. Na capa. Teve 95 “Likes” do Facebook e 56 comentários: 50 contra e seis favoráveis. O artigo continha continha uma foto de um porta-aviões norte-americano, quando deveria ser a do navio-aeródromo russo “Almirante Kuznetsov”. A foto (de um site russo) enganou este autor porque seus aviões tinham cauda dupla, como os MIG’s navais russos.  Houve dois erros também de digitação, que foram corrigidos. Peço desculpas a todos os que comentaram e ajudaram esta edição do GGN. Mesmo tendo recebido tantas críticas. São bem vindas todas elas.  Minhas desculpas por ter que retirar o artigo e seus comentários. Mais uma vez, minhas sinceras escusas. Nâo mudei o conteúdo. Minha visão sobre Putin permanece a mesma: um personagem contraditório, autoritário e ultra-conservador que não respeita a democracia – mas soube evitar a queda do país ao não impor o arrocho quando o “boom” da matéria primas impactou as exportações de seu país.

 

 

 

 

 

 

Redação

2 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Bom, mas com muito floreio e sem aprofundar onde preciso

     

    Sergio da Motta e Albuquerque,

           [

    Caso eu possa enviar este comentário para o seu blog, faço esta explicação prévia de que coloquei entre colchetes trechos que acrescentei ao meu comentário original que fora enviado quarta-feira, 11/01/2017 às 15:50 para quando o post “O que quer Putin e a sua máquina de propaganda nacionalista?, por Sergio da Motta e Albuquerque” de quarta-feira, 11/01/2017 às 07:30, estava na página da GGN no blog de Luis Nassif no seguinte endereço:

    https://jornalggn.com.br/blog/sergio-da-motta-e-albuquerque/o-que-quer-putin-e-a-sua-maquina-de-propaganda-nacionalista-por-sergio-da-motta-e-albuquerque

    Achei equivocada a retirada deste seu post das páginas do blog de Luis Nassif. O único problema grave no post era o retrato do porta-aviões. Não custava nada você ter feito uma nota explicativa no fim da página com a colocação da foto correta. Nesses casos eu sou favorável a que se deixe a foto errada, a menos quando ela dá razão para algum processo por danos morais, o que evidentemente não era o caso. E se não se admitisse a correção do texto no blpg de Luis Nassif, você poderia fazer um comentário à parte com a nota explicativa informando do seu erro e a sua correção.

    E você ainda fez outras alterações que não foram explicitadas na sua Nota do Autor. A bem da verdade você fala em dois erros de digitação mas específica quais foram esses erros que certamente não confundem com as duas alterações que eu vou reproduzir a seguir. A primeira foi a retirada de todo um trecho junto ao parágrafo que se inicia assim:

    “China, Rússia, Turquia, Indonésia, África do Sul e Arábia Saudita usaram parte de suas reservas internacionais para acomodar o déficit público. Apenas Brasil e Índia, entre os mercados emergentes resistiram e não tocaram em suas reservas (Estadão,22/09/2015). A Índia, graças a investimentos internacionais, que projetam crescimento grande para este ano, pode se dar a este luxo. O Brasil deveria ter empregado parte pequena de suas reservas internacionais para impedir a disparada do déficit público ainda em 2014.”

    Na nova redação o parágrafo tem apenas a seguinte continuidade: “Mas não o fez, e Temer nunca o fará.” E com a particularidade de que esta continuidade não existia no parágrafo com a redação anterior que continuava assim: “Por outro lado, temos que nos perguntar se Dilma teria condições políticas para mexer em nossas reservas, e se valeria à pena, para ela, sitiada no Planalto pela mídia e pelos políticos, ousar uma manobra tão audaciosa. Não havia ambiente político para tal decisão. Quando seu governo tentou baixar os juros contrariando o mercado, em 2012, ela foi acusada de “intervencionista” e deu início à sua própria derrocada.”

    Sublinhei todo o trecho que foi suprimido. Por certo esse trecho não seria um dos erros de digitação de que você fala na Nota do Autor. Aliás há muitos erros de digitação no sentido que há muitas frases com sentido obscuro que muito provavelmente foram oriundas de erros de digitação com omissão de palavras ou expressões que tornariam a frase ou parágrafo mais claros.

    Outro trecho suprimido se encontra no final do parágrafo que se seguia ao mencionado anteriormente e em que foram retiradas as três últimas frases. Transcrevo então o parágrafo a seguir na íntegra com as três últimas frases sublinhadas:

    “Nossos governantes não ousam tocar em nossas reservas por conta de seu mercado de derivativos (especulação em moedas mundiais) e ao interesse dos lucros do mercado financeiro. Que precedem os interesses do país e seu povo. A insistência em manter nossas reservas intactas, enquanto a população sofre, não faz sentido, mas Temer jamais faria uso delas para amenizar o sofrimento da população. Por determinação do mercado financeiro, continuamos a miséria diária do ‘pós-impeachment’ de seu governo. A dura realidade é que ninguém governa o Brasil sem o mercado. Não se governa o Brasil sem o apoio dele. Ou da imprensa.”

    No meu comentário eu não quis alongar muito em me opor ao viés anti Putin que você adotara e que estava centrado muito no uso da máquina de propaganda de Putin e no fato de você considerar Putin ser “autoritário, conservador, ambicioso e beligerante”. Todos os governos têm a sua máquina de propaganda. Discutir a máquina de propaganda de Putin não me parece ser relevante, a menos que se trate de um comparativo com as máquinas de propaganda dos diversos governos no mundo ou a menos que se trate de identificar fraudes da máquina de propaganda do governo que se está analisando.

    Você não conseguiu fazer essa comparação nem identificou as fraudes da máquina de propaganda de Putin e ainda foi confuso nas tentativas que você fez de mostrar fraudes como é o caso das duas referências a BBC de Londres, uma emissora do governo da Inglaterra. Você começa por trazer uma notícia falsa da BBC que foi contrária ao povo russo e ao governo de Putin na sequência de uma frase que fala da “ofensiva nacionalista da mídia” do governo russo. Não faz sentido contar uma história que foi nociva a Rússia como exemplo da “ofensiva nacionalista da mídia” do governo russo.

    E ainda na sequência, mas no parágrafo seguinte, você faz referência a notícia equivocada que saiu na BBC de Londres. Notícia sem identificação de autoria. Notícia que vem na sequência da frase “A ofensiva nacionalista de mídia vem compensar as perdas e os gargalos logísticos das forças armadas russas com mentiras e excessos”. Primeiro, a frase está mal redigida. Você provavelmente queria referir-se à ofensiva nacionalista da máquina de propaganda de Putin na mídia. Só que o texto anônimo alegando a dianteira da Rússia na corrida espacial aparecido na BBC do governo inglês não tem nenhuma relação com a afirmativa de que haveria uma ofensiva nacionalista da máquina de propaganda de Putin na mídia.

    Os dois parágrafos finais também tiveram erros de digitação ou foram mal redigidos de modo que a ideia que você quis transmitir não ficou clara. No penúltimo parágrafo não chega a ocorrer uma redação obscura, mas você podia ter evitado a dubiedade. Você diz:

    “Putin não sofre estes tipos restrição. Ele dobrou o poder dos super-bilionários russos que ameaçavam tomar conta do país depois do fim do comunismo, recuperou o domínio da Chechênia, massacrou terroristas muçulmanos do Cáucaso e acabou com a crise interminável que parecia condenar o país”.

    Ora, dobrar tem duplo sentido. Você o empregou no sentido de que Putin enfraqueceu “o poder dos super-bilionários russos”, mas quem lê rapidamente e se tem por base o que diz a imprensa ocidental sobre a associação de Putin com os bilionários russos seria fácil entender que Putin teria duplicado “o poder dos super-bilionários russos”.

    E na sequência ainda no penúltimo parágrafo você faz uma acusação desnecessária e que não me parece ser uma construção que devesse constar de um texto que tenta fazer uma análise de algum governante ou de algum país. Eu me refiro à frase em que você associa a economia da Rússia ao mundo do crime e da corrupção. Transcrevo a frase em que você faz essa acusação. Diz você:

    “A economia russa é controlada pelo estado (com a ‘parceria’ do mundo do crime e muita corrupção)”.

    Trata-se de uma frase curta que, entretanto, precisaria de muito detalhamento para poder considerar a frase com algum valor ou sem valor nenhum. Primeiro falar que em uma economia capitalista a economia é controlada pelo estado requer uma definição bem precisa do termo controlar. Países como Alemanha, França com uma carga tributária de 40% tem a economia controlada pelo estado? E na China com a carga tributária de 20%, seria a economia controlada pelo estado? E os Estados Unidos com a carga tributári9a de 30% do PIB tem a economia controlada pelo estado?

    E segundo, é afirmação de baixa qualidade aquela relativa à parte que vem entre parênteses em que você estabelece a associação entre o Estado russo e o mundo do crime e da corrupção ao dizer que a economia russa seria controlado pelo Estado “com a ‘parceria’ do mundo do crime e muita corrupção”. No mundo todo há essa associação entre a economia e o mundo do crime e da corrupção. Aliás a ONU recomenda que ao fim do cálculo do PIB se abata parte proporcional ao que se supõe seja a participação das atividades criminosas com o PIB do país. Agora em um texto com um mínimo de seriedade essa associação da economia com atividades criminosas não pode ser lançada inopinadamente.

    Esse tipo de declaração eu considero temerárias e que nada acrescenta. É dar importância ao ouvir falar. Agora o que você diz ainda é pouco com o que disse o jornalista Matt Taibbi na revista Rolling Stone. Em um texto em que não se sabe a que ele veio Matt Taibbi diz o seguinte sobre Vladimir Putin:

    “Não tenho problema algum para acreditar que Vladimir Putin possa ter tentado influenciar a eleição americana. Ele é um gangster-espião-escória do mais baixo nível e capaz de qualquer coisa”.

    A frase foi transcrita do post “”Já fomos enganados antes”, diz jornalista dos EUA sobre ação da Rússia na eleição” de quinta-feira, 12/01/2017 às 14:25, aqui no blog de Luis Nassif contendo, após rápida apresentação, o artigo de Matt Taibbi que pode ser visto no seguinte endereço:

    https://jornalggn.com.br/noticia/ja-fomos-enganados-antes-diz-jornalista-dos-eua-sobre-acao-da-russia-na-eleicao

    E o último parágrafo também ficou mal escrito a necessitar uma reparação. Você diz:

    “Por trás de Putin e sua máquina de propaganda estão a incerteza , a insegurança e o medo de um mundo que exige a cada dia mais trabalho e submissão dos trabalhadores, enquanto o estado volta as suas costas para os mais necessitados.”

    Não sei exatamente o que você quis dizer. Vou supor, entretanto, que você quis dizer o seguinte (Para dar destaque ao novo entendimento eu sublinhei o que alterei no seu texto):

    “O que torna forte, ou dito de forma alegórica, o que dá costas largas para Putin e sua máquina de propaganda é o temor do povo russo diante da incerteza, da insegurança e do medo de um mundo que exige a cada dia mais trabalho e submissão dos trabalhadores, enquanto o estado volta as suas costas para os mais necessitados.”

    E as duas frases finais do último parágrafo em que você se refere a Putin como populista me pareceram impregnadas do viés acadêmico contra o termo populismo. Populista tanto pode referir-se ao governante demagogo que engana o povo como ao governante carismático que tem fácil interação com a população.

          ]

    Interessante essa sua análise de Putin aqui neste seu post “O que quer Putin e a sua máquina de propaganda nacionalista?, por Sergio da Motta e Albuquerque” de quarta-feira, 11/01/2017 às 07:30. Vejo algum viés na sua análise, mas não ao ponto de considerar sua argumentação equivocada.

    A questão do déficit público e do uso da reserva, eu, que não sou economista, considero que deveria comportar mais detalhamento. Os dados que você apresenta estão em valores absolutos e fica faltando uma descrição da composição dos gastos que mais bem esclareceriam o resultado final. O PIB da Rússia (U$1,3 Trilhão) é menos de dois terços do PIB brasileiro (U$1,7 trilhão). E o que é mais importante na composição dos gastos públicos é saber a participação dos juros e também o total da dívida pública. Em valores absolutos a dívida pública da Rússia é quase 1/10 da brasileira. Em razão do Plano Real a nossa dívida pública ficou muito elevada. E a inflação baixa desde então inviabilizou a redução da dívida. A Rússia não teve plano real e às vezes a inflação assume valores elevados o que acarreta reduções expressivas da dívida pública.

    Em relação ao PIB, dívida pública e crescimento econômico tanto no Brasil como na Rússia, eu recomendaria uma análise mais longa no tempo e ao mesmo tempo mais detalhada por trimestre e com mais desagregação do PIB. Lembro que no meio de 2016 eu estava comparando a desvalorização do real de 2011 a maio de 2016 com a desvalorização do rublo no mesmo período e vi particularidades distintivas e assemelhadas que poucos mencionam.

    Rússia e Brasil desvalorizaram a moeda o mesmo tanto de janeiro de 2011 a maio de 2016. Até 2013, o Brasil conseguiu desvalorizar mais do que a Rússia. Disse conseguiu porque acho que houve a intenção do governo em desvalorizar a moeda. Em 2014 só a Rússia sofreu uma forte desvalorização da moeda. Como distinção eu menciono ainda a questão da dívida pública que no Brasil é de mais de 60% do PIB e na Rússia é de menos de 10%.

    E há duas distinções que são pouco divulgadas. Uma é que Putin se apresenta como um direitista conservador e com isso ele tem o apoio da maioria do povo russo que a semelhança da maioria dos outros povos dos países do mundo é da direita e conservador. A Dilma Rousseff era uma presidenta da esquerda e não era conservadora. Talvez o Michel Temer consiga desempenhar o mesmo papel que o Putin executa na Rússia. Alguém que não parece ser da direita, mas que tem a direita sob o seu domínio. Inflação mais baixa em 2017 e retomada do crescimento podem ajudar Michel Temer a alcançar esse efeito. O único inconveniente é uma subida mais abrupta do juro americano que possa levar a nova desvalorização da moeda brasileira com ou aumento da inflação ou aumento do juro.

    A outra distinção é que me parece que a Rússia não enfrentou as manifestações de junho de 2013. Eu ponho na culpa das manifestações a forte inflexão que ocorreu nos investimentos no terceiro trimestre de 2013 quando houve uma queda brusca após três trimestres de expressivo crescimento.

    Aliás considero que todos as análises macroeconômicas da realidade brasileira nos últimos anos que não focar na explicação esmerada do que aconteceu com os investimentos no terceiro trimestre de 2013, peca por tratar da nossa realidade de modo perfunctório sem saber a dimensão e o efeito econômico de cada alteração em cada ponto concreto da nossa economia, sendo as manifestações de junho de 2013, o fato mais relevante a ser considerado.

    Só fiquei um pouco duvidoso da importância que eu dou às manifestações de junho de 2013, quando li no ano passado o post “Putin v. Obama: It’s the Economy, Stupid” de quarta-feira, 14/09/2016, no blog Uneasy Money de David Glasner e que pode ser visto no seguinte endereço:

    https://uneasymoney.com/2016/09/14/putin-v-obama-its-the-economy-stupid/

    Pode ser que haja problema no link para o post acima, mas ele é acessível via Google. E o que gerou minha dúvida foi a resposta de David Glasner para Richard A. enviada quarta-feira, 14/09/2016 às 5:33 pm, em que ele diz:

    “Jacques Rene, I know exactly how you feel.

    Hugo, I appreciate your comment, which is well taken, but you are not reading this post with the attitude appropriate to the topic under discussion.

    Richard, I took the yearly RGDP figures from the St. Louis Fed from 2008 to 2014, and then estimated Russian RGDP in 2015 by taking 96.25% of RGDP in 2014, based on published estimates that the Russian economy contracted by 3.75% in 2015 compared to 2014.”

    (Tradução do Google:

    “Jacques Rene, eu sei exatamente como você se sente.

    Hugo, agradeço o seu comentário, que é bem aceito, mas você não está lendo este post com a atitude apropriada para o tópico em discussão.

    Richard, tomei os dados anuais do PIB Real do Fed de St. Louis de 2008 a 2014, e depois estimei o PIB real russo em 2015, tomando 96,25% do PIB real em 2014, com base nas estimativas publicadas de que a economia russa contraiu 3,75% em 2015 em comparação com 2014.”)

    Então apesar de todas as diferenças: na Rússia a direita está no comando (Putin não enfrentou Eduardo Cunha) com ampla maioria no parlamento, na Rússia não houve manifestações de junho de 2013, na Rússia a dívida pública absoluta é cerca de um décimo da brasileira, a queda do PIB russo foi igual a queda do PIB brasileiro em 2015.

    Mudando de assunto, seu nome e seu texto faz-me lembrar de um Hugo da Motta e Albuquerque no blog Na Prática a Teoria é Outra de Celso Rocha de Barros com comentários bem pertinentes e que revelavam muita erudição. Ele era um comentarista sério como me parece ser o Hugo Andre a que o David Glasner respondeu o que na época me fez associar o Hugo Andre do blog do David Glasner com o Hugo Motta Albuquerque do blog de Na Prática a Teoria é Outra. Transcrevi o comentário de David Glasner na íntegra pela referência que o David Glasner faz ao nome Hugo e aludir à seriedade do comentário.

    O Hugo Motta Albuquerque deve ser de alguma família tradicional paulista, pois se fosse nordestino, principalmente de Recife teria, mais Mottas e mais Albuquerques no sobrenome. Não sofro desse viés porque o nome Mendes de Oliveira é mais corriqueiro e não faz sombra aos meus comentários.

    Bem o que quero ressaltar aqui é que o Hugo de Motta e Albuquerque parecia um comentarista menos convicto o que leva-me crer ser alguém mais velho do que você. E, portanto, além de muito conhecimento que você parece ter, sua análise pareceu-me cheia da convicção da juventude, principalmente quando ela é enriquecida de muito conhecimento.

    Fiz esse descaminho para fazer referência para um comentário do comentarista muito frequente aqui no blog de Luis Nassif e que se chama Anarquista Sério e que ele enviou sábado, 07/01/2017 às 14:10, junto ao post “Putin e Trump: quais interesses motivam a aproximação?” de sábado, 07/01/2017 às 13:29, aqui no blog de Luis Nassif e que pode ser visto no seguinte endereço:

    https://jornalggn.com.br/noticia/putin-e-trump-quais-interesses-motivam-a-aproximacao

    O Comentário de Anarquista Sério foi como sempre curto e vale transcrevê-lo a seguir. Diz ele lá:

    “Putin exerce uma ditadura democrática nunca vista no planeta.

    ”democrática ” por que segue a lei pra apenas 2 mandatos, como presidente.

    ditadura porque , nesse ínterim, se elege deputado e consequentemente primeiro ministro que manda no presidente que é um boneco dele.

    Fenomenal !

    E antes disso tudo , era chefão da K G B.

    Perfeito !”

    Chamo atenção para o comentário de Anarquista Sério porque o comentário dele traz um aspecto importante que é omitido nos comentários sobre a Rússia e que é Putin se manter no poder por tanto tempo conservando a fachada de democracia. Você não chega a omitir essa particularidade do domínio de Putin na política russa, mas não a expõe de modo tão explícito como fez o Anarquista Sério. A bem da verdade, o Anarquista Sério conseguiu dar mais destaque a esse aspecto da política russa porque restringiu a esse tópico o comentário dele.

    O que me parece falho no comentário de Anarquista Sério e que é mais evidente no seu texto é vocês não procurarem uma racionalidade gerencial na proeza de Putin. Razão que também é fim, ou seja, é teleológica. Para o Anarquista Sério a proeza de Putin é só uma forma de acusar Putin de ditador. Você vai até com mais profundidade ao ver na proeza de Putin uma forma de se contrapor ao liberalismo e criar expectativa de segurança ao povo russo.

    Anarquista foi mais preciso em expor a proeza de Putin, enquanto a sua análise parece-me correta. A análise de Anarquista Sério parece fruto enviesado de leituras de textos rastaqueras. É claro que Anarquista Sério parece-me capaz de ter ideias próprias, mas denominar de ditadura o uso da legislação do país para se manter no país é o mesmo que considerar Franklin Delano Roosevelt ditador porque foi eleito 4 vezes presidente dos Estados Unidos. É preciso muito viés na análise para chamar Putin de ditador por se ter mantido no poder por tanto tempo.

    Vale ressaltar aqui que embora esteja sempre em desacordo com os curtos comentários de Anarquista Sério, e, de certo modo, de acordo com o que você diz, principalmente neste post “O que quer Putin e a sua máquina de propaganda nacionalista?, por Sergio da Motta e Albuquerque” mais me identifico no que ele diz do que no que você diz. Como eu disse, os seus textos parecem-me de um jovem acadêmico imbuídos de uma certeza enquanto os de Anarquista Sério parecem-me de alguém da minha idade, com os meus 62 anos, carregando a certeza apenas da dúvida ainda que, no caso dele, os textos me pareçam bem mais enviesados.

    O que eu quero ressaltar aqui é que a proeza de Putin parece-me como eu disse uma proeza teleológica. Não se trata apenas de ser presidente e primeiro ministro para ser presidente e para ser primeiro ministro. Ele almeja algo mais. A intenção dele é fundamentalmente a segurança do povo russo, mas isso dentro de uma visão de longo prazo, mas no curto espaço da vida dele, ele parece-me que quer evitar que a caixinha de surpresa que é o processo democrático inviabilize a recuperação econômica da Rússia.

    A mesma proeza do Putin tem sido feita no Brasil pelo PSDB e pelo PT nos últimos vinte anos. Tenho dito isso desde 1998 (No final da eleição de 1994 já se podia chegar a esse termo, ainda que a eleição tenha sido decidida em primeiro turno), quando a disputa presidencial se deu entre FHC e Lula, se bem que só tenha existido primeiro turno. No Brasil foram necessários dois partidos para evitar que o cetro presidencial caísse em mãos de aventureiros. Putin fez tudo sozinho. O que diferencia a proeza de Putin da proeza do PSDB e do PT é que o Putin professa uma ideologia de direita enquanto o PSDB e o PT professavam uma ideologia de esquerda.

    É preciso observar que, no Brasil, para se conseguir expulsar a direita maluca das eleições presidenciais, foram necessários dois atos de força ou anti democráticos de Fernando Henrique Cardoso. Primeiro foi fazer um plano econômico para ganhar uma eleição. Sem Plano Real qualquer maluco poderia ganhar a eleição em 1994. E o segundo ato de força foi ter criado a reeleição em proveito próprio. Se Fernando Henrique Cardoso não se candidatasse em 1998, quem seria o protegido da grande mídia seria o Paulo Maluf e depois disso ninguém sabe o que viria. E mesmo que Lula viesse a ser eleito, sem a reeleição o mandato dele de 4 anos não o permitiria realizar nada importante.

    Desde 1998, eu menciono a proeza do PSDB (Um partido que era mais de esquerda na sua fundação e que por força da oposição com o PT ter-se tornado um partido de direita e que era essencialmente um partido sem liderança carismática e que dificilmente ascenderia ao poder) e do PT (um partido de esquerda muito estigmatizado pelas forças de direita) de se alternarem no poder. Como partidos de esquerda a proeza deles torna-se maior do que a proeza do Putin que conseguiu dominar a política russa passando-se por conservador e de direita. Embora tenha fechado fileira na corrente liberal, Fernando Henrique Cardoso trouxe muitas práticas não conservadoras para a realidade brasileira.

    Eu cheguei a tratar dessa proeza como uma conspiração combinada nos porões da USP. Lembro que quando explicitei essa teoria conspiratória, se não me engano no blog de Na Prática a Teoria é Outra, criticaram-na com o argumento que o PT teve sua origem na PUC. O termo USP, entretanto, era para enfatizar que a proeza PSDB e PT era uma proeza paulista apesar de Lula ser nordestino e Fernando Henrique Cardoso ser carioca.

    Outra questão no seu post é o uso das reservas. Eu costumava parafrasear um slogan mentiroso do PSDB: “governo bom, o povo põe, governo ruim, o povo tira”, com a seguinte afirmação: “governo bom faz reservas governo ruim as destrói”. E para completar eu acrescentava: “e no entanto as reservas são para inglês ver”.

    É uma frase fruto da intuição e não do conhecimento econômico, até porque como eu já mencionei não sou economista. Considero, entretanto, que a questão de reservas precisa de um estudo mais aprofundado. Pode ser que se verifique que existe um nível mínimo de reservas ou até, o que não me parece impossível ainda que muito improvável, que elas nem sejam necessárias.

    A justificativa para não se ter reserva seria que no caso de haver fuga de capital, uma forte desvalorização reverteria a fuga da moeda. Agora se existe um nível mínimo para as reservas, é razoável que uma vez ultrapassada esse nível mínimo que se faça a redução das reservas. A questão é saber se existem estudos que confirmem o que seria o valor mínimo de reserva.

    É verdade que a Rússia e a China vêm utilizando as reservas. No caso da China elas ainda são realmente elevadas. Só que você, acompanhado os analistas que se têm debruçado sobre a China, vai verificar que não há um consenso sobre qual deveria ser o procedimento da China.

    No momento atual, a China faz controle de capital e utiliza as reservas para evitar a desvalorização do yen. As previsões ruins para a China no início de 2016 não se confirmaram, mas desta vez com a lenta recuperação americana, o tempo das pressões e contra pressões está se alongando e ele é bem maior do que um ano. A subida de juros americanos, prometidos em 2016, também não se confirmou, mas pode ser que ela se verifique em 2017. Quais as consequências da subida dos juros americanos na economia chinesa talvez seja uma incógnita. Vai ser preciso de mais tempo para saber a realidade.

    Eu pretendia discutir um pouco do que eu falei acima em certos trechos do comentário que eu comecei a escrever para enviar junto ao post “A necessidade de reforma para um novo ciclo político, por Marcio Pochmann”, de segunda-feira, 09/01/2017 às 12:12, aqui no blog de Luis Nassif e com texto de Marcio Pochmann. O endereço do post “A necessidade de reforma para um novo ciclo político, por Marcio Pochmann” é:

    https://jornalggn.com.br/noticia/a-necessidade-de-reforma-para-um-novo-ciclo-politico-por-marcio-pochmann

    Na segunda-feira, não deu para terminar o comentário que eu pretendia colocar junto ao comentário de Fabricio Tavares enviado segunda-feira, 09/01/2017 às 16:31, e ontem eu não cheguei a tocar no comentário. Lembro que queria fazer referência ao comentário de Anarquista Sério exatamente para mostrar como é preciso entender as correlações das forças existentes em um país para então ter condições de analisar a atuação do chefe de executivo. Talvez hoje à noite eu o finalizo.

    O caso brasileiro, em que se deve levar em consideração o que aconteceu nos últimos anos, tais como a recessão recente, o impeachment da ex-presidenta às custas do golpe Dilma Rousseff e tantas outras questões, dá azo a muitas avaliações apontando para direções diferentes. Seja por exemplo a Emenda do Teto de Gastos. Quem avaliar os últimos anos do governo da ex-presidenta a custas do golpe vai verificar que o parlamento brasileiro foi assaltado pela direita. O Congresso Nacional já havia apropriado de 10 % dos gastos públicos federais ao estabelecer o orçamento de uso exclusivo do Parlamento. Estava em maioria qualificada para impor qualquer vontade. Agora pelos próximos dez anos, ela só pode fazer mais do mesmo. Próximos dez anos porque daqui a dez anos o teto pode ser alterado por maioria absoluta via lei complementar. Com a esquerda enfraquecida, e a direita dominando o Congresso Nacional não é tão ruim assim como parece colocar um teto nos gastos.

    Já fiz a crítica que gostaria de fazer. Há mais alguns aspectos sem importância como erros de redação como a frase logo de início em que ficou faltando o “menos” em “pelo menos”. A frase a seguir também ficou com erro de redação que dificulta o entendimento. Diz você: “Que incomodam os nacionalistas russos com o ao moverem-se em direção Leste”. 

    Há também parágrafos que parecem só vir para você mostrar conhecimento, mas sem nenhuma relevância para o que você pretendia dizer, como é o caso dos dois ou três parágrafos sobre a potência dos foguetes russos. Também não me pareceu convincente a frase que inicia o parágrafo seguinte aos dois primeiros que tratam da corrida espacial. Diz você:

    “O esforço norte-americano para a conquista do espaço quebrou a economia da União Soviética”.

    O crescimento do déficit americano a partir do governo de Ronald Reagan foi realmente importante para deixar a economia da antiga União Soviética em maus lençóis, mas o crescimento apenas do débito americano não afetaria a economia russa. O que realmente afetou foi o aumento dos juros por Paul Volcker que ao capturar dólar pelo mundo para combater a inflação americana e financiar o déficit público reduziu os preços das commodities tendo o petróleo atingido algo em torno de 16 dólares o barril na década de 80.

    E também pareceu-me falho o seu texto não fazer uma crítica maior à mídia ocidental que com o fim da União Soviética perdeu muito assunto para atrair leitores. Assim beira o ridículo o que a grande mídia americana Washington Post, New York Times e CBN têm feito com questão da influência russa na eleição de Donald Trump. Se não tivesse tido participação oficial russa, talvez valesse a pena a Rússia pagar alguém para que divulgasse esse feito.

    O melhor do mundo para quem gosta de ver essas questões serem desmascaradas pelo ridículo é o fato de Donald Trump virar presidente dos Estados Unidos na esteira do Partido Republicano que é o partido mais envolvido com a necessidade de dividir o mundo entre vermelhos e azuis, sendo que eles, do Partido Republicano, são os vermelhos e azul é a cor do Partido Democrata. E o azul, representando a Rússia, um país de cristãos ortodoxos talvez mais próximos dos protestantes do Partido Republicano, torna a discussão Estados Unidos, um país abençoado por Deus, com a Rússia com base na antiga rivalidade Estados Unidos versus União Soviética, um país ateu, um emaranhado de contradições que requerem a ignorância absoluta para florescer.

    Clever Mendes de Oliveira

    BH, 11/01/2017

    1. O problema do porta-aviões. E outros…

      Clever, obrigado pela leitura apurada. Retirei o texto por causa da foto do prta-aviões errado. O diabo com este exto foi o trabalho que deu: o gráfico foi feito por mim do zero naquela noite (madrugada). O que me chatei aqui (eu tenho sete anos de imprensa)é a falta de edição. Li seu primeuro comentário e gostei muito. Assim como deste aqui. REconheço que atrei para todos os lados, nesta matéria. A pauta inicial mudou, eu tive que fazer uma adaptação. Enfim, agradeço sua colaboração. E muito. É muito difícil encontrar um comentário inteligente hoje em dia. Aqui, e fora do Brasil também. Abraço.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador