Kassab, o PSD, o lulismo, a classe C e Jânio Quadros!

Kassab, o PSD, o lulismo, a classe C e Jânio Quadros! – por

Marcos Doniseti!

 

 

Gilberto Kassab é a principal liderança e representante de uma Direita oportunista que percebeu para a direção em que os ventos da política e da sociedade brasileira estão soprando.

 

Justamente por isso, Kassab e o PSD são muito mais perigosos do que o ‘trio de ferro enferrujado’ do PSDB/DEM/PPS, que perderam o trem-bala da história, mergulhando num anti-lulismo e num anti-petismo histérico e pré-histórico, totalmente obsoleto, e que assusta e afasta os setores populares beneficiados pelo governo de Lula e do PT, ou seja, a chamada ‘classe C’ ou ‘nova classe média’. 

 

Estes segmentos populares, que ascenderam social e economicamente durante o governo Lula, graças às políticas de inclusão social e política promovidas pelo mesmo, são muitos conservadores (em sua imensa maioria), principalmente em questões religiosas e de comportamento.

 

Grande parte desta ‘nova classe média’ é muito influenciada e segue líderes e movimentos políticos-religiosos de nítido perfil conservador, como o famoso ‘bispo’ Silas Malafaia.

 

Algumas igrejas e seitas evangélicas (não são todas… Por isso não vamos generalizar a crítica, ok?), que são especialistas em promover a ‘Teologia da Prosperidade’, possuem e defendem, em muitos aspectos, um discurso medieval, falando cobras e lagartos contra o ‘casamento gay’, o aborto e outras práticas e comportamentos’ mais liberais. 

 

Tais igrejas e seitas chegam ao extremo de defender que eles têm o direito de discriminar e de praticar, abertamente, um preconceito descarado e deslavado contra tais grupos mais liberais da sociedade e da população. Criminalizam, por exemlo, as mulheres que recorrem à prática do aborto, só faltando defender que elas sejam queimadas vivas em praça pública, como ocorria na época da Inquisição. 

 

É verdade que muitas Igrejas, seitas e líderes evangélicos não concordam com tal discurso e tampouco o reproduzem, como ficou claro na última eleição presidencial, quando muitas das suas lideranças repudiaram o discurso teocrático e medieval do candidato tucano, José Serra, e apoiaram abertamente a candidatura de Dilma Rousseff.

 

Kassab e os políticos conservadores que criaram e ingressaram no PSD (e que são, grosso modo, originários do PSDB, DEM e PPS) perceberam que o discurso anti-lulista e anti-petista já não permite vencer eleição presidencial alguma. 

 

O ‘sapo barbudo’ não assusta mais ninguém, com exceção de alguns grupelhos de fanáticos de extrema-direita e de uma Grande Mídia retrógrada e golpista, cujo poder continua grande, mas que já não consegue influenciar tanto a população, pelo menos no que diz respeito à Lula e, agora, à presidenta Dilma, cuja popularidade voltou a subir, segundo a mais recente pesquisa CNIQIbope, mesmo com toda a artilharia midiática contra o seu governo. Dilma parece ter adquirido a mesma capacidade de resistir ataques que o presidente Lula possuía. Como o teflon, nada gruda neles.

 

 

 

Logo, o ‘lulismo’ já foi absorvido pela imensa maioria da população brasileira. Até porque, tal fórmula política conseguiu combinar, e muito bem, o crescimento econômico, a promoção da justiça social e o respeito às liberdades democráticas fundamentais. Nunca tivemos um governo tão brutalmente atacado pela Grande Mídia como nestes 8 anos de governo Lula. Nem Vargas e nem Jango sofreram tanto com ataques tão brutais e violentos da Grande Mídia conservadora e golpista.

 

Como Lula fez um governo extremamente bem avaliado pelos brasileiros, graças às sua políticas de redistribuição de renda que beneficiaram aos trabalhadores e aos mais pobres, o discurso anti-lulista e anti-petista do PSDB/DEM/PPS foi para a lata de lixo da história. Ninguém mais leva esse discurso patético à sério, com a exceção de alguns grupelhos de fanáticos de extrema-direita e de elitistas preconceituosos que consideram Reinaldo Azevedo, Miriam Leitão, Arnaldo Jabor e Diogo Mainardi como as maiores sumidades intelectuais da história humana.

 

Kassab foi um dos líderes políticos que percebeu isso claramente e, justamente por isso, decidiu criar uma nova legenda, o PSD. Esta irá procurar repetir a fórmula política bem-sucedida de Jânio Quadros, na eleição presidencial de 1960.

 

 

 

 

Jânio conseguiu a proeza, naquela eleição, de atrair o voto da classe média conservadora e udenista, usando de um discurso moralista (todos aqui se lembram do ‘Varre, Varre, Vassourinha’, é claro), e dos operários. Como ele fez isso? Jânio mandou os seus seguidores criarem comitês ‘Jan-Jan’ (Jânio-Jango) por todo o país. Ao fazer isso, Jânio conseguiu convencer os operários de que a sua candidatura não representava nenhum ameaça para os direitos sociais e trabalhistas que eram a principal herança de Getúlio Vargas e por cuja ampliação e aprofundamento Jango e o PTB lutavam, através da defesa das ‘Reformas de Base’.

 

Desta maneira, Jânio obteve uma fácil e tranquila vitoriosa sobre a candidatura do Marechal Lott, de quem Jango era o vice. Mas, como era possível, naquela época, votar no Presidente e no Vice de chapas distintas, a estratégia de Jânio foi muito bem sucedida.

 

Aliás, a sigla PSD não foi escolhida ao acaso pelo atual prefeito paulistano. 

 

Afinal, ela remete ao PSD do período 1945-1965, que era um partido conservador e moderado, tal como pretende ser o ‘novo’ partido criado por Kassab. 

 

Além disso, a principal liderança do PSD de 1945-1965 foi o ex-presidente JK, que implantou a indústria automobilística, construiu Brasília e fez o país crescer cerca de 10% ao ano, em média, durante o seu govenro (1056-1961). E JK conseguiur fazer tudo isso dentro das regras do jogo democrático, mesmo tendo enfrentado três tentativas de Golpes de Estado organizados pela Direita udenista da época (em 1955, 1956 e em 1959). 

 

Kassab também tenta, assim, se apropriar da imagem e da história política de um presidente da República, JK, e de um governo do qual, até hoje, o povo brasileiro guarda boas lembranças, devido ao rápido crescimento do país que tivemos em sua administração. 

 

E Kassab/PSD também tentam repetir, agora, a estratégia janista vitoriosa de 1960, com um discurso moralista (que agrada à classe média conservadora e udenista) e de defesa das conquistas sociais e econômicas da Era Lula-Dilma (como o aumento do poder de compra, a conquista de um emprego com carteira assinada, a participação no mercado consumidor, entre outras), o que atrairia o apoio dos lulistas conservadores que integram esta ‘classe C’. 

 

 

 

 

Com isso, Kassab e o PSD representam, a partir de agora, e no médio prazo, a mais séria ameaça à hegemonia política do PT e dos partidos de Centro e de Centro-Esquerda que estão coligados à ele desde o governo Lula (PMDB, PP, PTB, PR, PC do B, PDT, PSB), embora acredite que isso não irá acontecer já.

 

Em um primeiro momento, é muito provável que Kassab e o PSD procurem se mostrar confiáveis ao eleitorado lulista da ‘nova classe média’, apoiando as políticas sociais dos governos Lula-Dilma. 

 

Enquanto isso,eles também irão procurar ampliar a sua penetração junto à ‘classe C’, ou nova classe média, fazendo um discurso conservador e religioso ao mesmo tempo,  deixando clara a sua posição conservadora com relação à temas como o ‘casamento gay’ e o aborto, entre outros, que são muito valorizados pelos segmentos populares mais conservadores e que votaram Lula em 2006 e em Dilma em 2010. 

 

É verdade que Serra já tentou usar dessa estratégia na eleição presidencial de 2010. 

 

Mas, ele foi prejudicado, e desmoralizado, pela sua brutal incoerência. oportunismo e hipocrisia, pois ele e os partidos que o apoiaram fizeram uma oposição radical e intolerante contra Lula e as políticas deste durante 8 longos anos. Logo, como poderiam ter mudado tão radicalmente de opinião e em tão curto período de tempo? 

 

Tal reviravolta, tipicamente oportunista, foi bem explorada pela campanha de Dilma, principalmente no 2o. turno, quando mostrou reportagens em que Serra havia atacado o Bolsa-Família e o PSDB defendia a entrega do petróleo do pré-sal para empresas estrangeiras. 

 

Assim, a postura de Serra acabou não convencendo o eleitorado lulista da ‘classe C’, mesmo que este não conhecesse Dilma muito bem, visto que esta disputava a sua primeira eleição. 

 

É provável, portanto, que a ‘classe C’ conservadora votou em Dilma mais por acreditar na palavra de Lula, de que apenas ela saberia dar sequência ao seu governo, do que por estar inteiramente convencida de que Dilma fosse a melhor opção. 

 

Desta maneira, Serra foi derrotado, mesmo sendo um velho conhecido do eleitorado brasileiro.

 

Enquanto isso, Kassab não carrega esse estigma de opositor radical das políticas de Lula e de Dilma, muito pelo contrário. 

 

 

Na verdade, ele tem procurado se mostrar como uma liderança política moderada, centrista, de valores conservadores, mas que não despreza as conquistas sociais e econômicas da Era Lula-Dilma. E assim Kassab espera se fortalecer politicamente a ponto de, em um futuro não muito distante, se viabilizar politicamente como um forte candidato ao governo do estado de SP (já em 2014) e, posteriormente, à Presidência da República (talvez em 2018).

 

Tal estratégia será bem-sucedida? Isso somente o tempo dirá. 

 

Afinal, nunca se pode esquecer daquele imortal ensinamento do famoso filósofo popular brasileiro, que foi o genial Mané Garricha. Na Copa do Mundo de 1958, Garrincha perguntou ao então técnico Feola: “O sr. já combinou com o adversário”?, logo após ouvir uma longa explanação do técnico da Seleção sobre como chegar à linha de fundo e cruzar a bola para a área da URSS a fim de que o centroavante Vavá – ‘o peito de aço’ – pudesse marcar o gol.

 

E o ‘adversário’, neste caso da estratégia política de Kassab/PSD, é o povo brasileiro. 

 

A este, portanto, caberá a última palavra nessa história.

Link:

http://guerrilheirodoentardecer.blogspot.com/2011/10/kassab-o-psd-o-lulismo-classe-c-e-janio.html

Luis Nassif

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