Acaba efeito positivo da ampliação da marginal Tietê

Da Folha

Nova marginal Tietê já não alivia o trânsito paulistano

ANDRÉ MONTEIRO
DE SÃO PAULO

Três anos depois da ampliação da marginal Tietê, a mais importante via de São Paulo, o efeito positivo sobre o trânsito acabou –e a lentidão na cidade voltou a subir.

Dados da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) mostram que o alívio trazido ao trânsito pela criação de mais pistas teve vida curta.

A nova marginal foi inaugurada em 27 de março de 2010. Um dos objetivos da obra era reduzir de 12% a 15% a lentidão da cidade.

Dois meses depois da inauguração, a prefeitura chegou a divulgar estudo que mostrava melhora de 21% no trânsito da capital, comparando com o mesmo período de 2009.

Na época, o impacto foi atribuído à nova marginal e a medidas como a abertura do trecho sul do Rodoanel.

Em 2011, o índice de lentidão na cidade melhorou 3% no pico da manhã e 5% à tarde, em relação ao ano anterior.

Aos poucos, porém, tudo foi “voltando ao normal”.

Os dados de 2012 mostram que os congestionamentos voltaram a subir, superando 2010 tanto de manhã (10%) quanto de tarde (7%).

O aumento ocorreu mesmo após veículos pesados serem proibidos na marginal e em outras vias, em março de 2012.

A CET atribui a piora no trânsito ao aumento da frota.

DE NOVO

Motoristas dizem ter percebido o fim do “efeito marginal”. “No começo deu uma boa aliviada. Mas hoje já voltou ao que era”, diz o taxista Rubens Salles, de um ponto próximo à ponte do Piqueri.

Para especialistas, o espaço aberto pelas novas pistas foi ocupado por mais veículos porque a frota cresceu.

“Até quem não pegava mais a marginal voltou a usar, e então já excedeu a capacidade da via”, diz Horácio Figueira, mestre em transportes pela USP. “Como você faz uma obra de R$ 2 bilhões com vida útil menor que três anos? Foi dinheiro jogado no lixo.”

Para Flamínio Fichmann, urbanista, a obra foi importante. “O fato de ter lotado de veículos mostra que ela era necessária. Mas deveriam ter sido criadas faixas exclusivas para ônibus, para o transporte coletivo ser beneficiado.”

Outra meta da obra é aumentar em 35% a velocidade média na via até 2020, ano em que o projeto considerava atingir sua capacidade máxima.

A CET não divulgou dados para comparação, mas apesar da maior fluidez relatada por motoristas, no horário de pico a velocidade dificilmente chega aos 50 km/h prometidos.

“O anda e para continua. A prova é que ainda tem um monte de vendedor ambulante”, diz Rogério Vieira, que usa a marginal diariamente.

Luis Nassif

0 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador