Símbolos: A Amazônia, por Saturnino Braga

SÍMBOLOS:  A  AMAZÔNIA

Por Saturnino Braga

Em boa hora, o Ministério da Integração instituiu um denominado Prêmio Celso Furtado para os melhores trabalhos, teses, sobre Desenvolvimento Regional, elaborados em cada ano. E o Prêmio, a cada edição, homenageia, como símbolo, uma figura brasileira eminente ligada ao desenvolvimento. Neste ano de 2015, o homenageado foi o grande economista Armando Dias Mendes recentemente falecido, servidor de longa e bela vida dedicada ao tema do desenvolvimento regional, com uma atenção muito especial ao desenvolvimento da Amazônia.

Cerca de 800 jovens brasileiros se inscreveram no concurso deste ano e mais de 600 enviaram trabalhos que foram criteriosamente analisados por uma banca especializada. Embora a remuneração do Prêmio não deixe de ser atraente, o interesse demonstrado pelo tema e pelo prestígio do Prêmio é alvissareiro: revela a dimensão da crença e do esforço da nossa juventude no estudo e na criatividade vinculados ao grande desafio do Desenvolvimento. Tive a oportunidade de comparecer à cerimônia de agraciamento dos vencedores e de sentir, em suas faces, o ânimo do cumprimento de uma missão de significado nacional.

E os Símbolos são muito importantes no fenômeno da mobilização da vontade de um país para o desenvolvimento. A Petrobras é um símbolo do sentimento nacionalista brasileiro; Brasília, onde se realiza o julgamento e a entrega do Prêmio, é um símbolo do Brasil Novo, desenvolvimentista, que ascendeu ao Planalto Central a assenhoreou-se de todo um imenso território que antes lhe pertencia quase só nos mapas; Celso Furtado é um símbolo do desenvolvimentismo brasileiro, do cuidado, do estudo, da racionalização do processo de desenvolvimento ligado ao interesse e à mobilização de todo o povo; e Armando Mendes tornou-se um símbolo do desenvolvimento da Amazônia, do esforço de busca dos caminhos de realização deste desenvolvimento ainda não suficientemente equacionado.

Sou daqueles que acreditam que uma das etapas mais importantes, senão a mais relevante para o Desenvolvimento do Brasil em nossos dias, é a do traçado das diretrizes de um processo de desenvolvimento da Amazônia que respeite verdadeiramente a ecologia da floresta, e que envolva todo o povo amazônida, uma ciência da Amazônia ainda não decifrada, uma política para a Amazônia ainda não praticada.

Estamos bem conscientes, os desenvolvimentistas brasileiros, de que as desigualdades regionais ainda são muito grandes, inaceitáveis, e que a grande reserva de miséria do País ainda se encontra no Nordeste. Não se pode, evidentemente, descuidar da nossa populosa região mais pobre, mas é hora de reconhecer que o Nordeste Brasileiro encontrou os seus caminhos: tem já uma forte e preciosa presença de universidades no seu interior, e aprendeu, tem hoje o saber social dos caminhos do desenvolvimento. E há um brasileiro, nascido na região, bem destacado e reconhecido nesta decisiva realização nordestina: chama-se Celso Furtado.

Outra grande parte do nosso País, outrora atrasada no processo econômico-social, o Centro-Oeste, é hoje a região brasileira de maior dinamismo neste processo, fruto, entre outros fatores, da simbólica mudança da Capital efetuada no meio do século passado, e de toda a irradiação desenvolvimentista que se processou a partir deste novo pólo nacional.

O que falta no Brasil, agora, é a Amazônia: imensa e ambicionada riqueza biológica, hídrica, energética, mineral e humana toda em potencial, à espera de caminhos ainda não desvendados, caminhos profundamente novos, que não sejam comandados pelos bem conhecidos interesses do capital mas que abram, revelem ao mundo o que o mundo inteiro está aguardando: um novo desenvolvimento que respeite a natureza e priorize o ser humano, o desenvolvimento do século XXI.

E anuncio logo, com muita ênfase e muito entusiasmo, que o Centro Celso Furtado decidiu que o tema do seu próximo Congresso internacional bianual, no ano próximo, será a Amazônia, o Desenvolvimento da Amazônia, a realizar-se em Manaus, com a participação de importantes representações de todos os países amazônicos. E dois nomes brasileiros obviamente serão símbolos desse Congresso: Celso Furtado e Armando Mendes.

Redação

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