A mudança na metodologia do Censo

Do Valor

IBGE estuda substituir modelo atual do Censo

Marta Watanabe | De São Paulo
10/12/2010  

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estuda métodos alternativos de medidas de população. Uma das ideias é um novo modelo pelo qual não seria mais feita a contagem de toda a população e a coleta de dados de todos os domicílios de uma única vez e a cada dez anos, como acontece no Censo atual. Os dados seriam coletados ano a ano, com base em amostragens.

Os levantamentos anuais seriam feitos com base em uma amostragem suficiente para coleta de dados que possa servir como base para verificar a evolução da população com os respectivos dados sociais, demográficos e habitacionais, em âmbito nacional, estadual e municipal. Hoje, o IBGE já tem a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), feita anualmente. Mas ela não coleta todos os detalhes do Censo e também não permite enxergar os dados por município, por exemplo.

OpreO presidente do IBGE, Eduardo Pereira Nunes, lembra que essas pesquisas ou mudanças no cálculo da população não devem ser aplicadas imediatamente. Assim como tivemos o Censo de 2000 e 2010 com a pesquisa em todos os domicílios do país, diz, teremos o Censo de 2020, talvez apenas com algumas mudanças nos questionários. Embora não saiba precisar quando, Nunes acredita ser viável, porém, que antes do Censo de 2020 o IBGE já possa fazer levantamentos anuais com abrangência maior do que faz hoje.

A grande vantagem desse novo modelo é a possibilidade de ter dados anuais sobre toda a população, o que gera informações importantes não só para investidores como também para a formulação de políticas públicas.

A ideia de substituir a pesquisa em todos os domicílios de uma única vez – o modelo atual do Censo – por métodos alternativos não é nova e nem uma invenção brasileira. Integrante do conselho do Censo de 2010, o professor Wilton de Oliveira Bussab, da Fundação Getulio Vargas (FGV), lembra que na, década de 80, um especialista lançou a ideia de substituir a contagem total por uma pesquisa baseada em 120 amostras. O levantamento de dados seria feito mensalmente e, ao fim de dez anos, haveria a cobertura de toda a população.

Bussab lembra que a ideia, na época, foi alvo de fortes críticas, mas atualmente países como a França, por exemplo, adotam formas de censo demográfico que usam, ao menos em parte, amostragens que dão base para pesquisas anuais. A população das pequenas cidades, por exemplo, é dividida em cinco amostragens diversas. Ao fim de cinco anos, a população das pequenas cidades é coberta. Bussab lembra, porém, que a adoção de um novo método traz necessidade de mudanças, como melhora nos registros de dados, além de avanços tecnológicos e metodológicos.

Nunes defendeu a adoção de novos métodos em debate promovido pelo Instituto Fernand Braudel, em São Paulo. Segundo ele, a mudança não requer novas normas e o IBGE vem investindo nisso, enviando anualmente profissionais ao exterior. Mas a mudança, lembra, ainda não é consenso no órgão e nem entre especialistas. 

Luis Nassif

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