Humanos? Manadas e Manifestantes.

 


Quem não entende de psicologia de massas pode até achar bonitinho, modernoso, ir pras ruas protestar. Por que,  na realidade, está bom, mas não estamos satisfeitos, queremos sempre mais, mais que os outros, mais que nós mesmos, o desejo é um saco sem fundo. 

Quem nunca viu um linchamento pode achar que multidões nas ruas, exigindo o que nem sabem o que é exatamente, pode parecer poético, ou revolucionário. 

Quem nunca viu homens de bem cometerem as maiores barbaridades só por que estavam ocultos sob o manto do coletivo, pode até achar que se manifestar por qualquer coisa, ou alguma coisa qualquer, é sadio.

A realidade é que, colocar multidões nas ruas, sem agenda, sem rumo ou liderança é uma atitude de alto risco. 

A gente acha que o ser humano é desenvolvido e evoluído, mas o dia a dia nos prova o contrário. Somos bestas feras que, para conviver, aprendemos a ocultar o pior de nós atrás de nossas máscaras sociais, disfarces, camuflagem para nos confundir no ambiente.

O ser humano só pode ser analisado com correção e detalhe, quando observado (sem saber) no intimo de seus recônditos (quase impossível).  Alguém já disse que ninguém é normal entre 4 paredes.

Outra situação de se observar o ser humano é quando ele age em grupo, como alcateias, rebanhos ou manadas. Esta modalidade é muito mais fácil de se observar, e temos sido testemunhas de situações tais onde isso tem ocorrido frequentemente.

Inclusive, às vezes, vemos o pior do homem quando ele está oculto sob o manto da coletividade. Seja uma multidão, seja um  partido, ou o Estado. Depois, para explicar as barbáries (no caso de instituições) é só dizer que estava cumprindo ordens.

Nada protege mais a reputação que estar no meio da turba, nem estar entre as 4 paredes de seu mais escondido recôndito, nada revela tanto do pior de nós mesmos, quanto estar anônimo no meio da multidão amorfa e inconsciente.

Em vários experimentos de comportamento tem sido provado que, em muitos casos, um indivíduo aparentemente normal pode sair do caminho da retidão e da correção, só para acompanhar a manada, ou para ser aceito, ou para não ser diferente, e praticar atos que, nem sozinho, na sua mais secreta intimidade, ele seria capaz.

Casos de  linchamento são exemplos gritantes. Por trás da sede de “justiça” se esconde a volúpia do poder de julgar, condenar e executar a quem se julgue culpado, mesmo que sem provas, ou evidências. Pode ser explicado como sede de justiça, tão frequentemente negada a nós, mas é na realidade o gozo catártico de uma fúria que só se vê quando a turba está solta e selvagem, sedenta de um sangue que embriaga e anestesia qualquer vestígio de humanidade e consciência.

No experimento da “Prisão de Stanford” conduzido por Phil Zimbardo por exemplo, podemos ver o que a autoridade conferida sobre os outros, poder, é capaz de provocar no comportamento individual. já foi descrito aqui e é um exemplo interessante sobre o que acontece quando um grupo ganha poder sobre outro grupo!

O pior de nós já foi estudo extenso de Stanley Milgram que descobriu que pessoas normais podiam se tornar torturadoras, desde que acobertadas por algo maior, uma experiência científica, um ideal ou uma liderança espúria.

Eu, pessoalmente, não acredito em mal ou bem. Acredito em consciência ou inconsciência. O “mal” vem da inconsciência, que nos coloca no plano do animal, agindo por instintos muitas vezes obscuros. Essa inconsciência está presente em várias patologias psíquicas  mas também pode ser vista numa turba descontrolada, o comportamento de manada.

Os protestos recentes, estimulados e enaltecidos pela mídia, são o mais perfeito exemplo. Sem lideranças que os controlem, sem causas identificadas que os motivem. Eles saem á rua para exercitar, não cidadania, mas selvageria. Mesmo que não estivessem, como estão, infiltrados por grupos com interesses políticos ou oportunistas, a tendência é sempre a perda de controle e consciência; que leva o ‘manifestante’ a apedrejar a polícia, e a polícia à atirar em inocentes, todos se esquecendo que do outro lado estão seres humanos que sangram e sofrem.

Sabendo exatamente o que vai acontecer no fim, com a degeneração da multidão “indignada” em turba ignara; estimular, incitar e enaltecer esses atos pode ser considerado um gesto criminoso premeditado, principalmente quando já se sabe da infiltração de agitadores criminosos. Dizer que as manifestações “começaram pacíficas” e depois foram pervertidas por “uma minoria de baderneiros” é explicação tão convincente quanto o velho “só estávamos cumprindo ordens”. Nesse caso aqui, a baderna e o vandalismo são esperados e antecipados. A finalidade é uma só, criar um clima de confrontação e violência, ambiente ideal para golpes. Os lamentos pelos bens públicos ou privados destruídos, são falsos, isso tudo já  estava calculado, mesmo quando algumas minorias se voltam contra os próprios incitadores, caso dos ataques à prédios e carros das empresas de mídia,  é efeito colateral, previsto na maquinação da desordem, eram danos computados, é o que “sai na urina”.

O clima para isso já vem sendo preparado há bastante tempo. A publicização sensacionalista do julgamento da AP 470, o pânico estimulado pelo alarmismo canalha de uma ameaça falsa de inflação, os boatos sobre o fim do bolsa família a insegurança econômica com o “risco” de um baixo crescimento. Todos estes ingredientes explosivos foram detonados por um grupo de inocentes úteis, que foi às ruas pedir algo mais que justo, preços de passagens condizentes com os precários serviços oferecidos pelas concessionárias de transporte. Quando as manifestações eram sobre isso, a mídia era contra, afinal eram protestos contra o establishment, contra companheiros de negócios escusos, queriam a mudança dos status quo, queriam justiça, e isso é impensável.

Quando se vislumbrou, na Midiocracia, a possibilidade de pautar e canalizar a revolta para objetivos mais difusos e mais ao gosto da canalhice corporativa, a posição mudou diametralmente.Tudo que possa se voltar contra a democracia é mais que bem vindo. Daí para chamar os vândalos de “lindos” e a depredação de “democrática”, nas palavras de Leilane  Neubarth, é um pulo. Indivíduos mascarados e tocando terror nos grandes centros eram descritos como lutadores da liberdade, e a depredação de bens públicos foi defendida por Ricardo Boechat como “atos políticos”, exagerados mas legítimos. Só quando doeu no bolso deles, com a depredação e saque de bens privados, e os ataques mais que justificados a prédios e carros da mídia, é que a palavra vândalos voltou ao noticiário.

Mas quem são esses vândalos?

Muitos são vândalos mesmo, outros são agitadores, e alguns são marginais, mas uma grande parte deles é gente que se víssemos sem máscaras, nem ia suspeitar.

Eles são os 1% errados. Errados por que foram às ruas defender os direitos daqueles famosos e incógnitos 1% que detêm as riquezas e os meios de produção. Esses outros 1%foram defender interesses errados em detrimento de seus próprios direitos. A casa do Jacob Barata passou incólume pelas manifestações por preços justos de ônibus, só sentiu a marolinha do protesto no casamento da netinha, a D.Baratinha.

Em termos estatísticos generosos perto de 1% da população foram às ruas. Somos hoje em torno de 200 milhões, em números inflados pela mídia algo próximo de 1,5 milhão de pessoas foram às ruas, quer dizer que 99% da população, por mais que apoiem os protestos, ficaram no conforto de seus lares, ou sitiados em ônibus parados pelos protestos pensando mais em chegar em casa.

É justamente a classe média, os mais sujeitos às manipulações, que saiu às ruas no reverberar da pauta golpista da mídia. Os medianos, medíocres, são justamente os mais manipuláveis. Eles são os que mais querem ser aceitos, os mais gregários e avessos a rejeição.(aqui o  experimento que mostra como funciona a unanimidade burra)

Enfim, estamos na aurora de uma nova era que, longe de paradisíaca e libertária, está  cada vez mais parecida com a tristes previsões de Huxley e Orwel.
Redação

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