Lula escolheu a santidade

-Dai-me classe C !

Conhecido como “Arcebispo Vermelho”, por sua luta em defesa dos direitos humanos no Brasil, inclusive durante a ditadura militar, a qual cansou de denunciar mundo afora, Dom Hélder Câmara foi indicado por quatro vezes ao Prêmio Nobel da Paz.

A esta figura admirável, é atribuido um pensamento, que mesmo que dele não fosse, serviria para representar toda sua luta em defesa da dignidade humana: “Se deres de comer aos pobres te chamarão de santo, mas se tentares  acabar com a pobreza, te chamarão de comunista”.  

Este pensamento, que com feliz concisão nos apresenta a tênue linha que separa o  assistencialismo do verdadeiro progressismo, linha essa que tem sido exaustivamente exposta em estudos de viés neo-liberal que tentam nos convencer que através de um modelo, é possível chegar a outro. Que existem estapas a serem percorridas.

Não sem razão, Dom Hélder foi acusado de ser extremamente radical, marxista, comunista e defender ideologias contrárias ao cristianismo. Mas para entender melhor as razões destas acusações, faz-se necessário estudar um pouco mais sua biografia. Recém ordenado Padre, na década de 30, Dom Hélder já atuava em obras sociais junto ao povo do Ceará, sua terra natal. Neste período, trabalhou lado a lado com a Ação Integralista Brasileira, movimento de extrema direita, com conotações fascistas, que promovia programas sociais com o apoio do então ditador Getúlio Vargas, o “Pai dos Pobres” ( mas também conhecido como “Mãe dos Ricos”) .

Logo Dom Hélder percebeu que não era esse o caminho a ser trilhado para que os necessitados no Ceará, ou de qualquer lugar do país, alcançassem a plena cidadania e para que se chegasse, efetivamente a um país mais justo, mais igualitário. O caminho era claramente outro.

Hoje, o governo comemora e faz propaganda do programa Bolsa Família, um projeto puramente assistencialista, nos moldes do neo-liberalismo, que não tem porta de saída, pois inclui as famílias no mercado consumidor mas não é planejado que essas mesmas famílias deixem o programa. Que dá aos mais pobres dinheiro para que transfiram aos mais ricos através do consumo.

Diante do festejado ingresso de milhões de famílias brasileiras na classe C, aquela formada por brasileiros que vivem com 130 dolares por mes e por esse motivo não são mais pobres.

Diante do tão comemorado e alardeado crescimento vertical do Brasil, que cada vez mais concentra riqueza e poder nas mãos dos mais ricos.

Diante da ausência de reformas estruturais que poderiam nos levar a um crescimento verticalizado.

Só me resta acreditar que Lula optou pela santidade.

Anauê, Lula.

 

 

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